Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 53
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

Perdão novamente pela demora. Espero que gostem e até mais!



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Steve tremia da cabeça aos pés, embora sua expressão permanecesse impassível, Natasha sabia que por baixo daquela mascara, havia um ser humano em frangalhos. Bucky estava sentado na cadeira onde minutos antes Steve fora interrogado, ele apertava um pano contra o nariz, que ainda sangrava.

“Steve” Natasha começa, num tom de voz baixo, meticulosamente controlado. Ela dá um passo na direção do marido, que automaticamente recua um passo. O movimento obriga Natasha a repensar toda sua estratégia. “Steve” ela repete, dessa vez mais alto. “O que está registrado nessa foto não é o que querem que você pense que é.” Explica. “É obvio que o único objetivo por trás disso é te colocar contra nós.”

“E quem iria querer algo assim?” o loiro retruca. Natasha abre a boca, mas torna a fecha-la. Não era para acontecer daquele jeito. Aquele definitivamente era o pior jeito de contar toda a verdade. “Quem Natasha? me diz!” Steve exige.

“Nat, você precisa contar a verdade.” Bucky murmura, sua voz abafada pelo pano. Steve o encara, os olhos transbordando animosidade.

Nat....” ele ironiza “Já que ela não consegue contar a verdade, talvez você consiga, já que foi homem para me trair, talvez devesse ser homem e me contar a verdade.”

Bucky encara Steve. Um olhar tão profundo e cheio de ambiguidades, que deixava claro que a cada nova acusação, o lado racional que estava considerando e compreendendo Steve estava cedendo espaço para a magoa. Natasha sabia que ela sairia daquela sala sem marido, mas Steve perderia muito mais...

“Harrisson.” Ela sussurra, chamando a atenção de Steve. “Yelena Harrisson. Foi ela quem mandou a foto e armou tudo isso.”

“Quem? Eu nunca ouvi falar dessa mulher na vida!” Steve comenta, pouco convencido.

“Ela... Ela é alguém do meu passado, que voltou com o objetivo único de me destruir. Ela já destruiu minha carreira e agora está tentando destruir meu casamento.” Fala.

Steve fica em silencio, como que absorvendo as palavras de Natasha. Um minuto se passa, dois e então ele começa a gargalhar.

“Você quer mesmo que eu acredite nisso?” ele pergunta debochado, entre o riso. “Eu esperava mais de você...” continua. Natasha suspira, num misto de frustração e irritação. “Sério... Não precisa ficar inventando desculpas ridículas, pode contar a droga da verdade!”

“Essa é a verdade!” Natasha exclama. “Essa mulher tem me perseguido a meses, ela está por trás do ataque a Wanda, do fim da minha carreira, da destruição da nossa casa e dessa droga de discussão idiota!”

“Como assim, destruição da nossa casa?” Steve pergunta, as sobrancelhas quase unidas devido o cenho franzido.

Aquele era o momento que ela acabaria por fim com aquela história ridícula de traição. Ela se sentia pisando em ovos.

“Bom...” ela começa num tom apaziguador “depois que deixamos você no aeroporto, voltamos para nossa casa e ao chegar lá, fomos atacados.” Ela começa a explicação, mas é interrompida.

“E o que vocês foram fazer na nossa casa?” a acusação continua presente na voz do loiro.

“Eu tinha de explicar umas coisas para o Bucky... porque... porque...” Natasha gagueja. Ela não sabia como continuar.

“Porque eu descobri a verdade sobre o trabalho dela.” Bucky completa. “Quando você pediu que eu fosse até o seu carro buscar alguns papeis, eu acabei encontrando um envelope lá dentro no qual constava toda a verdade sobre a vida da Nat.”

“Você nunca me falou de envelope nenhum? E quem…” Bucky continua, interrompendo Steve.

“Eu não consegui. Eu fiquei desesperado, sem saber o que fazer... então ao invés de ir para casa, como eu disse que faria, eu fui até a casa de vocês e confrontei a Nat, mas ela não podia me explicar nada naquele momento, então combinamos que no dia seguinte, depois que você e os gêmeos estivessem em segurança, ela me contaria a verdade.” Completa.

“E que maldita verdade é essa?!” Steve praticamente grita.

“Eu não sou advogada, eu trabalho para uma agencia especial do governo que neutraliza pessoas com potencial destrutivo e que representam perigo ao país.” A ruiva fala num átimo.

Dessa vez Steve não ri, seus olhos vão de Natasha que o encara apreensiva até Bucky, que tem uma expressão ansiosa no rosto. Os três se encaram pelo que parece uma eternidade e quando Natasha finalmente decide quebrar o silencio, Steve dá voz a seus pensamentos.

“Esse filho é realmente meu?” o som de um tiro não teria sido mais alto. A mão de Natasha estava vermelha, assim como o lado esquerdo do rosto de Steve, que exibia a marca distinta dos cinco dedos da ruiva.

Ela arfava, seus peito subindo e descendo rapidamente, enquanto seus olhos fuzilavam Steve, que levou a própria mão ao rosto e encarou Natasha não com ressentimento, mas com vergonha. Bucky não ousava nem mesmo respirar.

“Eu... Eu…” o loiro gagueja. Ele sabia que havia passado de todos os limites com aquela acusação. E pela primeira vez ele parece realmente enxergar o que aquela foto representava: dois amigos.

“Não existe filho nenhum.” A voz de Natasha soa amarga. “Eu nunca estive gravida. Eu inventei essa gravidez para que você viajasse.”

O mundo já confuso de Steve, parece dar uma centena de saltos mortais em todas as direções.

Não existe filho?” a pergunta soa incrédula, a voz carregada de dor.

“Não Steve. Nunca existiu filho algum.” E ao reafirmar aquela verdade, Natasha se dá conta de que ela gostaria que existisse um filho. Não para segurar Steve, mas para ter alguém que fosse dela, para ama-la e alegrar verdadeiramente sua vida.

“Você mentiu sobre nosso filho.” A acusação soa fraca. Os olhos azuis de Steve estão marejados de lagrimas, assim como os de Natasha.

“Eu precisava tirar vocês daqui... precisava protege-lo.” A ruiva fala baixo. Ela sentia-se pesada, como se tivesse acabado de correr uma maratona, toda sua energia drenada de si.

“Eu preciso sair daqui. Preciso pensar.” Steve afirma e caminha em direção a saída da sala.

“O que? Não, você não pode!” Natasha tenta segura-lo, mas ele se esquiva. “É perigoso.” Ela murmura, mas já é tarde demais, ele havia saído. “Bucky, segura ele!” ela pede, chorosa.

“Nat, é melhor você deixa-lo ir.” Bucky fala e a frase toma um duplo sentido que faz Natasha cair de joelhos, em lágrimas. Bucky se agacha perto dela e tenta acalma-la. Nada estava definido ainda... nada era definitivo.

“Nat, o que aconteceu?!” pergunta Wanda, entrando na sala desesperada. Pietro vem logo atrás, com cara de poucos amigos. “Eu vi o Steve indo embora e....” ela para ao ver o estado da irmã. “Não pode ser verdade.” A frase sai quase inaudível.

“E não é.” Afirma Bucky, olhando intensamente nos olhos de Wanda. “Vocês precisam ajudar a Nat agora.” Ele comenta e se levanta, Pietro ajuda Natasha e quando a ruiva está de pé, Wanda a abraça.

“Nat, o que aconteceu?” Pietro pergunta, preocupado.

“Eu tenho uma coisa muito importante para contar a vocês, mas não aqui.” Natasha fala, se recompondo. “Peguem suas coisas.” Os gêmeos saem da pequena sala rapidamente.

“Nat!” Pepper exclama ao ver o estado a amiga. “Como foi? Ele já sabe de tudo? Eu vim o mais rápido que pude e....”

“Calma.” Natasha fala, interrompendo a amiga. “Deu tudo errado, ou tão errado quanto esperado.” Desabafa.

“Eu sinto muito ruivinha.” Tony lamenta. Ele estava tão quieto que Natasha sequer havia notado sua presença. “Só pra te manter mais calma.” Ele vai até Natasha e entrega um pequeno aparelho, no qual um ponto vermelho se deslocava. “Eu consegui colocar um dispositivo rastreador, assim você não vai perde-lo de vista.” Esclarece.

“Obrigada Tony.” Natasha agradece com a voz embargada.

“Deixa eu ver....” Bucky pede e Natasha lhe entrega o aparelho. “Ele deve ter pego um taxi, tá muito rápido.” Ele mostra o visor onde o pontinho piscava e se movia rapidamente.

“Estamos prontos.” Wanda avisa, chegando a porta da sala.

“Para onde vocês vão?” Pepper pergunta, preocupada.

“Para a casa do Clint, talvez?” Natasha responde, sem muita convicção. A casa do amigo mal cabia ele sozinho, 5 pessoas tornaria a situação bastante desconfortável.

“Toma.” Pepper estende um cartão magnético a Natasha. “É da casa que o Tony me deu de presente quando começamos a namorar. Deve estar um pouco bagunçada, eu não vou lá há algum tempo, mas acho que vai servir.”

“Pepper eu não sei como agradecer.” Natasha a abraça.

“Estamos juntas nessa.” A loira responde.

“E a sua casa?” Pietro pergunta claramente confuso.

“Logo eu explicarei tudo, okay?” a ruiva fala e se vira para o casal. “A casa tem sistema de segurança?”

“Claro. Já está abastecida e tudo em pleno funcionamento.” Tony afirma.

“Eu vou ficar devendo mais essa a vocês.”

“Não seja boba, você sabe que nem em 1000 anos vai conseguir me pagar.” Debocha Tony.

“Continua sendo o idiota de sempre.” A ruiva revira os olhos.

“Eu tento.” Ele pisca para ela.

Natasha sai rapidamente, sendo seguida de perto pelos gêmeos, Tony, Pepper e Bucky. Ela entra num carro indicado por Tony e sem perder tempo ganha as ruas em direção a ex casa de Pepper. Bucky senta-se na frente, ao lado de Natasha, que dirige com precisão.

“Você ligar para a Maria por favor?” a ruiva pede “Avisa a ela que seja lá o que ela e o Clint estavam planejando, não vai mais ser preciso.”

“Okay.” O moreno concorda e rapidamente liga para Maria. A conversa deles é breve e no fim ele informa o endereço para o qual estão indo.

Os gêmeos sussurram no banco traseiro, ou melhor, Pietro sussurra enquanto Wanda o repreende a todo momento. Ela olhava para a frente e estava branca feito cera.

“Você está bem?” Bucky pergunta virando para encara-la pelo espaço entre o banco do motorista e do carona.

“Humrum.” Ela murmura sem olhar para o moreno que suspira de frustração.

“Chegamos.” Natasha avisa, quebrando o silencio. “Peguem suas coisas.”

A imensa casa ou pequena mansão estava completamente iluminada e bastou Natasha passar o cartão que Pepper lhe dará para uma voz eletrônica dar-lhes boas-vindas.

“Uau!” Pietro exclama boquiaberto ao entrar na casa. “Isso é o máximo!”

Wanda, apesar de não expressar nenhuma reação, também olhava tudo com os olhos arregalados.

“Estão com fome?” Natasha pergunta e Pietro concorda enquanto Wanda nega. “Vou preparar alguns sanduiches enquanto vocês guardam as malas, okay? Os quartos ficam no primeiro andar.”

“Nat...”

“Eu vou explicar tudo, Wanda. Não se preocupe.” Natasha interrompe qualquer coisa que a irmã estivesse prestes a dizer. Os gêmeos saem meio perdidos e Natasha vai até cozinha, Tony não estava brincando quando disse que a casa seria abastecida. A imensa geladeira e todos os armários estavam completamente abarrotados.

“Acho que seu amigo pensou que vamos nos abrigar aqui durante 1 ano...” Bucky comenta enquanto checava o conteúdo de um dos armários. Sua voz soava anasalada devido o inchaço causado pelo soco, pelo menos não estava quebrado. “Ajuda?” oferece.

“Claro.” Natasha concorda. Sanduiches eram a especialidade da ruiva, mas Bucky definitivamente faria um trabalho melhor, então ela se limitou apenas a assistir o moreno preparando uma variedade de sanduiches.

“Eles vão entender.” Bucky fala depois de um minuto de silencio. “A Wanda te adora, é nítido isso e vocês são uma família, eles não vão abrir mão disso.”

“Talvez.” Natasha fala, pouco convencida.

“Você vai ver.” Afirma o moreno.

“Eu nem sei por onde começar.”

“Pelo começo.” Ele suspira. “O Steve... ele não te deu a oportunidade de você explicar por causa dessa foto ridícula, mas eu sei que ele vai. Deixa só ele esfriar a cabeça.”

“Bucky, eu parti o coração do Steve no momento que admiti que não há filho nenhum. Acho que não há mais volta. Tudo o que eu quero agora é matar a Yelena com minhas próprias mãos e garantir a segurança dos meus irmãos... com o resto eu lido depois.” Os olhos de Natasha transmitem toda a determinação dela.

“Tenho pena dessa coitada.” Comenta Bucky, com um sorrisinho que Natasha não retribui.

 

 

Não existe filho. Não existe filho. Não existe filho.

  A voz de Natasha continua repetindo essas palavras insistentemente enquanto Steve cambaleia pelas ruas da cidade. Ele pegara um taxi e chorara como um bebê dentro do mesmo, até que o motorista falou algo e ele desceu. Tudo o que Natasha havia dito se confundia como se um tornado estivesse girando na sua cabeça, embaralhando seus pensamentos e a única coisa que realmente fizesse sentido fosse essa confissão.

Ele para diante de um pequeno bar e entra, caminhando diretamente para a mesa mais afastada de todos. Um garçom lhe estende um pequeno cardápio e ele escolhe uma bebida aleatoriamente, assim como petiscos. Ele nem estava com fome, mas suas ações e pensamentos pareciam separados uns dos outros.

Num átimo o garçom retorna a mesa com uma garrafa e começa a encher uma pequena taça, mas Steve o interrompe e pede que ele deixe a garrafa na mesa. O garçom dá de ombros e faz o que foi pedido. Os petiscos são trazidos logo depois, mas Steve permanece alheio a eles, o único movimento que ele faz é o de encher e esvaziar o copo repetidas e incontáveis vezes.

“Steve?” uma voz feminina chama pelo loiro que faz um tremendo esforço para levantar a cabeça que parece pesar uma tonelada.

“Sharon?” ele responde confuso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, principalmente desse final, huahsuhaus Digam o que vocês acham que vai acontecer... adoraria saber!
Beijão e até mais! ♥