–Que pergunta é essa?! - Digo, nervosa e agitada. Meu coração batendo cada vez mais alto e forte, Felipe permanece calado, ainda me encarando profundamente enquanto tento desviar de todas as formas do seu olhar. - O que posso fazer pra me deixar ir embora?

–Basta você me responder...

O que ele queria com isso tudo? Eu que deveria está perguntando isso. Ele aparece do nada, fala e faz coisas quando eu menos espero e ainda quer que eu diga o que sinto por ele. Acho que eu que tenho que fazer as perguntas aqui.

Fico longos minutos calada, ainda pensando em mil coisas sem nada dizer.

–O que ainda estão fazendo aqui?! - De repente meu pai surge nas escadas, me afasto depressa de Felipe mesmo que já tivéssemos um pouco distantes.

–Estávamos assistindo. - Sorri, um “nada” seria muito suspeito. - Mas já vou dormir, estava apenas esperando ter sono. - Disse, me levantando do sofá e abraçando meu pai, enquanto subia as escadas.

–Você também deveria fazer o mesmo! - Falou meu pai ao Felipe.

Entrei no quarto e cai na cama, soltei um logo suspiro enquanto finalmente me acalmava aos poucos. Nunca tinha ficado tão feliz em ter visto meu pai.

Apenas fechei os olhos e comecei a adormecer, amanhã seria um dia longo, principalmente se Felipe ainda quisesse terminar a tal conversa.

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–Em nem acredito que isso está acontecendo! - Falei, enquanto sentava na cama e calçava uma botinha de couro que combinava perfeitamente com o vestido azul de pregas que meu pai tinha comprado para o casamento.

–Nem eu! O que vai ser depois do casamento...Um irmãozinho?! - Diz Léo sorrindo, perfeitamente arrumado com um terno cinza uma camisa vermelha por baixo e uma gravata preta, ele ficava formal e elegante, mais digamos que não combinava muito com seu estilo.

–Nem fala isso! - Disse, balançando a cabeça só de imaginar ter um irmão filho da Susy. - Mas vamos, precisamos está na festa antes dos noivos.

Como meu pai iria se casar no cartório, não fui obrigada a presenciar o casamento, até porque acho que não teria como suportar ver meu pai beijando a Susy.

Descemos as escadas e saímos de casa, cruzamos a rua enquanto caminhávamos calmamente até o local da festa.

–Até que você ficou boa nesse vestido! - Fala Léo.

–Você também não ficou nada mal. - Dou sorriso, Léo me encara e muda sua expressão, passando de um sorriso para algo mais sério.

–Você já falou com a Mitty depois que chegou? - Léo pergunta enquanto desfaço o sorriso e também fico séria.

–Não, mas pretendo! Fiquei pensando no que falou durante as férias, e bom, ela deve ter um motivo pra ter feito o que fez!-Falei.

–Que bom...-Sorriu Léo.

Poucos minutos depois e chegamos na festa, depois algum tempo chega meu pai e Susy de mãos dadas, sorrindo e trocando carícias, é... pelo visto tinham realmente se casado.

Era uma festa calma e chata, a maioria dos convidados eram conhecidos do trabalho do meu pai, com pouquíssima gente da família.

–Bom, eles finalmente se casaram! - Disse Léo, enquanto dava um gole no refrigerante.

–É, olha o que a vida fez... - Suspirei, enquanto baixava a cabeça na mesa e permanecia assim por um tempo.

–Filha. - Meu pai se aproxima de onde estamos sentados.

–Ah, oi pai. - Dou um sorriso, enquanto levanto a cabeça da mesa.

–Vim pra dizer que já estamos indo pra viagem daqui, e que deve cuidar das coisas em casa enquanto eu estiver fora.

–Ah, tudo bem. Espero que...Não faça nenhuma besteira maior durante a viagem. - Digo.

–Tudo bem. - Ele sorri. - Ah, pode avisar ao Felipe também, Susy procurou ele por toda a parte mais não o encontrou...

–Sério?! Você não pode procurar?!

–Desculpa filha, é que já estamos meio atrasados! - Diz meu pai já meio distante.

Tudo menos isso! Como se não bastasse ter que aguentar toda a festa chata que a Susy organizou, agora tenho que falar com o filho dela, a única pessoa no mundo que não queria ter encarar hoje.

–Vamos Léo, preciso achar o Felipe!

Procurei por todo lado o garoto, poucas pessoas ainda estavam na festa, e já que os noivos já tinha ido embora, a maioria dos convidados já tinha voltado pra suas casas.

Sai do salão e avistei Felipe, ele conversava com um homem estranho e desconhecido. Antes que pudesse chamá-lo, ele entra no carro do tal senhor e vai embora.

–Aquele que entrou no carro não era o Felipe?! - Pergunta Léo, enquanto acompanho o caminho do carro com os olhos até ele sumir da minha vista.

–É... - Falei, séria. - Isso tá meio estranho.

Fiz o caminho de volta pra casa totalmente pensativa. Porque Felipe entraria num carro de um desconhecido tão facilmente, e se ele tivesse correndo perigo, e se precisasse de ajuda.

Coisas assim encheram minha cabeça durante todo o caminho, até que algo chamou minha atenção. Havia um carro estacionado em frente a minha casa.

–Léo você pode ir, eu tenho algumas coisa pra resolver. - Falei, percebendo que era o mesmo carro que Felipe tinha entrado.

–Tem certeza!? - Pergunta Léo estranhando meu comportamento.

–Claro. - Sorri, finalmente entrando em casa.

–Felipe?! - O chamei, enquanto subia as escadas com rapidez. - Felipe!-Entrei no seu quarto, ofegante.

–Que foi garota?! - Pergunta ele, enquanto coloca algumas roupas dentro de uma mala.

–O que tá fazendo?! - Pergunto, ainda agitada e sem entender. - Porque está fazendo as malas?

–Porque eu vou embora...