–Se eu disser que não, vai entrar mesmo assim?! - Perguntei, não poupando formas de mostrar que não gosto dela.

–Claro que sim! -Sorri Susy, já entrando e sentando na minha cama. - Nossa querida...Seu quarto é horrível!

–Não me chame de querida okay! Mas então, o que quer comigo? - Falei, me sentando o outro lado da cama.

–Acho que ainda não se lembra, mas amanhã é o dia da festa de casamento do seu pai e eu. E bom, mesmo que seja um coisinha pequena, fiz questão de investir bastante dinheiro nisso, ou seja, se tiver algum plano pra arruinar meu casamento, saiba que não será eu que vou estar perdendo algo okay!

–Quantos anos você acha que eu tenho?! - Perguntei. - Não se preocupe, eu não farei nada!

–Menos mal. - Ela abriu um sorriso, e se levantou da cama, ajeitando com calma suas roupas e caminhando até a porta. - Ah, e trate de vestir o vestido que seu pai comprou, sim! Não vai querer decepsioná-lo, não é?!

Apenas balancei a cabeça negativamente enquanto Susy saia do meu quarto e deixava a porta aberta apenas pra me irritar.

–Podia ter fechado a porta né?! - Bufei irritada, enquanto dava passos pesados até a entrada do quarto.

Já ia fechar a porta quando Felipe passa pelo corredor, ele olha por alguns instantes pra mim e dar um sorriso antes de finalmente descer as escadas.

“Um sorriso... O que ele queria dizer com isso?”

Decidi tomar um banho e relaxar um pouco.

A verdade era que mesmo não querendo admitir, Felipe não saia da minha cabeça, seu jeito, tudo o que fazia, eu simplesmente não conseguia esquecê-lo por muito tempo.

Vesti uma roupa confortável e liguei a TV, depois de quase três semanas sem jogar, pude tirar o atraso.

–Filha?! - Disse meu pai, abrindo a porta.

–Ah, oi pai! - Sorri, permitindo que entrasse.

–Não achei que tivesse acordada ainda! - Ele falou, conferi as horas no celular...Onze e meia! Como o tempo passou rápido! - Desculpa eu não ter ido te buscar na estação, cheguei de viagem agora, estava adiantando alguns negócios. - Ele sorri se sentando na cama.

–Não tem problema, o... - Parei, lembrando que não só Felipe foi me buscar como Léo também fez o mesmo. - Bom, pude vim sem problema. - Sorri.

–Que bom, mas iai como foi as férias?! - Perguntou, enquanto me levantava do tapete e sentava do seu lado na cama.

–Foram boas, pude me divertir bastante com minha mãe e minha vó. - Disse, enquanto lembrava das várias coisas que fizemos nas férias.

–E sua mãe... - Meu pai mudou um pouco a expressão e se aproximou um pouco mais de mim. - Você falou pra ela, sobre o casamento?

–Falei...

–Iai?! - Falou meu pai, cada vez mais curioso.

–Posso ser sincera?!...Ela mandou você morrer, e ir pro inferno junto com Susy. - Disse, balançando a cabeça negativamente enquanto falava.

Meu pai soltou um longo suspiro e voltou a postura inicial, enquanto se levantava da cama.

–Isso é bem a cara da sua mãe. - Ele sorriu, se aproximando da porta e afrouxando a gravata. - Bom, durma cedo okay, amanhã será um dia meio corrido.

–Sabe pai...Minha mãe...Também chorou um monte por sua causa... - Falei, enquanto meu pai olhava pro vazio, meio pensativo.

–Bom... - Ele começou. - Isso também é bem a cara dela!

–Tem certeza do que vai fazer amanhã?! - Perguntei enquanto meu pai abria a porta do quarto.

–Na verdade...Não! - Ele saiu do quarto e foi embora.

Após alguns segundos decidi ir até a cozinha pegar alguma coisa pra comer. Como tinha dormido mais cedo não estava com tanto sono assim.

Desci as escadas e vi Felipe na sala, deitado no sofá, assistindo um filme qualquer. Fiquei observando por um tempo sem fazer barulho, alguns momentos ele sorria, outros, ficava bem atento. Até que a tela ficou escura de repente e deu para ver meu reflexo através da Tv.

Corri para as escadas rapidamente, torcendo para que Felipe não tenha me visto.

–Sem sono?! - Ele pergunta, meu coração bate forte e coro. Murmurei um sim baixinho, me odiando por dentro. - Eu também não tô com sono, porque não senta um pouco.

Me aproximo, ainda sem querer. Ele pode já pode ter se esquecido do que aconteceu mais cedo, mais pra mim ainda estava tudo na minha mente.

–Por que saiu daquele jeito mais cedo?! - Ele pergunta enquanto sento de mansinho do outro lado do sofá.

–Ân?! - Coço a cabeça, fingindo não saber do que ele está falando.

–Por que a gente se beija e alguns minutos você finge que nada aconteceu?!

Fico alguns segundos calada meio nervosa e surpresa com a pergunta inesperada.

–Porque sei que faz isso apenas pra brincar com minha cara! - Afirmo, depois de algum tempo.

–Sério isso?! Quem você acha que eu sou?!

Olho pra ele, sem entender.

–Os sentimentos das pessoas não é algo que se deve brincar! Se beijo alguém quer dizer que sinto alguma coisa por ela!

–...Viu, você deve tá brincando agora mesmo! - Falo, ainda sem querer acreditar, minha mente dizendo que tudo era mentira, mais coração há um passo de acreditar.

–Quer que eu faça você acreditar! - Ele se aproxima lentamente, tenho chances de fugir, mais logo sinto suas mãos em minha cintura, ele me envolve calmamente, encostando devagar seu nariz ao meu, fazendo carinho, fecho os olhos, mas coloco minhas mãos entre nossos corpos, ainda impedindo que faça alguma coisa, já posso sentir sua respiração pesada, seu perfume forte, seu hálito quente.

Ele me prende mais forte, com o rosto ainda próximo ao meu mais ainda sem me beijar. E eu, à um passo de ceder.

–Você pode fugir, ou evitar, ou se preferir me beijar de uma vez. - Ele solta minha cintura e me encara, ainda bem perto. - Eu te soltei, você já pode ir!

Permaneço imóvel, ainda com o coração acelerado e as mãos suadas. Nosso olhos escuros se encarando sem parar, a sala fria, apenas com nós dois lá sentados nos fitando, não sabia o que fazer, o que falar, o que sentir.

–Anny...O que sente por mim?!