Loving can hurt sometimes escrita por Luna Lovegood


Capítulo 21
Everything's made to be broken


Notas iniciais do capítulo

Não sei como fazer isso.
Provavelmente essas serão as maiores notas iniciais de uma fanfic.
E eu já estou chorando antes de postar.
É, chegamos ao tão temível e esperado final de Loving Can Hurt Sometimes. E eu estou no chão, sem rumo depois de escrever esse capítulo. Foi doloroso, foi emocionante, foi triste (e sim eu chorei durante todo o processo de escrita). Eu serei eternamente grata à vocês que tem acompanhado essa história desde o início, que deram uma chance para uma garota que nunca se atreveu a postar uma história antes. Se não fosse pelos maravilhosos comentários no primeiro capítulo eu nunca saberia a satisfação que é dividir uma história com outras pessoas, eu teria simplesmente guardado essa pra mim como tantas outras.
Eu nunca irei me arrepender do dia que esqueci meus medos e postei Loving. Algo que começou tão pequeno se tornou essencial para a minha vida. Conheci pessoas incríveis graças à essa história. Deixo aqui o meu agradecimento especial para as meninas (e meninos) do grupo do WhatsApp, a Lucy G. Salvatore com a qual tive o prazer de trabalhar, a leitora Paloma que fez a primeira recomendação de Loving ( e sempre escreve comentários lindos que me deixam emocionalmente desestruturada ) e a leitora SmoakQueen que fez uma conta no site só para comentar na minha fic =D.
E é claro, agradeço à I Dream pela linda recomendação ;) muitíssimo obrigada garota! Amei cada uma das suas palavras!
Bom, eu estava tentando segurar esse capitulo até dia 18/07 que é o aniversário da fic de dois meses, mas tenho leitoras muito ansiosas né Iza e Ju?! Então agradeçam à elas por essa antecipação!
Esse final é dedicado à todos vocês que dispensaram um pouquinho de tempo das suas vidas para lerem a minha história. Que me deram uma chance. Que permitiram se apaixonar por “Loving Can Hurt Sometimes”. Eu nunca conseguirei agradecer o suficiente à vocês pelo carinho, apoio e confiança. Muito obrigada, mesmo, de coração.
Ps.: Espero que vocês amem esse capítulo tanto quanto eu amei escrevê-lo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617447/chapter/21

And I'd give up forever to touch you

'Cause I know that you feel me somehow

You're the closest to heaven that I'll ever be

And I don't want to go home right now

And all I can taste is this moment

And all I can breathe is your life

And sooner or later it's over

I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me

'Cause I don't think that they'd understand

When everything's made to be broken

I just want to you know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming

Or the moment of truth in your lies

When everything feels like the movies

Yeah, you bleed just to know you're alive

( Iris - Goo Goo dolls)

 

Felicity Smoak

Dizem que quando você esta morrendo vê a sua vida inteira passar diante dos seus olhos. Eu não estava morrendo, mas Oliver estava. E essa sensação parecia se encaixar perfeitamente ao que eu sentia. Eu me lembrava da primeira vez que o vi, encostado no batente da porta da minha sala no departamento de T.I, me olhando com aquele sorriso irresistível. Seus belos olhos azuis me fizeram perder o fôlego de imediato. Eu me lembrava até mesmo do cheiro do perfume que ele usou em nosso primeiro encontro. Eu me lembrava de tudo com uma riqueza de detalhes assustadora. Eu o estava perdendo, e não havia nada que eu pudesse fazer para impedi-lo de ir... Eu só podia me agarrar à essas lembranças felizes. Por eram tudo o que ainda me restava dele.

Laurel cumpriu sua promessa afinal, minutos depois de Oliver se jogar sobre mim eu pude ouvir os barulhos das sirenes e a polícia entrou no Queen’s Gambit prendendo a minha sogra. Ela não resistiu, acredito que entrou em estado de choque quando percebeu que havia atirado no próprio filho.

Eu assisti estática aos paramédicos tentarem reanimar Oliver, eu não queria deixá-lo, eu não podia me afastar, eu precisava estar com ele em cada segundo. Eu temia que se me afastasse eu o perderia. Então eu fiquei próxima, observando seu corpo lutar para sobreviver a cada bip do desfibrilador meu coração falhava junto com o dele. Ele não podia morrer, porque sem ele eu morreria também.

Tudo parecia agitado a minha volta, mas eu simplesmente não conseguia me mover. Como se eu estivesse em uma velocidade diferente das outras pessoas, elas falavam comigo, mas eu não compreendia. Minha mente só conseguia pensar em Oliver. Quando os paramédicos informaram que o coração dele voltara a bater deixei-me preencher com aquela esperança. Ele ainda estava vivo. Então havia uma chance.

Eles não me deixaram ir na ambulância com Oliver, e eu surtei. Eu precisava estar ao lado dele. Eu só voltei a mim quando senti os braços de Sara ao meu redor, me puxando enquanto eu assistia ele se afastar e ir para longe de mim e então eu simplesmente desabei. Eu chorei, até as lágrimas aderem em meus olhos. Eu gritei, até a voz se desaparecer. Mas aquela dor não diminuía, aquela era uma dor inigualável, que vinha do meu peito e parecia me rasgar por dentro, cada célula do meu corpo sentia aquela dor. Me ofereceram um calmante, mas eu não aceitei, eu precisava estar lúcida quando Oliver acordasse. Também não permiti que a polícia me interrogasse, eu tinha ficar com Oliver. Era tudo o que importava.

Sara me levou até o carro de Oliver que estava parado na rua ainda com a chave na ignição. Ela não disse nada durante o percurso até o hospital eu também não perguntei. Minha melhor amiga sabia que não havia palavras que pudessem me consolar naquele momento, por isso ela apenas pisou no acelerador e passou voando por todos os sinais vermelhos que conseguiu.

Chegamos lá praticamente ao mesmo tempo em que a ambulância e eu pude ver o momento em que eles levaram Oliver na maca pelos corredores. Não consegui me conter, por mais que todos tentassem me impedir eu simplesmente fui atrás dele.

— Não me deixe. - Sussurrei ao seu ouvido antes dele ser levado para a sala de cirurgia.

***

Oliver já estava em cirurgia há quase uma hora e ninguém nos dava nenhuma notícia. Fiquei sabendo por Sara que Laurel estava no hospital também operando a mão dela. Assim que ela havia conseguido fugir do Queen’s Gambit, parou a primeira pessoa que encontrou na rua e pediu o telefone para ligar para a polícia. Eu seria eternamente grata à ela, graças à isso Oliver conseguiu ser socorrido bem a tempo.

Fui surpreendida quando vi que Thea vinha correndo na minha direção com Roy logo atrás dela. Eu estava tão atordoada que sequer havia me lembrado de avisá-la, lancei um olhar para Sara e ela apenas afirmou com cabeça. Eu teria que agradecê-la imensamente depois por todo esse apoio.

Quando Thea se aproximou eu pude ver que seus olhos estavam vermelhos e seu rosto inchado de tanto chorar. Ela me abraçou com toda força e eu me permiti me aninhar naquele abraço. Ela estava perdendo a mãe e o irmão naquele dia. Nós precisávamos ficar juntas e ajudar uma a outra a segurar o peso das nossas dores.

— Eu sinto tanto, Felicity. - Falou entre soluços com a cabeça apoiada em meu ombro. - Eu sempre soube que minha mãe não era uma pessoa muito boa. - Respirou fundo antes de me encarar. - Mas isso o que ela fez é doentio e sádico. Eu sinto que preciso pedir perdão por tudo o que...

— Não. - Neguei veemente a interrompendo. - Você não precisa se desculpar por ela, Thea. - Falei num tom mais brando, apesar de tudo Moira era a mãe dela e eu não queria que Thea se sentisse mal pelos atos horríveis. - Sua mãe está mentalmente doente Thea. - Eu disse, mas eu não acreditava realmente no que eu estava dizendo, eu só precisava achar um modo de conforta-la. - Tudo vai ficar bem. - Falei tentando passar uma segurança que eu sequer tinha.

Thea assentiu com a cabeça e percebi que ela se acalmou um pouco.

— Como ele está? - Perguntou-me com seus olhos ansiosos. Eu não poderia mentir sobre isso. Respirei fundo.

— É ruim. - Consegui dizer. - Sinto muito.

Thea se consolou nos braços de Roy dessa vez. E ficamos todos ali naquela sala de espera, por horas aguardando por qualquer informação. Oliver já estava em cirurgia há mais de nove horas e nada, eu tentava pensar que essa falta de noticias era algo bom, que a cirurgia estava indo bem e que em breve ele estaria se recuperando.

Sara saiu por um breve período e quando voltou me entregou um par de roupas limpas, juntamente com a chave do carro do Oliver. Eu nem havia percebido que estava com a roupa toda ensanguentada.

— Fui ao seu apartamento e trouxe isso também. - Disse me entregando aquela fotografia de Oliver e eu que eu tanto amava, a do dia do nosso casamento. - Pensei que pudesse te deixar mais calma.

Um pequeno sorriso se insinuou em meus lábios. Ela estava certa, me agarrei aquela fotografia e a segurei fortemente contra o peito, eu queria ter aquilo outra vez, eu precisava que Oliver se recuperasse para que voltássemos a viver a nossa vida como éramos naquela fotografia.

Fui para o banheiro e me troquei guardei a fotografia no bolso da calça jeans, como sempre fazia, era um ritual meu. Assim que voltei vi que um dos cirurgiões de Oliver estava vindo em nossa direção, corri em até ele em busca de qualquer informação.

— Como ele está? - Perguntei aflita.

— A cirurgia do Sr. Queen foi bem sucedida e a bala foi extraída com sucesso. - Me deixei respirar aliviada, mas a sensação de alívio não durou muito tempo visto que logo o médico continuou. - Ele perdeu muito sangue, e o organismo está muito debilitado, o coração sofreu algumas lesões severas. As próximas vinte e quatro horas serão decisivas para sabermos o quadro geral, mas não fiquem muito esperançosos. A situação do Sr. Queen é delicada e as chances dele de sobreviver são quase nulas. Eu sinto muito. Eu os aconselho a se despedirem.

“Eu os aconselho a se despedirem” Aquelas palavras se repetiam em minha mente, senti o chão desaparecer sob os meus pés. E respirar estava ficando cada vez mais difícil, como se não houvesse ar suficiente para mim e o ambiente ao meu redor me sufocasse. Sara falava algo comigo, mas eu não estava a escutando. Eu não conseguiria me despedir de Oliver. Eu precisava sair dali, respirar fundo e ficar um pouco sozinha para pensar. Esse não podia ser o fim, eu não aceitaria esse fim. Não era justo. Depois de tudo o que passamos, depois de tudo o que sofremos, o quanto nós lutamos para ficarmos juntos não era justo terminar dessa forma.

— Eu não posso fazer isso. - Falei me levantando abruptamente.

— Felicity... - Sara chamou meu nome e segurou o meu braço, ela tinha um semblante preocupado no rosto.

— Sara, não. - Falei com uma agressividade que me assustou e tirei a mão dela de mim. - Eu preciso ficar sozinha por alguns minutos. - Finalizei mais calmamente e Sara concordou embora ainda um pouco relutante.

Eu caminhei até o carro de Oliver que estava no estacionamento do hospital, abri a porta do passageiro e me sentei ali com meus olhos fechados, me concentrando em qualquer resquício do cheiro dele que pudesse ainda estar lá. Eu já não tinha mais lágrimas para chorar, aos poucos a exaustão daquele dia me alcançou e eu acabei adormecendo ali mesmo na poltrona do carro.

Dormir tinha seu lado bom, eu podia fugir da bagunça que estava a minha vida. Eu podia fingir que nada daquilo havia acontecido, que hoje era apenas um dia normal. E a melhor parte foi que eu sonhei com Oliver

***

Oliver Queen

“Então morrer não era assim tão ruim, exceto pela dor excruciante que eu senti quando uma bala perfurou o meu peito, eu vi a minha vida inteira passar pelos meus olhos, e nos meus momentos mais felizes ela estava lá, Felicity, a mulher que eu amo. Mordendo uma caneta vermelha, o nosso primeiro beijo no elevador da Q.C, caminhando até mim em seu vestido de noiva.... Eu não podia acreditar que nunca mais eu a beijaria, nunca mais a veria corar ou tentar consertar as bobagens que dizia... Mas eu faria tudo de novo, eu morreria por Felicity e pelo meu filho quantas vezes fosse necessário.

Assim que eu levei aquele tiro eu olhei para ela e me senti imediatamente feliz. Sim feliz, por que eu consegui chegar a tempo, ela ficaria bem e nosso filho também. Esse foi meu último pensamento antes da escuridão me atingir. Eu havia salvado a minha família, isso era o que importava.

Eu fiquei contemplando a escuridão por tempo demais, às vezes eu ouvia pequenos ruídos, ecos de vozes que eu não conseguia distinguir, um choro, gritos. Em meio a toda aquela confusão só houve uma frase que eu entendi com precisão “Não me deixe”, foi apenas um sussurro longe, mas eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Desejei poder atender aquele pedido, mas eu sentia que agora já era tarde demais.

Tudo desapareceu, só restaram a minha volta silêncio e trevas. Morrer parecia algo tedioso. Foi então que eu vi a Luz, e eu sei que nessas situações muitos dizem para não irmos para ela, mas aquela não era uma luz qualquer, aquela era a minha luz.

Felicity caminhava em minha direção e quanto mais perto ela chegava, mais o meu redor ficava claro e repleto de cores lindas. Eu caminhei em direção à ela também tentando encurtar a distância, estava ansioso para senti-la em meus braços novamente.

— Eu senti tanto a sua falta! - Eu sussurrei no ouvido dela enquanto a abraçava forte. Queria poder mantê-la sempre aqui, na segurança de meus braços. - Você está bem? - Perguntei, ignorando o absurdo da situação. Se eu estava morto, o que Felicity fazia aqui? Será que ela estava mor... Não! Isso não podia ter acontecido.

— Eu estou bem. Viva, graças a você! - Seus olhos azuis estavam brilhando com as lágrimas contidas. Então se ela estava viva, o quê era isso? Uma alucinação? Um sonho? Uma espécie de paraíso ou de inferno? Não importa, ela estava aqui comigo, eu não podia reclamar disso.

— Eu faria tudo para te proteger. - eu disse, fitando com encantamento cada detalhe do rosto dela. Eu queria guardar na minha memória como ela era. O tom alvo da pele que estava acompanhado por um belo tom de rosa em suas bochechas, o formato cheio de seus lábios, aquele azul profundo em seus olhos que mais me lembravam um dia de verão com o céu claro e sem nuvens, as pequenas covinhas que apareciam em suas bochechas sempre que ela sorria para mim. Suspirei. Eu nunca me esqueceria dela, não importa o que viesse depois da morte eu sempre a amaria.

— Oliver. Eu não sei como prosseguir sem você! - Ela me falou aflita e eu pude ver toda a tristeza nos olhos dela. Aquilo me machucou mais do que receber uma bala no peito. Eu queria tirar toda a dor dela, eu queria dizer que ia ficar tudo bem, que ficaríamos juntos para sempre. Mas eu sabia que isso seria impossível.

— Felicity, eu sinto muito por isso. Mas, eu espero que você entenda que eu fiz isso por você amor, eu faria qualquer coisa por você. - Sorri para ela, e coloquei uma mecha de seu cabelo loiro atrás de sua orelha. Fui invadido por uma sensação melancólica aoo perceber que eu nunca mais iria fazer isso. - Talvez eu devesse ter te beijado mais vezes, ter dito mais “eu te amo”, não ter mentido para você depois do seu acidente. Mas eu estou feliz de saber que eu consegui salvá-la. Eu nunca me arrependerei de ter entrado na frente daquela bala por você. - Uma lágrima solitária desceu pelo seu rosto, e eu a peguei com um beijo em sua bochecha.

— Mas eu me arrependo Oliver! - Seu tom era urgente. - Eu gostaria de ter feito as coisas de um modo diferente, e talvez nós ainda estivéssemos juntos. Eu não deveria ter te deixado há três anos, eu deveria, eu precisava ... eu...

Eu a interrompi com um beijo. Eu precisava mostrá-la que os nossos erros não importavam mais, que nós vivemos uma linda história de amor e cada momento em que passamos juntos foi especial e inesquecível. Foi um beijo intenso, arrebatador, cheio de paixão, cheio de desejo, cheio de saudade. Eram muitos sentimentos em um único beijo. Nossos lábios pareciam se encaixar perfeitamente, nossas línguas dançavam uma com a outra em uma sublime harmonia. Eu nunca beijei alguém da forma como eu beijava Felicity, era algo único, precioso. Beijá-la era tão essencial quanto respirar. Quando nossas bocas finalmente se desgrudaram e a respiração aos poucos se normalizava, eu pude sentir aquele terrível gosto de adeus. Como eu poderia nunca mais beijá-la? Como nunca mais sentir seu coração bater acelerado e em sintonia com o meu?

Felicity mantinha um sorriso no rosto, o sorriso mais lindo do mundo em minha opinião. Embora dessa vez estivesse um pouco triste, eu sabia que assim como eu, ela havia sentido que isso era um adeus.

— Eu não vou conseguir prosseguir sem você. - Falou e seu sorriso desapareceu por completo. Segurei seu rosto entre minhas mãos e olhei na profundidade daqueles olhos azuis que eu tanto amava. Eu precisava contá-la agora ou nunca mais eu teria essa oportunidade.

— Você vai, você tem que conseguir amor. - Sorri. - Porque existe alguém que precisa de você. - Desci minhas mãos até as dela e as guiei sugestivamente até a sua barriga ainda plana. - Existe um pedacinho de nós dois crescendo aqui dentro, e ele vai precisar que você seja forte, e continue a lutar, ainda que eu não possa estar ao lado de vocês. - Finalizei, com lágrimas em meus olhos. Pensar em todas as coisas que eu perderia me deixava indescritivelmente infeliz. Eu perderia o crescimento da barriga de Felicity, eu não estaria no nascimento do nosso filho, eu não ensinaria ele a jogar futebol ou assustaria um possível namorado se fosse uma menina. Eu nunca realizaria o meu sonho de ter uma família. Mas eu não queria que Felicity definhasse sem mim, eu não suportaria saber que a minha morte a tornou uma pessoa triste. A única coisa que me faria sobreviver à isso era a certeza de que ela seria feliz.

— Oliver eu não... - Começou a dizer, mas logo a compreensão a atingiu. - Oh Meu Deus! Eu estou grávida. - Seu rosto se iluminou de uma forma que eu nunca havia visto antes, tanto que ela parecia um anjo irradiando luz própria. Seu sorriso caiu um pouco quando ela olhou pra mim. - Eu não vou conseguir fazer isso sem você, Oliver.

— É claro que vai. Você é incrível Felicity, não há nada no mundo que você não consiga fazer. - Chega a ser um pouco intimidante. - Falei com um pequeno sorriso que ela acabou retribuindo. - Eu comprei algo para o bebê, espero que você encontre. E quando ele nascer diga que o pai dele o ama imensamente.

— Não é justo. - Seu corpo se aconchegou ao meu e ela encostou a cabeça em meu peito e as lágrimas dela molharam a minha camisa, eu apenas a segurei forte contra mim, respirei o perfume floral de seus cabelos. Seria esta a última vez que eu sentiria aquele cheiro?

— Não é, mas essa é a vida amor. - Disse, ela ergueu o rosto e seus olhos azuis encontraram os meus e havia tanto amor ali. Ela estava certa, não era justo nossa história acabar assim. Juntei nossas testas e fechei meus olhos, e a beijei de uma forma que eu nunca havia beijado antes. Era um beijo de amor na sua mais sublime forma, eu a amava desesperadamente, de uma forma única e se esse seria nosso último momento juntos eu precisava fazê-la entender que meu coração, minha alma, minha vida sempre pertenceriam à Felicity Smoak. Eu senti o gosto salgado das lágrimas tanto das minhas quanto as dela. Se eu estava morrendo porque todos os meus sentidos estavam ampliados? Porque eu sentia meu coração bater vivo e forte dentro do peito?

Quando nossas bocas se separaram, foi como perder uma parte vital de mim. Eu me sentia incompleto sem ela.

— Eu não quero me despedir de você. - Falou tristemente, eu entendi a relutância dela porque eu também não queria. Eu nunca fui muito de acreditar em vida após a morte ou céu e inferno. Mas seja lá o que viesse a seguir, eu sei que eu seria miseravelmente infeliz sem ela.

— Então não iremos dizer adeus. - Vi um pequeno sorriso se insinuar em seus lábios, mas logo foi substituído por uma expressão confusa.

— Você está ouvindo isso? - Perguntou.

Eu balancei a cabeça em negativa. Eu não ouvia nada.

— Isso o quê? - Perguntei intrigado.

— Oh, droga acho que é o meu telefone... - Falou e em seguida ela desvaneceu em meus braços, a minha luz foi embora e a escuridão retornou.”

***

Felicity Smoak

O barulho do meu celular me despertou para a realidade. Era Sara querendo saber onde eu estava, a tranquilizei e disse que logo voltaria, que apenas precisava de um pouco mais de tempo para pensar, e colocar a mente em ordem.

Fechei meus olhos pensando naquele sonho, desejando que eu pudesse voltar para ele. Toquei meus lábios com as pontas dos meus dedos, eu ainda podia sentir o gosto do beijo de Oliver ali. Balancei a cabeça tentando me livrar daquele pensamento, o beijo acontecera apenas na minha mente, mas aquele sonho havia sido tão real que estava ficando difícil separar as coisas.

Mas eu precisava encontrar uma forma de me manter sã. Oliver estava morrendo, e o meu sonho era só um desejo desesperado da minha mente. Bati meus braços no painel do carro, eu estava frustrada. O meu movimento brusco fez a pequena porta do porta-luvas se abrir, e notei que havia um pequeno embrulho azul ali.

Olhei para aquele pequeno embrulho, peguei em minhas mãos e o abri. Observei estática seu conteúdo. Aquilo não era possível. Ou será que era? Lágrimas escorriam pelo meu rosto quando assimilei o significado e eu corri imediatamente de volta para o hospital. De volta para Oliver.

— Felicity. - Sara se levantou assim que me viu.

— Eu preciso vê-lo! - Foi tudo o que eu disse, indo em direção ao quarto dele.

Abri a porta e entrei naquele quarto branco com o coração batendo acelerado. Eu não sei dizer ao certo o que eu esperava, mas definitivamente não era um Oliver pálido com seu corpo ligado à aparelhos. Acho que me deixei iludir demais com aquele sonho e pelo pequeno presente que encontrei.

Me aproximei até a cama, vê-lo assim, como se a vida se esvaísse dele aos pouco quebrava meu coração. Não se parecia com o meu Oliver, lindo, com um sorriso provocante em seus lábios, sempre carinhoso e atencioso. Sempre tão cheio de vida.

Coloquei a pequena surpresa de Oliver sobre a cama, tirei a fotografia que Sara havia me entregado do bolso do meu jeans e a segurei em uma das mãos e a outra entrelacei na mão dele.

— Acho que eu nunca te disse o motivo de amar tanto essa foto, não é? - Comecei a dizer. - Logo depois da cerimônia na igreja, você queria fugir direto para a lua de mel e deixar todos os nossos convidados esperando no salão de festas. - Ri com a lembrança daquele dia tão mágico. - Eu me lembro de que quando eu te falei que não podíamos fazer isso com nossos amigos e familiares, e você simplesmente me respondeu que “Eu não me casei com eles, tudo o que eu preciso para ser feliz eu tenho aqui em meus braços.” Eu não consegui conter o sorriso naquele momento... E foi bem nessa hora que o fotógrafo tirou essa foto. - Olhei para a fotografia em minhas mãos, nossos rostos sorridentes um de frente para o outro, havia tanto amor naquela foto. - É por isso que a amo tanto. Porque, me faz lembrar que tudo o que eu preciso para ser feliz é de você.

Aquela lembrança feliz trouxe ainda mais lágrimas em meus olhos, eu suspirei resignada quando lancei um olhar para a máquina que mostrava os batimentos cardíacos e eles ainda seguiam inalterados em um frequência baixa demais. Isso não estava dando certo.

— Oliver, por favor acorde. - Supliquei, pegando sua mão a levando até a minha barriga. - Eu preciso de você. Nós precisamos de você. - Eu não conseguia imaginar uma forma de criar esse bebê sem Oliver, não era justo. Fechei meus olhos em uma prece silenciosa.

Meu coração deu um pulo dentro do meu peito quando senti a mão dele apertar a minha barriga fracamente, abri meus olhos para ter certeza de que não estava sonhando dessa vez.

— Eu queria te contar. - Oliver falou com a voz rouca e fraca. - Tinha uma surpresa planejada na minha mente, algo com um cartão dizendo ”Parabéns você será mamãe”. - Falou dando-me um sorriso e naquele momento eu pensei que fosse morrer de tanta felicidade. Eu ri, e o som soou engraçado. Algo entre uma risada e um choro de alívio.

— Você me contou amor, não se preocupe - Falei retirando da pequena caixinha os sapatinhos azuis, e colocando-os em meus dedos. Vi que ele franziu o cenho, e me olhou abismado até que a compreensão o atingiu. Eu podia dizer por aquele olhar que o meu sonho de alguma forma tinha sido real, que nós compartilhamos aquilo.

Eu não sabia como isso tinha sido possível. Mas, o importante era que Oliver estava aqui, vivo, falando comigo e eu agarraria com todas as minhas forças essa segunda chance.

— Eu tenho um pergunta para você. - Falei sorrindo, e secando algumas lágrimas em meu rosto. Lágrimas de felicidade dessa vez.

— Pergunte. - Falou desenhando pequenos círculos na minha barriga.

— Como você sabe que vai ser um menino? - Eu ainda estava encucada com o fato dele ter escolhido um par de sapatinhos azuis.

— É só um palpite. - Me respondeu sorrindo, e seus olhos brilhavam para mim.

Foi inevitável não corresponder àquele sorriso. Me deixei levar por aquela sensação de paz, finalmente tudo tinha acabado. Oliver ficaria bem, eu podia sentir isso. Nós finalmente poderíamos continuar o nosso felizes para sempre, que tantas vezes foi interrompido.

Agora tudo ficaria bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês pensaram que eu mataria o Oliver? Eu sou má, mas nem tanto! E amo finais felizes! Oliver sempre esteve seguro comigo ;)
Então, esse foi o adeus! Não o oficial porque ainda teremos o epilogo (e talvez um pequeno bônus). Mas é fim de Loving, espero muito que vocês tenham gostado desse capitulo! Beijos e nos falamos no epílogo ou nos seus comentários!