Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 7
07. Não quero esquecer


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos, quero dar as boas vindas aos novos leitores e agradecer aos comentários no capítulo anterior (vocês são amores demais). Estou bem cansadinha, então não vou atrasar vocês aqui, sahsuh.

Boa leitura! ♥

Boa leitura, sejam bem vindos à mais um magnífico (-q) capítulo de: Corações Perdidos



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DEMOREI ALGUNS SEGUNDOS para raciocinar direito.

Dean estava ali, bem na nossa frente, segurando a arma que acabou de salvar a minha vida e a de Sam. Eu estava, definitivamente, sem palavras. De onde ele surgiu? Como nos encontrou? E por que não foi capturado também? Eram muitas perguntas e nenhuma resposta.

— E então, não recebo nem um “Obrigado por salvar a minha vida, Dean!”? — ele sorriu.

— Como nos achou? — indagou Sam, indo de encontro ao irmão e dando-lhe um abraço apertado.

— Não foi fácil, mas dei meu jeito — ele respondeu. — Bom te ver também, Emma. — Dean sorriu diabolicamente. — Viva, aliás. Preciso admitir, pensei que seria devorada na primeira noite.

Certas coisas nunca mudam, pensei.

— É bom te ver de novo também. Fico feliz que não tenha sido capturado, ou teríamos virado lanche de Wendigo — respondi.

Os raios de sol me atingiam com ferocidade, esquentando meu corpo instantaneamente. Era a melhor sensação do mundo, ver a luz do dia de novo depois de tanto tempo.

Mas quanto tempo?

— Você foi rápido — disse Sam. — Mal avistamos a saída da caverna e você já estava lá, foi muita sorte...

— Rápido? — Dean exibiu uma expressão confusa.

— Sim, até demais. Desde que nos livramos das amarras e corremos pela caverna, o que durou algumas horas mas, mesmo assim...

— Vocês estão malucos? — Dean perguntou parecendo muito confuso, Sam e eu franzimos as sobrancelhas ao mesmo tempo.

— Do que está falando? — eu o encarei.

— Vocês ficaram desaparecidos por três dias, três dias. Eu cheguei a pensar que não iria encontrá-los! Hoje já fazem quatro dias, como podem ter ficado tanto tempo apagados?! — ele estava tão surpreso quanto nós.

— Quatro dias? Não! Nós só ficamos... — não terminei a frase.

Aí é que estava o problema: eu não fazia a mínima ideia de quanto tempo ficamos vagando pela caverna. Supondo que tenhamos ficado dois dias desacordados, o que é tecnicamente quase impossível, nós teríamos vagado por dois dias completos. Dois dias andando por todos aqueles túneis, não seria possível, seria?

— Não. Não é possível. Não ficamos esse tempo todo inconscientes, nós...

— Acho que vagamos pela caverna por mais tempo do que pensamos — declarou Sam.

Eu arregalei os olhos, ele só podia estar louco.

— Mas como? Quatro dias e não sentimos fome e nem sede? — rebati exasperada.

— Não tínhamos noção de tempo. Para nós, foram muitas horas, mas não dias. O ser humano pode ficar até seis meses sem se alimentar e ainda assim não morrer. Poderíamos vagar por uma semana e tudo o que sentiríamos seria uma ligeira dor no estômago.

Meu Deus, isso não estava acontecendo.

— Ainda assim, esse esconderijo era tão camuflado que levou quatro dias pra nos encontrar? — desviei meu olhar para Dean, que ergueu os braços em sinal de defesa.

— Eu teria levado mais se não fosse pelo Cas. Ele quem encontrou vocês, na verdade. — Ele fez uma pausa. — Por acaso os dois tem alguma ideia de onde estão agora?

Eu e Sam permanecemos em silêncio o encarando.

— Na floresta? — arrisquei.

Dean negou com a cabeça.

— Estamos agora no Parque Nacional das Montanhas Rochosas. —Precedeu. — No centro dele, para ser mais exato.

Sam arregalou os olhos.

— O quê? Impossível! — ele exclamou. — Esse parque fica...

— A cento e catorze quilômetros de Denver? É, eu sei. — Dean interrompeu o irmão. — Deu para entender o porquê de eu demorar achar vocês?

Sam e eu nos entreolhamos, chocados. Cento e catorze quilômetros?! É uma distância muito longa. Longa demais.

— Ele jamais perderia tempo nos trazendo por todo esse caminho — concluí meu pensamento em voz alta e, quando Sam e Dean me olharam confusos eu acrescentei rapidamente: — o Wendigo, quero dizer. Por que nos arrastar por mais de cem quilômetros, se há várias cavernas escondidas por todo o antigo percurso, muito mais próximas do lugar de onde fomos raptados? Não faz sentido.

Nenhum de nós tinha a resposta, nenhum de nós sabia o que dizer. Wendigos tem realmente muita força, mas não fazem trabalhos desnecessários. Eles jamais carregam as vítimas para muito longe.

A menos que... não, não seria possível, seria? Talvez. Se sim, era algo muito maior do que imaginávamos, mas ainda assim não faria sentido.

Fui retirada de meus devaneios por uma voz que surgiu de algum lugar atrás de mim.

— Vocês terão trabalho para sair daqui.

Dei um salto, assustada; virei-me para visualizar seu rosto, mesmo que a voz fosse inconfundível: Castiel. Ele ainda usava a mesma roupa desde a última vez que o vi: uma gravata azul complementando um terno preto bem arrumado sob um sobretudo bege. Seus sapatos eram escuros, assim como o terno. Suas roupas estavam impecáveis, como se ele não tivesse feito nada nos últimos dias a não ser ficar parado em algum lugar onde não existam partículas de poeira. O único fato que contradizia essa teoria era seu cabelo, ligeiramente despenteado. Mas pensando bem, ele sempre estava assim.

— Hoje o parque está fechado — Cas continuou — e os vândalos aproveitam esse dia para entrar as escondidas e cometer atrocidades. Temos que ir logo, antes que um dos vigilantes avistem vocês. Há pelo menos dez guardas no portão, se eles virem vocês três saindo daqui...

— Espera — interrompi-o e ele me encarou como se dissesse “O quê foi agora?” — Por que alguém iria querer cometer atrocidades em um parque florestal? — imaginar tal cena me fez querer rir, mas me contive. — Não há sequer lugares para isso. Digo, o que eles fariam? Pichariam as árvores?

— Eles plantariam sementes más próximas às pequenas raízes e arbustos, danificariam o meio ambiente, coisa de carnívoros. — Ele respondeu, parecendo um pouco confuso com o que acabara de dizer, mas prosseguiu — Isso não importa, o fato é que...

— Sementes más! — exclamei, o interrompendo novamente. — Como o cravo e a rosa.

— Isso não vem ao caso! — Dean disse, irritado. — Emma claramente bateu com a cabeça naquela caverna, precisamos sair daqui. E você sabe que não precisamos nos incomodar com os guardas Cas, você mesmo pode nos levar para longe daqui.

— Caverna de Creta, para ser mais específica — eu o corrigi. Por que estava agindo assim? Sentia-me repentinamente leve e feliz, como se não houvesse nada com o que me preocupar no momento. — Foi um apelido que eu inventei porque...

— Como o Labirinto de Creta! — exclamou Sam e depois de perceber que dissera aquilo alto demais, caiu na gargalhada. Era contagiante, não consegui evitar rir junto.

Castiel e Dean nos encararam confusos e ao mesmo tempo curiosos, então a expressão do anjo se tornou sombria.

— Por que não estão rindo também? Foi engraçado! — exclamei.

Castiel me olhou no fundo dos olhos de uma maneira — é, eu posso classificar assim porque ele é um anjo — sobrenatural e me senti envergonhada, de modo que tentei permanecer séria, o que foi incrivelmente difícil, então simplesmente voltei a rir novamente. Ele olhou para Dean e eles pareciam estar tendo uma conversa silenciosa, do tipo bem séria.

— É engraçado que se encarem assim — eu disse sorrindo. — Parecem até um casal. — Então Sam explodiu na gargalhada novamente com meu comentário.

— Nunca parei pra pensar nisso, mas até que é verdade! — Ele continuava rindo como nunca. Depois ele tossiu um pouco e respirou de maneira ofegante. Ele estava perdendo ar?

Então Dean se aproximou de mim e envolveu minhas mãos com as suas.

— Emma, está se sentindo bem? — ele perguntou devagar, como se eu fosse uma criança com dificuldades para entender.

Queria responder-lhe que estava bem, muito bem. Não me sentia assim desde que... bem, quem sabe? Mas estava ficando cansada, muito cansada.

De repente, senti que estava esquecendo algo muito importante, mas não conseguia me lembrar o quê e, mesmo sendo importante, não fazia diferença, não naquele momento.

— Estou... feliz. — Respondi relutantemente, meu corpo estava pedindo cada vez mais por um breve momento de sono, uma cama macia e um travesseiro confortável.

Meu corpo ficou pesado demais para que eu o suportasse e desabei para frente. Senti que iria despencar no chão, mas fui envolvida pelos braços de alguém. Olhei para a cima e vi o rosto de Dean me encarando de volta, ele agora parecia mais como uma lembrança distante, um amigo não visto há muito.

Minha cabeça doía e eu não conseguia mover sequer um músculo do corpo. Tentei me lembrar do motivo que me levara a estar ali, naquele momento, mas não conseguia.

— Eu irei te esquecer — disse subitamente. De alguma forma, eu pressentia isso. — Mas eu não quero, estou esquecendo os outros Dean, e eu não quero...

— Você não vai esquecer nada, Emma. — Ele respondeu de maneira convicta. — Fique firme, Castiel já está voltando. — Ele colocou um dos braços em minhas costas e passou o outro sob minhas pernas, então me ergueu do chão e me aninhou em seu colo. — Fique acordada, por favor — sussurrou.

Quem é Castiel? Eu me indaguei mentalmente. Sentia que era alguém conhecido, mas não me recordava do rosto.

Tinha alguém conosco alguns minutos atrás, duas pessoas. Eu as conhecia, mas agora elas desapareceram magicamente e minhas lembranças estavam fazendo o mesmo.

Então alguém surgiu por detrás de Dean, um sujeito magro e baixo, com cabelos negros lisos e despenteados e nebulosos olhos azuis, que me encaravam com intensidade.

— Ela está com febre, Cas. — Jean disse ao sujeito. Seria mesmo esse o seu nome? Creio que não. Céus, eu estava esquecendo rápido demais!

— Vou levá-la ao hotel — respondeu o sujeito, Cas.

Eu os encarei em silêncio, sem energia para formar palavras ou frases. Até cinco minutos atrás eu estava rindo como a pessoa mais feliz do mundo e agora me sentia como a mais doente de todas. Cas se aproximou de mim e ergueu sua mão, como quem abençoa alguém.

— Hora de dormir, Emma — sua voz era como um eco distante. Ele tocou minha testa gentilmente e lembro-me de ter sentido como se uma lufada morna de ar houvesse me atingido.

Então o sono veio e fui embalada na parte mais escura de meus sonhos.


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Notas finais do capítulo

HELLLOOOO! E aí, gostaram?

Caso tenham visto algum erro (ortográfico ou não) me avisem por obséquio.

Surpresinha: desta vez, deixarei a Emma responder aos comentários por mim, então caprichem nos reviews, haha, até mais!