Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 6
06. Me perco na caverna de Creta


Notas iniciais do capítulo

YEEEEEEEY!

Hoje estou com a corda toda u_u dois capítulos, de duas histórias, tudo na mesma noite, hauhuau, estou animadíssima!

Bom, na verdade isso tudo é porque irei atrasar um pouco para postar o próximo capítulo. Ando muito atarefada e por isso temo que não consiga postá-lo. Nesse caso, já estou deixando esse aqui com vocês! (:

Sejam bem vindos novos leitores, espero que gostem (se vieram até aqui, provavelmente devem estar gostando, né? ahuahua).

Sem mais delongas, boa leitura a todos! :3



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ACORDEI ZONZA E desorientada.

Não conseguia ver nada à minha frente, a escuridão era completamente predominante. Meus cabelos caíam sobre o rosto e um odor ruim atingia minhas narinas quando recobrei os sentidos; o pior de tudo foi perceber que o mau cheiro vinha de mim. Algumas mechas estavam grudadas em minha nuca, onde eu sentia uma ligeira pontada de dor e notava algo me incomodando ligeiramente.

Onde estou? Que lugar é esse?

Tentei ficar calma, manter os batimentos em ritmo normal, organizar meus pensamentos. Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça.

A última coisa da qual eu me lembrava, era de ver Sam olhando para algum ponto além de mim, com uma expressão de horror no rosto, então algo duro me atingiu e eu apaguei. Onde estaria Sam? Era impossível vê-lo no momento. A noção do que havia me acertado começava a surgir e apesar de óbvia, era apavorante.

Tentei levar as mãos ao bolso da mochila na tentativa de pegar meu celular e conseguir o mínimo de luz nesse lugar. Então percebi que minhas costas estavam leves demais e que eu não conseguia mover minhas mãos, as quais estavam penduradas em algum lugar acima da minha cabeça, sustentando o resto do meu corpo.

Eu estava presa e qualquer arma que eu poderia usar, estava na mochila, isso não era nada bom.

Merda!, praguejei mentalmente, irritada. Obrigada mesmo, Sorte.

Escutei um gemido masculino próximo a mim e enrijeci todo o meu corpo. Me mantive em silêncio, apavorada com o que quer que se encontrasse perto de mim. Então ouvi um resmungo que soou como um “Droga!” e reconheci a voz no mesmo instante.

— Sam! — gritei, antes de perceber que acabara de fazer uma burrada enorme. Se a coisa que nos capturou estivesse por perto, com certeza me tinha me ouvido. — Sam. — Repeti, desta vez sussurrando. — É você? — acho que essa é a típica frase de alguém que está prestes a morrer nos filmes de terror e que nunca deve ser dita. Mas acabei percebendo algo interessante naquele momento: em situações de perigo, nós dizemos e fazemos coisas estúpidas, e não podemos evitar, porque é involuntário.

— Emma — era mesmo Sam, ele deixou escapar outro gemido. — Ai, minha cabeça, dói muito!

— Onde estamos? — Outra pergunta idiota. Por que ele haveria de saber? Estava me segurando muito para não gritar e curiosamente mais irritada pela falta de inércia do meu corpo do que com medo por estar amarrada em um lugar escuro e certamente isolado.

— Não sei — ele respondeu. É claro que não sabia, nenhum de nós sabia; isso era frustrante. — Emma. — Seu tom continha um traço de urgência que eu não conseguia explicar. — Temos de sair daqui o mais rápido possível.

Está vendo? É involuntário. Foi algo meio desnecessário de se mencionar, é claro. Era óbvio que precisávamos sair dali bem rápido; sabe-se lá o que diabos tinha nos capturado. Embora a essa altura eu já devesse imaginar a teoria mais sensata e plausível.

— Jura? — retruquei incapaz de conter meu sarcasmo. — Devemos ficar um pouco mais, na minha opinião. Eu amo ficar amarrada no ar, desse jeito, parecendo um porco de supermercado. Sem falar que lugares abafados e escuros são tão românticos...

— OK, eu já entendi! — ele murmurou, irritado. — Foi uma declaração idiota. — Ah, jura? — Mas temos que arranjar um jeito de nos libertarmos, logo ele estará de volta.

— Ele?

— Achei que já tivesse adivinhado. Estamos em um abrigo de Wendigo, obviamente.

E era isso, presos em uma caverna de Wendigo. Depois de todos os conselhos que eu lutei para não ignorar. Parecia até o próprio universo zombando de nós dois, nos matando da forma mais irônica possível.

E claro, havia também o fato de que o número de integrantes tinha claramente diminuído.

— Dean! — Sam exclamou repentinamente, adivinhando meus pensamentos. — Será que ele também foi capturado?

— Não faria sentido — neguei com a cabeça, antes de lembrar que ele não conseguia me ver. — Se Dean tivesse sido capturado, não acha que estaria amarrado conosco agora?

— É, acho que sim.

— Então, ao menos por enquanto, vamos acreditar que ele esteja liberto e procurando por nós feito um louco. E enquanto isso, pensamos em uma forma de nos livrar dessas amarras. Parece um bom plano para você?

— Sim, parece. — Sam concordou, o ânimo voltando ao seu tom de voz. — Veja bem, você disse que está amarrada no ar, certo? Como um porco de supermercado. — Ele riu com a própria frase. — Bem, eu não. Estou amarrado em algo fincado ao chão, com cordas ao invés de correntes, o que facilita muito as coisas.

— Como? — perguntei. Não achava que nada estivesse facilitado no momento.

— Sempre tenho um canivete no bolso de trás — ele disse, fazendo-me lembrar do canivete que havia tirado da roupa e guardado na mochila enquanto estávamos na floresta. — Se eu conseguir alcançá-lo... Isso! — ouvi barulhos de pano sendo rasgado e minutos depois, passos desordenados estavam próximos a mim. — Consegui. Agora preciso te achar. Onde você...?

— Aqui! — respondi rapidamente. — Siga a minha voz — admito que sempre quis dizer isso, parecia legal nos filmes, assim como foi até um pouco divertido naquele momento.

Não demorou muito para que ele me encontrasse e repetisse o mesmo procedimento com as amarras. Logo ambos estávamos livres.

— Agora temos que encontrar nossas mochilas. Wendigos não utilizam utensílios ou comida humana, a menos que seja carne. Isso significa que, se tivermos sorte, nossas mochilas estarão aqui.

— Ah claro, porque ultimamente temos sido as pessoas mais sortudas do universo — zombei.

Sam ignorou meu comentário e nós dois começamos uma busca pelo lugar. Fiquei receosa em bater de cara em uma parede ou tropeçar em alguma pedra no caminho e de repente me ver caindo em um precipício infinito, por isso a todo instante tateava o chão e as laterais, a procura de algo sólido para me apoiar ou desviar.

Algum tempo depois toquei algo macio que definitivamente não era uma pedra. Tateei o mesmo e encontrei um zíper. Na mosca!

— Ei — sussurrei, mas acabou saindo alto demais. Ouvi um “shhh” próximo a mim. — Achei uma das mochilas!

— Ótimo. Abra e veja se encontra alguma lanterna. — Sam me instruiu.

Fiz o que ele pediu e não demorou até que eu achasse o que procurava. Um clique no botão e um facho pálido de luz imediatamente emanou da lanterna. Meus olhos demoraram a se acostumar com a repentina claridade, tanto que pisquei várias vezes tentando amenizar a irritação dos mesmos. Quando finalmente consegui mantê-los abertos, iluminei o cenário ao meu redor, identificando-o.

Estávamos no que parecia ser uma câmara subterrânea. O teto era baixo e possuía algumas pequenas estalactites de pedra; a cabeça de Sam quase o alcançava. Não havia nenhum abismo por perto — felizmente — e a caverna era bem ampla. Eu supunha que ali poderia caber facilmente uma casa inteira com cômodos de sobra.

Havia um único caminho saindo da câmara, que provavelmente daria com a saída. Encarei Sam e ele acenou em resposta, indicando que devíamos prosseguir por ali. Não foi necessário esforço para achar a outra mochila, já que esta estava exatamente ao lado da abertura da câmara.

Sam imediatamente pegou uma lanterna de dentro dela e ligou-a, iluminando um pouco mais o ambiente. Nenhuma das mochilas estava com nossos celulares e fiquei incomodada com isso — meu celular simboliza minha vida, sem ele me sentia estranha, sou meio dependente da tecnologia. Sam pendurou a mochila nas costas e seguiu pelo caminho disponível, eu imitei o gesto.

— Temos um pequeno probleminha — eu disse. — Essas criaturas só morrem queimadas, certo? E se eu disser que não temos nada inflamável aqui?

— Teremos que cuidar disso depois, agora precisamos nos focar em achar uma saída. — É tudo o que ele responde.

Passamos o que pareceram séculos caminhando através de fileiras interminavelmente longas de túneis sem achar absolutamente nada e eu já começava a pensar que tínhamos sido jogados em algum tipo de labirinto mágico como o da Ilha de Creta e que jamais iríamos sair. Conhecendo as loucuras do mundo dos caçadores, eu não duvidava totalmente dessa hipótese — sabia que ela poderia ser real. Meu estômago agora roncava ligeiramente, e eu imaginava quanto tempo havia se passado desde a última vez que eu tinha comido algum carboidrato. Imagens de cheeseburguers e cappuccinos duplos dançaram na minha mente, me torturando.

Então nós, literalmente, vimos a luz no fim do túnel.

Corri pelo pequeno e estreito túnel com velocidade, desesperada para deixar aquela caverna o mais rápido possível. Sabia que Sam corria atrás de mim e não me incomodei em conferir. Após o curto túnel, nos vimos em outra caverna, esta menor do que a que estávamos ao acordar. Apenas alguns metros nos separavam da floresta e do ar livre, mas me detive mesmo assim. Me detive porque percebi que estávamos sendo observados: uma larga silhueta era refletida na parede à minha esquerda e eu, relutantemente, olhei na direção de sua origem. O rosto de Sam estava pálido e assustado novamente, como quando tínhamos sido capturados.

— Merda — praguejei.

A menos de 10 metros de nós, parado e nos encarando, com uma expressão de evidente e descontrolado ódio, estava a deformação humana mais horripilante que já vi: um Wendigo.

Não sabia o que devia fazer; se devia correr para a saída, ou ficar e lutar de alguma forma.

A criatura se jogou sobre Sam e este desviou para o lado, quase trombando em mim, porém recobrei os sentidos no último segundo. Havia alguns minutos que eu tinha retirado meu canivete da mochila e estava a brincar com ele entre os dedos; percebi que aquela era a hora para usá-lo, então o arremessei com toda a força que consegui na criatura. Se por culpa da adrenalina ou não, eu não saberia dizer, mas a precisão foi certa — atingi em cheio seu coração.

Eu sabia que aquilo só ia atrasá-lo, então tratei de puxar Sam pelo braço enquanto o monstro encarava a arma crava em seu peito com uma expressão de confusão e raiva — um filete de sangue escorria pela ferida.

— Corre! — gritei para Sam e ele obedeceu.

Ouvi um urro muito esquisito as minhas costas e sequer me virei para conferir, apenas continuei correndo. Algo grande e pesado passou zunindo pela minha orelha, atingindo a parede alguns metros a minha frente, se partindo em inúmeros pedaços. Meu coração quase saltou pela boca, mas não desacelerei o passo. Podia ouvir a respiração ofegante de Sam bem ao meu lado.

E então, rápido como em um flash, ele estava parado à nossa frente. Como aquela coisa era rápida.

Sam pegou uma das facas que carregávamos nas mochilas e a arremessou no monstro. Com uma mira excelente, ele teria atingido diretamente no coração, se com uma precisão incrível o Wendigo não tivesse agarrado o instrumento no ar. Ele não seria enganado uma segunda vez, infelizmente.

Fiquei gelada de pavor. Não tínhamos nenhuma arma de fogo, nem nada inflamável. Não tínhamos nenhuma chance.

A criatura avançou em nós com rapidez; senti um pânico crescente dentro de mim. Fechei os olhos e cerrei os punhos, me preparando para o pior. Não era justo morrer assim, depois de tudo que tínhamos passado, não era justo, não era...

De repente, tudo virou de cabeça pra baixo. Escutei apenas um chiado e, quando abri novamente os olhos, um ponto vermelho brilhante havia surgido na barriga do Wendigo. Um pequeno ponto que foi se alastrando rapidamente até que, em poucos segundos, a criatura estava completamente envolta em chamas. Com um último grito agonizante, ela desabou no chão. Estava tão abismada com os últimos dois minutos que nem percebi o que ocorria a minha volta. Ouvi Sam suspirar pesadamente atrás de mim e meu olhar se focou no lado de fora da câmara, onde se encontrava a grama, o ar, onde se encontrava... não, não podia ser. Pisquei atordoada, tentando processar todos os acontecimentos.

De pé do lado de fora da caverna, segurando um mosquete e com um sorriso triunfante no rosto, estava Dean Winchester.

— Sentiram minha falta? — perguntou com uma sobrancelha arqueada de maneira irônica. Ele ainda mantinha a arma erguida e apontada.

Preciso admitir: eu nunca ficara tão feliz em vê-lo.


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Notas finais do capítulo

TA RAAAAAAAAAAAAAAAAAAN!

E aí, o que acharam? Gostaram deste final? Bom, ruim, péssimo, merece cover, merece música no fantástico? Comentem.

Espero que tenham gostado, em breve (não tão breve assim, desta vez ='( ) tem continuação.

Até maaaaaais! XD



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