Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 5
05. Em apuros


Notas iniciais do capítulo

Olá, hunters!

Antes de tudo, espero que gostem deste capítulo. A partir daqui as coisas começam a ficar mais esquentadas -q

Quero dar as boas vindas aos leitores novos e também gostaria de dedicar este capítulo à um de meus leitores mais fiéis, Jeretox, que fez a primeira recomendação da fanfic! Love u Je ♥



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ACORDEI PELA MANHÃ com o farfalhar de folhas alguns metros à minha frente.

Abri os olhos lentamente, me deparando com a silhueta de alguém — Sam. Não consegui ver seu rosto, mas por algum motivo sabia que ele estava sorrindo.

— Parece que alguém acordou — sua voz era animada. — Bom dia — ele me saudou enquanto saboreava uma barra de... opa, aquilo era chocolate?

— Hum... oi — respondi sonolenta; olhei de soslaio para o outro lado da fogueira e vi o saco de dormir de Dean vazio. — Faz muito tempo que está acordado? — perguntei. Ergui os olhos para encarar Sam, mas os cobri rapidamente por causa da claridade.

— Uma hora, mais ou menos — ele desviou o olhar para o outro lado e novamente para mim. — Dean foi buscar água no riacho, já deve estar voltando — acrescentou.

— Ah, claro — me sentei esfregando os olhos. Após um longo bocejo, olhei a minha volta; nada parecia fora do comum, nem mudado de lugar, exceto algumas coisas que estavam arrumadas dentro de duas mochilas apoiadas em uma árvore. Me levantei e enrolei meu saco de dormir, guardando-o dentro de minha mochila. Retirei uma garrafa de água da mesma e dei um bom gole — o líquido desceu facilmente pela minha garganta e foi exageradamente refrescante. Fechei o recipiente com o que restou e o guardei novamente na mochila, enquanto buscava por algo mais para arrumar.

Sam estava parado à minha frente, com uma fruta na mão. Ele a ofereceu a mim e neguei com a cabeça.

— Não tenho fome, obrigada.

— Mas vai ter, é melhor saciá-la desde agora — ele sorriu e arqueou uma sobrancelha.

Deixei escapar uma curta risada.

— Tudo bem, mas não tente me conquistar com esse sorriso, Winchester — retruquei enquanto pegava a fruta. — Sou uma garota difícil.

Ele riu.

— OK, Grace.

Ouvi o som de passos à nossa direita; segundos depois, Dean surgiu caminhando por entre as árvores, afastando alguns galhos pelo caminho, até chegar a Sam e eu.

— Temos mais quatro cantis cheios — declarou. — Mas temos de deixá-los ao sol por pelo menos uma hora, pra purificar a água. — Seu olhar recaiu sobre mim, aparentemente percebendo finalmente que eu estava ali. — Bom dia Garota das Armadilhas, pensei que não iria mais acordar.

Fiz uma careta.

— Que horas são? — E desde quando sou a Garota das Armadilhas, seu estúpido?

— Quase dez.

— Me deixaram dormir esse tempo todo? — ralhei.

— Precisávamos de você com a maior quantidade possível de energia — Sam deu de ombros, como que se desculpando. — E, aliás, não havia motivos para acordarmos antes das oito, nada de interessante estava acontecendo.

— Claro que não, estávamos apenas perdendo tempo! — me queixei.

— A pressa é a inimiga da perfeição. — Lembrou-me Dean.

— E eu sou amiga da pressa — retruquei, rolando os olhos. — Já podemos ir?

Sam fez que sim com a cabeça.

— Já está tudo arrumado, nossas mochilas estão prontas. Quanto antes irmos, melhor — declarou.

— Ótimo — disse pegando minha mochila e pendurando-a nas costas. — Apenas me deem alguns minutos pra me arrumar, estou parecendo um espantalho.

— Estaremos aqui, esperando — prometeu Dean.

Transpassei um curto trecho de árvores até o riacho, onde a água corria tranquila e cristalina, totalmente convidativa. Molhei o rosto e escovei os dentes, pensando no quanto aquilo soava estranho. Olhei por cima do ombro para ver se os meninos estavam espiando e, quando constatei que não, rapidamente troquei de roupa — um jeans desbotado com uma camiseta azul e as mesmas botas de antes — optando por deixar meu cabelo preso firmemente em um rabo de cavalo no topo da cabeça. Guardei o canivete e a arma dentro da mochila, tomando o resto da água contida em minha garrafa térmica. Quando voltei para o acampamento, Sam e Dean estavam discutindo quanto tempo a trilha demoraria e quantas possíveis armadilhas poderiam existir pelo caminho.

— Estou de volta — anunciei desnecessariamente. Eles se viraram para mim, parecendo momentaneamente surpresos por eu estar com outro visual. — Podemos ir agora?

Sam sorriu.

— Sim, mas tomem cuidado — advertiu. — Não sabemos quantas mais armadilhas existem pelo caminho. Um deslize e...

— Acabaremos em um buraco escuro, amarrados e possivelmente seremos comidos vivos — completou Dean. — Bem, vamos acabar logo com isso! — ele nos lançou um sorriso e começou a seguir trilha acima.

— Para o alto e avante — murmurei, seguindo-o.

***

Nossa caminhada foi longa e silenciosa — andamos por algumas horas, até que Dean sugerisse uma parada. Comemos sanduíches de queijo e descansamos por alguns minutos, antes de reiniciarmos nossa caminhada.

— Então, Emma — Sam puxou assunto enquanto andávamos lado a lado, algumas gotas de suor eram visíveis nos cantos de seu rosto —, quando foi que... você sabe, decidiu que perseguir assombrações era um esporte?

Soltei uma risada seca e ponderei a resposta por alguns segundos.

— Não sei dizer — dei de ombros. — Se está me perguntando com que idade eu comecei a sair pra caçadas com o meu pai... Bem, isso foi há bastante tempo — lá pelos meus 10 anos. Mas meu pai caça desde sempre e, para alguns lugares que ele ia, eu não podia ir junto, então ficava sozinha com algumas dicas que ele me dava pra sobreviver. Eu diria que pratico esse “esporte” desde que me conheço por gente.

Sam assentiu.

— Alguma vez um monstro já invadiu o lugar onde você estava?

— Era bem raro, mas sim, algumas vezes algum monstro qualquer aparecia; eu basicamente já esperava por eles, então simplesmente os matava — esclareci.

— E o que você achava disso? — dessa vez foi Dean quem perguntou.

Pensei por alguns segundos antes de responder:

— Na época, eu achava o que qualquer garota da minha idade pensaria: era um saco. Quero dizer, no início, até que era bem divertido. Ser uma espécie de super-heroína, matando monstros com o seu pai. Ele e eu, nós éramos realmente bons nisso. Mas depois foi ficando perigoso demais e muito mais frequente. Não era mais tão legal assim. Naqueles tempos, eu queria ter uma vida normal, entende? Queria fazer faculdade, sair com os amigos, arranjar um namorado e curtir as festas com o pessoal da escola.

Sam sorriu, Dean fez uma careta; eu continuei:

— Mesmo assim eu... — hesitei, pensando em uma maneira de terminar a frase.

— Você o quê?

— Eu entendia tudo, de certo modo — admiti. — Meu pai matava aquelas coisas pra ajudar pessoas, pra salvar suas vidas. Se ele não tivesse me dito as coisas que disse, se eu não o tivesse visto fazendo as coisas que fez, provavelmente teria sido morta pelo primeiro Metamorfo que ultrapassou a porta de casa, ou dos hotéis que ficávamos.

— Vocês viajavam muito? — perguntou Dean, interessado.

— Acredito que sim... Mas a maioria dos casos que resolvíamos era ali, em Los Angeles mesmo. Quero dizer, pra quê viajar à procura de monstros, quando sua própria cidade é praticamente um ponto turístico pra eles? — eu ri, Dean e Sam fizeram o mesmo.

— Parece divertido — comentou Dean.

— E era — concordei. — Mas é como eu disse: com o tempo, foi ficando chato.

Sam demorou seu olhar no chão por alguns instantes, antes de falar em uma voz baixa:

— Sei como é — disse ele simplesmente.

***

Durante a trilha pudemos desfrutar do canto de algumas aves que sobrevoavam as copas das árvores; vez ou outra, um pequeno animal, provavelmente uma lebre, passava correndo entre os galhos e desaparecia dentro de arbustos, embaixo de pedras ou buracos no chão.

A floresta era densa — quase o suficiente para que fosse impossível de se ver por entre as árvores. Tudo o que eu era capaz de descrever era uma infinidade sequencial das mesmas coisas: árvores, rochas, arbustos e animais.

Foi quando de repente, nós escutamos. Os gritos.

Altos, claramente masculinos — a pessoa parecia estar em completo desespero, clamando por ajuda. Corremos sem hesitar, desviando das árvores até a fonte do barulho. Chegamos a uma área aberta, onde à poucos metros, uma parede de rochas se estendia por vários metros acima do solo — uma montanha. Nós enfim tínhamos chegado.

Mas não havia nada ali. Nada além de rochas, árvores e terra. Nem sinal de que um dia, houve alguma presença humana no lugar.

— Não faz sentido! — exclamei, olhando ao redor. — Os gritos vinham daqui. Tenho certeza de que...

Fui abruptamente interrompida por uma nova onda de clamores. Desta vez, ainda mais aterrorizantes — como se a vítima estivesse sendo estripada viva. Não pensei, apenas fiz. Corri em direção ao som na maior velocidade, quando ouvi a voz de Dean, aos gritos, atrás de mim. Ele pedia com urgência para que eu voltasse — por que diabos eu faria isso?

Sam surgiu correndo ao meu lado, com passadas longas.

— Temos que voltar! — ele ofegou; parei de repente, quase me chocando contra uma árvore. — Não são gritos humanos — ele olhou ao redor, como se temesse algo surgir de repente e nos partir em dois.

— Como assim? É claro que são humanos! — protestei.

Então, os arbustos próximos a nós começaram a se mexer, como se algo estivesse se movimentando rapidamente por entre eles. Algo grande e veloz.

— Droga, ele já está aqui! Precisamos correr — vociferou Sam, quase sibilando. Em segundos, eu já estava em seu encalço, dando passadas rápidas para acompanhá-lo em nossa corrida frenética. Não sabia onde estava Dean mas, por Deus, esperava que ele estivesse bem.

E foi quando tudo ficou mais esquisito ainda. Sam de súbito afundou sob as folhas secas no chão como um flash.

Folhas secas. Uma armadilha.

É, como você pode ver, eu sou uma fã de filmes de ação.

Tentei frear, mas estava indo rápido demais. Despenquei no vácuo e caí de costas em um chão pedregoso, levando alguns segundos para recuperar o fôlego.

Alguns metros acima, o alaranjado do céu foi substituído pelo preto, quando algo grande foi posto para tapar o buraco por onde tínhamos caído. Sam retirou seu telefone celular desajeitadamente da mochila — graças a Deus, ambos havíamos trazido nossa bagagem conosco — e o utilizou para iluminar o lugar. A luz de nada adiantou, senão por deixar seu rosto com um aspecto sinistro e fantasmagórico — seu cabelo continha vários raminhos de flores, o que deixava a cena um pouco cômica.

— Onde estamos? — perguntei inutilmente enquanto me sentava. Nada era visível além de Sam, por conta de seu celular.

— Não sei — ele checou a tela do aparelho e depois praguejou. — De qualquer forma, esqueça de ligar pedindo ajuda, estamos sem sinal.

— Droga, o que era aquela coisa nos arbustos?

Sam direcionou o visor do aparelho para mim, a repentina claridade machucando um pouco meus olhos. Ele estava prestes a responder quando seus olhos se arregalaram e ele se levantou subitamente, engasgando-se.

Estava prestes a indagar o porquê da sua atitude, quando senti uma pancada forte em minha nuca e fui tragada pela total inconsciência.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

Deixem um review, prometo responder à todos com muito amor e carinho.



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