Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 8
08. Sabotagem


Notas iniciais do capítulo

Oi gente linda que eu amo amar!

ATENÇÃO! NÃO IGNORE ESSAS NOTAS, PEDIDO DE DESCULPAS LOGO ABAIXO!!!

É, não adianta mentir... eu realmente demorei desta vez. E acho que (me desculpem por isso) a culpa foi inteiramente minha mesmo. Fiquei tão absorta em outras tarefas de casa, escola e até lazer que quando me dei conta já havia passado um mês inteiro, que vergonha! Me sinto mal com vocês e quero me bater por isso, mas acho que não há nada a fazer para me redimir senão lhes proporcionar um bom capítulo e pedir desculpas infinitas vezes.

O capítulo de hoje está meio curto, acho, mas espero que vocês gostem de o ler da mesma forma que gostei de escrevê-lo. Sem mais atrasos (e com mais um pedido de desculpas), boa leitura a todos! ♥



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AS PAREDES DO quarto em que eu me encontrava eram vermelhas e isso foi mais ou menos tudo o que consegui captar naquele momento.

Me aprumei em uma tentativa frustrada de me sentar e me arrependi instantaneamente. Minha cabeça girava e me senti tonta por um momento, até que a enxaqueca se amenizou e consegui olhar a minha volta sem ter pontadas agudas de náuseas.

Eu estava obviamente em um quarto de motel. E digo isso porque o cenário não me deixava dúvidas. Isto é, as paredes se descascando, os vidros retangulares no teto, a pequena porta no canto direito do cômodo, que devia ser o banheiro e o minúsculo guarda-roupa encostado na parede, próximo à porta.

Ainda estava vestindo as mesmas roupas do dia anterior. Ou pelo menos eu supunha que tinham se passado apenas vinte e quatro horas. Estava sozinha no quarto, exceto por Sam, na cama ao meu lado, dormindo como uma pedra. Minha mochila estava sobre uma cadeira ao pé da cama; me ergui do colchão com certa dificuldade — minhas costelas doíam um pouco e eu estava zonza, mesmo assim me forcei a permanecer de pé, tentando fazer com que minha visão entrasse em foco definitivo — e peguei a mochila para vasculhá-la: algumas barras de cereal, meu laptop, uma lanterna e apenas uma muda de roupas limpas. Peguei-as e me encaminhei para o banheiro.

O banho foi demorado — fiz questão de aproveitar os segundos relaxantes em que a água quente corria pelo meu corpo, aliviando um pouco da dor e tensão —, mas alguns minutos depois eu já estava trocada e completamente limpa, enxugando meus cabelos em uma das toalhas que encontrei (eram muito poucas e nem todas estavam exatamente limpas). Procurei meu celular, mas ele não estava na mochila ou em lugar algum à vista; ignorei a pontada de preocupação por estar longe do meu meio mais breve de comunicação e liguei meu laptop na tentativa de encontrar algum sinal de wireless.

Minutos depois Dean entrou no quarto com um ímpeto, me assustando. Depois de me encarar por alguns segundos, talvez surpreso pelo fato de eu estar acordada, ele limpou a garganta e tentou falar, mas fui mais rápida:

— Se eu estivesse armada, você seria um homem morto — disse voltando minha atenção para a tela do computador.

Ele riu baixinho, provavelmente para não acordar Sam.

— Tenho sérias dúvidas de que permaneceria assim por muito tempo — retrucou, se aproximando. — Você acordou mais rápido do que Sam.

Eu o encarei por alguns segundos antes de desligar o laptop e fazer a próxima pergunta.

— Tem algo de errado nisso? — disse calmamente, erguendo uma sobrancelha curiosa.

— Nada — ele levou as mãos ao alto em sinal de defesa e sorriu. — Só que eu e Cas imaginamos que vocês tivessem recebido a mesma dose de sonífero, então dormiriam a mesma quantidade de tempo.

Fiz uma careta confusa e hesitei.

— Sonífero? — Cruzei minhas mãos no colo, impacientemente.

— É, sonífero. Apesar de que vocês receberam uma dose, digamos... personalizada, acho.

— O que isso quer dizer? — As engrenagens do meu cérebro estavam girando furiosamente, na tentativa frustrada de juntar as informações. — Fui drogada? Por quem?

Dean riu mais uma vez e balançou a cabeça.

— Quase isso... — Ele remexeu os bolsos do jeans enquanto sorria. — Você irá saber em breve, é melhor esperar Cas chegar e Sam acordar, então contamos aos dois...

— Por quanto tempo ficamos desacordados? — perguntei.

— Pouco mais de um dia, não muito. — Ele respondeu e senti um ligeiro aperto no peito, embora já esperasse tal resposta. — A propósito — ele lança algo em minha direção e eu agarro no ar: meu celular —, acho que isso é seu. Está comigo desde o dia em que vocês foram levados, estava caído debaixo umas folhas secas perto de uma pedra grande.

— Obrigada — agradeci aliviada enquanto desbloqueava o aparelho e vasculhava a caixa de mensagens: doze ligações de Moira, minha melhor amiga. — Preciso fazer uma ligação. Não vou demorar — acrescentei.

— À vontade. — Dean ligou a TV, pegou uma garrafa de cerveja e se deitou na cama, assistindo ao que quer que estivesse passando no momento. Disquei o número de Moira e saí do quarto, com o telefone no ouvido e já aguardando uma possível bronca.

Moira e eu nos conhecemos desde o jardim de infância. A mãe dela, Louise, é médica e o pai, Christian, delegado. Nossos pais são muito próximos e nossas mães eram ainda mais. Depois da morte da minha mãe, Louise me deu mais consolo do que qualquer um teria conseguido; indo à nossa casa e preparando o jantar todas as noites, mesmo quando meu pai dizia que não era necessário e até mesmo em dias chuvosos. Ela me colocava para dormir e sempre contava histórias engraçadas que, ao invés de me darem sono, me deixavam mais acordada ainda, empolgada pelo próximo conto.

— As penas das asas de sua mãe devem estar caindo de ver você se recusar a dormir tão tarde assim — era o que ela costumava dizer para que eu me rendesse finalmente ao sono.

Consequentemente, essas visitas levaram Moira à minha casa e acabamos nos tornando ainda mais próximas, assim como nossos pais; enquanto Moira apostava para ver qual dos dois tomaria a iniciativa, eu tentava descobrir se Louise sabia de algo sobre a vida secreta de meu pai. De fato, alguns anos depois ela acabou descobrindo. Sua reação não foi das piores, na verdade ela aceitou muito bem. Continuou cuidando de nós, mesmo que de uma maneira diferente; como quando voltávamos de caçadas com ferimentos sérios e, às vezes, até mesmo um pequeno arranhão, que sempre ganhava certa atenção. Algumas vezes Louise me ensinava a cuidar de meus próprios machucados, afirmando que um dia eu precisaria fazê-los por conta própria. Acho que ela estava certa, afinal. A única que nunca soube nada sobre as caçadas, por decisão tanto de Lou como do meu pai, foi Moira. Embora eu sempre achasse que ela merecia saber, eles dois nunca concordaram, acharam melhor manter segredo.

Não demorou muito para que Moira me atendesse e seu tom deixa claro seu nível de irritação.

— ONDE VOCÊ ESTÁ? — Sua voz fina estava esganiçada de impaciência. Agradeci mentalmente por não estar cara a cara com ela.

— Oi, Mory. Bom falar com você.

Agradeça por esta conversa ser por telefone, ou eu mataria você! Tem ideia de quantas mensagens e emails eu te deixei? E de quantas ligações eu te fiz? — Percebi que ela estava contendo o próprio tom, mantendo-o razoavelmente baixo, mas sem muito sucesso. — Você não atende o celular há mais de uma semana, eu estava desesperada! O seu pai não está em casa e também não atende minhas ligações. Onde vocês estão?

Olhei à minha volta. O problema é que eu nem sequer sabia onde estava, sem falar que... bem, meu pai certamente não estava comigo.

— Nós não... Bem, eu... — Tentei achar as palavras certas. Moira não podia de maneira alguma saber onde eu estava, menos ainda o que estava fazendo. — Meu pai não está aqui, ele... fez uma viajem. E eu também precisava de uma, então fiz as malas e simplesmente peguei o primeiro voo que achei — as palavras jorraram de minha boca antes mesmo que eu pensasse em contê-las, ainda assim tentei ao máximo soar convincente; Moira me conhece o suficiente para conseguir adivinhar quando estou ou não mentindo.

E você nem sequer me avisou, certo? Nem se importou ou pensou na possibilidade de alguém no universo ficar preocupado com você! — ela gritou e eu suspirei aliviada pelo fato de que sua raiva a impedia de raciocinar mais claramente.

— Sinto muito, não tive tempo de checar meus emails ou sequer mexer em algum eletrônico nos últimos dias, ando meio cansada — expliquei rapidamente.

Ainda me sentia enjoada, deviam ser os efeitos do tal sonífero. Me apoiei em uma pequena mesa no corredor e pressionei o celular contra a orelha.

Talvez — continuou Moira, apaziguando seu tom, mas mantendo-o severo. — Mas você não pode se esquecer de me dar notícias, eu fico preocupada, realmente preocupada.

— Sei disso, sei disso — murmurei. — Sinto muito Mory, sério. Aconteceram coisas, eu não posso explicar. É complicado — minha cabeça estava doendo de novo, definitivamente não me sentia bem.

Tudo bem, tudo bem. Não precisa explicar agora, se não quiser — ouvi seu suspiro do outro lado da linha. — Mas está tudo bem com você? Se quiser posso pegar o carro do Ray emprestado e...

Não! Olha, tá tudo bem, eu tô bem — disse, forçando minha voz a permanecer firme. — Só preciso de um pouco de tempo, em algumas semanas eu volto para casa.

Semanas? Emma...

— Sinto muito Moira, não posso falar agora, prometo te explicar tudo depois. — Desliguei o celular e me arrastei pelo corredor agora incrivelmente comprido até o quarto. Usei minhas últimas centelhas de força para abrir a porta e correr sem hesitar até o banheiro.

Senti um gosto ruim na língua; tentei vomitar, mas nada escapou pela minha garganta. Dean, que estava jogado em uma das poltronas, depois de me ver entrar imediatamente veio até mim e logo após meu esforço frustrado em por algo para fora, me ajudou a me sentar e então pegou o celular e ligou para alguém. Menos de um minuto depois, Cas apareceu no quarto.

— Ela surgiu do nada, cambaleando, depois de ir ligar para uma amiga... — Dean explicava, sua voz parecia misturada ao som de água corrente.

Castiel se aproximou sem aviso prévio e tocou minha testa, como fizera da primeira vez em que nos encontramos, que parecia ter acontecido meses atrás. Me senti melhor quase que instantaneamente e sorri para ele, mesmo que não entendesse muito bem o que acabara de acontecer. Ele retribuiu o sorriso e a sensação melhorou ainda mais.

Bem, o que dizer? Depois de alguns minutos, ficou claro que a tontura era um efeito colateral do tal sonífero, veneno ou seja lá o que fosse. Dean e Castiel decidiram que seria uma boa ideia eu dar uma volta e concordei prontamente. Apesar de ter sido um passeio curto e vigiado (me senti nostálgica!), devo dizer que realmente me senti melhor depois da breve caminhada.

Quando voltamos ao hotel, Sam estava sentado na cama, com uma cara péssima, reclamando de algumas pontadas na nuca. Em questão de uma hora mais ou menos, ele já havia tomado banho e se arrumado, de forma que agora estávamos todos os quatro reunidos.

— E então? — Sam parecia tão ansioso quanto eu e isso me confortava um pouco.

— Sei que nenhum dos dois sabe o que aconteceu ou porquê. — Disse Castiel.

— E você tem essas respostas? — perguntei impaciente.

— Emma, é melhor se sentar. — Dean sugeriu com uma expressão é séria.

— Por quê?

Todo aquele clima de suspense não me agradava nem um pouco, muito menos as expressões pouco apreensivas de Dean e do anjo.

— Vocês não foram parar naquela toca de Wendigo por acaso — Castiel declarou e lutei contra o ímpeto de revirar os olhos.

Sam o encarou com um semblante impassível.

— Sabemos, fomos atraídos por uma armadilha. — Ele rebateu, não era óbvio?

— Isso não é totalmente verdade. — Castiel continuou calmamente.

— O que quer dizer? — perguntei.

Castiel encarou Sam por alguns segundos antes de desviar o olhar para mim; algo me dizia que ele não estava prestes a nos contar o que acontecera no último episódio de Teen Wolf.

— Quero dizer que foi uma sabotagem. Vocês foram levados para lá por alguém. Precisamos descobrir quem é e, principalmente, por que está tentando matar vocês.


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Notas finais do capítulo

HEYO!

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado, saibam que fariam uma leitora no mundo muito feliz se comentassem, ahsuahus -q

Mais uma vez (e mais uma, e mais uma...) me desculpem pela demora, prometo tentar não atrasar tanto da próxima vez.