Corações Perdidos escrita por Syrah


Capítulo 20
20. Mentiras, descobertas e um novo caso


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me :')

Hey amores, como vão? Espero que bem!

O capítulo de hoje era pra ter sido postado no sábado, mas atrasei de novo, me perdoem por isso. Como prometido, o capítulo 20 está sendo postado um pouco mais cedo, por motivos de desculpas a minha demora anterior. Nele vocês poderão desvendar alguns mistérios e se divertir com a entrada de um velho conhecido dos fãs da série. Quem será, hein? Deixo essa pra vocês adivinharem ^^.

Mais uma coisa, antes de iniciarem as leituras: sei que ainda não respondi os comentários do capítulo anterior, mas o farei o mais rápido possível, prometo :')

Anyway, boa leitura a todos, espero que gostem! ♥



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ACORDEI COM BATIDAS incessantes e irritantes martelando em meus ouvidos.

Levantei-me preguiçosamente, ajeitando minha camisa e cabelos da melhor maneira que consegui — embora meu cabelo seja um rebelde devoto de todos os modos — e indo até a porta, então a abrindo e dando de cara com Dean e seu inseparável sorriso despreocupado.

O Winchester me analisou por alguns segundos, franziu a testa e falou:

— Você parece péssima — declarou o óbvio. — Não dormiu bem?

Revirei os olhos.

— O problema não foi dormir... — bocejei lentamente, fazendo uma pausa e então acrescentando: — na verdade, eu dormi até bem, obrigada por perguntar — sorri sarcasticamente. — O problema é ser acordada por você, quando eu claramente preciso de mais algumas horas de sono.

Dean não pareceu abalado ou irritado com minhas palavras, de fato, parecia estar se divertindo com a minha reação.

— Já te disseram que você é uma pessoa bem mais simpática dormindo?

Revirei os olhos e empurrei a porta com relativa força, pronta para fecha-la em sua cara e voltar para a cama, mas o loiro segurou a madeira e entrou no quarto sem sequer pedir permissão, então se jogando na cama e impedindo que eu fizesse isso.

Bufei, indignada.

— Sério? — Dean sorriu tranquilamente. — Se eu não estivesse consideravelmente zumbificada agora, mataria você.

Ele riu.

— Já sofri ameaças piores — respondeu indiferente. — Vindas de você, aliás — acrescentou.

Fui em direção ao pequeno guarda-roupa do cômodo, abrindo-o e pegando uma blusa fina de algodão e mangas longas, tratando de vesti-la por cima da camiseta. Dean se ajeitou na cama e colocou as mãos sob a cabeça, me encarando por longos segundos sem dizer nada. Eu odiava quando ele fazia isso, não porque me sentia incomodada — na realidade, não me sentia —, mas porque era nessas horas que eu me pegava imaginando o que se passava na cabeça do Winchester, ainda que eu jamais fosse saber.

Arrumei a blusa em meu corpo, então pegando uma calça de moletom cinza e vestindo-a por cima do short, amarrando o cabelo em um rabo de cavalo firme no topo da cabeça e finalmente calçando meus chinelos. Às vezes era bom usar algo além de saltos altos e botas.

Dean ficara tão quieto que eu quase me esqueci de sua presença ali no quarto. Quando notei que ele não ia falar nada, tratei de quebrar o maldito silêncio:

— Você veio só me dar bom dia ou vai dizer algo de útil? — perguntei com ar de tédio, mas tenho certeza de que minha expressão não transparecia isso, já que meu rosto, no momento, implorava por uma repaginação básica e urgente.

— Eu não te dei bom dia... — Dean ergueu uma sobrancelha.

— Também não disse nada de útil — retruquei, fazendo-o sorrir.

— Sarcasmo é sua segunda língua, né? — perguntou retoricamente, e foi a minha vez de abrir um sorriso. — Só vim dizer que o café está pronto — ele se sentou na cama enquanto eu abria minha mala e pegava minha escova de dente. — Sam disse que eu precisava te deixar dormir mais, mas considerando que Bobby nunca preparou café da manhã pra mim, mas está fazendo isso por você, achei que mais uma alteração nas leis primordiais do universo não fosse fazer tanta diferença.

Suspirei, rindo baixo.

— Você é inacreditável.

— Já ouvi isso antes — ele sorriu sarcasticamente, se levantando e indo até a porta. Ergui meu olhar em direção ao seu e o loiro me lançou uma piscadela enigmática. — Vejo você lá embaixo, baby — e saiu, fechando a porta atrás de si.

Encarei a entrada do quarto, abrindo um sorriso e rindo baixinho.

— Idiota — murmurei antes de pegar uma toalha de rosto e ir para o banheiro.

Não demorei muito, considerando que precisava apenas dar um trato em meu rosto e cabelo, nada que um pente e água gelada não resolvessem. Quando terminei, saí do banheiro e desci as escadas, indo até a cozinha e encontrando Sam na mesa já grudado em seu laptop e Bobby em frente ao fogão, mexendo algo em uma frigideira que eu rezava para que fosse bacon. Dean não estava em nenhum lugar à vista.

— Bom dia — anunciei minha presença em um tom amigável. Bobby se virou, acenando tranquilamente e voltando sua atenção à frigideira, enquanto Sam erguia a cabeça e me cumprimentava com um sorriso. — Você precisa seriamente cuidar desse vício tecnológico — provoquei, fazendo-o rir.

O moreno acenou para que eu me juntasse a ele, virando a tela do notebook em minha direção. Franzindo o cenho, puxei uma cadeira e me sentei, analisando o conteúdo da página rapidamente; uma aba de busca estava aberta no canto direito, enquanto a tela mostrava um site oficial de alguma empresa especializada em botânica ou algo do tipo. A página mencionava vários estabelecimentos comerciais para compra de espécies variadas de flora, todos eles fora do país. Todos, exceto por um; meus olhos captaram uma instalação em especial no canto esquerdo da tela, e de acordo com o endereço, ela era bem aqui, em Sioux Falls.

Encarei Sam, erguendo uma sobrancelha.

— Isso é...?

— O único lugar da cidade e do país inteiro onde comercializam a Raiz Oblivionem? — o moreno sorriu, adivinhando minha pergunta. — É, é sim. E só fica a algumas quadras daqui.

Eu devo ter aberto um sorriso de orelha a orelha, porque Sam riu da expressão que fiz com sua resposta.

— Você acha que os funcionários são capazes de reconhecer quem passou por lá nesse último mês? — perguntei esperançosa.

Se os atendentes fossem capazes de nos dizer quem havia comprado a planta no último mês, então talvez, apenas talvez, o x de uma equação fosse descoberto. Um problema a menos na minha lista.

— De acordo com o site oficial da loja, eles fazem uma ficha para cada comprador, porque os espécimes comercializados lá não são apenas plantas caseiras, se é que você me entende — o Winchester deu de ombros. — Eu diria que sim, eles são capazes de reconhecer qualquer um que tenha passado por lá nos últimos meses.

Foi como se um peso enorme finalmente escorregasse dos meus ombros. Era bobo considerar vitória tão cedo, mas aquela era uma pista tão demasiado boa que chegava a ser surreal. Nossa melhor chance até então, se localizava a minutos de onde estávamos.

— Podemos ir lá hoje, se você quiser — Sam voltou a digitar algo no laptop, semicerrando os olhos por alguns segundos. — Eles ficam abertos até 21h, então...

— Não quero esperar até lá — declarei rapidamente, vendo o moreno assentir. Ele já esperava que eu dissesse aquilo, pensei.

— Vamos depois do almoço então, o que acha? — sugeriu.

Concordei com um aceno.

— Obrigada, Sam, isso foi incrível.

Ele riu.

— Foi só a boa e velha internet — deu de ombros. — A tecnologia ainda conserva sua mágica, aparentemente.

Sorri, me virando quando Bobby chamou minha atenção colocando um prato com bacon e ovos mexidos na mesa, seguido de um copo de suco. Eu certamente estava adorando a hospitalidade dele, mas isso não fazia eu me sentir menos desconfortável quanto a isso. Não estava exatamente acostumada a ser tratada tão bem por estranhos. E gostando ou não, Bobby ainda era um estranho para mim.

— Não é como se eu fosse um chef, mas não existe ninguém nessa cidade que faça ovos mexidos melhor que a minha pessoa — ele declarou, fazendo com que eu e Sam ríssemos.

Agradeci a Bobby pelo café — que estava realmente bom, no fim das contas — e combinei alguns detalhes da “entrevista” com Sam, a que faríamos quando fôssemos a tal loja. O estabelecimento não tinha um nome oficial, mas como fachada utilizava uma logomarca de vovó, acompanhada de uma grafitação simples escrita “Lírios de Leslie”; sinceramente, eu achei bem idiota e era óbvio que tudo não passava de uma fraude coberta, mas até que não era das piores, afinal.

Dean apareceu alguns minutos depois, com uma expressão despreocupada, sem se incomodar em dizer onde estava. Expliquei a ele o plano junto com Sam e o loiro assentiu sem discordâncias, parecendo considerar a ideia boa.

— Parece que já temos um destino, então — falou, eu e Sam concordamos com acenos. — Bem, preparem os documentos falsos, agentes — ele riu. —Vamos ver o que Sioux Falls nos reserva dessa vez.

***

A loja ficava há sete quarteirões da casa de Bobby, e dava para ver que o estabelecimento era novo ou, no mínimo, realocado. Havia algumas caixas do lado de fora, aguardando serem postas para dentro, além de um caminhão de mudanças estacionado em frente à entrada movimentada. Clientes entravam e saíam o tempo inteiro, todos carregando pequenas sacolas plásticas e uma expressão de discrição em seus rostos, eu podia apostar qualquer coisa que nenhum deles tinha permissão legal para comprar aquelas plantas, fossem elas o que fossem. Não era como se a Polícia Federal sequer soubesse da existência de tais coisas, mas isso não alterava o fato de que essas tais coisas ainda eram ilegais.

Dean estacionou o Impala um quarteirão antes, o resto do caminho fizemos a pé, com Sam me mostrando alguns pontos da cidade e — para variar — o Winchester mais velho apontando os melhores bares por onde passávamos. Quando enfim chegamos na Lírios de Leslie, Sam resolveu ficar e fazer perguntas aos funcionários que despachavam o carregamento do caminhão de mudanças, enquanto eu e Dean entramos para falar com o gerente, posteriormente conhecido como Jerome Fallart, um homem alto e de ar autoritário que não pareceu feliz por agentes federais estarem xeretando em sua propriedade.

— Eu não sabia que o FBI mexia com assuntos desse tipo — ele disse assim que eu e Dean apresentamos nossos distintivos. — A área de vocês não está mais para homicídios e fraudes?

— Isso é exatamente o que queremos que vocês pensem. Além do mais... — ergui uma sobrancelha inquisitiva — vender plantas exóticas e ilegais em um estabelecimento de fachada também é um tipo de fraude, o senhor sabe disso, não é?

O homem crispou os lábios em uma linha fina, cerrando o maxilar.

— Se quiserem revistar esse lugar, antes tragam um mandato oficial assinado por um juiz, do contrário, saiam agora, por favor — respondeu.

Dean, que até então permanecera milagrosamente quieto, resolveu se pronunciar:

— Um mandato não seria algo difícil de conseguir, dada a documentação que vocês possuem — disse sério, mas percebi um sorriso por trás daquela postura. — Entretanto, para sua sorte, estamos aqui apenas para fazer algumas perguntas, nada comprometedor, garanto — continuou. — Se estiver disposto a respondê-las, estaremos dispostos a... ignorar seu trabalho por aqui.

O gerente pensou por alguns minutos, então percebendo que sua melhor chance seria aceitar logo as malditas perguntas para que eu e Dean fôssemos embora de sua loja.

— O que querem saber? — ele indagou desconfiado.

— Queremos informações sobre um cliente que vocês atenderam há algumas semanas — falei sem delongas, já sentindo aquele frio incômodo na barriga, mas deixando as emoções de lado.

— Nós mantemos bastante sigilo quanto à identidade de nossos compradores — o homem retrucou. Cerrei os punhos, irritada, aquele cara estava me dando nos nervos.

Antes que eu pudesse voar no pescoço do gerente com uma adaga pontiaguda e afiada, Dean se adiantou:

— Prefere que voltemos com o mandato, Sr. Fallart?

Jerome pareceu estremecer ligeiramente diante da ameaça, era óbvio que ele gostava mais da primeira opção, por isso não me surpreendi quando finalmente falou:

— Quem vocês procuram?

O Winchester sorriu.

— Poderia nos passar uma das listas de venda de vocês, por favor? Queremos ver com quem vocês comercializaram uma planta em especial nos últimos dois meses.

O gerente fez uma expressão confusa e desconfiada.

— Que planta? — franziu o cenho.

— Raiz Oblivionem — respondi séria. — Agora, a lista, por favor.

Ele não fez outras objeções, na verdade, pareceu aliviado pelo rumo que a conversa de repente havia tomado. Em segundos, o homem já havia voltado com uma prancheta na mão, tratando rapidamente de mostra-la a mim e Dean.

— Essa é uma ficha de todas as pessoas que compraram a Oblivionem nos últimos seis meses — falou.

Franzi a testa, confusa.

— Mas aqui só tem cinco nomes — ditei o óbvio.

Ele deu de ombros.

— Como podem ver, essa não é uma planta muito comercializada por aqui. Não é como se americanos não gostassem de impedir pessoas de irem atrás de seus sonhos, mas poucos sabem os verdadeiros efeitos que a Oblivionem exerce em seus usuários — explicou. — A maioria nem acredita nisso, vocês sabem. Ela é mais utilizada no Oriente e em alguns países da América Latina.

Examinei os nomes presentes na ficha, três deles pertenciam a mulheres e os outros dois a homens. Havia um pequeno papel quadricular em branco ao lado de cada nome; ao virar cada um, percebi que se tratavam de fotos dos compradores. Observei cada uma delas, até que uma em especial chamou minha atenção.

Era a foto de um homem, adulto, na faixa dos quarenta anos. Possuía um queixo firme e a barba estava ligeiramente por fazer. O nome ao lado indicava que ele se chamava “Bradley Grant” e que vinha do estado de Nova York, sua expressão na foto era séria e concentrada.

Mas eu sabia muito bem que aquelas informações eram falsas, por mais que meu subconsciente pedisse urgentemente para que eu ignorasse aquilo, para que eu ignorasse aquele nome ou que esquecesse que o vira ali.

— O senhor tem certeza... — comecei, a voz ligeiramente embargada. Forcei meu tom a permanecer firme. — Tem certeza de que essa lista está correta, Sr. Fallart? — perguntei ao gerente, embora já soubesse a resposta.

— É claro — ele respondeu, parecendo ligeiramente ofendido com a minha pergunta. — A competência de meus funcionários é exímia, tenha a certeza de que essa lista é cem por cento verídica, agente Sharon.

E aí estava novamente, aquela sensação, a de estar caindo em um abismo sem fim e sem nenhuma ajuda ou algo em que pudesse me agarrar na queda. Por que isso sempre precisava acontecer?

Por que sempre que encontrávamos algo, ou éramos levados novamente à estaca zero ou a notícia era outra bomba nuclear, me atingindo diretamente no rosto e sem aviso prévio?

— Esse homem — apontei para ele o nome de Bradley na lista. — Sabe me dizer há quanto tempo ele passou aqui?

Jerome fez uma pausa, pensando, então respondeu:

— Faz algumas semanas, umas três, quem sabe um mês — disse. — Por quê? É ele quem vocês estão procurando?

Balancei a cabeça, sentindo que se tentasse falar alguma coisa, começaria a gritar.

— Isso é tudo, Sr. Fallart, obrigada por sua colaboração — suspirei, então entreguei a lista a ele e saí dali o mais rápido possível, deixando Dean com uma expressão confusa.

Passei por Sam na entrada, com o moreno me encarando de modo inquisitivo, mas eu estava abalada demais para lhe dar respostas naquele momento. Me distanciei daquele lugar com passadas rápidas, com o único pensamento de nunca mais voltar ali. Eu teria que ir para a casa de Bobby sozinha, já que não conhecia a cidade e não tinha os garotos para me darem carona.

Caminhei por alguns poucos minutos, até sentir mãos se enroscarem em meu braço e me puxarem. Preparei meu punho, pronta para revidar um possível ato hostil, mas era apenas Dean, me encarando como se eu fosse louca.

Talvez eu fosse. Se não, certamente estava no caminho exato para isso.

— O que deu em você, por que saiu daquele jeito? — o loiro indagou, mas suas palavras pareceram perder o tom de ameaça quando ele me observou melhor. — Você estava chorando?

Franzi a testa, passando os dedos pelo rosto e notando-o molhado. As lágrimas haviam escorrido sem que eu sequer percebesse. Fiquei em silêncio, pensando no que viria em seguida.

— Emma, o que está acontecendo? Quem é Bradley Grant? — Dean perguntou, dessa vez de maneira mais suave.

Respirei fundo. Você deve isso a ele, responda.

— Você não reconheceu a foto, não é? — as lágrimas estavam voltando, fracas, porém constantes. Mantive-as dentro de mim o máximo que consegui. — Tudo bem, admito que ele mudou bastante em três meses.

Dean fez uma expressão de quem não estava entendendo absolutamente nada.

— Mas que diabos...? De quem estamos falando, afinal?

Ri fracamente, incomodada com a ironia da situação. Era esse o verdadeiro humor negro da vida, então? Eu estava tão preocupada em encontrar um vilão nessa história toda, que não havia percebido que o verdadeiro e único estava bem diante de mim.

— Estamos falando — comecei, cerrando os punhos — de Bradley Grant. Também conhecido como Adam Grace ou, mais ironicamente, papai. — Dean arregalou os olhos imediatamente, me encarando, provavelmente esperando que eu desmentisse o que acabara de dizer, mas eu não o fiz.

— Isso é... — ele começou, sem saber o que dizer. — Não sei, é só... meu Deus.

— É irônico, não é? — ri amargamente, as lágrimas finalmente embaçando minha visão. — O tempo todo nós perseguimos quem queria me impedir de encontrar meu pai, quando na verdade ele mesmo fez tudo isso. É tão cruel, o fato de que estávamos procurando o vilão e o mocinho, enquanto ambos eram a mesma pessoa, uma pessoa em quem eu achei que podia confiar, mas que não passa de um mentiroso egoísta.

Cobri meu rosto com as mãos, me recusando a acreditar na verdade. Naquele momento, eu só conseguia me perguntar: de todas as pessoas no mundo, por que eu?

A expressão “cuidado com o que procura” nunca fez tanto sentido para mim como agora.

Foi quando senti o aperto em meu braço diminuir, dando lugar a braços que me rodearam em seguida, em um abraço confortante. Sem pensar, coloquei minha cabeça sobre o ombro de Dean, fechando os olhos e deixando que as emoções aflorassem. Ele não costumava ser assim, não costumava demonstrar apoio tão diretamente, então resolvi que aquela era uma boa hora para não protestar.

— Nós vamos dar um jeito nisso — o Winchester sussurrou, passando a mão em meu cabelo num gesto surpreendentemente gentil, até mesmo para ele. — Nós vamos resolver isso, M, eu prometo a você.

Balancei a cabeça, me afastando dele e enxugando o rosto, então endireitando minha postura e falando:

— O único modo de resolver isso é encontra-lo — Dean assentiu sem objeções, não pareceu surpreso com a minha declaração. — Preciso acha-lo e obter respostas, ou vou enlouquecer. Isso tudo precisa ter alguma explicação, não é possível que de uma hora para outra meu pai tenha decidido fugir de mim.

Era no que eu queria acreditar, no que eu precisava acreditar, mas de repente tudo aquilo pareceu tão bobo. Inesperadamente, a voz de Justin invadiu minha mente, como em um sussurro debochado:

Seu pai está desaparecido e você nem ao menos sabe se ele te abandonou ou não.

Seria possível? A simples ideia não conseguia entrar na minha cabeça, era ilógica demais. Talvez fosse verdade, mas por hora eu descartaria essa hipótese, ela era muito dolorosa para que eu simplesmente a acatasse.

— É melhor irmos — a voz de Dean chamou minha atenção, o Winchester retirou as chaves do Impala do bolso e começou a caminhar. — Sam já está nos alcançando — acrescentou. Dei de ombros e o segui.

Chegamos no Impala em alguns minutos, com Sam fazendo o mesmo, então Dean dirigiu de volta até a casa de Bobby. O moreno não pareceu notar meu estado e, se o fez, não comentou, algo que me deixou aliviada; eu ainda não estava preparada para colocar todas aquelas palavras para fora outra vez.

Ao chegarmos lá, notei uma viatura estacionada no ferro velho, o que me ativou um alerta de preocupação, mas os garotos não pareceram nem um pouco surpresos com o veículo, o que deixou confusa.

Entramos na casa, percebendo o som de vozes e indo até ele, encontrando Bobby na sala, conversando com uma mulher. Ela tinha cabelos curtos, rente às orelhas, era magra e parecia ter estatura baixa, provavelmente na faixa dos trinta e cinco anos. Usava um uniforme de policial marrom e abriu um sorriso ao ver os meninos entrarem.

— Dean! Sam! — ela caminhou até eles, dando um abraço nos dois, que foi prontamente retribuído, então percebendo que eu estava ali e me cumprimentando. — E você é...?

— Emma — abri um sorriso discreto. — Emma Grace.

A mulher assentiu, se virando para Bobby. O homem se levantou e disse:

— Emma, essa é Jody Mills, a xerife da cidade — explicou. Era evidente que para ele e os irmãos ela era mais que isso. — Jody, essa é Emma, filha de um amigo. Sam e Dean a estão ajudando a resolver um caso. — Então ela sabia da vida de caçador que eles levavam?

Jody assentiu, ainda sorrindo.

— Então quem sabe ela possa ajudar vocês... a me ajudarem — falou, desviando seu olhar para os garotos.

Dean franziu a testa.

— O que aconteceu? — perguntou.

A mulher crispou os lábios, suspirando antes de falar:

— Não tenho certeza, as informações são escassas, mas aposto com vocês que esse é um caso da sua área — declarou. — É por isso que estou aqui.

Todos se viraram para ela, inclusive eu, atentos a mais informações.

— Alguns jovens estão sendo dados como desaparecidos por seus pais, todos no mesmo período de tempo, ou seja, semana passada — Jody continuou. — Metade desses adolescentes já foi encontrada, ou melhor, seus corpos foram — ela estremeceu levemente. — Sem nenhuma gota de sangue. Nem preciso dizer que os legistas ficaram completamente confusos quanto a isso, né?

Sam suspirou.

— Parece realmente algo da nossa área — concluiu.

— Eu estava tentando resolver isso sozinha, mas não deu em nada. Quando ouvi que vocês estavam na cidade, pensei em conseguir uma ajudinha — a mulher sorriu. — O que me dizem, rapazes?

Não foi preciso mais que dois segundos para que Dean tomasse sua decisão.

— Digo que você pensou certo — ele afirmou, sorrindo. — O que me diz, Sammy, vamos chutar a bunda de alguns monstros para fora de Sioux Falls ou o quê?

O Winchester mais novo deu de ombros.

— Vamos nessa — riu.

Dean me ofereceu uma olhadela de canto e sorriu. Aquela seria a primeira de várias confusões que vivenciaríamos naquela cidade. Por hora.


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Notas finais do capítulo

Yeeeey :v

*pausa pra absorver o capítulo*

Gostaram? O que acharam da entrada da Jody na história? A personagem não vai ter muito destaque (não tanto quanto o Boby, por exemplo), mas talvez apareça por mais alguns capítulos também.

Alguém aí desconfiava de que era o Adam quem tinha comprado a Oblivionem? Acham que pode ser um mal entendido? Contem suas teorias pra titia! :3

A próxima atualização (TALVEZ) sairá ainda neste mês, mas não estou prometendo nada. Apenas digo que farei o possível para que isso aconteça.

No próximo capítulo: Uma criatura misteriosa anda aterrorizando os arredores de Sioux Falls e, junto com os irmãos, Emma tenta descobrir a origem dos assassinatos. Nem tudo é o que parece, e nossa caçadora se dá conta disso no momento em que percebe a armadilha na qual caiu...

Vejo vocês na próxima, hunters, bye bye! ^^



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