Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 34
Tic Tac


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Disse que tinha voltado de verdadinha mesmo, então, agora parece que não falta muito para acabar.
Fiquei muito feliz com os comentários de vocês, por saber que mesmo depois de tanto tempo ainda estão aqui.
Obrigada de verdade por isso.
Vou ficar quietinha agora e deixar que vocês leiam.



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5:30 AM

FELICITY

Começo a acreditar naquelas histórias onde princesas são aprisionadas nas mais altas torres do castelo, enquanto subia os degraus que me farão confrontar parte do meu passado. É exatamente como nos contos de fadas, paredes em pedra que se fechavam ao redor de uma escada em espiral. Posso sentir Ted Grant a logo atrás de mim, silencioso como sempre, me permitindo pensar em paz, enquanto tento formular o que deveria dizer.

Dois guardas estão parados em frente a uma porta alta de madeira, com várias trancas. Eles imediatamente fazem uma reverencia quando me veem e me sinto tentada a lembra-los que não fui coroada ainda, mas isso só serviria para tirar o meu foco no momento, espero paciente enquanto eles abrem a porta, pensando que talvez tudo aquilo seja um pouco exagerado. Me surpreendo ao ver que por dentro o local não correspondia em nada a minha imaginação, era como um apartamento luxuoso, com paredes claras e uma decoração moderna. E sentada ao fundo, em frente a uma grande janela estava um dos meus maiores pesadelos dos últimos meses.

—Majestade.  -baixo meus olhos fazendo uma reverencia apropriada.

—Sabe que não tenho mais esse título, Felicity. -sua voz estava diferente, quase como se ela estivesse em paz. -Venha, sente-se aqui, não acho adequado conversamos a essa distância. -obedeço, me aproximando lentamente, como se minhas pernas estivessem submersas em água gelada. Moira Queen me olhava calmamente, sem o ar pretencioso dos últimos meses.

—Precisava ver a senhora. -começo constrangida. -Quando voltei sempre que estava em sua presença sentia que algo não estava certo. -tento suprimir meus sentimentos ao máximo, mas minha voz falha um pouco. -Deveria ter tentado descobrir, mas estava tão imersa em meus próprios problemas que...

—Ah querida. -ela se inclina um pouco em minha direção, me olhando com ar maternal, da mesma forma que me lembro quando era mais jovem. -Não precisa tentar se responsabilizar por minhas escolhas, acredite, como futura rainha vai ter sua própria cota de responsabilidade.

—Não é isso. -reviro minha mente a procura da forma certa de dizer, mas não posso minimizar o que recebi com palavras superficiais, então retiro a máscara do treinamento real e a olho com toda sinceridade que possuo. -Muito obrigada.  -ela sorri, quase radiante me fazendo pensar nas expressões sapecas da Thea.

—Não deve me agradecer criança. -me estende suas mãos e as seguro. -É uma bela aliança, mas não esperava menos. Meu filho nunca mediu esforços quando o assunto era você. -sorri admirada.

—Ela era de uma amiga do Oliver, Clair Thompson. -conto e ela parece interessada.

Conto toda a história de Clair, depois Moira me pergunta sobre meus anos fora, minha faculdade e amigos que fiz. Sorria e vibrava com minhas histórias bobas e fico contente por ver que de alguma forma aquilo a estava ajudando. Mas ainda precisava exigir muito mais dela, e meu coração se aperta quando não posso mais fugir do assunto.

—Pode perguntar. -me encoraja quando percebe que não tinha mais forças. -Não tem problema, Felicity.

—É só que não me parece justo...

—O peso da coroa não vem sempre alinhado com justiça. -naquele momento ela parecia mais velha, cansada e quase sem esperanças.

—Malcom Merlin é o único que pode nos dar algumas respostas, e já tentamos de tudo para consegui-las. -minha voz vai desaparecendo gradativamente.  -Sinto muito.

—Como posso ajudar?

14:23 PM

OLIVER

—Estamos prontos. -Diggle diz entrando na sala de inteligência do castelo e para ao meu lado encarando a parede de monitores.

—Então, vamos começar.

Seria um grande teatro, nosso último ato de desespero. Alguns funcionários e guardas já estavam a postos, no chão, fizemos parecer que estavam mortos ou algo bem próximo a isso. Snart caminhava a frente da minha mãe, que tinha seus cabelos bagunçados e o rosto um tanto sujo. Escutamos o primeiro estrondo, Laurel parecia inquieta enquanto checava as câmeras externas do palácio e o primeiro grupo de soldados invade, atirando balas falsas nos funcionários que estavam a postos. Ninguém da equipe de inteligência parecia se quer respirar, seus olhos mal piscavam enquanto coordenavam cada passo do show.

—Se preparem. -Felicity indica a Cisco dois monitores e ele pula para cadeira ao lado a dando espaço para ajudá-lo.

‘Na sua ondem, chefe.’ Escutamos a voz do guarda.

—Vai com tudo. -Diggle diz com os olhos vidrados.

Snart atira na fechadura da porta onde estávamos interrogando Malcom. Ele o levou a acreditar que o ajudaria a deixar o castelo e levaria minha mãe junto, sendo ela a maior testemunha viva de seus crimes era de seu interesse que não estivesse ao alcance de um julgamento. Meu estômago embrulha ao ver o ar vitorioso do rato do Merlin ao pensar que estava livre.

‘Malcom.’ Minha mãe diz o nome em tom de xingamento, o olhando com ar assassino. ‘Não adianta, se fugir agora vai...’

‘Acho que já falou demais, majestade.’ Snart a segura pelo braço e não sou capaz de olhar enquanto ele finge de forma bem convincente machucá-la. ‘Vamos, não temos tempo para tricô.’ Malcom se levanta rindo e os três começam a tentativa de fuga.

‘O príncipe?’ questiona olhando a destruição a sua volta.

‘A essa altura, conhecendo Jesus ao lado da esposa não oficial.’

—Snart é mesmo convincente. -Felicity comenta com ar enojado.

—É o nosso melhor agente para esse tipo de situação. -John argumenta tentando fazer com que ela se sinta melhor.

‘Aqui.’ Entrega a Malcom um celular e Felicity se prepara para interceptar a chamada. ‘É seguro, mas não deve demorar.’ Eles se escondem em um corredor deserto enquanto Malcom teclava o número.

—Estamos dentro! -Cisco conta animado demais, mas murcha quando é encarado por todos na sala.

‘Lex.’ Malcom diz quando a chamada é completada.

‘Não deveria me ligar, Merlim.’ A voz de Luthor era puro desprezo.

‘Preciso, por que a Monarquia de Starling caiu.’ O som da risada dos dois gela minhas entranhas.

‘Olha Merlim, quando penso que você não passa de peso morto, você faz algo que me surpreende. Quase pensei que aquela exibição idiota de “poder feminino” seria mesmo a beira do nosso penhasco.’ Comenta com diversão na voz. ‘Vou cancelar o pacote dessa tarde, e direcioná-lo para Gotham, já que você me poupou de explodir menos uma cidade. Será um início de noite memorável.’

‘Devo te encontrar, onde está se escondendo?’

‘Merlim, qual é o único lugar seguro quando se está sendo procurado?’ a ligação fica muda e Snart bate com o cano de sua arma na cabeça de Malcom que cai inconsciente.

—Isso não é uma resposta. -John reclama passando a mão no rosto, mas Felicity se levanta com o celular nas mãos digitando algo rapidamente.

—O que está fazendo? -pergunto me aproximando dela.

—Avisando Bruce para evacuar a cidade por precaução. -responde com os olhos na tela do aparelho.

—Acho que nesse caso, precaução é um eufemismo. -digo em meio a um suspiro.

—Não é se vocês forem para Metrópoles e o prenderem. -John e eu apenas a encaramos, acho que em algum momento ela deve ter surtado de vez. -Não se lembram de como eu me escondia do meu pai?

—Você não se escondia. -John protesta.

—Exatamente, apenas ficava onde ele esperava que eu estivesse, que seria o último lugar onde ele procuraria. -pego meu celular imediatamente.

‘Olá, Oliver.’ Escuto sua voz grave do outro lado da linha.

—Bruce, vamos acabar com isso hoje.

15:14 PM

THEA

Estava ajudando a colocar as pessoas em abrigos ante bombas, Oliver pensou que se houvesse a menor possibilidade de Lex perceber que estava sendo enganado, voltaria ao plano inicial e atacaria Starling. A província possui diversos deles que foram construídos a alguns anos, com o risco que a ameaça de guerra contra Gotham, o meu avô resolveu que medidas preventivas eram necessárias.

—Alteza, acho que posso cuidar do restante. -Roy começa a dizer parando ao meu lado. -Vou pedir que um guarda te acompanhe de volta ao castelo e lhe coloque no abrigo da família real.

—Não vejo a hora de você não poder mais me chamar de alteza. -reviro meus olhos enquanto levantava uma garotinha para um guarda que a ajudaria a descer as escadas do abrigo. -Se fosse você voltaria ao trabalho, assim a gente estará em segurança mais rápido.

—Thea. -chama meu nome entre dentes, muito baixo para que qualquer outra pessoa escutasse.

—Roy. -o remendo sem parar de trabalhar, após alguns segundos ele parece desistir e começa a distribuir rapidamente os kits enquanto eu ajudava as crianças e idosos que tinham mais dificuldades.

Todos os soldados trabalham de forma eficiente e quarenta minutos depois estavam fazendo a última varredura na cidade para garantir que ninguém havia ficado desprotegido. Roy me escolta de volta com mais cinco guardas de apoio, quando entro no castelo vejo meu irmão, já fardado em meio a uma discussão acirrada com Felicity, ninguém em volta parecia ter coragem de os interromper.

—Bruce está mandando Selina em um jatinho nesse instante, por que aqui é o local mais seguro que temos! -Oliver gritava.

—Se vocês encontrarem a bomba, vão precisar de ajuda para desarmá-la. -ela o olhava entre a súplica e revolta. -Sou sua melhor chance de conseguir, ou acha que Barbara vai fazer isso em uma cadeira de rodas?

—Temos acesso remoto, posso coloca-lo e você a desarma daqui.

—Isso demora no mínimo sete minutos para instalação completa, podemos não ter esse tempo. -não tinha nem sombra do treinamento que estava recebendo nos últimos dias, Felicity berrava indignada com o marido. -Pensei que já havia parado de me tratar como “sua mulher” e me enxergasse como uma parceira. -por um instante as feições de Oliver suavizaram, quase o desarmando com o argumento.

—Você não vai! -responde entre dentes. -Preciso que fique aqui, em segurança.

—Oliver. -ela o chama com a voz fraca. -Não quero ficar segura. -respira fundo e percebo John parado ao lado do Roy, entregando alguma coisa para ele.

Sete anos atrás...

—Vamos nos dividir em dois grupos. -Tommy dizia deixando dois baldes cheios de balões d’agua no chão entre nós.

—Não seria justo, um dos grupos só terá duas pessoas. -Ronny argumenta pegando um dos balões e o passando de uma mão para outra.

—Vou com Felicity, vocês podem ficar juntos. -meu irmão puxa Fel para seu lado e permanecem de mãos dadas enquanto ele pega um dos baldes com balões.

—Chega a ser covardia. -Tommy diz com ar debochado. -Acha mesmo que vai vencer com uma garotinha? -os dois se olham cheios de cumplicidade antes de encará-lo com ar completamente superior.

—Se tivesse que escolher entre qualquer pessoa para estar ao meu lado em uma guerra, ela sem duvidas seria minha primeira opção. -Felicity tenta conter o sorriso abobado, mas já era muito tarde. -Ronny, cuida da minha irmã! -grita quando já estão se afastando.

—Claro, agora ele lembra que tem uma irmã. -murmuro irritada.

—Por que ele pediu para você cuidar dela? -Tommy estava quase ofendido. -Sou completamente capaz de te proteger Thea! -me olha indignada, fazendo Ronny e eu darmos risada.

Agora...

—Isso não vai ser como as guerrinhas que fazíamos na infância, Felicity. -Diz como se ela fosse uma criança birrenta.

—Claro que não, por que naquelas eu era sua primeira escolha. -o encara completamente decepcionada antes de se virar e começar a se afastar. -Vamos Grant, me leva para esse maldito abrigo. -pragueja e vejo Ollie se segurar para não segui-la. -Ah! -se vira como se tivesse esquecido de algo. -Volte em segurança, Alteza real. -faz uma reverencia graciosa antes de voltar a caminhar com seu guarda e observo a expressão de quem acabou de levar um soco no estomago que estampava o rosto do Oliver.

—Thea, você também precisa ir. -Roy me diz baixinho.

—Só um instante. -falo correndo em direção ao meu irmão que olhava em volta como se o chão tivesse parado de sustentar seus pés.  -Hey. -chamo fazendo com que me olhe. -Não pode sair com a cabeça assim.

—Parece que finalmente eu fiz algo que a decepcionou o suficiente para me dar as costas. -seus olhos estavam repletos de dor e angustia. -Mas não posso fazer isso, Alfred jamais me perdoaria se a colocasse em risco independente do motivo.

—Está tudo bem Ollie, entendo como se sente. -digo o que ele precisava ouvir e sorrio para ele de forma doce antes de lhe dar um abraço apertado. -Felicity vai te perdoar, desde que volte inteiro para ela. -digo baixinho em seu ouvido dando um beijo rápido em seu rosto antes de soltá-lo. -John, por favor, voltem bem. -sorrio para o guarda que retribui. -Pode me levar. -digo ao Roy que passa a andar rapidamente comigo a seu lado.

O abrigo ficava no subsolo do castelo, demoramos cerca de dez minutos para fazer o caminho completo. Quando falta apenas uma escada Roy me surpreende me empurrando em direção a parede e me beija de forma intensa. Nos abraçamos por um instante sem dizer nada, acho que não teria forças para fazer isso e ele deixa algo em minha mão. Ergo o objeto e vejo uma corrente cumprida de prata, com um anel do que parece ser ouro branco, muito fino, mas delicado e bonito.

—Roy... -murmuro seu nome emocionada. -É lindo. -ele pega a corrente e a passa com cuidado por minha cabeça, depois a ajeita de forma que não aparecesse por baixo do vestido que usava.

—Vou voltar, e quando tudo isso terminar, vamos a Las Vegas. -diz com os olhos brilhando e não posso evitar o sorriso. -Isso se quiser mesmo ficar comigo...

—Claro que quero! -beijo seu rosto me afastando sem nenhuma vontade. -Você tem que ir agora. -falo com meu coração apertado, Roy se inclina e me beija mais uma vez antes de correr escada a cima.

Termino de descer com todos os meus sentidos apitando sem parar, mal podia conter o medo e ansiedade que ter tantas pessoas que me são queridas em risco me fazia sentir. Os guardas que ainda estavam na porta do abrigo, se afastam para me dar passagem e questiono por que eles não entraram ainda, um dos dois me diz que esperavam a futura rainha de Gotham e não podendo mais protelar, visto minha máscara de monarca e entro no abrigo.

Felicity estava sentada em um canto isolado, com o tablet no colo e olhando atentamente para a tela, Ted Grant seu guarda parecia perdido em pensamentos a alguns metros de distância. Meu pai foi posto com todos os equipamentos hospitalares necessários em uma área mais distante, minha mãe estava em uma cadeira e eles seguravam a mão um do outro, como se precisassem de toda força para suportar a espera. A equipe de inteligência montava uma espécie de base para dar suporte remoto se necessário. Ronny estava ligando algo abaixo de uma mesa pesada, com o primeiro Ministro lhe passando as ferramentas. E as irmãs Lance observavam os monitores de segurança que mostravam imagens do castelo.

Caminho em direção a Felicity e me sento ao seu lado, não digo nada apenas pego uma de suas mãos e entrelaço seus dedos nos meus. Não sei quanto tempo permanecemos assim, mas ouvimos um barulho alto e a porta se abrindo. Selina entrava correndo com três garotas e um guarda que não deve ter mais do que vinte e poucos anos que segurava o braço esquerdo sangrando.

—Vai, fechem logo essa porta! -o guarda ferido grita assim que os dois homens que estavam de tocaia entram.

—O que está acontecendo? -Felicity se levanta rapidamente indo ajudar os convidados, fico estática por um momento, mas logo a sigo.

—Estamos sendo caçados, Metallo está lá em cima. -os olhos de Selina transbordavam desespero. -Ele assassinou Terry bem na minha frente. -murmurava abraçando uma garota de cabelos escuros como os dela. -outro estrondo alto.

—Proteja o rei! -Ted grita para dois guardas que estavam mais próximos do meu pai e se coloca a nossa frente. -Não se preocupem, não tem como passarem por aquela porta. -diz olhando para Felicity que assente. Mas eu não estava mais preocupada com a porta ser aberta ou não, mas sim com as imagens nos monitores que mostravam várias partes do castelo em chamas.

—Temos que sobreviver. -Sara Lance parece falar sozinha.

18:41 PM

            Já consigo ver as chamas através do pequeno vidro na porta.


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Notas finais do capítulo

Espero vocês e todos os xingamentos nos comentários! Hahaha
Obrigada mais uma vez por quem está me acompanhando, nem sei como consegui passar tanto tempo sem vocês.
Bjnhos!



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