Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 35
Estado de sitio.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Alguém sente falta da Clair?
Bom, acho que devemos ter mais dois capítulos apenas, a fic está finalmente (e quem esperou dois anos por uma atualização com certeza concorda comigo) chegando ao fim.
Espero que gostem do capítulo de hoje.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/614953/chapter/35

            FELICITY

            Tento ponderar e encontrar uma saída, mas estamos completamente encurralados. Em pouco tempo o fogo vai se espalhar por todo o palácio e em alguns minutos seremos obrigados a desligar a energia se não quisermos explodir tudo dentro do abrigo. Mas não posso simplesmente ordenar que fechem o oxigênio que está ajudando o Rei a se recuperar. No momento em que tomo consciência desse fato, meus olhos encontram os de Moira, que estava em pé ao lado do Rei, com o semblante torturado enquanto ele lhe dizia algo.

            -Tem os dutos de ventilação, se conseguirmos... -Ted começa a analisar as opções, mas estava em uma sala cheia de nerds da inteligência do castelo, tudo o que recebeu foi vários olhares em níveis diferentes de julgamento.

            -Não podemos nos arrastar por dutos de metal no meio de um incêndio. -explico por que ninguém mais o faria.

Selina aninhava as três garotas ao seu redor como uma espécie de felina protetora, repetindo sem parar que tudo ficaria bem para a mais nova delas. Barry Allen realizava os procedimentos de primeiros socorros no guarda que descobri se chamar Tim Drake. Quase tenho vontade de rir, estamos a ponto de morrer sufocados e mesmo assim o garoto está recebendo primeiros socorros. É quando tenho o que deve ser a ideia mais insana de toda a minha vida.

            -Vou pedir socorro, e talvez consigam mandar alguns soldados com a chave do abrigo. -não sei quem foi o idiota que fez algo que só se abre de um dos lados. Mas parece que nesse castelo muitas coisas são assim, abrigos, portas dos quartos das esposas...

            -Não temos sinal. -Thea diz olhando o celular em sua mão.

            -Mas temos wifi. -respondo correndo para frente dos computadores, Cisco automaticamente afasta a cadeira para que me sente no lugar que ocupava antes.

 -Vamos procurar alguns tecidos e garrafas com água, no ultimo caso vai nos ajudar a ganhar algum tempo. -escuto Ronny dizendo aos outros. -Temos armas no armário do fundo. -acrescenta para os soldados.

            -Como posso ajudar? -Selina pergunta ao lado das garotas e vejo Thea mexendo em alguns armários, ela me mostra pedaços de pano.

            -Pode tentar fechar as frestas das portas, isso vai impedir que a fumaça entre por mais um tempo. -percebo que minhas mãos estavam tremulas, mas me forço a terminar de digitar uma mensagem de socorro e a disparo no canal da guarda, depois invado o canal dos soldados de Gotham e envio novamente. Por último tento me contatar com Barbara, o que esgota meu tempo enquanto quebro os firewalls dela. Depois tento avisar que Metallo estava nos encurralando, mas não sei se a mensagem chegaria completa e não tenho mais como reenviar. -Cisco, Ronny. -chamo e ao se virarem os dois já sabem bem do que se tratava, precisávamos desligar tudo, energia e os aparelhos que estavam ligados ao rei.

            -Temos um gerador, que pode manter a aparelhagem médica por algum tempo. -escuto alguém dizer, mas não conseguia distinguir as vozes enquanto meu peito estava disparado.

            -Esses malditos abrigos deveriam nos proteger. -murmuro em voz baixa.

            -Vamos ficar sem oxigênio em no máximo três horas. -Barry que acabara de ajudar o Tim, agora estava ao meu lado. Todos os outros tentavam evitar que a fumaça entrasse.

            -O que vamos fazer com meu pai? -Thea olha apreensiva para onde o Rei Robert estava com Moira.

            -Cait pode ajudar. -Ronny diz tentando tranquiliza-la e minha amiga segue com Caitlin para ficar com os pais. -Mas precisamos que nos resgatem imediatamente. -diz baixo o suficiente para que só eu o escutasse. -O Rei está estável, mas tem muito oxigênio comprimido nesse abrigo. -ele aponta para os aparelhos hospitalares e um tubo mais grosso que se destacava na parede.

            -Quanto tempo até superaquecer? -murmuro vendo todos a minha volta.

            -Fel, nós não vamos ter as três horas, explodiremos antes que o oxigênio acabe.

            Nesse momento começamos a sentir a temperatura aumentar. Os guardas se livravam dos paletós grossos de suas fardas, por enquanto era uma consequência do incêndio, mas não demoraria muito e toda essa gente perderia a própria vida.

            -Felicity. -escuto Thea me chamar, com os braços da mãe em sua volta e segurando uma das mãos do Rei.

Caminho na direção deles e para do outro lado da cama hospitalar. De alguma forma aquilo me parecia pessoal demais, e me vejo tentada a dar privacidade a eles, quando Rei Robert me estende sua mão livre. Seu olhar paternal para em meu rosto e posso reconhecer sutis semelhanças com o Oliver.

            -Vamos desligar o oxigênio agora. -me diz com a voz muito fraca.

            -Não. -sai mais determinado do que esperava, e parte minha se sente culpada por ser autoritária com o rei. -O senhor precisa ficar bem. -começo a sentir um nó se formando em minha garganta, Moira e Thea me olhavam com os olhos marejados.

            -Acho que já começou a entender o que a coroa significa, querida. -dizia calmamente, como se não estivesse nos informando que planeja se sacrificar. -Sou responsável por todos vocês. -eu balançava a cabeça em negação, chorando feito uma garotinha. -É o único jeito de dar mais tempo para que minha esposa -olha para Moira e pela primeira vez vejo afeto entre eles. -Filha, a futura rainha e todos esses súditos que estão sobre minha proteção possam ser salvos. Eles são nossa responsabilidade.

            Por algum motivo Thea e Moira por maior que fosse o sofrimento, pareciam concordar com o Rei. Talvez por serem criados com esses ideais desde crianças, mas eu via o pai da minha melhor amiga, pai do meu marido e meu Rei, aceitar concordar com o sacrifício dele não era algo que poderia fazer. Olho em volta da sala e vejo todas as vidas que passaram a ser minha responsabilidade e não me imagino sacrificar nenhuma delas.

            -Podemos fazer ventilação manual! -me animo olhando em direção a Cait que corre com Ronny e Barry para vasculhar os armários. -Sinto muito, Selina. -sussurro quando nossos olhos se encontram. Selina tentava manter os adolescentes a sua volta com o mínimo de esperança e quando ela sorri fraquinho em resposta, tento tomar um pouco desse sentimento para mim.

            BRUCE

            Como era de se esperar as pessoas de Metrópoles estavam furiosas pelas ruas. O caos estava estabelecido, pessoas se socavam no meio da rua, saqueavam as lojas e apedrejavam os carros umas das outras. Destruindo o que um dia foi a província mais bela de todas.

            -Parece que todos perderam a esperança. -Clark diz horrorizado caminhando ao lado da esposa, que empunha sua arma melhor do que a maioria dos soldados, os dois pareciam conter a revolta a cada passo que avançavam.

            -É o que a anarquia faz. -respondo olhando em volta.

Grayson cobria minha retaguarda e posso avistar a equipe de Oliver que já estava a frente, contendo as pessoas na tentativa de reestabelecer o mínimo de ordem possível. O que é eficiente, mas igualmente lento e tempo era algo que não dispúnhamos.

            -Você deve falar com eles. -digo a Clark que me olha sem entender como seria possível. -Pode subir em um desses carros e gritar até que consiga atenção, mas essas pessoas precisam de um líder.

            -Ele tem razão. -Diana concorda já procurando um lugar estratégico.

            -Isso vai destruir o elemento surpresa. -um soldado da guarda de Starling argumenta mostrando o outro lado.

            -A esse ponto ele já sabe que estamos aqui. -Todd diz se aproximando, depois dá um longo suspiro.

            -Não temos escolha, tem uma bomba lá dentro apontada para nossa província. -Grayson responde, mas não acredito que a aversão de Todd se deve ao plano insano e quase suicida que estávamos pondo em pratica.

            -Qual o problema? -evito o rodeio.

            -Recebemos um sinal de socorro. -ele desvia seus olhar e passa a observar o Príncipe de Starling que coordenava seus homens. -A princesa dele.

            -Srta. Smoak? -não me responde, apenas assente com a cabeça parecendo estar sob tortura. -Selina? -acho que minha voz não estava se projetando alto o suficiente.

            -Também está lá.

            -Tem alguma notícia do que aconteceu?

            -Seja o que for, eles não têm mais sinal. -conta. -Acho que a ultima coisa que ela conseguiu fazer foi pedir socorro, Barbara recebeu parte de uma mensagem que dava a entender que estavam presas e não tinham muito tempo.

            -Procure um lugar e faça esse discurso. -digo a Clark e Diana que assentem, depois me viro para Dick, paro a sua frente e toco seu ombro dizendo para que só ele escutasse. -Preciso que seja como eu hoje, faça o que faria e escolha corretamente. -ele apenas balança a cabeça. -Se mantenha a salvo.

            -Sim, Majestade.

            -Majestade. -alguém me chama, mas já estava dando meia volta. Faço sinal para Oliver que corre em minha direção e Clark assente me incentivando a deixar a batalha em suas mãos.

            -Felicity disparou um pedido de socorro, preciso da chave do seu abrigo. -digo a ele em voz baixa e vejo seu rosto perder toda a cor. -Não temos como entrar em contato, mas tem um jato a cinquenta metros, posso pegar dois dos meus homens e ir salvá-las ou você pode vir junto. -Oliver estende a mão para Dick, que o entrega o rifle que segurava.

            -Pode mandar seu sucessor para ajudar Diggle? -pergunta a Grayson que assente. Vemos Todd caminhando em direção aos homens de Oliver e passamos a correr em direção ao jato.

            Enquanto Oliver guiava o avião, tento encontrar algum sistema de radio que pareasse com o castelo, na esperança de conseguir entrar em contato e descobrir qual era a situação real. Mas não chega a ser necessário, de longe avistamos a fumaça negra. Vou para a cabine e me sento na poltrona do copiloto.

            -Todos estão em abrigos espalhados pela cidade. -Oliver me entrega um pequeno comunicador. -Não consegui falar com os guardas do palácio, mas pedi a alguns que estavam em abrigos para recrutar e mandar todos os bombeiros que encontrassem. Elas estão no subterrâneo, se o fogo continuar... -ele não consegue completar a frase e acredito que seja melhor assim. -Preciso que fale com todos esses e veja o que eles conseguem. Aponta para uma tabela no monitor e começo a entrar em contato.

            O ajudo a fazer o pouso no meio de uma estrada atrás do castelo. Enquanto Oliver terminava o trabalho, organizo nossos equipamentos e lanço uma mochila em sua direção antes de descer. Já havia dois carros de bombeiros tentando conter as chamas que pareciam ter tomado metade do castelo até o momento.

            -Tem alguma forma de entrar? -pergunto carregando minha arma.

            -Uma passagem. -pela forma que me olhou, eu não iria gostar muito dela. -Não temos escolha, não sei se vai dar tempo de apagar todo o fogo. -faz sinal para uma pequena equipe de bombeiros que nos esperava a postos. Eles nos entregam roupas e equipamentos especiais.

            ‘Majestade’ ouço a voz do Jason em meu comunicador.

            -Fala. -sigo Oliver cobrindo ele e a equipe de bombeiros.

            ‘Encontramos o Luthor’ não entendo a apreensão em sua voz.

            -Prenderam o desgraçado? -entramos por um pequeno duto que ficava a alguns metros do chão. Os corredores em terra eram estreitos a ponto de sentir meus ombros travarem nas paredes, nos obrigando a andar de lado.

            ‘Ele já estava morto.’ Paro de andar e Oliver olha em minha direção como se também acabasse de receber a notícia. ‘Um tiro na cabeça e o revolve ao alcance de sua mão.’

            -O filho da puta se matou. -escuto Oliver praguejar.

            ‘Não encontramos a bomba.’ Acrescenta e agora entendo a apreensão. ‘Mas tem um cronometro na tela do computador.’

            -Quanto tempo? -minha voz soa calma.

            ‘Cinquenta e sete minutos.’

            -Mandem uma equipe para Lex Corps, e outra vasculha o castelo. Rápido!

            -Peça a John Diggle para instalar o acesso remoto no computador. -Oliver começa a instruir sua equipe. -Quando pegarmos a Felicity ela pode rastrear o sinal e nos dar o local da bomba. -faz uma pausa. -Não tenho ideia, o encontre agora!

            -Deixem a Barbara de sobre aviso.’ Acrescento. -Ela pode ajudar a Srta. Smoak e começar a rastrear o sinal.

            ‘Sim, Majestade.’

            Assim que saímos pela passagem estreita vemos os corredores do palácio tomados por uma fumaça espessa. Os bombeiros tomam a frente e os seguimos para o subterrâneo, a cada passo se tornava mais difícil enxergar, Oliver ditava o caminho para os profissionais a sua frente. Abrimos uma porta dupla que dava dentro de uma biblioteca e escuto apenas um estralo.

            -Volta! -um dos bombeiros grita e o corpo do que estava a frente cai para o lado, sem vida.

            -É uma armadilha. -murmuro e passamos a frente dos bombeiros.

            Oliver escora atrás da porta e me faz sinal apontando para duas estantes a nossa esquerda. Vejo de longe o que parecem coturnos militares em um vermelho escuro, a mesma cor usada pela guarda de Metrópoles. -Metallo. -mecho meus lábios sem emitir som e ele concorda.

            -Precisamos de uma isca. -Oliver sussurra e olho para o corpo do bombeiro caído. Ele entende e sei que o pesar em seu rosto está refletido no meu.

            -Um de vocês. -digo em voz baixa aos três bombeiros que nos acompanhavam, por estar mais perto deles do que Oliver. -Qual era o nome desse homem?

            -Slade Wilson, Majestade. -responde amedrontado.

            -Sentimos muito pela perda de vocês. -e agora estou repetindo a frase que mais odeio. -Mas precisamos que tirem o capacete da roupa dele, ou não vamos sair daqui vivos. 

            Um dos homens se abaixa e o observamos retirar o capacete do amigo, com lágrimas escorrendo pela face e as mãos trêmulas. Ele deita o corpo da forma mais respeitosa que pode e entrega o capacete para seu príncipe. Oliver e eu nos olhamos, não teríamos segunda chance, ele lança o capacete dentro da biblioteca e Metallo acaba se expondo para atirar, pensando que poderia ser alguém. Lanço meu corpo para dentro e atiro em seu braço, Oliver dispara dois tiros em suas pernas e ele cai em um baque surdo. Me aproximo correndo e chuto a arma que ele usava para longe.

            -Precisamos de reforços. -Oliver dizia tocando o comunicador, já andando em direção a porta que dava no abrigo. -Não precisa correr com o atendimento médico para ele, a prioridade são as pessoas que estão presas no abrigo. Só tirem esse homem do castelo e o mantenham vivo até que possa ser julgado como se deve.

            -Não entendo por que só eu tenho a fama de carrasco. -comento quando precisamos esperar os bombeiros prepararem o caminho, com meus olhos focados no trabalho que estavam fazendo. -Você não me parece tão diferente.

            -Provavelmente é por que tenho menos oportunidades de demonstrar isso do que você. -pondera tão sem emoção quanto eu.

            -Vamos abrir. -um bombeiro avisa e nós passamos por eles correndo.

            Chego aos pés da escada no momento em que as portas se abrem. Todos estavam espalhados pelo chão, com flanelas molhadas sobre o rosto. Demoro alguns segundos para encontrar Selina, que tinha seus braços envolta de Cassandra que já havia perdido a consciência. Jess e Kate estavam entre ela e Tim parecendo não ter mais muitas forças. Procuro por Terry entre eles, mas não o vejo. Percebo Oliver correndo em direção a sua família que estava agrupada no chão ao lado da cama hospitalar de seu pai, menos Felicity que estava tombada sobre o corpo do Rei, segurando algo em sua face.

            -Oi. -chamo em voz baixa, me agachando em frente a Selina, que mesmo grogue abre um dos olhos. Tiro meu capacete e o coloco em Cassandra que parecia ser a que estava em piores condições.

            -Isso é um sorriso com muitos dentes, grandão! -provoca, mas percebo dor em sua voz, e seus olhos pareciam estar em chamas. -Como estão as crianças?

—Parecem bem, vamos tirar vocês daqui agora.

            -Acho que estamos em uma situação de vida ou morte juntos. -comenta me fazendo sorrir aliviado.

            -Pode me contar qualquer história quando falar não for um risco para seus pulmões. -toco seu rosto com cuidado e balanço Tim que começa a se levantar com esforço, os bombeiros já tiravam as pessoas do local. Vejo a maca com o Rei ser levada primeiro e todos os que conseguiam andar logo após.

Espero que um deles se aproxime e entrego Cassandra em seus braços, ajudando as outras a ficarem de pé em seguida. Oliver passa com Felicity desmaiada em seu colo, e apoio Selina e Jess, enquanto Tim e Kate pareciam se equilibrar um no outro andando a nossa frente. A maior parte do incêndio fora contida, mas quando chegamos ao lado de fora do palácio a visão era quase aterrorizante, metade da estrutura estava negra, e o ar parecia escuro.

—Bruce. -Jess me chama quando a ajudo a subir em uma das macas, com seus olhos repletos de lágrimas. -Terry... -olho em volta, mas sua mão segura meu braço. -Não, o homem que tentou nos matar, ele atirou na garganta do Terry. -conta e entendo o desespero nos olhos de Selina. -Ele me mandou ir, e eu obedeci... -começa a se desesperar. -Sinto muito, não deveria...

—Foi a coisa certa. -seguro suas mãos tentando acalmá-la. -Não precisa se desculpar por sobreviver, Terry foi um herói e estou feliz por ele ter te salvo. -minha voz soa fraca, mas os olhos da garota parecem voltar a ter foco.

—Tenho que leva-la. -um paramédico me diz, mas só consigo balançar a cabeça concordando, acaricio os cabelos de Jess e a deixo ir com ele. Fico um tempo contemplando o nada, incapaz de formular um pensamento coerente.

—Obrigado por hoje. -escuto a voz de Oliver, que parece me despertar do meu transe.

—Fico feliz por conseguirmos pegar o filho da puta. -respondo entre dentes, olhando para onde Selina e Tim estavam recebendo os primeiros socorros. -Um dos meus garotos foi assassinado por ele hoje e não sei se vou conseguir se quer recuperar seu corpo.

—Que desgraçado. -pragueja com sua própria cota de revolta.

—Felicity?

—Recobrou a consciência quando a coloquei na ambulância. -responde quase sem voz. -Vamos, te dou carona até o hospital. -fala quando vemos a ambulância que estava com Selina partir.

OLIVER

Entro no hospital ao lado de Bruce, não havia muitas pessoas nas ruas e provavelmente permaneceria assim na próxima hora que os soldados levariam para evacuar todos os abrigos. Uma equipe nos esperava na recepção e somos imediatamente encaminhados para onde as vítimas do incêndio estavam sendo tratadas. Pela postura diplomática do Rei de Gotham, acredito que goste ainda menos de hospitais do que eu.

Por maior que fosse minha vontade de ignorar tudo e correr para ver minha família, ser o príncipe herdeiro me torna responsável por todos. Mesmo não sendo obrigação do Bruce, ele me acompanha ao leito de cada um que estava preso no abrigo, verificamos o estado deles e confortamos como possível. Ted Grant, o guarda da Felicity foi o último, Bruce apertou sua mão e parei a seu lado.

—Como se sente? -pergunto a ele que estava recebendo oxigênio ainda.

—Já estive pior, alteza. -sorri de lado, tentando não nos preocupar. -A princesa herdeira que foi a verdadeira heroína lá em baixo. -seu sorriso se alarga, não posso evitar o orgulho. -Ela é realmente filha do chefe.

—Alfred a criou bem.  -concordo. -Se precisar de alguma coisa...

—Estou bem, é verdade. -me interrompe. -Pode ir ver sua família, Alteza. -concordo com um sorriso de gratidão e vou em direção aos quartos onde eles estavam, Bruce me diz que faria uma visita assim que checasse Selina e “as crianças”, não entendi direito, mas também não estava interessado o suficiente para questionar.

Ela está no primeiro quarto, parecendo discutir com alguém. Paro no batente da porta vendo uma enfermeira com o dobro do tamanho da minha esposa, a olhar quase amedrontada quando tenta tirar o tablet que estava em suas mãos. Felicity se esquivava sem parar de digitar e a mulher avançava a dizendo que precisava de repouso.

—Me perdoe senhora, mas creio que não compreende a gravidade do que está acontecendo bem agora. -dizia controlando com um esforço inútil a aspereza em sua voz.

—Sinto muito, alteza mas...

—Não sou alteza ainda, não me casei oficialmente com o Príncipe Herdeiro e tão pouco fui coroada. -falava em uma velocidade impressionante. -Pode me chamar de Felicity, só Felicity.

—Não acho que isso seja apropriado, alteza.

—O que está acontecendo? -me pronuncio e a enfermeira se afasta da cama hospitalar e faz uma reverencia atrapalhada.

—Sinto muito alteza real, mas preciso que a Princesa Felicity descanse. -diz com seus olhos baixos. Já Felicity estava tão compenetrada que se quer olhou em minha direção. -A alteza inalou muita fumaça.

—Por que não me deixa tentar? -sugiro e vejo o alívio imediato em sua face. Espero que ela saia e fecho a porta. -A bomba? -pergunto e Felicity apenas concorda com os olhos no tablet. -Quanto tempo?

—Cinco minutos e prometo que descanso o quanto me mandarem. -responde apressada e olho para meu relógio antes de me aproximar.

—Tudo bem, estou cronometrando.

Onze meses atrás...

—Ah querida, o prazer é todo meu em conhece-la. -Clair segurava as mãos de Felicity com carinho enquanto se despediam.

—Adoraria voltar com Oliver se a senhora não se importar. -diz tímida e vejo Clair sorrir com o ar encantador que só ela possui em resposta.

—Vou esperar ansiosa! -se esquiva um pouco para ver John que estava na porta. -Aproveite e traga Lyla, preciso conhece-la e sabe que uma velha como eu não tem todo tempo do mundo. -diz em tom de bronca, fazendo Diggle sorri antes de murmurar um “Sim, senhora”. -Se importam se falar com Oliver por um minuto?

—Não. -Felicity acaricia de leve os cabelos de Clair e sai com John.

Nós os olhamos por um momento e me sento na cadeira mais próxima dela. Pego a mão de Clair e a beijo de forma galante a fazendo soltar uma risadinha.

—Acho que chegou ao fim da linha, meu príncipe. -diz com a voz cheia de carinho. -Sei que tem muitas obrigações com sua posição, mas depois do que escutamos não vejo outra saída se não o senhor entrar no gabinete do seu pai e convencê-lo a revogar essas regras. -seus olhos azuis nebulosos estavam tomados de uma determinação que nunca vira antes. -Tenho medo de pensar o que mais o destino acabaria fazendo para juntar vocês se continuarem a correr em direções opostas.

—Não sabe o quanto aprecio seu otimismo... -começo a dizer, mas Clair belisca me braço. -Ai! -exclamo esfregando o local entre a vontade de rir da cara dela e a surpresa por sua expressão adorável de fúria.

—Olha mocinho, vou me esquecer que é o Príncipe e o que mais for e te dar uma surra das bem dadas se não entrar naquele palácio e enfrentar seu pai!

—Clair...

—Te disse que acabei de falar? -mordo meus lábios para não sorrir e nego balançando a cabeça. -Sei que odeia o peso que carrega, mas nunca encara o poder que tem nas mãos como algo bom. Se cercar de pessoas que confia, se casar com uma mulher que vai te enfrentar quando estiver errado não pela coroa, mas por que te ama e sabe que precisa lutar por você. Isso não é ser egoísta, Oliver! -diz meu nome como se eu fosse uma criança levada. -Um futuro rei está destinado a possíveis traições, pessoas vão tentar te apunhalar diariamente. -toca meu rosto com as pontas dos dedos. -Mas aquela garota pode ser sua força, e minha criança, preciso que permaneça forte.

—Não vou perde-la dessa vez, Clair. -encontro uma determinação que não existia antes em minha voz e a vejo sorrir satisfeita.

 

           


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Precisava contar o que Clair tinha dito a ele no dia em que foram a visitar e agora vocês sabem. O proximo capítulo deve ser o último e seguimos com um epílogo para fechar.
Comentem e me digam o que acharam, o que esperam ainda e vou adorar conversar com vocês.
Bjnhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Monarquia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.