Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 2
O presente


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Então galera, quero agradecer a todos pela recepção incrível que deram a fic, obrigada a todos que comentaram e favoritaram, isso significa muito para mim. Bom, então acredito que queiram que continue, por isso aqui está mais um capítulo novo.
Ps: Nessa fic, a Thea e Felicity tem a mesma idade okay.
Boa leitura.



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FELICITY

Olho pela última vez no espelho do meu guarda roupas, vestia um conjunto de saia e um blazer de um bege clarinho. Ver meu reflexo me mostra por que não me encaixo nesse emprego, não me encaixaria nunca naquele palácio. Quer saber, se ele me quer mesmo como funcionária, que seja como eu sou. Abro mais uma vez o guarda roupas e escolho um vestido, no estilo secretária, vermelho, de mangas curtas. Arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo, uma maquiagem leve e batom vermelho em meus lábios. Não demora muito e um dos membros da guarda já está em minha porta para me levar ao rei.

Exatamente como antes, eu tento andar pelo palácio sem olhar ao redor, em vão mais uma vez, é claro. Pensei a respeito da proposta do Rei, ele estava certo, eu não faria nenhuma diferença me tornando executiva, ponderei sua proposta e depois liguei para minha mãe. Donna com seu jeito simples de ver o mundo, me ajudou a tomar minha decisão, só não sei ainda se vou ou não me arrepender dela. Pensando bem, já me sinto arrependida enquanto caminho por esse mausoléu!

Diggle estava parado no corredor que dava acesso ao escritório do Rei Robert, ele parece surpreso a me ver, e o guarda que me acompanhava troca algumas palavras com ele antes de passarmos pela porta. Os dois parecem tensos, o que me faz ficar apavorada, não é possível que esteja acontecendo outro atentado ao palácio!

—Felicity, você está bem? –sinto a mão de Dig na minha, nem mesmo o vi se aproximar. –Está muito pálida.

—O que está acontecendo Dig? –pergunto olhando para os lados assustada.

—Felicity, olha para mim, em meus olhos. –diz me segurando pelos ombros. –Tudo está bem, eu estou aqui. –respiro fundo com cuidado, me acalmando e Dig me solta, voltando a seu posto.

‘Não pai, ou deveria te chamar de Rei Robert? Prefere Majestade?’ escuto uma voz masculina, que apesar dos anos, reconheço imediatamente. Estava mais grave, e um tanto rouca, mas ele parecia estar furioso.

‘Não seja dramático Oliver! Os funcionários do asilo são completamente capazes de cuidar de seus hospedes.’ o Rei grita de volta, e não sei se deveria estar ouvindo isso.

—Devo voltar outra hora? –olho de Diggle para o outro guarda, os dois negam, enquanto os gritos continuam.

‘Uma boa mulher, viúva de um homem que serviu nossa província por anos, vai morrer se não tiver médicos disponíveis para cuidar dela!’

‘Oliver, eu cuido de todo um reino, nós somos uma das poucas monarquias restantes no mundo no século vinte e um, e sobrevivemos a muitas coisas, entendo que se sente frustrado, mas existem protocolos que devemos seguir, você será rei, precisa aprender a segui-los também!’

‘Agora está falando como a mamãe!’

‘E você está falando como um moleque!’

Escutamos as portas baterem, então vejo um homem louro, com porte atlético e olhos tão azuis que sou capaz de distingui-los a metros de distância. Seu semblante era furioso, seu andar duro, ele usava calças e camisa social, com uma gravata frouxa e as magas da camisa dobradas no cotovelo, meio amassadas como se tivesse virado à noite com essa mesma roupa e estivesse cansado demais nesse momento. Sete anos que passei o evitando, para o reencontrar dessa forma, sinto que perdi a capacidade de respirar por um momento, medo, apreensão, receio e saudades. Sou invadida por todos esses sentimentos, mas é em vão, pois Oliver não me reconhece, ele para na frente de Diggle, sem nem mesmo olhar em minha direção, com sua postura impecável.

—Vou eu mesmo contratar um médico particular, pagarei os serviços dele. –conta para Dig furioso, passando as mãos na face.

—Por favor, espere aqui. –o guarda pede em voz baixa antes de ir em direção ao escritório do Rei. Me encosto na parede com meu coração batendo acelerado, parte de mim gostaria que Oliver não me reconhecesse, e outra parte que eu não sei se gosto muito, ansiava por meu amigo de volta.

—Sabe que não é assim tão simples Oliver. –Dig tenta o acalmar.

—Não John, ela não vai morrer por falta de assistência, Clair é a única amiga que me restou... A coroa já me tirou demais nesse quesito. –ver a dor em suas palavras parte meu coração, e sinto como se tivesse levado um tapa na cara. Engulo o nó em minha garganta com dificuldade vendo o guarda que me acompanhava voltar.

—O Rei vai vê-la agora, Srta. Smoak. –ele anuncia, e o tempo parece parar.

Levanto meus olhos tímida para Oliver, que me fitava de volta, com os lábios entre abertos de surpresa e os olhos arregalados. –Alteza. –faço uma pequena reverencia a ele, que não esboça reação, mas parecia ser incapaz de fazer isso, e sigo para o escritório do Rei, sentindo seus olhos em mim.

Acertamos o que deveria ser feito, os termos usuais de um contrato desse porte, começaria no dia seguinte. O guarda que me acompanhava, que mais tarde descobri que se chamar Ted Grant, me mostrou meu local de trabalho e me apresentou para a minha equipe, que era constituída por mais três pessoas. Caitlin Snow, Barry Allen, e Cisco Ramon. Pareciam todos pessoas muito legais, mas só o que conseguia pensar era no reencontro de hoje, será que eu deveria ter dito oi, ao invés de o reverenciar como um estranho? Será por isso que ele não me respondeu?

Chego em casa, ainda repassando a cena em minha mente, pela milionésima vez, como sou idiota. Tomo um banho rápido e decido assistir uma maratona de Bones, como não sou das mais pacientes começo logo da sexta temporada, é melhor sofrer pelo relacionamento de personagens fictícios, do que ficar remoendo a minha antiga amizade.

Sete anos atrás...

Era o aniversário de dezesseis anos do príncipe, eu havia criado uma miniatura do que seria ele mesmo, com alguns cabos de computador. Não era o presente do século, mas Oliver gostava das coisas que Thea e eu criávamos para ele. Aconteceria um grande baile no palácio, mas claro que eu mesma não participaria, hoje ele dançaria com todas as princesas, de todas as províncias, não com a filha de um criado. Não que me importe com isso, meu pai me deixou tomar o quanto quiser de sorvete, com ele fora eu e minha mãe podemos assistir filmes de garotas...

A quem quero enganar? Estou morrendo de raiva por ser amiga de duas pessoas das quais nem mesmo posso ir à festa de aniversário. Talvez devesse me candidatar a baba do bebê de Carlie e Andy Diggle, assim ao menos vou ter com quem conversar quando estiver com meus trinta anos!

—Como estou filha? –ele caminha sorrindo em minha direção com seu uniforme de gala, que para mim, era o mesmo de sempre, com a diferença de ser um terno mais caro do que o de costume.

—Muito... Apresentável. –respondo mal humorada cruzando meus braços sobre o peito.

—Está lindo, meu amor. –minha mãe diz o que ele queria ouvir, arrumando o comunicador na orelha dele.

—Felicity, não acredito que está brava por não ir ao baile! –recrimina, e apenas desvio meu olhar para a televisão, não queria mesmo ser racional, sou uma adolescente, tenho direito de sentir o que quiser!

Escutamos a campainha tocar e vemos no monitor de segurança Oliver e Thea dentro do elevador que os deixaria em nossa porta. Eles estavam lindos, Thea usava um vestido rodado dourado, com uma tiara delicada na cabeça. Oliver usava o traje de gala real, que deixava minha miniatura mais ridícula do que já era antes.

—Se eles pudessem escolher, estariam com você ao lado deles o tempo todo. –mamãe fala baixinho perto do meu ouvido, e por mais machucada que estivesse me animo toda, correndo a meu quarto para pegar a caixinha com o presente do Oliver.

Quando volto para a sala, os dois estão sentadinhos no sofá me esperando, meus pais vão para a cozinha para nos dar certa privacidade. Me aproximo com um sorriso contido, os dois se levantam animados a me ver. –Oi. –murmuro tímida. –Thea, você está linda!

—Esse vestido pinica. –reclama puxando a alça delicada do vestido para o lado.

—Só ela? –brinca Oliver erguendo uma sobrancelha para mim.

—Você está parecendo um príncipe. –ele faz careta, pois sabe que para ele isso não é um elogio, mesmo se estiver feio parecerá um príncipe, pois é o que ele é. –Seu presente. –estendo a pequena caixa para ele, que a pega de minhas mãos com um sorriso enorme, que se alarga ainda mais ao ver a miniatura que fiz.

—Uau! –exclama Thea espiando sobre os ombros do irmão.

—Esse é o melhor presente de todos, Felicity. –diz me olhando, sinto meu rosto corar. –Muito obrigado.

—Feliz aniversário!

Agora...

OLIVER

Bato a porta do meu quarto e me jogo no sofá com meus pés na mesa de centro, levo minhas mãos à cabeça, como se isso me ajudasse a colocar meus pensamentos em ordem. Eu não a reconheci. Como pude não perceber que era ela? Claro que a Felicity da minha mente é uma linda garota morena de quase treze anos, não uma mulher absurdamente linda e loura.

Antes que me esqueça ligo para um médico, do qual havia conseguido boas recomendações e o contrato, menos um problema. Então decido trabalhar um pouco em alguns projetos de governo, qualquer coisa que mantivesse minha mente longe de Felicity e do fato de mais uma vez ela estar no palácio.

Estava andando com um livro nas mãos, tentando encontrar alguma brecha que me permitisse melhorar a vida das famílias de homens e mulheres que me servem, que guerreiam para manter minha coroa, não permitiria que mais pessoas sofressem como Clair e Felicity. Não por mim. É quando esbarro meu ombro em uma estante e algo cai no chão, quando me abaixo vejo um mini eu, uma miniatura antiga que Felicity fez para mim, ela era muito boa com seus presentes...

Sete anos atrás...

Era à noite do meu aniversário de dezesseis anos, o salão estava cheio, e eu já havia dançado com todas as princesas convidadas. O que só me fazia temer como seria quando chegasse a hora de me casar com uma dessas mulheres fúteis e educadas a perfeição. Meu primo Ronnie estava ao meu lado observando todos com uma expressão divertida.

—Aquela é Diana, princesa de Themyscira, dizem que ela se tornará a mulher mais bonita do mundo. –ele comenta olhando a bela garota com cabelos negros que dançava com um dos convidados.

—Ela conversou comigo por cinco minutos, sobre todas as guerras que existiram, se eu me caso com uma mulher dessas, estaremos em conflito com Gotham em nossa lua de mel. –respondo revirando meus olhos.

—Essa deve ser a parte ruim de ser o herdeiro, você não se diverte! –reclama. –Olha para essas garotas como se tivesse que propor casamento a uma delas... –ele parece pensar melhor e eu apenas o encaro para que perceba que é exatamente o que teria que fazer em poucos anos. –Não falo mais nada! –dá de ombros. –Vou chamar Thea para dançar, deveria fazer o mesmo, passar o tempo com alguma garota que não seja uma candidata a futura rainha de Starlling. –debocha.

Mas ele acaba por me dar uma ideia, chamo uma criada e a peço para colocar um pouco de doces em uma vasilha para mim. Depois chamo meu guarda costas em um canto afastado. –Sr. Smoak. –faço minha melhor expressão de inocência.

—Alteza, já pedi para o senhor me chamar de Alfred. –fala com sua habitual seriedade.

—E eu pedi ao senhor para me chamar de Oliver! –brinco e ele esboça o mínimo dos sorrisos. –Posso, por favor, levar um pouco de doces para Felicity? –mostro a ele a vasilha em minhas mãos. –Não gosto desses protocolos e preferia mil vezes que ela estivesse aqui. –desabafo o fazendo me olhar com piedade. Alfred fala por um instante em seu comunicador e se vira novamente em minha direção com um sorriso acolhedor.

—O senhor é um bom amigo, alteza...

—Oliver. –corrijo o fazendo dar risada.

—Vamos, mas não pode ficar por muito tempo, ou perceberão a sua ausência. Minha menina estava mesmo amuada hoje, talvez ela se sinta melhor com sua visita!

Quando chegamos na parte do palácio onde eles moravam, encontramos Felicity e Donna chorando ao assistir “Meu Primeiro Amor”, ela parece nunca se cansar desse filme, a essa altura eu e Thea (que também o amava) já sabíamos todas as falas. Elas demoram um pouco para perceber nossa presença. Donna parece envergonhada assim como Felicity, mas logo sai da sala com o marido, e eu me sento ao lado de minha amiga a entregando a vasilha de doces.

—Thea me mandou uma dessas mais cedo. –conta com um sorriso. –Mas não veio pessoalmente como você para me entregar, obrigada. –ela me olha de lado.

—Não por isso. Me sentia como um pedaço de carne na prateleira do açougue naquela festa. –desabafo escutando sua risada, o que me faz olhar para ela indignado. –O que foi? Não é engraçado!

—Oliver, você nunca foi a um açougue na vida! –diz em meio ao riso. –É engraçado sim!

—Hey, eu assisto Seinfeld! –protesto, mas acabo por dar risada com ela.

—Me conta como estava a festa. –pede depois de um tempo em silencio.

—Dancei com dezenas de garotas que apenas se importam com coisas fúteis... –então me lembro de Diana. –Ou coisas assustadoras! –acrescento.

—Por que não puxou outros assuntos com elas? –questiona interessada de verdade.

—Eu não sei. Acho que elas me entediavam, só queria que a música acabasse. –dou de ombros, então a música tema do filme começa a tocar e tenho uma ideia. Me levanto e ofereço minha mão para ela.

—O que é? -pergunta olhando para minha mão como se fosse um animal selvagem.

—Vem, vou dançar com você. –digo o obvio.

—Oliver, nem temos música, e essa noite você só deve dançar com princesas, as futuras candidatas a ocupar o trono ao seu lado. –diz cheia de pompa, só para implicar.

—Nenhuma delas é como minha melhor amiga! –revido e Felicity suspira, se dando por vencida.

—Então espera! –ela sai correndo e volta segundos depois com um MP3 e um fone de ouvidos nas mãos, me oferece um dos fones e coloca o outro em sua orelha. –Que música você quer?

—Gosto da desse filme. –na verdade não consigo pensar em nenhuma outra, e em segundos começo a ouvir My Girl, Felicity coloca o aparelho no bolso do meu terno e coloco uma mão em sua cintura e entrelaço sua outra mão na minha, a segurando próxima ao meu peito.

“Eu tenho o brilho do sol, em um dia nublado. Quando está frio lá fora, eu tenho o mês de maio. Eu acho que você dirá, o que pode me fazer sentir assim? Minha garota, estou falando da minha garota.”

—Já está entediado? –pergunta baixinho, enquanto balançávamos de um lado a outro no ritmo da música.

—Não! –e era verdade, ao contrário das outras danças da noite, dançar com Felicity era divertido.

“Eu não preciso de dinheiro, fortuna ou fama. Tenho todas as riquezas baby, que um homem pode pedir.”

—Oliver. –me chama encostando sua cabeça em meu ombro.

—Sim?

—Acha que seremos melhores amigos, mesmo depois que crescermos, quando suas obrigações de príncipe aumentarem e tiver que escolher um esposa? –sinto o temor em sua voz, e não posso negar que me sinto da mesma forma.

—Me entediei em uma festa sem você Felicity, nem gosto de pensar em uma vida toda. E preciso de ao menos uma garota que não seja chata ao meu lado!

—Você tem Thea!

—Ela é minha irmã, a acho chata só por isso. –respondo fazendo careta e Felicity dá risada.

—Tudo bem, posso ser essa garota. –parece falar sozinha, mas não me importo.

—E você? Quando for a faculdade e arrumar amigos que não são príncipes e princesas, quando puder escolher se casar por amor. –sinto um aperto no meu peito que não sei identificar. –Vai deixar de ser minha amiga?

Felicity apenas me olha por alguns segundos, com aqueles olhos de um azul líquido. –Pode se casar por amor Oliver. –é sua única resposta, então volta a deitar a cabeça em meu ombro e apenas dançamos em silencio.


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Notas finais do capítulo

Então galera, me contem o que acharam do reencontro desses dois, preciso saber o que pensam, portanto vai ser legal se comentarem!
Bjnhos!