POV.DRACO:

Depois de ontem, depois da última tentativa frustrada de tentar manter a paz com Hermione eu me aquietei. Talvez fosse a culpa que estava me sufocando por dentro, tudo que ela me falou parecia ser real agora. Eu realmente quase matei uma pessoa, Katia Bell está envenenada e hospitalizada. Não queria que ela tivesse aberto a caixinha de veludo que continha o colar envenenado, mas a curiosidade da garota foi maior e eu não tive como impedir. Eu estava me sentindo o pior dos lixos, sabe aquele que ninguém olhar, nem sequer respira perto? Esse sou eu. Apesar de que ninguém sabe que fui eu que envenenei a garota, a maioria desconfia por conta das especulações do Maldito Potter.

Eu estava comendo quieto minha panquecas, era uma manhã de quarta-feira, estava nublada e com grandes chances de tempestades. Mou tentava loucamente me animar, ela acariciava meus dedos, depois meu cabelo e em seguida meu rosto. Dizendo coisas como "não ligue para ela, eu amo você.", eu apenas sorria de lado conformado com a perda e dava de ombros. Olhei para o portão e vi Blás todo afobado, tinha me esquecido que Blás sempre era assim, afobado demais.

– Eu nem passei pelo portão direito e já senti o mau humor dele de longe. O que houve? - Disse Blás para Mou, logo virando seu olhar para mim e cruzando os braços esperando resposta; Eu iria responder se não tivesse sido impedido por Maureen.

– Ele está com dor de cotovelo e não de mau humor! - Exclamou ela rapidamente, fazendo Blás soltar uma gargalhada rouca e me encarar assustado. Mandei um olhar assassino para os dois e fiz menção de levantar do banco que já estava me irritando, mas como eles não iriam me deixar sair desse jeito, meu amigo colocou as mãos em meu ombro, fazendo força para baixo e fazendo-me sentar novamente, bufei irritado e senti minhas orelhas esquentarem.

– Eu não vou falar nada, apenas que levei um grande fora. Literalmente! - Disse me lembrando das palavras duras de Hermione e balançando a cabeça em negação. Blás agora sentou-se ao meu lado e afagou meus ombros.

– Maureen, acho melhor você ir para outro lugar... - Ela cruzou os braços e fez cara feia, eu apenas suspirei. - Tá na hora da conversa de homens, então já que você não é travesti e muito menos gay, sai! - Ele falou o "sai" ríspido, eu prendi a risada, forçando a boca a permanecer fechada. Mou mandou língua para ele e logo em seguida lhe deu um tapa na cabeça, o que o fez gemer. Me deu um beijo delicado no alto da testa e saiu furiosa, eu sorri.

– A gente já teve essa conversa uma única vez e não foi a melhor coisa do mundo. - Falei a Blás, que continuou prestando atenção na pequena ruiva que enquanto andava, rebolava e sua saia esvoaçava. O vi morder os lábios com malícia e eu o soquei o braço. Ele me olhou indignado e massageou o local. - Isso é por estar desejando minha prima. Agora começa, antes que eu saia daqui!

– Só me fala o que aconteceu para você estar tão depressivo a este ponto, meu caro amigo Draco. - Ele falou calmo e eu internamente ri.

– Eu fui tentar me desculpar com a Herm... - Blás me interrompeu bufando de tédio e eu logo arqueei as sobrancelhas.

– Chega né? Você já pediu desculpas demais a ela. Pensei que ela gostasse o suficiente de você para superar isso tudo contigo... - Ele parou por breves instantes e eu foquei meu olhar nele.

– Você está tão gay ultimamente... - Falei baixo, enquanto ele me devolvia um olhar sombrio. - Ok, ok. Pode continuar, Sr. Eu sei o que estou falando.

– Draco, você tem que lembrar que você é a garota gostosa e ela é a nerd sem sal. - Ele falou sério demais e não parecia estar brincando, eu me vi gargalhando pela primeira vez desde ontem. Blás continuava sério e eu fui desfazendo o meu sorriso com o passar dos segundos.

– Você não tá falando sério né? - Eu prendi o riso novamente e ele balançou a cabeça. - Droga, você tá falando sério. - Falei baixo, enquanto ele se aproximava pra falar mais algo.

– Pensa bem Draco, você é o garoto mais desejado de Hogwarts... - Eu fiquei todo pomposo com essa declaração, claro. Abri meu sorrisão e ele logo se adiantou. - Depois de mim, claro. - Fiz cara de enojado para ele, que deu uma risada baixa, porém continuou. - E ela, bem... Não são todos que querem pegar a Granger sabe-tudo. - Ele falou baixo e dando de ombros, eu estreitei os olhos. - Então você tem que mostrar que você tem o poder de fazer o que quiser, você tem a moral. Draco, não me decepcione e seja a garota gostosa. - Eu ponderei sobre tudo o que ele falou e balancei a cabeça concordando.

– Eu sou a garota gostosa. - Falei para mim mesmo, ouvindo o som da frase inundar minha mente e se instalar lá.- Eu realmente sou a garota gostosa, Blás! - Exclamei em um tom um pouco mais alto e animado, chamando a atenção de Nott que vinha em nossa direção e nos olhando assustado. - Eu sou a gostosona, Theo. - Theo concordou com a cabeça confuso e deu um sorriso encorajador, levantando o dedo indicador para mim e falando "whaaat?". Me levantei da mesa e fui em direção do portãoo principal.

– O que você disse a ele, seu gay? - Ouvi Theo dizer logo após minha saída, Blás apenas gargalhou.

– Hey Draco, ainda não terminamos. - Não o deixei continuar e fui em direção do pátio das casas, lá estava ela. Com seus cabelos revoltos e castanhos, meu coração esquentou novamente e uma onda de alegria subiu em meu ser, minha confiança estava lá em cima. Ela estava com a Weasley e Mou, estava distraída lendo um livro e mesmo assim continuava linda. Não havia mais ninguém no pátio, todos deveriam estar no salão principal ou nas aulas, só elas estavam lá. Essa seria minha oportunidade.. Me aproximei rapidamente, pegando nas mãos de Hermione que me olhou assustada e arregalando os olhos falou.

– O que está fazendo aqui, Malfoy? - Ela falou arrogante, porém continha preocupação em seu tom. Pude perceber. Ela tentou soltar suas mãos das minhas, mas eu a aproximei de meu corpo e a encostei em uma parede ali perto. Sua respiração estava ofegante e ela não desviava os olhos dos meus.

– Tira as mãos dela, seu cabelo lambido de meia tigela!! - Exclamou a Weasley vindo em nossa direção, mas foi impedida por Maureen que a pegou pelos pulsos e pediu calma. A ruiva Weasley se aquietou e sentou em um banco bem a nossa frente, observando tudo como um gato.

– Eu que mando, Granger! - E falando nisso, espremi meus lábios contra os dela. Os tão saborosos lábios que eu sempre desejara tocar e sentir a maciez, droga e como eram macios. Ela movimentou a boca indo de um lado pro outro, parecia nervosa e tremia. Sua mãos que antes estava presas pelas minhas, agora estavam presas no alto de sua cabeça e meu corpo involuntariamente pediu menos espaço, que eu concedi logico. Seus lábios passeavam pelos meus com delicadeza, sua língua dançava com a minha e pareciam combinar os passos. Foi melhor do que eu sempre sonhei, ela estava me correspondendo e eu no fundo sabia que ela faria isto. Deslizei minha uma de minhas mãos livre por suas costas a acariciando logo em seguida, ela se arrepiou. Percebi pois ela mordeu seu lábio inferior enquanto me beijava, fui descendo minha mão até sua cintura e lá apertei, me apertando mais ainda contra ela, o que a fez soltar um gemido baixo, quase inaudível, eu sorri entredentes. O beijo foi se aprofundando quando senti um tapa forte em meu rosto, me fazendo me afastar e a olhar assustado. Acho que ela se deu conta do que estava fazendo e se arrependeu logo em seguida, mas pelo menos durou e foi bom

– Isso.. É ... Por ser tão... Desaforado.... Malfoy. - Ela falava gaguejando, enquanto tocava os lábios e ficava vermelha igual um pimentão, massageei o local que deveria estar vermelho e sorri. Ela saiu as pressas, levando uma Gina boquiaberta e uma Mou batendo palmas, eu gargalhei com minha coragem e com a minha prima, mas logo o desespero de aquilo nunca mais acontecer me atingiu. Ao olhar novamente para Mou, ela sorria graciosamente e murmurou um "finalmente", fazendo joinha com a mão. Depois daquilo eu fui para a floresta proibida, me sentei embaixo de uma árvore ali e fiquei observando o lago que estava congelado, sorri com a loucura que fiz.

– Você é louco, Draco Malfoy. Muito louco! - Exclamei para mim mesmo, não me contendo em mim e sorrindo feito um idiota. Enquanto jogava algumas pedras no lago, percebi que estava ficando tarde e Snape me mataria por ter perdido sua aula, é Draco, você está ferrado. Logo corri para dentro do castelo, fui em direção das masmorras, adentrando o salão comunal e indo para meu quarto. Avistei um Blás sem camisa me encarar deitado e com os braços cruzados.

– Esse tapa deve ter doído. - Ele falou entre risadas, eu apenas concordei. - Finalmente, Draquinho. - Ele veio até mim e deu alguns tapinhas em meu ombro, eu sorri agradecendo. E ele foi em direção do banheiro.

– Aliás, você é um ótimo amigo, Blás! - Exclamei para o mesmo, que me devolveu suas mãos em forma de coração e um "eu te amo" baixo. Gargalhei. - E eu realmente estou duvidando da sua sexualidade. - Falei em um tom de divertimento, ele apenas disse "vai se foder, Draco!". Eu gargalhei ainda mais, passando a mão por onde havia levado o tapa.

É, está melhorando as coisas pra ti, Draco.

POV. AUTORA:

No outro dia Draco acordou mais que disposto, se levantou de sua cama se espreguiçando e gritando um bom dia para Blás, que se assustou e caiu da cama. Draco gargalhou, dando a mão ao amigo e o ajudando a levantar.

– Você é um filho da mãe sortudo! - Blás exclamou sorridente para o loiro que o olhou intrigado. - Não sei como um ser vivo acorda de bom humor em plena.. - ele parou para olhar o relógio que estava na escrivaninha. - 6:30 da manhã. - Falou coçando as costas e massageando a nuca.

– Fazer oquê né? Eu tive uma noite ótima! - o Malfoy falou enquanto ia para o banheiro, vendo que o amigo ia se deitar novamente, pegou um sapato que estava jogado por ali e jogou no mesmo, que se levantou as pressas afim de revidar no loiro que rapidamente se trancou no banheiro rindo e ouvindo ameaças do outro lado da porta. Tomou seu banho tranquilamente e após 15 minutos saiu cantarolando, observou um Blás cochilando em pé. - Acorda, acorda. - Falou baixinho no ouvido do moreno que se assustou novamente e meteu um tapa nas costas nuas de Draco.

– Rá, revidei. - Falou gargalhando enquanto entrava no banho. O loiro resmungou um pouco e deu de ombros, foi até o espelho a sua frente e observou seu físico, era viril, não muito forte, porém estava em forma e de bem consigo mesmo; observou também a marca vermelha dos cinco dedos que tinha levado de Hermione, sorriu passando os dedos sobre os lábios e lembrando da noite passada, seus lábios tinha gosto de pasta dental sabor hortelã, era maravilhoso. Seu sorriso mudou quando viu a marca negra reaparecer em seu pulso esquerdo, pegou a varinha que estava e em um sussurro, falou:

– Protego Nerus - pressionou a varinha na marca, logo saindo uma fumaça preta e adentrando o local, a marca foi desaparecendo aos poucos. Ah como ele queria que desaparecesse para sempre. Depois daquilo Draco se vestiu, arrumou seus fios esbranquiçados e saiu do quarto devidamente perfumado. Com um sorriso estampado no rosto saiu do salão comunal, desceu as escadas e foi tomar seu café da manhã, adentrou o salão principal e logo a viu. Colocou as mãos dentro dos bolsos e se aproximou da garota que estava com o Potter, os Weasley e Mou, se agachou um pouco perto da mesma que estava estática com a aproximação do mesmo e sussurrou-lhe no ouvido.

– Bom dia, docinho. - Ela se arrepiou novamente e tremeu por dentro, Harry os olhava questionando aquela cena enquanto mandava um olhar assassino ao Malfoy. Draco se levantou novamente e saiu andando levemente sobre o salão até a sua mesa, se sentou no banco de madeira e ficou a observando de longe, ela tentava desviar o olhar várias vezes, estava envergonhada claro. Mou logo veio em seguida, sentando ao lado do amigo e passando uma de suas pernas para o meio das pernas de Malfoy.

– Você acabou de declarar guerra! - Ela exclamou energética, Draco apenas sorriu, dando um beijo na testa da ruiva e desviando o olhar da castanha, massageando a nuca e escorando o rosto em um de seus braços apoiadas na mesa.

– Eu já estou ganhando, Mou. Não percebeu ainda? - a ruivinha gargalhou graciosamente, não como antigamente, um pouco mais desanimada. Não iria tocar em sua ferida ainda, não agora..