A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 4
Fix You


Notas iniciais do capítulo

Ai galera! Mas um capitulo em um dia só.
Amanha eu posto mais um.
Nesse tem mais uma dica do ódio que Rose sente por Dimitri e saibam que não é só pela implicância que um fazia com o outro na infância.
Então aproveitem!

Fiz You - Coldplay



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/607129/chapter/4

"Ele passou as mãos pelos meus cabelos e sussurrou em meu ouvido para que só eu ouvisse: Roza.

Depois disso eu não resistir e o beijei como nunca tinha beijado ninguém antes. Suas mãos estavam arrancando minha blusa agora e eu lutava contra os botões da sua camisa..."

Eu acordei com o som do celular.

Xinguei baixo por isso. Depois de um tempo passando a mão pela minha cômoda, eu finalmente encontrei meu celular e reconheci o numero de Dimitri no visor. Olhei para meu despertador e eu ainda poderia ter mais meia hora de sono. Imaginar-me socando Dimitri melhorou meu mau humor.

– O que você quer? – perguntei da forma mais ríspida.

Sonhando comigo, Hathaway? – perguntou. Eu estaquei. Eu estava sonhando com ele.

– Cala essa boca. – gritei. – É claro que eu não estava sonhando com você. – menti.

Tudo bem Hathaway. Eu finjo que acredito. – revirei os olhos.

– O que você quer? – perguntei novamente, só que mais calma. Ele gargalhou.

Te acordar. – disse por fim. Eu senti uma raiva surgir.

– Que inferno Belikov. – eu explodi. – Sabe, se você não tivesse tido essa brilhante ideia, eu poderia dormir por mais meia hora.

E é por isso que eu tive a ideia. – falou. – Adoro tirar seu sono. Seja pelo telefone, com roupa ou pelado. – eu bufei.

– Quem disse que eu sonhei com você pelado? – perguntei.

Sua voz diz por você. – eu travei por um segundo. Pensei ser verdade o que ele disse. Eu nunca sonhei com ele pelado por luxuria, mas com as lembranças que um dia eu tive de nós dois.

– Fala logo o que você quer. – fui ríspida agora. Ele gargalhou.

Vou à sessão de fotos hoje e depois da sua escola vou te buscar. – falou. Foi a minha vez de sorrir. Sentei-me na cama ainda com o telefone.

– Negativo camarada. Depois da escola vou para o galpão. Tenho ensaio com Lissa e Mason. – ele bufou.

Eu te busco lá então, é importante. – eu senti algo em mim tremer, mas logo voltei ao meu corpo.

– Você só vai saber aonde é o galpão se eu te disser. – falei sorrindo. – Você ficou um ano fora, camarada. Perdeu algumas coisinhas. – ele deveria estar com uma cara muito feia agora.

Me diga aonde é, ou eu descubro. – eu rolei os olhos.

– Se eu te disser você vai atrás de mim certo? Então deixa eu pensar em algum lugar bem difícil de uma possível volta... – eu parei para fingir pensar. Ele suspirou pesadamente. Eu sorri com isso.

Diga Rose. – falou com um tom mais sério. – Aonde é?

– Anota. – falei antes de fazer uma carranca.

Depois de um banho quente e de colocar uma calça jeans e uma blusa de manga branca, eu desci me deparando com todos na mesa para tomar café. Comi torradas com um copo de suco e em uma hora eu estava com Lissa e o meu pai no carro.

Ele estava vestido como sempre. Da sua forma extravagante, com sua barba e seus cabelos escuros. Eu sorri com o pensamento árvore de natal. Lissa estava com seus cabelos soltos e seu vestido branco. Ela era delicada, ao contrário de mim que era bruta.

Quando chegamos não demorou em encontrar Adrian, Tatiana e Dimitri. Ele realmente tinha comprido a sua promessa em vir fazer o papel de um namorado presente e ciumento. Demorou um pouco para domarem meus cabelos mais fizeram um bom trabalho. Eles estavam presos em um coque como o de Lissa, porém mais específico. Eu sorri quando me vi no espelho.

A maquiagem estava boa e forte, e o vestido branco era em camadas que mostravam a minha pele e deixavam minhas curvas mais bonita e sexy. Senti o olhar de Dimitri queimar em mim, mas logo ele tentou disfarçar.

Adrian estava com sua calça jeans apertada e sua blusa social de botão aberta. Tatiana tinha pedido para seu estilista pessoal fazer as roupas para a campanha dessa coleção e eu mal podia acreditar que era eu a modelo.

Assim que as fotos começaram a serem tiradas eu já tinha uma quantidade apropriada de joias em mim e confesso que a designer Ellen Kirova tinha feito um bom trabalho. Ela admirava suas obras ao lado de Tatiana enquanto Adrian me ajudava nas fotos. A maioria dos meus sorrisos foram espontâneos causados por ele. E no fim, quando finalmente fui dispensada, Lissa falou que ficou tudo perfeito e eu ainda ganhei o telefone do fotógrafo. Dimitri não fez a sua melhor cara, mas eu não me importei. Afinal, não era de verdade o que tínhamos.

Depois disse Dimitri se ofereceu para levar a mim e a Lissa para a escola. Mal percebi quando me cutucaram, já que eu estava babando no banco do motorista. Lissa saiu em disparada para cumprimentar Cristian que nos aguardava no lado de fora dos portões. Eu revirei os olhos.

– Te busco no galpão. – Dimitri disse. Eu peguei minha bolsa no banco de trás e assenti. Percebi seu olhar queimar nas minhas pernas que a saia do uniforme não cobria e me debrucei sobre ele, olhando em seus olhos.

– Não há nada aqui que você nunca tenha tocado, Dimitri. – sussurrei. Ele engoliu a seco, ainda olhando em meus olhos. Eu sorri e lhe beijei.

Podia sentir suas mãos na minha cintura em algum momento do nosso beijo. Aquilo foi mais provocação. E confesso ter sentido seu coração mais rápido. Parei nosso beijo e sorri novamente. Dessa vez saindo do carro.

O sinal tocou mais rápido do que eu imaginava. O dia se passou tão rápido e eu agradeci por isso. Corri com Lissa para o banheiro e colocamos a roupa para a aula de dança. Depois de prontas, corremos para o carro de Cristian. Eddie e Mason já estavam lá. Eu agradeci por não perder mais tempo.

Depois de chegarmos ao galpão repassamos o numero de dança para a competição que eu e Lissa tínhamos nos inscrito no mês passado e depois trocamos de roupa. Eu tinha que esperar Dimitri, então Lissa não se opôs ao ir embora com Cristian que tinha esperado o tempo todo, assistindo a cada erro nosso.

Eddie também foi embora, ele tinha dever de casa, ao contrário de mim que só o faria no dia seguinte ao copiar o de Lissa. Eu sorri com essa lembrança e mal me dei conta que estava sozinha de noite, em frente ao galpão. Mason também tinha ido embora, o que me fez tremer a cada barulho de carro que eu pensava ser Dimitri.

Respirei fundo tentando me acalmar, mas ai algo me fez pular. Era uma buzina. Era Dimitri. Eu finalmente respirei aliada e corri para a porta do carro. Ele estava com seus cabelos molhados, jeans e uma blusa de manga comprida, eu deduzi que ele tinha acabado de tomar banho e me peguei pensando nesse banho.

– Desculpa a demora. – falou. Eu apenas assenti.

– Com fome? – perguntou ao entrar com o carro na estrada.

– Sim. – falei. Eu estava morrendo de fome. – Tem um restaurante por aqui se quiser. – falei. Não aceitei muito a ideia, considerando um hambúrguer enorme com batatas fritas. Eu sorri com a ideia, mas eu sabia que era o que ele gostaria.

– Na verdade... – ele hesitou. Suas mãos estavam apertadas no volante. – Eu estava pensando em comermos em um lugar que ninguém nos reconheça. – falou. Eu apenas assenti e o resto do caminho foi silencioso.

Ele nos levou para uma lanchonete e eu pedi o hambúrguer mais completo do lugar. Dimitri pediu só uma água com gás. Eu me senti mal por comer tanto na frente dele, mas quando a comida chegou eu não me importei mais com isso.

Depois de um enorme silencio com o barulho apenas da minha boca mastigando eu o olhei e o vi me observar.

– Esqueci como você come. – falou com um sorriso.

– Fala logo. – cortei-o. Ele sorriu ainda mais, se endireitando na cadeira e se debruçando sobre a mesa.

– Eu descobri isso hoje. – falou. Ele me estendeu um pedaço de papel que quando se abriu, pareceu um cheque. Eu peguei da mão dele ainda confusa e li o conteúdo. Não evitei o choque.

– Isso é sério? – perguntei ainda olhando o cheque. – O que Erick Dragomir tem haver com um cheque com esse valor? – agora eu virei para encará-lo. Ele apenas deu de ombros.

– Não consta nos registros da empresa. – falou Dimitri. – Não conta em nada Rose. É como se não existisse.

Eu mordi a boca.

– Como? – perguntei. – Ele tem uma conta na empresa. Até nos seus gastos e na conta pessoal vai ter uma notificação na empresa. Sempre foi assim. A Tatiana deixa isso bem claro.

– Parece que esse cheque é exceção. – falou. Eu olhei para o cheque novamente e o virei. Olhei para os números rasurados e já manchados com o tempo. Eu arfei.

– Dimitri esse cheque é de 2001. – falei. Ele pegou o cheque da minha mão e olhou para o número. Podia ver claramente que eu não era a única que estava confusa.

– Droga. – falou. Eu pensei por alguns instantes.

– Poderíamos pensar que esse cheque poderia ser de presente para a Rhea ou para a Lissa, ou para o André. Vocês eram amigos e você sabe o quão fútil ele era. – eu parei para olhá-lo assenti com tristeza. – Mas a Lissa e o André ainda eram crianças pequenas e a Rhea tinha sua própria herança. Eu me lembro dela dizendo que nunca precisaria do dinheiro do Erick ou da empresa.

– Eu achei algumas coisas sobre uma conta bancária no nome dele. E que foi mexida por esses dias. Agora que estou mais perto da empresa, consegui mais informações.

– Dimitri, a conta do Erick não pode ter sido mexida ultimamente. Ele está morto. Nem a Rhea podia mexer nessa conta. – falei. Ele estacou. Parecia mais branco que o normal. Meu coração também batia mais forte.

– Rose, você tem certeza que a Lissa não está usando o dinheiro da conta dele? – perguntou. Ele realmente parecia nervoso agora.

– Absoluta. – falei. – Meu pai se recusa a deixa-la usar qualquer dinheiro até os 18. Disse que como padrinho de Lissa tem a obrigação de dá-la tudo que for preciso, até quando for preciso.

– E quem você acha que pode estar fazendo isso? – perguntou.

– Uma vez eu me lembro de estar em um jantar e Erick ficar desconfortável com a conversa de lealdade e fidelidade. Foi um pouco antes do acidente. – hesitei por alguns instantes com a possibilidade que estava na minha cabeça. Erick acabou com a conversa em poucos minutos e depois eu me lembro do rosto de Rhea. Eu olhei para Dimitri. – Ah meu Deus.

– O que foi Rose?

– Talvez não tenha sido a Lissa ou ninguém. – contatei. – Talvez tenha sido... – Dimitri me interrompeu.

– Um filho. – falou.

Eu assenti. Depois disso o silencio tomou conta.

Ele parou o carro no portão da minha casa. Enquanto eu esperava um dos seguranças do meu pai abri-lo, eu pisquei algumas vezes para não me deixar chorar na frente dele e me endireitei para olhá-lo. Ele largou o volante quando viu que o segurança ia demorara a abrir o portão e se endireitou para me olhar.

Dimitri tinha percebido o modo que eu fiquei abalada com a possibilidade de Lissa ter um irmão ou irmã. Mas na verdade eu fiquei abalada com a possibilidade de saber como ela vai reagir. Talvez ela fique feliz por não ser a ultima de sua família e poder dividir as responsabilidades, mas talvez ela fique confusa com o amor que seus pais deixavam transparecer para todos. Parecia tão sólido e invejável.

– Você vai entrar? – finalmente quebrei o silencio.

– Eu... – ele estava pronto para recusar e eu o interrompi com um aceno. Forcei-lhe um sorriso e peguei minha bolsa. Eu ainda estava com a roupa da aula e aquele top estava começando a chamar a atenção dele. Senti sua mão quente no meu braço quando eu empurrei a porta. Aquela velha eletricidade passou por mim e eu finalmente fitei seus olhos chocolate.

Eu engoli a seco.

– Eu vou entrar. – falou. Eu hesitei antes de finalmente fechar a porta do carro e voltar a minha posição anterior. Só que agora, bem mais rígida e apreensiva. Como eu olharia para Lissa agora?

Depois que o segurança abriu o portão Dimitri seguiu com o carro até a entrada com a minha casa. Ele estacionou o carro próximo ao jardim e pegou minha mão no caminho. Tínhamos que ser convincentes. Mas ele estava se saindo melhor que eu. O ódio que eu sentia dele ainda estava lá.

– Pronta? – perguntou ao colocar a mão na maçaneta da porta. Eu assenti. E ela a abriu.

Andamos até a minha sala e lá estava. Meus pais, Lissa e Cristian. Eles estavam rindo e brincando e sorriram ao nos ver entrar. Lissa sorriu para mim e eu não consegui lhe retribuir o sorriso. Ao invés disso eu lhe forcei um. Ela pareceu não perceber. Eu apertei a mão de Dimitri entrelaçada a minha.

– Vocês demoraram. – disse meu pai ao se aproximar de nós.

– Desculpe senhor Mazur. – disse Dimitri. Eu forcei um sorriso para meu pai.

Abe para você Dimitri. – meu pai estava com os olhos brilhando. Eu quase chorei por isso. Ah meu Deus! Eu odeio chorar.

– Obrigado. – Dimitri murmurou.

O sorriso do meu pai foi à próxima coisa que todos viram, até minha mãe se levantar do sofá de um modo engraçado e desfazer sua carranca em um sorriso. Eu sorri para ela.

– Vamos Abe, quero ir ao meu coreto. – disse minha mãe enquanto pegava o braço dele. Ela sorriu para nós. – A Rose já te contou a história do coreto? – perguntou para Dimitri. Ele balançou a cabeça para os lados e depois sorriu.

– Não. – disse por fim. Olhei para a minha mãe mais de perto. Seus cachos ruivos estavam emoldurando seu rosto e seu vestido branco estava lindo nela com aquela barriga. Eu sorri sem que todos percebessem. Todos menos Dimitri que sorriu de volta. Eu corei.

– Vamos, eu acompanho vocês, já que Cristian vai embora. – disse Lissa. Eles estavam de mãos dadas também. Cristian olhou para mim e Dimitri, divertido.

– É bom alguém ter te desencalhado, Rose. – falou. Lissa o cotovelou e eu senti uma leve risada de Dimitri, enquanto eu o fuzilava.

– Ah, Cristian... Se eu fosse você parava de falar. - ameacei-o.

– E você vai fazer o que? – perguntou. Eu sorri.

– Deixar a Lissa sem a diversão noturna. Se é que você me entendeu. – ele ficou mais pálido. É ele tinha entendido.

– Rose! – repreendeu minha mãe. Eu dei de ombros.

– Pelo menos dessa vez eu fui educada na ameaça de castração. – falei. Agora era oficial. Ele estava com os olhos esbugalhados e assustados. Eu sorri.

– Concordo com o Ozera. – Abe murmurou em meio à confusão. Foi a sua vez dele ser fuzilado.

– É melhor irmos Ibrahim, antes que nossa filha arranje uma bazuca. – ela apontou para os dois. – Vocês não vão gostar do resultado. – Dimitri se endireitou ao meu lado e eles saíram. Eu peguei um sorriso de Lissa e ela piscou. Eu rolei os olhos.

Quando estávamos sozinhos tirei as mãos da de Dimitri e respirei aliviada. Ele me olhou como se soubesse o que eu estava pensando. E ele sabia. Era de Lissa. Era um problema que eu tinha que resolver. Eu ia ajudar a Lissa e se conseguíssemos isso, não precisaríamos nos sacrificar por um mês.

– Isso não só problema seu Rose. – falou. Eu me afastei para jogar a bolsa no sofá. Mas ainda continuava de pé perto da lareira. O fogo era a única coisa que iluminava a sala. Eu a achava tão escura e pesada. Mas meu pai a achava reconfortante.

– Eu sei Dimitri. – falei com um suspiro pesado. – Mas vai dizer que você não está abalado com tudo isso? – perguntei. Ele somente me deu o silencio. – Eu me lembro de invejar o amor deles e dos meus pais. Eu queria um amor desses. – confessei.

Eu ainda o observava e ele agora tinha algo diferente na sua expressão. Algo que me fez lembrar-se daquela noite. Ele pareceu perceber. Eu tentei abaixar a cabeça mais ele já estava na minha frente levantando meu queixo para olha-lo.

Eu observei seus olhos e depois sua boca. Ele ainda tinha a mão em meu rosto. Eu pisquei ao perceber o que se passava na minha frente.

– Eu às vezes não acredito que estive tão perto de te dar esse amor. – sussurrou. Ele aproximou mais os nossos rostos. Eu deixei me levar por um breve momento. Até ele terminar o raciocínio. – Eu queria ficar para sempre naquela cabana com você, Roza.

O apelido me fez despertar e eu o empurrei, ele pareceu surpreso, mas então entendimento passou por ele quando eu o olhei com ódio. Agora foi a vez dele, abaixar a cabeça.

– Não me chame assim! – explodi. – Você não pode me chamar assim. – falei. Ele ainda estava de cabeça baixa. – Perdeu esse direito por causa dela. – gritei.

– Rose... – ele começou, mas eu o interrompi com mais um grito. Amei a ideia do coreto. Era longe. E eu não tinha o porquê de me preocupar com os berros.

– Vamos parar com a hipocrisia, camarada. Ambos somos culpados. – ele levantou a cabeça. – Eu por ceder e você por me enganar.

– Eu não enganei você. – gritou. Eu dei alguns passos para trás. Ele estava alterado. – Eu nunca faria isso.

Eu comecei a gostar do que aquela conversa poderia nos levar e então eu sorri.

– Você correu para ela quando ela estalou os dedos e se mostrou arrependida com tudo que fez. – eu disse. Eu estava dura como minha mãe. Isso me fez tremer, mas Dimitri parecia se importar com todo ódio que eu estava despertando nele.

Ele me olhava incrédulo e com medo. Eu raramente via esse olhara em Dimitri.

– Eu juro... – ele hesitou. – Que eu nunca esqueci aquela noite porque eu nunca quis esquecer como você... – eu o interrompi.

– Como eu me entreguei à você. – eu gritei em afirmação. Depois de alguns segundos olhando pra ele eu senti algo queimar em meus olhos. Eram lágrimas. Ele se assustou com isso. Sabia o quão forte eu era na queda e que se eu estava assim, era por um motivo muito forte. E era. Ele tinha te magoado na melhor noite da sua vida, Rose. – pensei.

– Eu te amei naquela noite. – sussurrou. Eu já não conseguia emitir nada. Só as minhas lágrimas desceram. Eu levei minhas mãos à boca para tentar esconder um soluço.

– Não Dimitri. – murmurei. – Você não ama ninguém. – falei.

Ele me olhou como se eu tivesse lhe dado uma facada. Eu sabia que aquilo não era totalmente verdade. Ele estava comigo agora nesse plano para salvar a todos da sua família e consequentemente da minha.

– Eu sinto muito pelo sacrifico que está fazendo. – eu me interrompi tentando me acalmar. Depois de tudo eu não tinha conseguido conversar assim com ele. Ele só tinha deduzido o que não precisaram me contar. O que ele fez foi pior coisa possível, mas eu sobrevivi. – Eu aprecio. – deixei as lágrimas caírem pela ultima vez na frente dele e depois as limpei, enquanto ele só me analisava com seu olhar longe. – Eu vou descobri quem é o irmão da Lissa e ai, vamos ser os herdeiros oficiais por sermos em maior quantidade e a Lissa também não vai ter obrigação nenhuma já que esse irmão pode assumir os negócios.

Ele só me analisou ainda mais fundo e eu pude sentir a tristeza entre nós.

– E o que acontece depois? – perguntou. – Depois que acharmos o irmão da Lissa.

– Você volta para Nova York, termina a faculdade e se vê livre de mim. – falei pegando a minha bolsa no sofá. – E eu prometo Dimitri, que quando você voltar para assumir a empresa, você nunca mais vai me ver. – e então eu saí. Deixando-o sozinho.

Corri para não tê-lo atrás de mim, mas ele não veio e eu deveria saber que ele não viria. Ele nunca viria, Rose. Ele faria sempre a mesma coisa. Brincaria com você e te jogaria fora. Dimitri era desprezível e idiota e qualquer coisa para se divertir seria jogado fora depois, como eu.

Eu não poderia me deixar levar pelos sentimentos de novo. Não como da ultima vez. Eu tinha que me manter centrada e achar uma solução para tirá-lo de perto de mim. Era isso, eu tinha que focar em tirá-lo de perto de mim.

– Rose. – olhei para os lados antes de subir o segundo degrau da escada para o meu quarto, mas Alberta me fez voltar e forçar um sorriso. Ela era como uma segunda mãe. A governanta mais antiga trabalhando na casa e que sempre fora mais de família. Ate mesmo que eu.

– Sim. – respondi-a. percebi um envelope em suas mãos e ela sorriu.

– É da St. Vladimir. – respondeu. – O teste que você fez, lembra? – perguntou. Eu assenti pegando-o de sua mão.

Eu senti o peso daquele envelope e logo depois voltei a respirar. Aquilo que tinha dentro daquele envelope decidiria a minha vida e a de muitas pessoas à minha volta.

Eu sorri para Alberta e voltei-me para as escadas. Abri a porta do meu quarto e fui para a minha cama. Minha bolsa já estava em algum lugar que eu desconhecia e eu não me importava com mais nada. Agora era aquele envelope e eu.

Depois da ajuda de Lissa e Mason eu consegui fazer o teste e me sai bem. Apesar de dançar comigo, Lissa queria fazer faculdade de moda, então nem de perto eu poderia encantar meu pai com a minha escolha, principalmente a minha mãe, que odiava as minhas aulas de dança e achava desnecessário.

– Vamos lá, Rosemarie. Coragem. – murmurei para mim mesma.

Eu respirei mais uma vez e rasguei o envelope para consegui ver a carta. Tinha o símbolo da St. Vladimir nela e procurei um paragrafo que me informasse o que eu devesse saber sem que eu tivesse que ler todo aquele texto.

– “Srtª. Mazur é com grande satisfação que a faculdade de dança de St. Vladimir lhe dá às boas vindas para que tome posse de sua vaga em nossa academia no fim de seu ano letivo...” – eu não consegui continuar. Dimitri e nosso passado tinham aberto o muro da Rose Hathaway durona e agora o que eu podia fazer era chorar e foi assim pelo resto da noite.

Depois de algumas horas, Lissa bateu na minha porta. Eu gritei que estava cansada e depois de muita insistência eu não abri a porta. Não podia vê-la. Também não podia ver ninguém além daquela carta de admissão.

Eu finalmente tinha passado. Era meu sonho e eu consegui. Soube à alguns meses antes do acidente da Lissa que eles iam abrir outra academia no Nova York e eu amei o fato de sair de Montana. Lissa também queria uma faculdade de lá, então íamos juntas e seria perfeito.

Mas Tasha entrou na minha vida e estragou tudo. Dimitri voltou e eu fui aceita em uma faculdade perto da dele. Mas isso não importava, o que eu me preocupava era que ele estava certo. Com Natasha cuidando de tudo que nossos pais tinham construído, tudo ia por água abaixo e eu ia decepcionar ao meu pai se fosse egoísta de sair correndo.

O dia chegou mais rápido e eu fui tomar um banho. Demorei a descer e quando percebi quão atrasada estava não quis tomar café nem nada. No carro foi silencioso e Lissa também não perguntou por nada. Eu agradeci mentalmente por isso.

Encontramos Cristian e eu me separei deles por causa das aulas que eram diferentes. Não precisava de mais nada, senão prestar atenção em tudo que eles falavam.

Quando o sinal tocou eu caminhei até o carro e um dos seguranças esperava por mim. Lissa já estava perto do carro, sua expressão não era a das melhores e Cristian também não tinha essa mesma expressão. Eu engoli a seco.

Assim que ele entrou no carro, me senti desconfortável quando o silencio tomou conta, notei que os dois me olhavam de um modo estranho. Estava preparada para o percurso para a minha casa, mas o carro parou antes do que eu pudesse esperar. Eu olhei para Cristian que somente sorriu depois de toda aquela cara de nervoso.

– Onde estamos? – perguntei. Cristian e Lissa saltaram do carro e eu fui atrás me deparando com a casa dos Belikov.

Cristian foi à nossa frente e eu cotovelei Lissa, enquanto passávamos pela sala de Olena e íamos até o escritório. A casa dela era tão ampla e cheia de janelas. Clara e limpa. Eu me sentia bem aqui.

– Você não pode fazer tudo por todos Rose. – sussurrou antes de Cristian abrir a porta do escritório e revelar Dimitri. Eu rolei os olhos. Ainda não tinha esquecido nossa briga de ontem. E pelo olhar que ele me passara, eu não fui a única.

– Vocês chegaram rápido. – Dimitri largou alguns papéis em cima da mesa e rodeou-a, apoiando-se em cima da própria. Ele cruzou os braços e olhou para mim novamente.

Seus músculos estavam bem mais convidativos, isso qualquer uma repararia.

– O que eu estou fazendo aqui? – perguntei. Eles me olharam.

– Não contaram para ela? – perguntou Dimitri. Ele olhou para Cristian. Ele deu de ombros.

– Preferimos fazer surpresa. – falou Lissa.

– Odeio surpresas. – falei. Dimitri me olhou com um sorriso.

– Eu sei. – falou.

Eu o olhei por alguns poucos segundos e depois me voltei para Lissa que examinava nossos olhares e gestos nervosos. Depois olhei para Cristian que se servia de um copo de whisky. Relutei para não pedir o mesmo. Só que eu pediria a garrafa e não o copo.

– Falem logo. – Dimitri levantou as sobrancelhas. Como ele faz isso?

– Sempre apressada, Roza. – eu estremeci de raiva.

– Não me chama assim. – gritei. Lissa e Cristian me olharam com espanto. Eles nunca me viram gritar daquele jeito, principalmente vendo Dimitri tão calmo. Eles estavam assustados enquanto Dimitri me testava.

– Vamos ao que interessa, antes que a Rose jogue essa garrafa no Belikov. – constatou Cristian. Lissa ainda me encarava, mas eu não encarava nada além dos olhos cheio de ironia de Dimitri.

– O que vocês querem? – perguntei. Cristian suspirou.

– Sabe, Hathaway... Depois que meus pais morreram a Tasha ficou maluca com o poder. Ela disse que por ser a mais velha eu era vulnerável, mas eu nunca fui e meu pai sabia disso, mas que eu mesmo. – ele se interrompeu para tomar um gole de seu whisky. – Então ele fez a única coisa que podia me prevenir da Natasha e me fazer superar todas as expectativas.

Todos olharam para ele com um sorriso enquanto eu sentia um pingo de esperança naquelas palavras. Algo me dizia que nem tudo estava perdido. Acho que era o sorriso de Lissa que me dizia isso.

Então eu o olhei e ele terminou com seu copo.

– Eu tenho um documento que me passa absolutamente tudo a partir dos meus 18 anos. – ele sorriu. – Deixando para a Natasha somente a dádiva de ser irmã de um milionário.

E com isso, eu também sorri. Nem tudo estava perdido caso perdêssemos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor!
Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Proposta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.