Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Olá estrelas da minha vida



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–Atena...

–Estou aqui mamãe. Estou aqui. –Troquei os panos acima da sua cabeça da forma mais rápida que consegui. Estávamos nessa coisa há três dias, parecia que ela estava sempre piorando. O estômago da minha mãe não aceitava nada, absolutamente nada. Fizemos vários tipos de sopa que era o alimento mais leve, mas nem isso ela segurava por muito tempo. A febre era constante desde que ela desmaiou, era tanta que dificilmente ela ficava lúcida. Algumas vezes seu nariz sangrava, era a hora que mais me preocupava.

O médico que Robert trouxera já dissera o motivo. Era uma nova virose, estava vindo do sul. O remédio já tinha sido fabricado, mas era muito caro e no caso dela precisaríamos de muito se a quiséssemos viva. Meu padrasto já tinha gastado muito. Na verdade, todas as economias que nós tínhamos, mas era um pequeno frasco por muito dinheiro. E minha mãe não apresentava nenhuma melhora, pelo contrário.

–Mamãe... –Medi a temperatura dela com as costas da mão. Suzanne queimava. Eu nem podia contar o quanto ela havia emagrecido em apenas três dias, era absurdamente assustador. Eu tinha experiência em cuidar de pessoas doentes. O máximo que eu saía de casa era pra ajudar um curandeiro próximo de casa, que cuidava de crianças. Ele me ensinou o que podia e eu aprendi muita coisa em livros, mas não tinha visto nada como aquilo.

–Eu não agüento mais. –Robert praguejou. Ele parecia prestes a chorar e eu sabia que estava com medo de perder minha mãe assim como perdera Angelina. Ele a amava e eu sabia disso, mas não tínhamos mais economias. –Eu tenho que fazer isso.

–Faça! –Katrina olhou pra ele, os olhos azuis suplicantes. –Vá papai. Damos um jeito depois, mas eu não vou perder minha mãe novamente.

Eu sabia que eles queriam pedir dinheiro emprestado ao duque. Mas seria uma quantia gigante e colocaríamos as terras como garantia. E depois, como pagaríamos tudo aquilo?

Minha mãe gemeu baixinho e eu puxei o balde. Ela fez esforço para vomitar, mas não saiu nada porque não tinha nada no estômago dela. Meu coração doeu e ficou do tamanho de uma azeitona.

–Ela não vai suportar muito tempo. –Indiquei.

–Vai pai. –Gabriel colocou a mão no ombro dele. –Eu cuidarei delas aqui.

Ouvi Robert saindo e segurei a mão da minha mãe. Seus cabelos ruivos estavam soltos. Tudo o que eu queria era que ela voltasse a exibir aquele brilho de sempre. Agora os olhos azuis estavam fechados a maior parte do tempo, a pele pálida, as unhas e boca exibiam uma coloração roxa e ela parecia tão frágil que eu tinha medo de quebrá-la com o toque.

–Vai ficar tudo bem. –Sussurrei prometendo á ela, na cadeira ao seu lado. Percebi que ela tinha conseguido dormir e suspirei aliviada. Sabia que estava sentindo muito dor então dormir deveria ser uma benção dos céus.

–Atena, você precisa descansar. –Ouvi vozes ao meu lado. Eram Katrina, Iara e Gabriel. Este último passou os braços pelos meus ombros me levantando da cadeira. Percebi que não conseguia sustentar meu peso sozinha porque foram esses braços que me manteram de pé.

Eu havia passado esses três dias ao lado dela. Só sai para trazer a comida pra ela. Não lembrava da última vez que havia dormido apenas meros cochilos na cadeira quando ela conseguia adormecer. Também não lembrava de quando tinha comido.

–Nós cuidaremos dela. –Katrina falou enquanto Iara se sentava ao lado.

–E eu cuidarei de você. –Gabriel indicou tentando me tirar do quarto.

–Mas Kat...

–Mas não. Eu também a amo Tena. –A loira mais velha indicou. –Iara também. E amamos você. Não será bom para nenhuma das duas que você se exauste. Eu juro que cuidaremos bem dela.

Respirei fundo enquanto Gabriel me guiava para sala. Sentei-me no sofá e meu irmão me olhou com dor no olhar:

–Eu sei o que você está sentindo pequena ruiva. Mas não precisamos que você adoeça também.

–É minha mãe Gabe. Minha mãe. Eu odeio me sentir assim, sem poder fazer nada para que ela melhore. Entende isso?

–Mais do que você imagina.

Dizendo isso me puxou para um abraço apertado. Enfiei meu rosto no ombro dele e fechei os olhos, os apertando enquanto retribuía o abraço. Minha respiração se alterou, denunciando minha vontade imensa de chorar, mas eu não chorei. Eles não tinham que se preocupar comigo quando minha mãe estava doente numa cama. E eu tinha que ser forte. Gabriel não me soltou. Deixou-me ali e fechei os olhos. Mal vi quando adormeci.

~X~

Acordei com a chegada de Robert. Ainda estava abraçada á meu irmão, mas já estava quase amanhecendo. Desvencilhei-me dos braços do moreno gentilmente. Ele dormia e vi que não tinha se mexido, provavelmente para que eu não acordasse. Quase chorei com sua gentileza. Então o deitei no sofá da melhor forma que pude já que ele dormira sentado e só então corri para a porta.

–Consegui. –Robert parecia exausto. Provavelmente assim que pegara o dinheiro do Duque, correra em viagem para conseguir o remédio e voltar o mais rápido possível. Ele apontou uma bolsa cheia de pequenos frascos. Por um lado eu quase surtei de felicidade sabendo que se algo poderia salvar a minha mãe, era aquilo. Por outro eu me perguntei o quanto de dinheiro havia sido emprestado para que aquilo fosse comprado.

–Graças á Deus. –Dei espaço para que ele entrasse. Ele o fez, colocando a bolsa em cima da mesa. -Você dormiu Atena? Deus, que eles tenham conseguido te tirar do lado dela um pouco.

–Eles foram bem convincentes. –Digo com um sorriso. –Mas agora é o senhor que precisa descansar.

–Preciso vê-la Tena.

–Então venha porque é isso que vou fazer agora.

Puxei-o pela mão enquanto íamos para o quarto de Suzanne. Katrina dormia numa cadeira enquanto Iara velava pela ruiva em outra. Quando nos viu entrar, a loira mais nova deu um pulo e se colocou de pé:

–E então papai?

–O Duque emprestou o dinheiro. Eu consegui, acho que vai ser o suficiente de acordo com o médico.

~X~

Dissolvi o líquido na água fervente. A coloração ficava amarela e eu tinha a mais absoluta certeza que o gosto não era bom, mas eu não me importava. A tarde raiva e aquela já era a segunda dose do dia. Coloquei numa tigela e levei para o quarto. Estávamos nesse tratamento há quatro dias e a melhora era pouca. Entendia porque precisávamos de tanto.

Entrei no quarto. Eu só saía da beira da cama dela á noite, quando me obrigavam á ir dormir. Nesses casos Robert ficava. E dando quatro da manhã eu já estava de pé para tomar o lugar dele. Katrina, Iara e Gabriel também me ajudavam e ajudavam ao pai, mas o trabalho maior estava comigo. Além disso, eu também tinha “experiência” em cuidados médicos e era o que usava para argumentar com eles.

Fui para o lado da cama e medi a temperatura. Ela estava febril, mas nada perto da febre alta que era antes. As unhas e lábios dela estavam voltando á coloração normal e ela já estava conversando, mas na maior parte do tempo estava exausta demais, então dormia.

–Mãe, hora do remédio. –Cutuquei-a e ela acordou. Deu-me um sorriso fraco enquanto eu colocava a tigela em seus lábios e a ajudava a tomar.

–O gosto disso é horrível. –Ela falou com a voz débil.

–É, eu imagino. –Ri segurando sua mão. –Mas vai te ajudar a ficar melhor mamãe, isso é o importante.

–Eu espero. –Ela falou, virando para o lado e voltando á dormir. Eu a acordaria mais duas vezes, para as outras duas doses de remédio, mas agora ela precisava descansar.

~X~

–Ela está sem febre! –Exclamei enquanto minha mãe dormia. Mais dois dias havia se passado e ela melhorava aos poucos. –Graças ao bom Deus.

Robert correra para o quarto com a minha afirmação, junto com Katrina, Iara e Gabriel. Suzanne dormia quietinha. Ela estava tão magra que me doía o coração, seu estômago ainda não estava aceitando nada que não fosse o remédio e algumas vezes ela tinha feito força até mesmo para manter a substância dentro de si.

–Ela está melhorando. –Contei á eles. –Muito lentamente, mas está.

Todos suspiraram aliviados olhando a mulher. Olhei para eles discretamente e quase chorei. Quanta gente agora se preocupava com ela e como eu, dariam tudo por ela. Pensei no que eu faria se estivesse sozinha e não quis nem pensar.

–Troque comigo Atena. Você precisa comer alguma coisa. –Robert pediu e eu sabia que ele também tinha o direito de ficar com ela, dessa forma eu não reclamei.

~X~

–Está boa? –Perguntei enquanto dava a sopa para a minha mãe. Ela já parecia muito melhor que antes. Havia se passado mais três dias e o médico já mandara diminuir a dose do remédio para três por dia. Finalmente ela conseguia comer. Eu não podia extrapolar muito ou ela voltava a vomitar, mas já era um avanço. Suas faces já voltaram á ganhar alguma cor, os lábios também e eu até podia jurar que seus olhos brilhavam mais.

–Está muito boa Atena. Obrigada filha.

–Não agradeça. Ou pelo menos não agradeça só a mim mamãe. –Sorri enquanto levava outra colher à boca dela. –Como está se sentindo?

–Melhor, mas ainda muito cansada.

–O médico disse que isso vai melhor.

~X~

–Mãe! –Exclamei ao vê-la de pé. O médico a havia declarado curada depois de mais uma semana, mas ainda assim eu, Robert e meus irmãos estávamos tendo um cuidado redobrado com ela, especialmente pela perda de peso iminente e porque com certeza suas defesas estavam baixas.

–Eu estou bem Atena Mercer! –Ela riu. –Só quero ajudar vocês. Não agüento mais ficar cansada vendo enquanto meus filhos fazem tudo.

–Não está sendo nada Suzanne. –Iara exclamou com um sorriso. –Tudo o que queremos é que a senhora melhore e fique bem. Foram tempos difíceis.

Para todos nós. Eu nunca tinha sentido tanto medo em toda a minha vida. Por alguns instantes eu realmente pensei que poderia ter algo tão precioso tirado de mim e aquilo me assustou o suficiente para não pensar em outra coisa enquanto eu não tivesse certeza que ela estava fora de risco.

Robert então abriu a porta e pelo seu rosto eu sabia que não tinha acontecido algo bom. Algo dentro de mim já sabia o que era, mas eu precisava ouvir da boca dele.

–Temos que conversar.

Todo mundo parou o que estava fazendo e seguiu para a sala de estar. Ele esperou todos se sentarem e fez questão de abraçar minha mãe, como se temesse que o que ele falasse a fizesse adoecer novamente. Então soltou:

–Temos um mês para pagar a dívida ou o Duque tomará nossas terras.


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