Agilidade escrita por Diane


Capítulo 18
Capitulo 18 - Las Vegas




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Perspectiva de Christine

A primeira coisa que fiz logo depois de alugar um quarto para mim no hotel, foi dormir. Ah, eu poderia subir na montanha russa, ou ficar jogando em algum cassino, mas não, eu estava exausta demais, essa é a verdade. Idia ficou protestando por um longo tempo, ela queria ir na montanha russa do hotel, então falei para a gata ir com Damien, depois que ela saiu do quarto, fechei a porta e pulei na cama.

Antigamente, eu tinha problemas para dormir em outras camas que não eram a minha. Quando ia para um hotel, era difícil dormir.

Dessa vez não, mal me deitei e já estava dormindo.

Bom, só vou tirar uma soneca de vinte minutos, pensei.

— Christine, já é meia noite! Levante, menina! — Senti alguém morder meu dedo do pé. Ahn?

Pulei da cama na hora e quase caí no chão, o que não foi legal. Encarei Idia que estava empoleirada nas minhas pernas. Sorri maldosamente e levantei a minha perna para o alto, fazendo a gata cair no chão. Foi maldade, sim, mas ela que começou, mordendo meu dedo.

Idia voou até a altura da lâmpada do quarto e por pouco quase a quebrou. Por um momento pensei que tivesse ido longe demais e machucado a gata, mas ela aterrissou de pé no pufe branco ao lado da cama. Quem quer que seja que falou que gatos sempre caem de pé estava certo.

— Isso não foi legal da sua parte — A gata reclamou.

— Também não foi legal da sua parte tentar arrancar meu dedo.

Me deitei novamente no colchão e puxei as cobertas. Ah, eu só iria dormir mais vinte minutos, nada demais, ou talvez fosse melhor dormir a noite inteira logo de uma vez.

— Epa, epa — A gata estava puxando os cobertores com a boca — Você não vai dormir agora.

Bocejei.

— Por que não?

— Por que já é meia noite acabamos de de detectar um sinal de magia muito forte em um cassino.

Perspectiva de Alec.

Se um dia alguém dissesse que isso iria acontecer, ele não acreditaria.

Logo depois de atravessar o portal aberto por Thanatos, ele caiu em uma sala do trono. Primeiramente, Alec nem esperava que Nessa conseguisse convencer o deus da morte que ela queria se juntar á causa de Trivia. Alec tinha certeza que ele devia estar ocupado demais — Provavelmente torturando alguém, afinal, o cara era um psicopata — para ouvir orações.

Mas não. Thanatos apareceu ali e abriu um portal para eles, que segundo ele, levava até o quartel general de Trivia.

Alec tinha certeza que aquele portal o levaria até um mar cheio de tubarões ou talvez um deserto. Thanatos não seria burro de acreditar nisso. Os olhos dourados do deus da morte brilhavam, ele devia estar planejando alguma coisa, o vampiro podia dizer isso só de olhar para a cara dele. Alec sempre foi bom em ler expressão das pessoas.

Assim que viu Alec, a expressão de Thanatos mudou para desgosto.

— Nessa, você tinha mesmo que trazer ele?

Alec sorriu angelicalmente. Parece que estraguei sua lua de mel com minha irmã no covil de Trivia, ele pensou em falar, mas decidiu ficar quieto. O vampiro parecia um ajo inocente por fora, mas por dentro estava rindo da cara de decepção de Thanatos.

Se ferrou, imbecil.

— Mas eu não posso deixar ele aqui para morrer — Vanessa falou — Que tipo de irmã eu seria se deixasse ele aqui, enquanto o Campo de Treinamento é atacado, tendo grandes chances de morrer?

— Você seria uma irmã sábia.

Depois disso Alec se preocupou com a hipótese de que o portal aberto levasse Vanessa para o covil de Trivia e levasse ele para um tanque com tubarões.

Tinha portais que davam para ver o outro lado, mas esse não. Não dava para ver nada através do portal, era apenas uma coisa bagunçada e cinzenta na forma de uma porta circular.

— Bom, então vamos — Thanatos sorriu e entrou no portal.

Por um longo momento Alec desejou que o portal desse um erro e levasse Thanatos para um tanque cheio de tubarões, mas então ficou com pena dos tubarões. Os pobres bichinhos certamente morreriam intoxicados, e a praga era um deus grego.

Alec estendeu uma mão na direção do portal.

— Primeiro as damas — Ele sorriu para Vanessa.

Vanessa lançou uma espécie de olhar assassino para ele. Era o tipo de olhar assassino que ela lançava á ele quando eram pequenos, quando Alec pegava os diários dela e jogava na lareira. Uma vez, quando tinham por volta dos dez anos, Vanessa ameaçou a joga-lo na lareira. Alec se perguntou se ela iria ameaçar joga-lo no portal.

— Vá você primeiro, dispenso o cavalheirismo — Agora ela soava um pouco assustada.

— Não, não. Você que vai.

A ruiva fez uma careta indignada.

— Por que eu?

— O namorado maníaco é de quem? — Alec levantou uma sobrancelha.

— Eu não sou um maníaco! — Uma voz suspeitosamente parecida veio de através do portal. Alec tinha certeza que não eram os tubarões que estavam espionando sua conversa.

— Cala a boca, e só por perguntar, sua mãe não ensinou que ouvir as conversas dos outros é falta de educação? — Alec perguntou gentilmente quando gritou para o outro lado do portal.

Ficou tudo quieto. Aparentemente isso a criatura não tinha ouvido.

Vanessa olhou para ele fazendo cara de anjinho.

— Por favor... — ela pediu.

— Não, vá você.

— Vá você, Alec, por favor.

— Não. Você é a mais velha.

— Mas você é o mais treinado.

— Mas você é...— o vampiro estava prestes a responder, mas foi interrompido.

— Santo eu! Vocês não podem andar logo, quando estiverem lá podem brigar á vontade.

Alec queria socar Thanatos, e se viesse de brinde jogar ele por uma janela, ele adoraria.

O garoto estava prestes a abrir a boca para responder, de repente Vanessa deu uma rasteira nele e ele caiu para trás, bem no portal. Mas ele antes de cair para trás, segurou o braço dela e a puxou junto.

Não é legal cair através de um portal.

O que? Aonde essa criatura aprendeu a dar rasteiras? Deuses, eu vou matar Christine.

Antes que chegasse ao chão, ele se endireitou e aterrissou suavemente. Ele já estava ficando satisfeito consigo mesmo, mas então uma coisa pesada caiu bem encima dele, e sua aterrissagem perfeita foi arruinada.

Ele abriu os olhos e percebeu que tinha cabelos vermelhos na cara dele. Demorou um momento para Alec lembrar que ele não era ruivo e também não passava shampoo de morango no cabelo. Provavelmente o portal deixou ele muito atordoado.

— Vanessa sai de cima de mim! — exclamou.

A ruiva resmungou alguma coisa e rolou para o lado.

Não basta ser jogado em um portal, tem que cair encima de você também, Alec pensou enquanto se levantava do chão e ajeitava a sua jaqueta de couro.

Ele olhou para Vanessa.

— Seria uma boa ideia você começar a fazer dieta.

Então uma gargalha ressonou pelo local. Só então Alec percebeu onde estava. Graças aos deuses, ele não estava em um porão sangrento como imaginava que seria o covil de Trivia. Era uma espécie de sala luxuosa, a decoração não era colorida e variava entre preto, branco, cinza e madeira negra polida.

Sentada em um enorme sofá branco, estava Trivia. E em uma poltrona, estava Thanatos, debruçado ali como a cadeira fosse um trono.

Alec nunca se acostumaria com a ideia de Trivia ser Layla. Era estranho. Se alguém lhe dissesse á anos atrás, que Layla, aquela garota sonsa seria uma psicopata e uma feiticeira poderosa, ele teria rido muito. Mas ali estava ela.

De qualquer maneira, aquela garota não se parecia com Layla. Onde Layla tinha cabelos castanhos claros, essa garota tinha cabelos quase brancos e os olhos dela eram dourados como os de Thanatos. Alec percebeu que Trivia parecia irmã de Thanatos, Christine não.

Só de ver Trivia o fez lembrar das pessoas que morreram durante o ataque. Aí ele quis jogar ela pela janela.

A janela era um longo vitral reto e liso que percorria grande parte da parede esquerda, e também dava para perceber perfeitamente a paisagem do local. Dunas de areia avermelhada percorria o exterior da casa e o sol queimava forte em um céu azul e perfeitamente livre de nuvens. Devia estar muito quente lá fora, mas o interior da casa tinha ar condicionado, provavelmente.

Ah, deuses. Ele conhecia esse local. Aquele deserto era o Saara.

Perspectiva de Rosie Collins

Tudo aquilo era culpa do Candy Crush, Rosie tinha certeza.

Ela estava em um cassino, um dos mais remunerados de Las Vegas. Era um cassino legal, tinha até uma replica da Torre Eiffel, e as pessoas deviam estar se divertindo naqueles jogos. Rosie tentou até jogar alguns jogos do lugar, mas ela não entendia e descobriu que não gostava de jogatina e poker.

Suas amigas estavam dançando e se embebedando. Rosie era um desastre dançando e era menor de idade. Então ela se sentou em uma cadeira perto de uma mesa onde o barulho de músicas estava mais fraco, pegou o seu celular e começou a jogar Candy Crush.

Era até engraçado. Ela, em um cassino repleto de jogos dos mais diversos, estava jogando Candy Crush no celular. Maldito vício.

— Pelo amor de Deus, Rosie — Era Ashley, uma de suas amigas loucas. Ela estava parada ao lado de Rosie e cheirava a bebica alcoólica — Ainda está jogando esse jogo patético?

Rosie fez uma careta.

— Estou na fase 941.

Ashley parecia espantada.

— Sério?

— Aham.

Provavelmente Ashley falaria algo sobre ela precisar se divertir com coisas além de jogos de celulares, mas nesse momento um garoto bonito passou perto e Ashley começou a falar com ele, minutos mais tarde ela estava se agarrando com o garoto atrás de uma coluna.

Rosie estava começando a pensar que era a única pessoa normal naquele cassino. Então decidiu parar de filosofar e ir para a fase seguinte.

Ela só ouviu o ruído de água se chocando e o frio. Demorou certa de dois segundos para Rosie perceber que uma garota alucinada tinha derrubar um copo cheio de vinho na cabeça dela. Rosie xingou a garota de todos os nomes obscenos que você possa imaginar, mas a garota nem se importou e saiu dançando pela pista de dança.

Rosie se deu conta que devia ter escolhido outro lugar para passar as férias. O ano inteiro ela tinha aguardado as férias, afinal, uma faculdade de medicina é cansativa, e suas amigas sugeriram Las Vegas. Agora que ela estava em Las Vegas, ela queria voltar para casa. Festas e cassinos não eram tipico dela.

Sua camiseta que um dia foi branca estava roxa. Ela precisava dar um jeito nisso.

A garota guardou o celular no bolso da calça e foi até o banheiro. Aquele banheiro era o banheiro do salão, portanto não tinha chuveiros. As paredes eram de azulejos brancos e um espelho grande percorria grande parte da parede, e em baixo do espelho tinha várias pias. Para falar a verdade, lembrava um banheiro de um shopping. Atrás, no fundo do banheiro tinha vários boxes, Rosie revistou todos e não encontrou um chuveiro. A única coisa colorida no banheiro era um vaso grande com uma miniatura de coqueiro. Para que um coqueiro em um banheiro? Donos de cassinos são loucos.

Ela tirou a camiseta e torceu ela. Tentou passar água na camisa para tirar o tom arroxeado, mas não saiu. E por fim, se lamentou não ter trazido uma camiseta extra, mas que tipo de pessoa traz uma camiseta extra quando vai passear?

Conformada, colocou a camiseta novamente e torceu seus cabelos, que também ficaram ensopados. Os seus cabelos ruivos ficaram arroxeados como se ela tivesse tingido eles.

Então a porta abriu e um garoto entrou lá.

Rosie estava prestes a dizer que aquele era o banheiro feminino e o masculino era do lado, mas não teve tempo. O garoto se moveu numa rapidez surpreendente e de repente ela estava encurralada em uma parede oposta ao espelho e a mão do garoto estava na sua garganta.

— Mas que droga é essa? — Rosie falou.

Que noite ótima era aquela, primeiro levou um banho de vinho e agora estava sendo enforcada por um louco.

O garoto tinha cabelos castanhos claros, pele suavemente clara, os olhos eram de um castanho avermelhado, e ele tinha um rosto inexplicavelmente bonito. Rosie o acharia bonito se ele não tivesse a enforcando.

Na verdade, isso era mais complexo do que se ele estivesse a enforcando. Ela não conseguia mexer nem as pernas nem os braços, e não era como se o ar estivesse se esvaindo dela, era como se a sua própria energia estivesse acabando. Rosie percebeu que o garoto tinha olheiras e era mortalmente pálido, mas também reparou que tinha uma espécie de luz suave ao redor dela, e aquela luz ia na direção dele. Quanto mais essa luz ia na direção dele, as olheiras sumiam e a cor voltava no rosto dele.

Rosie não sabia como, mas estava morrendo. Era como se todo seu sangue estivesse sendo sugado dela, só que era diferente.

— Largue a mortal, por favor, pode ser difícil lhe executar enquanto você está grudado á uma garota. Não leve no mal sentido — Uma voz feminina e sarcástica veio atrás deles.

O garoto a largou, para sua surpresa. Rosie estava inexplicavelmente sem forças e caiu sentada no chão. Ela se virou apenas para ver o que estava acontecendo atrás dela.

O garoto que tentou mata-la estava parado. Na frente dele tinha uma garota morena e um garoto de olhos verdes, e aquilo nos pés da garota era um gato?

Olhando maias detalhadamente ela pode perceber que a forma do garoto que tentou mata-la ondulava. Em um segundo ele era um garoto normal, em outro ele estava deformado e sangrento como se estivesse sido esmagado por um caminhão. Rosie sufocou um grito. Aquilo era como um filme de terror.

A garota morena sorriu e os olhos prateados dela se iluminaram do mesmo modo que os olhos de gatos se iluminam quando vêem ratinhos na frente deles. Rosie reparou que o rosto dela era familiar. Ah, espere, aquela não era Christine, uma garota que fazia faculdade de medicina junto com ela? Mas Christine tinha olhos castanhos.

— Você fica mais bonito quando não está na aparência esmagada, sinceramente.

O garoto soltou uma espécie de rosnado e partiu para cima dela. Algo prateado cortou o ar e o garoto que tinha atacado ela gritou. Christine estava parada, ilesa e sorrindo. O garoto de olhos verdes segurava uma corrente prateada, a mesma corrente que envolvia os pulsos do outro. Ele não sorria, pelo contrario, parecia sério. Fios negros caiam sobre seus olhos contrastando contra sua pele morena clara. Rosie reparou que ele era realmente bonito.

O garoto psicopata sorriu.

— Vocês idiotas. Com apenas um aceno de mão eu posso mata-los.

A gata que estava aos pés da garota se aproximou e os olhinhos azuis do animal brilhavam.

— Por isso você está com suas mãos acorrentadas — Espere, a gata tinha falado? Rosie concluiu que devia estar enlouquecendo.

O garoto acorrentado parou de sorrir como se estivesse percebido algo e praguejou em uma lingua desconhecida. Ele forçou as correntes, mas o metal não sedia e estava grudado á sua mão como uma imã gruda ao metal.

— Aeghon, você sinceramente pensou que iriamos caça-lo e não iriamos estudar suas fraquezas antes? — A garota morena sorria — Achou que apenas iriamos ir atrás de você com adagas, sendo que você poderia nos controlar e se suicidar. Certamente Trivia deveria ter avisado a você que não sou idiota. Uma pena, não é?

Aeghon, o garoto que estava acorrentado, ficou parado por um segundo e depois, rápido demais para os olhos de Rosie acompanhar, ele pulou sobre o garoto de olhos verdes, o derrubando no chão e tentando estrangula-lo com . Christine chutou a costela de Aeghon, e ele rolou no chão com um solavanco.

Antes que Aeghon pudesse se levantar, o garoto fechou o punho direito como se segurasse algo, e uma espécie de adaga dourado surgiu nas mãos dele. A faca dourada tinha uma lâmina afiada e o punho tinha o formato de um falcão intrincado em rubis.

Então, se deslizando para o lado ele enfincou a faca no peito de Aeghon.

E foi nesse momento que a visão de Rosie começou a escurecer.


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