Agilidade escrita por Diane


Capítulo 19
Capitulo 19 - Canções e heras




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Perspectiva de Christine.

Eu queria bater em Damien até deixar ele roxo e fazer ele parar de deixar de ser idiota, embora acho que isso seja quase impossível.

Mas primeiro acho que devo explicar o porquê de eu querer espanca-lo.

Bom, lá estávamos nós, eu, ele e Idia, em um banheiro de um cassino depois de assassinar um dos Generais. Sério, estava tudo bem, o general estava mortinho — Toma, Trivia! — Idia estava satisfeita ronronando e eu já estava fazendo o calculo de quanto tempo demoraria para acharmos outro general.

Era simples, era só dar um fim no corpo, afinal ninguém quer ir para a cadeia mortal, embora eu duvide muito que a policia mortal conseguisse nos achar, e depois disso, iriamos para o hotel e eu poderia dormir a noite inteira. Mas não, seria bom demais para ser verdade.

Ouvi um barulho como se algo tivesse caído no chão. Aquilo teve um efeito instantâneo. Idia começou a se transformar em onça, eu peguei uma adaga do cinto e Damien ergueu a faca.

Felizmente, não era nenhum servo de Trivia ou algum monstro. Na verdade, era apenas uma garota. Ela estava caída no chão, os cabelos ruivos se espalhando no chão.

— Ótimo — Idia resmungou — Agora temos que incinerar dois corpos.

— Ela não parece morta — falei.

Então corremos até ela. Viram? Eu sou boazinha. Verifiquei a pulsação dela, e estava muito lenta como se o coração estivesse parando de bater. A garota não tinha nenhum arranhão ou hematoma, mas se olhasse pelo canto dos olhos, dava para ver uma luz clara diminuindo ao redor dela.

— Vocês viram isso? — perguntei para Idia e Damien que estava ao meu lado.

— A energia vital dela foi quase totalmente sugada — Idia falou, encostando uma pata nela.

— Ela vai morrer? — Damien perguntou.

Idia olhou para cara dele.

— Você acha que sou vidente, criatura?

Então Damien resolveu ter uma excelente ideia salvadora. Aprendam, Damien sempre tem péssimas ideias.

— Nós temos que falar com Ilithya, ela deve saber.

Me perguntei quantos neurônios ele tinha. Questão difícil de responder.

— Ilithya está em outra dimensão.

— Mas, sério, temos que fazer alguma coisa, não podemos deixar alguém morrer. Espere eu tenho uma ideia.

Eu deveria tero nocauteado assim que ele falou isso, mas não, a minha mãe me ensinou que não é simpático nocautear pessoas, a menos que elas ataquem você.

— Nós podemos trazer ela para o hotel e depois ligar para Raphael para ver se ele encontra algum registro na biblioteca — Damien sugeriu.

— Sem chances — falei.

— Por que não?

— Me responda, gênio, como vamos trazer uma garota inconsciente para dentro de um hotel?

[...]

É claro que não concordei com a ideia. Mas Idia e Damien ficaram me enchendo com coisas tipo"Como você tem coragem de deixar alguém morrer na sua frente e não fazer nada?", "Você é tão fria", "A garota não está bem, Christine, você não consegue ver isso?","Você vai sentir remorso pela sua vida inteira". Eles realmente são bons em fazer chantagem emocional.

Por mim, seria mais vantajoso tanto para nós quanto para a garota apenas deixa-la em um hospital. Eles gostam de complicar as coisas, não entendo.

Chegou uma hora que concordei com a ideia patética deles, caso contrário eles reclamariam na minha orelha pela eternidade. E acredite, eles seriam capazes de lembrar desse fato até eu ter 2500 anos, supondo que eu consiga sobreviver até lá.

Pensei pelo menos que Damien abriria um portal para nos levar até o hotel. Ele disse que estava cansado demais, por que já tinha aberto um portal para entrar no cassino, e os poderes de Idia geralmente só envolver dilaceram seres em pedacinhos. E eu, bom, eu sou um fracasso quando envolve magia. Lindo, não acham? Sete deuses são meus patronos, minha mãe é uma deusa primordial e eu nem consigo abrir uma porcaria de portal. Vergonhoso, é nesses momentos que tenho vontade de virar um avestruz e viver com a cabeça enfiada na terra pela eternidade.

Damien carregou a garota para fora do cassino — Poupe-me, a ideia foi dele, ele que carregue — e ninguém reparou. Acho que aquelas pessoas estavam com uma dose muito alta de álcool e mais coisas que nem quero saber no organismo. Os seguranças do cassino estavam se embebedando de whisky e nem nos viram passar.

Já o taxista, bom, ele estava bem sóbrio, graças aos deuses por que não sinto nem um pouco inclinada a querer percorrer algumas ruas movimentadas de Vegas com um bêbado dirigindo. Era um careca bigodudo que franziu a testa quando nos viu e reclamou que ele não poderia carregar uma garota desmaiada e uma gata no taxi. Então Idia fez garras de onça crescerem nas suas patinhas ainda de gata e se inclinou na direção dele:

— Eu não sou uma gata, e seria uma boa ideia você dirigir o mais rápido que puder.

Ele realmente dirigiu rápido e quando nos deixou no hotel, nem cobrou, saiu o mais rápido que pode. Prevejo que ele terá que passar no psicologo futuramente.

Entramos no hotel normalmente, os seguranças acho que nem perceberam que entramos, eles estavam muito ocupados no celular. Talvez em Las Vegas todos os seguranças sejam incompetentes.

Mas as recepcionistas não são incompetentes.

A mulherzinha estava lá, no balcão perto do elevador. Ela lembrava muito a minha antiga diretora da escola mortal, talvez sejam parentes, ela era tão magra que chegava a ser esquelética e era coberta de rugas da cabeça aos pés, que estavam visíveis em um salto alto abaixo do balcão transparente. Nunca vi alguém ter rugas nos pés, mas tudo bem. A criaturinha estava passando um batom vermelho — como se isso pudesse a deixar mais bonita —, e nos viu.

Aí eu pensei: Ferrou.

Então ela abriu a boca enrugada e gritou:

— Seguranças!

Perspectiva de Mary.

Mary queria se matar por ser tão idiota, mas Akhn, a general de Trivia em pessoa, já estava ocupada fazendo isso.

Sim, foi uma idiotice enorme correr na direção dela e a abraçar, mas a aparência dela era a de Lauren, e Mary não resistiu ao impulso de correr até sua amiga que tinha voltado dos mortos. Uma pequena parte dela achava que Damien e Christine tinham conseguido matar Akhn e Lauren voltara, mas aparentemente Lauren não a arremessaria em contra a parede da estufa.

Mary nem teve tempo de abrir a boca, em cerca de um segundo ela sentiu o impacto e sua visão escureceu parcialmente. Ela não estava desmaiada, apenas atordoada, mas aparentemente seria melhor desmaiar, por que Akhn vinha na sua direção.

Era como ver Lauren: O mesmo cabelo castanho claro, quase loiro, só que agora sem mechas coloridas, os olhos ainda eram verdes e tinha as mesmas feições de sempre. Só que em vez da habitual roupa desleixada e casual, ela usava um vestido preto, com um cinto verde que tinha armas de pequeno porte presa.

— Lauren...por favor — Mary disse, ela ainda acreditava que uma pequena parte de Lauren estava viva ali.

Infelizmente, não estava.

— Garota tola — A voz não era a de Lauren, era mais rouca e antiga.

Em seguida, Akhn começou a cantar. Era algum idioma desconhecido, que Mary nunca tinha visto, mas dava para entender o sentido, as palavras estranhas falavam de morte, veneno, dor. Aquilo era algum tipo de magia desconhecida, mas não era fraca.

Mary sempre foi capaz de repelir ataques de outras ninfas durante os treinos do Campo de Treinamento, dessa vez não conseguiu. Mary conjurou um pequeno escudo ao seu redor, formado pelas plantas ao seu redor, a energia daquelas plantas deveria ser o suficiente para repelir qualquer magia.

Não deu certo, é evidente.

As plantas ao seu redor desabaram no chão, deixando a inteiramente exposta. Akhn riu e entoou mais algumas palavras e as heras aos seu redor começaram a se entrelaçar nas pernas de Mary, não como um escudo, mas sim a enforcando.

As folhagens se entrelaçavam nas suas pernas com força e subiam pela sua cintura. Mary tentou se debater e levantar, mas quanto mais se mexia, mais forte as plantas apertavam e mais rápido subiam. Em pouco tempo as heras estavam na altura do seu pescoço e ela não conseguia mais se mover. Enquanto isso, Akhn cantava mais e mais, incentivando as heras a subirem.

Então, quando estava quase se sufocando, Mary se perguntou sobre Sam. Ele não estava ao redor, provavelmente tinha fugido correndo quando viu Akhn. Ele tinha sido esperto, seria bom saber que ele iria sobreviver pelo menos, embora ela tivesse magoada por ele ter a deixado para trás.

Ela não conseguia respirar, estava sendo enforcada. Mary nunca pensou que iria morrer enforcada, sempre pensou que iria viver quase para sempre, como é normal para a maioria dos que descendem de deuses. Mas veja, pelo lado bom, ela provavelmente não iria para os Campos de Punição. Nunca tinha ferido ou matado alguém que não fosse um monstro.

Mary já estava se conformando, quando viu Sam. Ele estava atrás de Akhn, que estava muito distraída a torturando para perceber a presença de alguém. Sam estava segurando um pedaço de uma coluna de pedra quebrado, que ele provavelmente achou no jardim. O pedaço de coluna de mármore era tão pesado que ele mal conseguia levantar. Ela sentiu vontade de gritar para ele sair correndo de lá, mas as heras na sua garganta impediam.

Mary sabia o que ele tentaria fazer, mas era mais provável que ele derrubasse aquela pedra nos próprios pés e virasse piada de Akhn e depois seria morto.

Então, com o rosto vermelho pelo esforço, ele levantou a coluna e bateu com força na cabeça de Akhn. Só depois ele deixou a coluna cair nos próprios pés.

Perspectiva de Vanessa

Vanessa chegou a conclusão que se Trivia estava escondendo um exército naquela casa no Saara, então devia estar escondendo muito bem. Parecia uma casa luxuosa e normal, claro, exceto pelo fato que a casa ficava em um deserto.

Então lá estava ela, quase tendo um ataque nervoso. Existiam dois motivos para ela estar irritada: Alec e suas roupas.

As roupas eram um caso sério. Ela não tinha imaginado que iria ser frio durante a noite no Saarra, e para falar a verdade, Vanessa nem sabia que iria parar no meio de um deserto. Ela nem tinha trazido roupas de frio suficiente, o que era bem irritante. E ela estava começando a ficar desesperada a ponto de pedir emprestado algumas roupas de Trivia.

Já Alec, como todo irmão mais novo, tem um dom nato para irritar os irmãos mais velhos. Ele estava deitado na sua nova cama e encarando um frasco vermelho com as sobrancelhas franzidas, as vezes ele jogava o frasco para lá e para cá, sem deixar ele cair.

Vanessa já estava com vontade de tomar o frasco das mãos dele e jogar pela janela. O barulho que o vidrinho do frasco fazia quando era arremessado era irritante.

— Que porcaria é essa? — Vanessa perguntou suavemente. Talvez não tão suavemente.

Ele continuou imóvel exceto pelo movimento das mãos que jogavam o frasco para os lados. A ruiva reparou que dentro do frasco tinha um liquido claro e incolor, como água, mas provavelmente não era água.

— Não é da sua conta, minha adorada irmãzinha — Ele respondeu angelicalmente enquanto olhava focado para aquele vidrinho.

Então ela perdeu a paciência. Vanessa sempre perdia a paciência facilmente. Ela ameaçou tirar o frasco das mãos dele, mas Alec recuou.

— Não encoste nisso! — Ele parecia incrivelmente irritado, como se aquele frasquinho fosse uma bomba nuclear.

Vanessa lançou uma especie de olhar assassino para o irmão, um olhar que ele ignorou com perícia. Aliás, ele a ignorou por cerca de cinco minutos.

Vanessa detestava ser ignorada. Saiu do quarto batendo a porta, incrivelmente indignada com mania irritante do seu irmão. Depois de sair do quarto, ela fez uma nota mental de que caso sobrevivessem, ela iria levar Alec para um psiquiatra.

Assim que a porta se fechou, ela deu de cara com Ian —espere, Thanatos — no corredor. Ela nunca se acostumaria com o fato dele ser um deus, apesar dos olhos ( e o corpo) dele serem divinos.

— Está irritada com seu irmãozinho? — Ele perguntou levantando uma sobrancelha.

— Nããão, eu estou irritada com a Rainha Elizabeth.

Thanatos sorriu como se achasse divertido o fato dela estar sendo sarcástica. Ele se aproximou dela em passos leves, e quando Vanessa se deu conta, ele estava perto demais para ser considerado aceitável. Se ela se movesse cinco centímetros para frente, ela se chocaria contra ele.

Ele se inclinou na direção do ouvido dela.

— A Rainha Elizabeth veio nos visitar? — Ele sussurrou perto demais do pescoço dela.

Um arrepio subiu pela espinha de Vanessa.

Então ela sentiu raiva. Ele, um assassino que provavelmente tinha matado o pai dela, estava ali, tentando seduzi-la e leva-la para cama. Aquilo era indignante.

Ela empurrou ele com toda a sua força. Vanessa nunca foi uma pessoa com muita força física apesar de ser vampira e também nunca treinou. Mas o empurrão foi o suficiente para afasta-lo. Quem quer que disse que a raiva torna as pessoas mais fortes, estava certo.

Thanatos estava parado como se estivesse congelado e encava ela, claramente confuso. Vanessa apostava que em todos os seus milhares de anos de vida, ele nunca tinha sido empurrado por uma garota.

Antes que ele abrisse a boca para falar algo, ela gritou:

— Eu detesto você! — Ah, sim, ela detestava, realmente detestava. Detestava saber que ele era um assassino a sangue frio e mesmo assim uma parte louca e irracional dela gostava muito dele.

A expressão dele mudou de choque para divertimento.

— Ah é? Então porque você disse, naquele templo, que me amava e queria vir aqui para ficar comigo?

Vanessa engoliu o bolo de insultos que se formou na sua garganta.

— Eu menti — Ela sorriu quando disse isso.

Ele não parecia chocado.

— É perceptível.

— Só falei aquilo porque...— Agora ela tinha que arranjar uma desculpa bem conveniente — Sabia que Trivia iria ganhar a guerra e não queria ficar no campo de treinamento para ser morta.

É, aquilo soou bem. Vanessa fez um agradecimento mental ao tutorial que ensinava a mentir bem. Ela olhou nos olhos dele enquanto falava, mas sem parecer que estava olhando fixamente, e nem remexeu as mãos, apenas falou com a maior naturalidade.

Ele sorriu.

— Não, não foi por isso que você veio aqui. Você veio aqui para espionar.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, desculpa a demora para postar. Eu estava viajando para a minha casa em Itanhaém e quando estávamos no Rodoanel, a Keithy, a poodle da minha mãe e a Thaty, minha cachorrinha que tem dezesseis anos, começaram a brigar. A poodle voou nela e eu tentei separar, aí levei uma bela mordida na mão direita. Não deu para escrever esses dias todos. Levei até pontos.