O Cristal e o Diamante escrita por AlessaVerona


Capítulo 8
A escala das fadas




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– O que houve? – Saphyre perguntou, preocupada.

– Você tem uma quantidade de cristal um pouco acima de todos nós. Tá, deixe eu te explicar melhor: Tem uma partícula, assim como as de ferro, chamada de CE, ou Cristal Eldaryano. E o índice é calculado com a quantidade em gramas dividido pelo volume de sangue coletado. Aqui nesta amostra pode-se ter entre 0,5 a 1,0 g gramas por ml. O normal é 0,3 por ml. – Explicou Ezarel, assustando Saphyre.

– E isso é algum problema? – Perguntou, aflita.

– Não... Não é exatamente um problema. E sim pode denominar o valor da escala das fadas, ou de Kitsunes e outras espécies de Eldaryanos. Esta escala é de 0 a 10. zero absoluto são de humanos, e a partir de zero já podemos considerar Eldaryano. A sua escala passa dos cinco, quando o classificamos como Eldaryano Beta. Nunca tivemos uma escala tão alta dessa, tirando a Oracle. – Explicou Ezarel, deixando Saphyre ainda mais questionadora.

– Quem é a Oracle? – Questionou a loura, aproveitando a paciência que Ezarel tinha.

– Ela é a personificação do Grande Cristal, que raramente aparece. Ela foi mais evidente para um longo período de tempo. – Respondeu Ezarel.

– Ela sacrificou sua vida pra salvar Eldarya, então? – Fez outra pergunta. Ezarel assentiu, um pouco triste.

– Sim. Há muito tempo Eldarya entrou em grande conflito. Há exatos 20 anos atrás. Foi nesse conflito que a Oracle tomou o poder de Eldarya. Ela foi descoberta assim como você. Todos a menosprezavam por ser humana. Ela ganhou muito respeito e notoriedade, e foi encarregada de comandar toda a equipe para a manutenção do Grande Cristal. A guerra foi um fracasso. As criaturas de um universo paralelo estavam correndo atrás do nosso Cristal, mas não temos certeza de qual utilidade ela serviu para eles, e muitos Eldaryanos ficaram a beira da morte. Uma pequena parte ficou a beira da loucura, e não tivemos reforços o suficiente para ampará-los. Oracle, se sentindo muito culpada, pediu desculpa ao nosso povo, e decidiu então partir... Mas de outra maneira. Ela tinha alto nível de CE no sangue, e a cada vez mais era multiplicado. Então aquele crescimento a fez ficar muito diferente e cada vez mais poderosa que chegava a ter luz própria. E quando ela se aproximava no Cristal se transformavam em um só... Ela se juntou finalmente, deixando o estado de Eldarya muito melhor... Muito melhor que antes. Mas o crescimento da nossa população é maior que naqueles tempos, e voltamos a ser atacados, e talvez sejam os mesmos que estão fazendo isso, com ajuda de um pequeno exercito que vive isolado em nossa terra. E a cada vez mais o número de integrantes aumenta, para a nossa preocupação. Não temos tanto poder para expulsá-los, as nossas batalhas são muito travadas. Agora Oracle é uma deusa imortal. E assim vai permanecer. O nível dela quando ela chegou aqui era apenas dois, e crescia gradativamente, até chegar a 9,9. Quando ela aproximou no Grande Cristal, chegou a 10. E segundo pesquisas, quando se chega a 10...

– Conta Ezarel, deixando Saphyre chocada.

– Quando chega a 10... O Grande Cristal a atrai para o seu núcleo? – Questionou Saphyre, passando a proceder à história contada.

– Sim. Ambos se atraem, como se a Oracle fosse uma parte dele. Ela estava ciente do que poderia acontecer, e por mais que outros tenham desaprovado a decisão, ela tomou a coragem de se aproximar nele. E assim ela partiu. – Ezarel finalizou. De repente Saphyre emocionava com a história, com seus olhos cheios de lágrimas. Ele ficou cabisbaixo, toda vez que ele lembra desta história, também fica um pouco mexido. – Eu estava prestes a perder meus pais, e eu havia nascido em um daqueles dias... Se não fosse a Oracle, eu nem teria nascido. Minha mãe estava enfraquecendo quando estava perto do fim da gestação. – Explicou Ezarel, sentando-se em uma cadeira, depois de largar a amostra.

– Ela não pode voltar? É Irreversível? – Sentou-se na frente dele, e inclinou seu tronco perto dele. Ezarel olhou para o fundo dos olhos de Saphyre, preparado para dar a resposta.

– Sim, mas as chances são... Baixas. Temos que coletar todos os Cristais. Ainda não há comprovações de que isso é possível, mas... Por enquanto muitos dizem não, mas eu particularmente eu creio em chances sim... – Respondeu. Saphyre passou a ficar pensativa. Ezarel levantou-se para dar o laudo do exame.

– Qual é o meu nível? – Saphyre virou-se pra ele.

– Você está na escala sete. Com mais três, se você aproximar-se por um metro do Cristal, ele te consome. Acho que... Não passa mais que isso. Quantos anos você tem? – Perguntou Ezarel, ao voltar a analisar o tubo.

– 20. – Respondeu a jovem.

– Mesma idade que eu... Nessa fase o nível é controlado. Não se preocupe, você não vai surtar como a Oracle surtou. É muito raro desenvolver CE, ainda mais na nossa idade. Mas quando eu descobrir uma maneira, eu farei o possível pra que você fique lá! – Ironizou Ezarel, para ser respondido com um olhar seco de Saphyre.

– às vezes eu acho que você passa dos limites... Quer dizer... Quase sempre! – Encarou-o, falando muito sério.

– Calma,calma... Não fique tão brava assim. Eu não sou tão mal ao ponto de torcer para que alguém more no núcleo de um cristal. Mas é só isso, ok? E a espécie de fada não foi encontrada. Mas ainda fico surpreso por você ter um diferencial, mas eu não sei como descobrir o que é...Mas não é nada de se preocupar. – Disse ele, pensativo com a outra amostra. Nevra, Miiko e Leiftan chegavam até sala, querendo saber dos resultados.

– Acabou o teste? – Perguntou Miiko que havia entrado primeiro.

– Sim. Ela tem o nível sete. – Respondeu Ezarel, para a surpresa dos três. Eles entreolharam-se.

– Nem Oracle tinha esse nível quando chegou aqui. – Disse Miiiko, com olhos arregalados.

– Mas a previsão é que ela não chegue ao extremo do extremo, como aconteceu com Oracle. – Respondeu Ezarel.

– Saphyre, você pode ir com Nevra, vocês tem que procurar a sua equipe. Mais tarde conversamos. – Disse Miiko dispensando os dois. Leiftan respirava fundo um pouco impaciente. Gostaria que ela ficasse em sua guarda. Ambos trocaram olhares antes de sair.

– Tenho que te apresentar o seu uniforme! Você vai gostar, eu espero – Disse Nevra para Saphyre, entusiasmado. Kero aparecia antes de saírem, para reunir-se com a sua guarda e Ezarel.

– E tudo bem? Como foi o teste? - Perguntou para Saphyre.

– Eu acho que está tudo bem. Ezarel conseguiu me acalmar um pouco, por incrível que pareça. – Saphyre respondeu, provocando um sorriso de Kero, um pouco tranquilo.

– Ah, que bom! Tenha um bom dia. E cuidado, hein? Não vá colocá-la em confusão. – Disse Kero, fazendo papel de responsável.

– Claro! Ela está muito bem sob minhas mãos. – Respondeu Nevra, saindo com Saphyre de mãos dadas. Saphyre acenou gentilmente, e se foi.

– Então o teste deu tudo certo? – Kero fechou a porta.

– Ela é mais Eldaryana que eu pensei, e tem mais gene de fada do que todos juntos! – Ezarel respondeu, mostrando as amostras de sangue.

– Sim. Saphyre tem o nível sete, e provável que seja a mais poderosa daqui. – Explicou Miiko, reconhecendo a superioridade.

– Olha a quantidade de CE que está nesse tubo. Tá vendo a parte rosa que está no topo? Agora eu não consegui até agora decifrar outra coisa... O tipo de fada que ela é. Ela tem alguns itens que se assemelha a... Oracle. – Disse Ezarel, um pouco surpreso também pelo que ele mesmo concluiu. Miiko ficava pensativa, e pedia para que visse mais de perto as amostras.

– Então ela tem facilidade em atrair cristais para si. Como a Oracle. – Disse Miiko.

– Sim. Talvez essa seja a habilidade de Saphyre, talvez? – Disse Kero, pensativo.

– Eu não contei nada ainda pra Saphyre, mas eu suspeito que ela seja um parente muito próximo da Oracle. Talvez a filha da Oracle. – Ezarel disse sério, olhando para cada um que estava ali, que reagiram surpresos.

– Quais são as evidências? – Questionou Leiftan, muito mais surpreso daquele grupo.

– Oracle apareceu há 20 anos... Saphyre tem 20 anos, e a sua mãe a abandonou assim que ela nasceu, e nunca mais foi vista... O rosto da Saphyre é um pouco semelhante ao de Oracle... Eu não sei como explicar mais, mas eu senti algo muito forte ao ter ligado essas coincidências, sabe? – Miiko e Kero ficaram inquietos. O silêncio tomava conta daquela sala, até Valkyon e Taiga chegarem lá, brigando rotineiramente.

– Você é muito grosso mesmo! – Gritou Taiga, dando murros no braço de Valkyon.

– Você que se faz de menina mimada! – Respondeu Valkyon, em um tom muito ignorante. Todos olharam pra eles, desaprovando a briga.

– Um dia vocês se matam. – Disse Ezarel.

– Eu que vou matar ela de... – Cerrou os punhos, mas decidiu não falar o resto. Taiga cruzava os braços, e ignorava o grandalhão, indo mais a frente.

– E qual é o papo aqui? Examinaram a esquisitinha? – Respondeu Taiga, aparentando estar mais calma.

– Sim. O Resultado deu positivo mesmo. Confirmamos que ela é fada. – Respondeu Ezarel. Todos eles tiveram uma breve conversa, expressando leve preocupação. Porém eles tinham uma chave nas mãos, uma recruta que pode ter facilidade de achar cristais.

– Temos um bom aliado nas mãos. Acho que devemos tomar coragem e enfrentar o exercito. – Disse Ezarel para Miiko.

– Eu concordo com o Azulado. Acho que temos potencial para enfrentar. Por mim eu cortava um a um com meu machado! – Disse Valkyon, agressivo.

– Precisamos de cautela. Não colocaremos Saphyre em perigo. – Contrariou Leiftan.

– Leiftan tem razão. Eles ainda são fortes. – Miiko se doía ao dizer. Valkyon deu um soco na parede.

– Quer dizer que somos inferiores? Acham que não podemos arriscar, é isso? Não vou afrouxar não, se bobear eu vou ser o principal estopim da briga! – Valkyon estava muito irritado, deixando todos naquela sala um pouco tensos.

– Eu concordo com o Valkyon. – Disse Taiga, pela primeira vez no dia ele concorda com algo que ele dizia. Ele fitou-a com braços cruzados, enquanto ela sentia aquele olhar, mas ignorava.

– Não. Melhor não. Podemos ser mais atacados ainda. Tem mães de família, crianças... Não temos que dar o braço a torcer sem garantia. – Disse Miiko, fazendo os dois ficarem cabisbaixos, parecendo concordar.

[...]

Saphyre saía do quarto, vestida com seu uniforme, surpreendendo Nevra por tanta beleza exibida. Era um bustiê de couro que valorizava seus seios, e um short muito curto do mesmo material. Calçava botas de salto alto até a altura acima do joelho, e uma capa longa com capuz da cor preta. Era tudo preto, a cor padrão dos integrantes da guarda, exceto o líder.

– Você está linda. – Disse Nevra, encantado.

– Eu achei muito... Curto... – Respondeu Saphyre, olhando para a roupa que vestia.

– Está ótimo. – Retrucou, pegando na mão de Saphyre. – Vamos agora? –

– Sim, vamos. – Respondeu, entusiasmada com seu primeiro dia de trabalho com sua guarda.

– Vou apresentar os integrantes. A nossa equipe tem poucos. Outros foram remanejados para a guarda Obsidiana, para reforçar. Hoje estamos em cinco integrantes, contando eu e você. – Disse ele.

– Então é uma equipe muito bem reservada? – Questionou ela.

– Sim. A guarda Absinto tem muitos integrantes também, para eles fazerem grandes grupos de pesquisas. Agora a nossa guarda está responsável pelo enorme lema de Eldarya, que faz 20 anos. Recuperar os cristais. – Ele explicou, e Saphyre entendia muito bem pela história que ouviu de Ezarel.

– Eu entendo. – Respondeu enquanto chegavam a uma sala escura, ao lado da masmorra onde a Saphyre foi jogada a mando de Miiko. Ao notar a chegada, um deles acendeu uma tocha, para clarear o ambiente.

– Apresento os membros: Kayron, Naoki e Zark. Rapazes, esta é a Saphyre, nova integrante. – Apresentava Nevra.Todos usavam um tapa olho como Nevra. Eles vestiam roupas pretas justas que exibiam seus músculos, e uma grande capa por cima. Eles tinham apetrechos em seus cintos.

– Prazer, Saphyre. – Disse Kayron, dando aperto de mão em Saphyre. Ele tinha olhos cor de âmbar, pele branca e cabelos loiros e curtos.

– Prazer, Kayron. - Saphyre sorriu simpática.

– Prazer, sou o Naoki, e o Zark é meu irmão gêmeo – Saphyre notou a semelhança dos dois. Cabelos ruivos e olhos verdes, e pele branca e sardenta.

– Prazer, meninos. – Acenou, sorrindo.

– Agora que todo mundo se apresentou a nova integrante, me digam como estão o trabalho. Saphyre, eles são responsáveis em coletar informações e me dizer quais são os melhores pontos para infiltrações, e fazer as operações de espionagem e furto, que no caso nem furto é... Estamos pegando de volta o que é nosso. – Explicou, mostrando o trabalho que eles fazem. Faziam esboços de estratégias, marcavam mapas e analisavam objetos que recolhiam.

– É um bom trabalho. – Disse Saphyre, elogiando ao olhar o esforço dos rapazes.

– E vai ser melhor ainda com a sua chegada. – Disse Nevra, encostando seu ombro em uma das paredes de pedra daquela sala.

– Um belo reforço, diga-se de passagem. – Disse Kayron, ao se aproximar da jovem. Ela sentia cada vez mais a presença, mas Nevra interviu.

– Um belo reforço para dar mais competência para nossa equipe. Saphyre tem potencial e pode ajudar e muito para encontrarmos mais cristais. – Disse ele, colocando o braço em cima dos ombros de Saphyre, que se sentiu mais protegida.

Por algum momento ela sentiu uma fraqueza, e seu consciente manifestava com uma imagem que confundia seus pensamentos. Era a indicação de onde havia um cristal escondido, entre as matas próximas a floresta. Ela respirou ofegante ao ter caído em si, sendo segurada por Nevra.

– Aconteceu alguma coisa? – Preocupou-se, deixando os outros rapazes também preocupados.

– Eu tive uma visão, sei lá... Eu vi um grande pedaço de Cristal entre as matas. Parece que eu já vi esse lugar antes. – Disse Saphyre muito rápido, enquanto firmava-se no chão. Eles entreolharam-se, incrédulos.

– Como? – Questionou Zark, um pouco cético.

– Vamos até lá, então. – Disse Nevra para Saphyre. – E vocês... Continuem com o trabalho. Nós nos vemos a noite, talvez antes... – Finalizou, para os rapazes. Nevra saía para as buscas, confiando muito em Saphyre.

[...]

– Entendo a Miiko, mas deveríamos de vez arrombar aquele lugar todo. Eu tenho muita vontade. – Disse Taiga para Valkyon.

– Eu marretava tudo de uma vez só. Ou eles diziam pra quê eles fazem isso e onde estão os fragmentos do cristal, ou cortava a cabeça deles. – Cerrou os punhos, voltando a ficar nervoso.

– Mas desde que eu ajude a fazer isso também. – Disse Taiga, mostrando a sua marreta afiada. Valkyon olhou-a com silêncio absoluto, um pouco pensativo sobre a atitude que havia tomado ontem. Ele hesitava em falar algo, e sua cabeça travava para criar um novo assunto. Taiga ficava cabisbaixa, parecendo entender o que ele estava pensando. Ainda se sente envergonhada por ele ter tido a ousadia. Mas quanto mais se desentendiam, mais eles... Se amavam. No fundo suas discordâncias geravam respeito, mas não sabiam admitir isso. O ego de ambos eram totalmente equivalentes. Aquela guerra acabaria até um ceder.

– Silenciou-se? – Disse ela, esperando que ele dissesse algo. – Está pensando em alguma coisa? – Continuou o questionamento.

– Estou pensando no treino de hoje. Vamos agora? 4 horas sem parar? Precisamos nos fortalecer, pois muito em breve eu acabarei com aquele exército. – Respondeu, camuflando seus pensamentos... Ainda sim ele tinha o desejo de ganhar a próxima batalha que poderia vir. Taiga sorriu e concordou com seu velho amigo.

– Vamos! Vou te dar um troco pela sua ousadia de ontem! – Disse ela, determinada.

– Quero ver se vai conseguir! – Encarou-a, mas um pouco brincalhão.

– Não é por eu ser baixinha e um pouco mais fraca que você que vou me render as suas atitudes impensáveis! – Retrucou, enquanto eles desciam para a masmorra, onde costumam treinar.

– Mas no fundo eu acho que você gosta, não é? – Valkyon provocava, após descer o último degrau e ir para o centro daquele lugar sombrio. Ele ascendera as tochas para iluminar, e pegou sua espada e escudo, para seu treinamento. Taiga silenciava enquanto isso, indo lentamente para a batalha.

– Acho que você é doente. – Tirou sua espada e apontou pra ele, desafiando.

– E eu acho que você não acha que eu sou doente. No fundo você dá a razão a mim. – Piscou o olho, retrucando.

– Qual é! Você se acha demais! – Taiga cerrou os punhos, passando a ficar nervosa.

– Acho que você precisa de uma liçãozinha básica para deixar de ser folgada. – Atacou-a de surpresa com a espada e desarmou-a, deixando a no chão. Ela relutava em levantar-se, mas Valkyon impedia ao pegá-la pelos braços, após também largar sua espada e seu escudo. Taiga ficava um pouco tensa, ao mesmo tempo ansiosa para que ele consumisse seus lábios. Valkyon ainda imobilizava-a naquele chão que esquentava ainda mais com aquele momento. Seus lábios se aproximavam e seus olhares se incendiavam.

– Seu covarde! – Vociferou Taiga com muita coragem.

– Você gosta da minha opressão... Dá pra ver pela sua respiração ofegante... Diz que gosta... - Provocou, com sorriso maroto.

– Eu tenho nojo! – Grunhia, depois gemeu por tanta força que fazia para se soltar dos braços dele, mas em vão... Valkyon ria pela tentativa frustrante dela.

– Sério mesmo que tem nojo? Eu acho que não. – Retrucou com sarcasmo.

– Você é louco, obsessivo! – Exclamou, ofegante de cansaço.

– Quer apostar quanto que você joga toda essa raiva de mim da boca pra fora? – Valkyon dava leves mordidas na orelha dela, a fazendo arrepiar.

– Vá...- Gemia, gostando daquelas investidas. Ele então parou para encarar o olhar dela.

– Eu não falei? – Sussurrou, com sorriso vitorioso.

– Cala a boca! – Respondeu, com seus lábios bem próximos aos dele.

– Não... Eu que vou calar a sua! – Beijou-a bruscamente, enquanto ela mordia aquela língua inquieta. Valkyon a dominava, pegando-a pela nuca com uma mão, enquanto a outra apertava a coxa esquerda da pequena, deixando seu rastro de marcas vermelhas, arrancando gemidos.

Aquele beijo era fusão de amor com ódio... O ódio de reconhecer o amor que nutriam um pelo outro. O beijo intercalava com fortes suspiros e mordidas selvagens nos lábios, que eram vindas da moça, mostrando que também não se renderia fácil pela forma bruta de demonstrar o desejo daquele forte homem.

Era muito difícil de resistir. Aquele homem sabia mesmo consumir as chamas que incendiava seu peito. Era algo inexplicável, que só ele poderia compreender a vontade de seu próprio corpo. Seus lábios tinham sabor incomum, o toque áspero dele era tão brutal, do jeito que ela gostava.

Não sabia como escapar daquele amor, mas por outro lado havia seu ódio, ira... O que justamente faz o amor crescer. Talvez por ela não ser tão romântica, e gostar de homens que tenham pegadas que a deixem com marcas... Além das lembranças... Que só os homens das cavernas como ele poderiam deixar... Deixando marcas em um coração de pedra bruta como ela tinha.

[...]

– Acho que estamos próximos ao lugar... – Disse Saphyre, analisando devagar os lugares por onde passava. Nevra a seguia, um pouco distraído.

– Você mesmo gosta de por a mão na massa, hein? Admiro o seu empenho. Mal entrou e já está prestes a encontrar um pedaço do Grande Cristal. – Disse Nevra, ao pegar Saphyre pelo braço, fazendo-a olhar para ele.

– É o mínimo que eu posso fazer por vocês... E principalmente por você por ter sido tão gentil comigo. – Respondeu, sorrindo para o rapaz. Sorria de gratidão. Nevra se perdia naquele olhar tão brilhante, que ficou em silêncio. Ela viu um pequeno brilho vindo atrás dele.

– Espera... – Disse ela, indo até onde vinha o tal brilho. Ao aproximar-se, parecia não acreditar. Era idêntico a sua visão. Era um pedaço do Grande Cristal. Saphyre agachou para pegá-lo, deixando Nevra surpreso. Ele fez o mesmo, ao lado dela, aparentando estar muito feliz.

– Você conseguiu achar o que a gente leva meses procurando...- Disse ao pegar o cristal, que tinha o tamanho da mão de Saphyre. – Isso equivale a uns dez por cento. É um grande progresso. – Comemorou, ao deslizar a sua mão no rosto da jovem.

– Agora vamos levar para Miiko. Com certeza ela vai ficar feliz pelo nosso trabalho. – Respondeu ao levantar-se, mas Nevra a puxou de volta para o gramado verde esperança, sob uma grande árvore com folhas vermelhas da paixão.

– Não tenha pressa. A Miiko nessa hora deve estar executando o seu trabalho com a sua equipe. Vamos acabar deixando ela desconcertada. Deixa que eu guardo o Cristal. – Implorava para que eles ficassem e pegou o objeto e guardou consigo numa pochete que estava pendurado em seu cinto. Sentou-se encostando suas costas no tronco da árvore, puxando Saphyre para si.

– Tudo bem. Fiquemos aqui. Não há mais nada pra fazer? – Ajoelhou-se na frente dele, que estava sentado de pernas abertas.

– Eu estou muito satisfeito com o nosso feito de hoje. Acho que precisamos... Comemorar isso. – Pegou na mão dela, para que ela sentasse entre as pernas dele. Saphyre ficou um pouco constrangida ao sentir os dois braços fortes dele agarrando sua cintura.

– Comemorar como? – Perguntou com um pouco de medo, ao sentir os lábios de Nevra em seu pescoço.

– Eu não resisto em fazer nada, sozinho com você nesta bela natureza... – Sussurrava, deixando-a cair em tentação. Ele sentia os arrepios, e insistia nos carinhos. Com língua quente e molhada dele em seu pescoço, fazia Saphyre se sentir quente por dentro e arrepiada de frio por fora. Ela reagiu pegando nos cabelos e da nuca de Nevra com uma das mãos, por impulso. Fechou os olhos, prestes a se entregar a ele, que finalizava a investida, soltando o ar quente de sua respiração ofegante na orelha dela. Ele virou-a de lado, para que pudesse fitar seus olhos.

– Eu não sei o que acontece comigo... Parece que eu te conheci há anos... Não consigo parar de pensar em você, Saphyre. Tento resistir e te deixar em paz para pensar, pois eu te entendo... Talvez você nunca fique com alguém que mal conhece... Estou sendo fraco demais... – Declarou-se um pouco tenso, pois tinha medo de levar um fora.

– E eu te entendo. Deve ser complicado... Ás vezes eu sinto a mesma coisa. Estou confusa com tudo que ocorre, a minha vida mudou da água pro vinho. Mas tenho medo de ser machucada... E de te machucar. Talvez eu não seja a sua expectativa... E não te corresponder do jeito que espera. – Respondeu, pegando no rosto daquele jovem que expressava hesitação.


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