O Cristal e o Diamante escrita por AlessaVerona


Capítulo 7
A descoberta




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A descoberta

Saphyre foi colocada na cama, sendo cuidada pelo Nevra que sentou na beirada da mesma, e Leiftan que havia chegado logo em seguida. Ela mexia suas mãos levemente, e abriu seus olhos devagar, vendo a visão embaçada de Leiftan e Nevra muito próximos, ambos muito sérios.

– O que aconteceu? – Perguntou Saphyre, com voz falha, ergueu seu pescoço, um pouco confusa.

– Você desmaiou – Respondeu Nevra. Ele insistia que Saphyre permanecesse deitada.

– Ficamos preocupados – Disse Leiftan. Saphyre aos poucos se lembrava do que havia acontecido antes de perder a consciência. Miiko e Kero chegavam em seu quarto, preocupados.

– Está melhor? – Questionou Miiko, muito preocupada. Aproximou de Saphyre, ajoelhando-se ao lado da cama.

– Eu acho que sim...- Respondeu Saphyre, ainda um pouco confusa.

– Sabemos o que houve. Ezarel e a Taiga que tiveram a brilhante ideia de esfregar um pouco de pó de cristal em você. – Disse Miiko, de um modo compreensível e bem mudado para Saphyre, que não entendia nada.

– E o que é isso? – Questionou. Olhava para todos os presentes, que se entreolhavam muito surpresos.

– O pó de cristal é um tipo de substância que entra em reação com o sangue de... Uma fada. Esta reação que sofreu é por conta disso. – Explicou Kero, não conseguindo explicar muito claramente. Ele tinha muito receio de poder concluir diretamente que Saphyre não era humana.

– E você não é humana, por conta dessa reação, Saphyre. – Disse Miiko delicadamente para que não chocasse a jovem pela novidade. Saphyre levantou-se bruscamente, sentando-se na cama.

– Eu não sou humana? – Virou-se para Miiko.

– Não... Não é humana. Eu bem que suspeitava sobre a sua reação de querer tomar ar puro e sair da mesa. Você teve falta de ar, tontura, enfim... Tudo que você havia sentindo até desmaiar. – Explicava Miiko, pegando na mão de Saphyre que tremia ainda, mas era pela novidade.

– Mas como? – Saphyre não conseguia entender.

– Você não é humana, podemos fazer outros exames se quiser. A sua mãe pode ter sido ou é uma fada que deve ter parado no seu antigo mundo, ou ter um parente próximo. Já que você disse que só foi criada por seu pai, não resta um mínimo de dúvidas quanto a isso. Deve ser muito difícil entender que você não é o que pensava que é... – Miiko tentava confortá-la, que estava em estado de choque. Saphyre permaneceu naquela expressão, em silêncio.

– E aí? – Ezarel chegava com Taiga, em seguida Valkyon aparecia no vão da porta.

– Saphyre não é humana. Perdeu a sua aposta. – Kero respondeu um pouco irritado com Ezarel por ter tomado iniciativa do teste sem alertá-los.

– Então a princesa é fada? Tá igualzinho aos contos de menininhas mimadinhas. – Taiga ironizava. Valkyon tocou-a no ombro.

– Você não perde tempo mesmo, né, baixinha? – Irritou-se. Taiga silenciou-se, se apagando cada vez mais pela diferença de altura de ambos. Ela encarou Ezarel por um tempo, e ambos olharam para os que estavam em volta da cama de Saphyre, atônitos com tudo que ocorreu.

– E-Eu... – Saphyre tentava dizer, mas foi interrompida por Miiko.

– Olha... Descanse. Prometemos que amanhã faremos outro exame pra confirmar, e talvez tentamos descobrir de qual espécie de fada você é. Talvez você seja fada de origem desconhecida como o Valkyon, por exemplo. Não se assuste que ser fada não é um perigo para si, e nem por descobrir anomalias no seu corpo. As transformações aparecem a partir de qualquer idade. Como você viveu no mundo dos humanos, dificilmente aparecem. – Explicava Miiko com muita atenção, tentando acalmar Saphyre. Ela prestava muita atenção no que ela disse, tentando absorver as novas informações de si mesma.

– É pelo Fenótipo, vamos dizer. Nem todos os organismos com um mesmo genótipo parecem ou agem de maneiras idênticas, pois as mesmas são alteradas dependendo das situações do ambiente e no seu desenvolvimento. De igual maneira, nem todos os organismos se assemelham ou possuem necessariamente o mesmo genótipo. Portanto a sua carga do gene de fada não foi manifestado pelas reações comuns do ser humano. Vários testes foram realizados por cientistas de nossa terra e o da sua. Um indivíduo como nós não conseguiu manifestar seu gene em um ambiente que tenha os comportamentos humanos... – Continuava Kero, demonstrando seus conhecimentos do assunto. Saphyre conseguia compreender, e conseguia cair em si.

– Então conforme o tempo eu terei alterações por estar aqui com vocês? – Questionou Saphyre, sentindo um pouco de medo do que poderia acontecer consigo.

– Sim, mas pode acontecer de uma maneira muito drástica e radical se o seu gene manifestar de maneira agressiva com o organismo. Vamos controlar o seu desenvolvimento, para que tentamos fazê-la controlar com a mente. Você pode perder o controle se não se concentrar. – Explicou Ezarel, avançando até Saphyre, com sua expressão muito séria.

– Mas não se preocupe senão pode piorar. Apenas se concentre, e deixa tudo fluir. – Aconselhou Miiko. Saphyre assentiu, mas tinha um pouco de receio.

– Eu vou tentar... Pode ser difícil, mas eu vou tentar... – Respondeu Saphyre, se sentindo um pouco vazia por dentro, como se suas forças fossem jogadas ao vento.

– Apenas pense se vai ter asas coloridas de uma borboleta, ou asas de um morcego! – Zombou Taiga, provocando risos da Saphyre, mas tinha nervosismo dentro de si, se perguntando se aquela brincadeira tinha verdade por trás ou não.

– Não ligue pra ela não, Saphyre. Eu sou como você e não tenho asa alguma. – Disse Valkyon, tentando cortar a brincadeira de Taiga, que deu um tapa em seu braço musculoso.

– Você é tão careta, hein? Não posso nem brincar! – Taiga cruzou os braços, bufando. Valkyon sorria como se fosse uma vitória por deixá-la um pouco frustrada.

– Então vamos todos, deixe a Saphyre descansar! – Ordenava Miiko, esperando que todos saíssem do quarto. Nevra e Leiftan hesitavam pois a vontade era de ficar ali. Eles olharam para Saphyre que ficava um pouco sem graça.

– Podem ir. Eu preciso ficar um pouco sozinha... – Disse friamente. Ambos saíram atendendo ao pedido. Miiko ficava na porta esperando todos sair e fecha a porta do quarto, olhando um pouco preocupada com a Saphyre.

– Entendam, meninos... É bom ela ficar um pouco só, pra ela poder descansar e digerir tudo que aconteceu.

– A Barra foi pesada pra ela hoje. Vamos dar desconto. Está em um mundo sem conhecer bem todo mundo, descobriu que é o que não é... Vamos deixar que ela descanse. Miiko tem razão. – Disse Kero para Leiftan e Nevra. Ambos assentiram e foram para seus quartos.

Nevra não queria largá-la, a sua vontade era voltar ao quarto e ficar com ela a noite toda, vendo-a dormir... Mas havia entendido muito bem, e preferiu então respeitar. Ele não sabia como suportar tudo isso... Sentia a sua vida mudar completamente com ela surgindo nela. E a vida dela mudou... Virou de ponta cabeça... Mas era o ponto de partida pra viver feliz... E ao lado dele.

Seu peito explodia e a sua respiração ficava sem ordem...Passando a ter a necessidade de estar perto daquele amor.

Leiftan nunca havia me preocupado tanto por uma garota... Agora ele que se preocupa com aquela mulher. Ele pensava “O que acontece comigo?” Seu peito ardia, suas mãos esfriam, em sua barriga voam borboletas... Tudo isso desde que ele a viu. Não parava de pensar naquele olhar que viu pela primeira vez... Mas reconhecia que Nevra também poderia sentir o mesmo, por mais que ele tenha tido vários namoros... Ele tinha a desvantagem de nunca ter tido experiência tão densa, o que faz ficar perdido... Apenas sofreu com um relacionamento que foi frustrante, durante sua adolescência, mas era tão pequeno perto de tudo que ele sentia agora...

– Parece que cada vez que o tempo passa, me sinto imbatível. O meu amor por mim mesmo me faz ser capaz de ter pés no chão. Espero que Saphyre me olhe o mesmo que eu a olho, e que me ame do mesmo jeito que eu me amo. Darei tudo em troca – Pensou ele, tão firme. Mas ainda faltavam-lhe provas: Ter atitude.

[...]

– É... Fomos surpreendidos, Taiga. – Disse Ezarel, enquanto caminhava com ela pelo corredor.

– Sim. Eu não esperava por essa. A Barbie ser uma fada... – Respondeu, ainda surpresa com tudo que aconteceu. Valkyon caminhava atrás dos dois, querendo saber um pouco do que eles conversavam. Taiga percebia seus passos atrás dela, e então decidiu provocar. – Agora o Valkyon aproveitou a chance de poder tocá-la. Aos poucos ele vai chegando mais nela, já pensou? A Bela princesinha fada e o grande homem sem modos que só tem força bruta! Isso renderia um bom conto! – Continuou, arrancando risadas de Ezarel.

– O Colossus e a Bela Donzela. – Disse Ezarel, rindo muito.

– Acho que vocês estão enxergando coisas! Tenho nada a ver com ela! – Valkyon exclamou, sem paciência de ouvir o mesmo assunto. Ezarel se assustou, encostando-se na parede. Taiga ria mais ainda.

– Quem sabe um dia ela vê beleza em você, né? – Taiga ironizou, dando leves tapas no braço de Valkyon, que se zangava.

– Vocês dois estão cada vez mais estranhos! Não sei que obsessão é essa de ver eu e a Saphyre juntos. É mais fácil eu usar roupas cor de rosa do que ter alguma coisa com a magrela! – Exclamou, cerrando os punhos.

– Tá, tudo bem... Eu vou juntar vocês, não se preocupe com a sua frustração! – Respondeu Ezarel com muita ousadia. Valkyon lançou olhar de ira, fazendo com que ele saísse com medo.

– Ih... Tá muito mal amado mesmo. Vamos ver o que dá, fera. – Taiga deu um passo, para poder partir até seu quarto. Valkyon segurou-a pelos ombros firmemente.

– Eu prefiro mulher que tenha o que pegar... Aqui. - Sussurrou, provocando arrepios em Taiga, que contorcia seu pescoço. Valkyon sorria muito satisfeito. Prendeu-a na parede dando um tapa leve no traseiro dela, ao notar que a menor não conseguia se desmobilizar. Então agarrou sua nádega com força, sentia sua mão forte forçar o orifício por baixo da roupa branca apertada. Soltou-a e saiu em disparada, piscando o olho para Taiga, que congelava com a tal atitude.

– Tarado! – Bradou Taiga, enquanto Valkyon ignorava ao caminhar normalmente. – Como ousa fazer isso? – Pensou silenciosamente, mas com sorriso largo, aparentando tendo gostado da 'indireta'.Durante esta noite, a mulher sentia que fantasiaria o toque de certa mão bruta por seu corpo.

[...]

Saphyre virou-se de lado na cama, tentando acostumar-se de que não era o que sempre pensou. Taiga saía do canto, e ergueu-se apoiando as patas na cama da dona, entendendo o novo desafio.

– Quer subir? – Saphyre ergueu seu tronco, deixando a pequena Sabali subir na cama e acolher-se no corpo da jovem. – Você é tão fofa, tirando esse chifre. Mas eu vou me acostumar, você vai ver. – Disse enquanto acariciava Taiga com uma mão, e sua cabeça apoiava no outro braço, que apoiava no travesseiro.

Taiga olhava para o rosto de Saphyre por muito tempo, com seus olhos tão meigos e compreensíveis. Ela retribuía o mesmo para a sabali, o que fez render vasto sorriso.

– Ooh, fofura. Ás vezes eu me sinto como você. Há animais muito mal compreendidos, como se não tivesse voz, como se eu não conseguisse me expressar. Mas o olhar doce que você tem é tudo que eu poderia receber. Parece que me entende. Vocês são tão espertos, hein? Como podem saber o que nós sentimos? Pedacinho de vida. Pedacinho rico de sentimentos. – Disse Saphyre para a pequena sabali Taiga, acariciando seus pelos brancos ralos. Ela fechava os olhos, parecendo gostar muito do afago. Ambas adormeceram e dormiam tranquilamente.

A página da vida de Saphyre virava pelo fim daquele dia. Era a nova fase do autoconhecimento, do novo convívio, e de novos desafios...

Leiftan abria a porta do quarto dela e entrava silenciosamente, a vendo dormir tranquilamente com a Taiga. Era uma cena tão pura... O rosto angelical e dócil que o faz perder o sono. Ele fechava a porta e apoiou-se seu ombro e a cabeça na mesma, ficando por ali por momentos, sem piscar os olhos. Questionou-se se um dia seria possível que ficassem juntos, e como faria para que seus sentimentos fossem ser desenvolvidos.

“My life is brilliant

My life is brilliant

My love is pure

I saw an angel

Of that I'm sure” - You're Beautiful – James Blunt

Ele sabe que as coisas da vida são incertas, e que os rumos podem mudar a qualquer momento ou a cada decisão... Mas ele havia uma certeza, de que nunca esquecerá a imagem do rosto e o olhar doce que viu pela primeira vez. Nunca esquecerá da sua voz calma e suave, do toque aveludado de sua pele...E de seus sentimentos que o fez mudar...

Havia um pouco de medo, por ser tão profano em amar alguém... Temia de perder a razão por seus instintos...

[...]

Aos poucos o sol aparecia no horizonte, dando a luz para a beleza daquele lugar...

Logo cedo aquele povo já estava de pé, alguns trabalhando, e outros se divertindo como algumas crianças. Nunca era visto alguém ali sem esboçar um sorriso. Eles tinham pensamentos positivos, e depositavam confiança em quem era carregado de cuidar da vitalidade daquele mundo.

Os passos de Miiko já eram escutados no corredor, cheia de tarefas para resolver. Passou pela porta do quarto de Saphyre, o que fez seus passos serem interrompidos. Então ela decidiu ir até lá, preocupada.

– Saphyre? – Chamou, enquanto batia na porta. A loura estava já em pé, arrumando-se para mais um vasto dia. Ela virou para mirar a porta.

– Pode entrar. – Respondeu, indo em direção a mesma para abrir. Mas Miiko foi antes, sorrindo ao vê-la.

– Está melhor? – Questionou, com bom humor.

– Sim. Eu estou melhor. Eu tenho que aceitar as coisas que não há controle. E eu farei o teste para confirmar? – Saphyre aparentava estar superada, mas tinha certa dúvida quanto ao que descobriu ontem a noite.

– Eu acho que não é necessário, Saphyre. Eu tenho certeza que você é sim uma fada. Mas vamos detalhar e fazer alguns testes, para que acercamos mais as informações. É por sua segurança, e para que fique tranquila. – Respondeu Miiko, parecendo não ter mudado. Era a mesma Miiko que havia se preocupado com Saphyre ontem a noite.

– Eu farei daqui a pouco? – A Jovem questionou, muito nervosa.

– Sim. Mas antes vamos tomar um bom café da manhã. É importante que esteja alimentada, sim? Vamos. – Miiko apressava Saphyre entusiasmada. Ela então juntou-se e saíram juntas para a grande copa daquele lugar. Elas ficaram em silencio até lá. Saphyre ficava aflita por querer saber os resultados de pressa. Miiko também expressava isto, e se demonstrava muito pensativa.

Ao chegarem, viram que todos já estavam presentes, já servidos com o café da manhã. Nevra esboçava um largo sorriso ao ver Saphyre, e ao perceber que ela aparentemente melhor.

– Bom dia, Saphyre! Sente-se aqui. – Levantou-se Nevra ao encontro de Saphyre. Ele depositou um beijo no rosto dela, e pegou-a pela mão para levá-la a mesa, com muito cavalheirismo. Todos haviam se sentado no mesmos lugares que da noite anterior. Mas os humores não. Eles estavam mais descontraídos, sem carregar alguma tensão.

– Nossa, você come muito pouco. – Disse Taiga para Saphyre, ao ver que pegou poucas torradas com geleia de uva verde. Enquanto ela comia impulsivamente, pelo seu porte físico necessitar de muita energia, principalmente pela manhã.

– É que eu tenho costume de comer pouco. – Respondeu, dando uma leve mordida na torrada. Nevra servia o suco para ela, e a mesma agradeceu.

– O que justifica a magreza. – Intrometeu-se Valkyon. – Nunca ficou com anemia não? Você precisa de ferro. – Disse para Saphyre, enquanto mastigava de boca cheia.

– Isso são modos? – Defendeu Leiftan, de maneira espontânea.

– Não, não... Tive uma saúde perfeita. – Respondeu Saphyre, sem ter se sentindo ofendida. Não ligava muito pelo Valkyon dizia, não a via como um cara interessante.

– Tá vendo? O Bruto se preocupa com a princesa! – Alegou Taiga, voltando a importunar. E importunaria Valkyon por cada segundo que a fez ficar naquele estado ontem a noite. Ele encarou-a, perdido.

– Essa merece ficar calada de outro jeito – Pensou ele, com olhar intimo para Taiga, que desviava o olhar um pouco nervosa.

– Então, gente... Quais são as tarefas do dia? – Perguntou Nevra, desviando o assunto.

– Faremos mais testes em Saphyre, e também hoje mesmo ela começa a fazer parte das atividades com a sua equipe. – Respondeu Kero, enquanto terminava a sua refeição.

– Temos muito que fazer. Como achar nem que for 2 % do Cristal. Recebemos informações de que a saúde e a expectativa de vida de um Eldaryano abaixou. E isto está sendo um grande problema. Vamos ter que agir rápido, e procurar alguns fragmentos. – Completou Miiko, um pouco preocupada com a crise na qual se encontrava.

– Acho bom que façam missões noturnas hoje. Mas a Saphyre não vai ter obrigação de fazer ou não. Ainda é um pouco perigoso pra ela. – Alegou Leiftan para Nevra, que implorava que ela ficasse com ele na sede.

– Eu preciso. – Disse Saphyre, decidida.

– Nada vai acontecer. Isto é besteira. Saphyre vai comigo sim, e ela quer isto. E com certeza ela vai atuar bem. Está cada vez mais difícil achar nem que for um vestígio dos fragmentos do Grande Cristal. – Respondeu Nevra, decidido de que levaria Saphyre consigo na missão, e ao mesmo tempo se preocupava com a vitalidade de Eldarya.

– Vamos encontrar os fragmentos. Nem que fiquemos a noite inteira até amanhecer. – Disse Saphyre, muito determinada. Todos entreolharam-se, aparentemente concordando com a decisão.

– Tudo bem. Eu entendo a sua vontade de querer nos ajudar. – Disse Miiko, sorrindo para a jovem. Leiftan admirava a sua atitude, o que fazia ficar mais apaixonado.

[...]

Taiga saía saltitante do quarto de Saphyre. Sua calda era tão inquieta. Estava muito feliz e queria ir à floresta para fazer sua caça. A pequena Saphyre também saía, mas em direção contrária. Estava tão distraída olhando para o alto, que Taiga tentou desviar, mas a dalafa tropeçava com suas próprias patas.

– Ahh! – Reagiu a dalafa, sobre uma das patas da sabali.

– Se machucou? – Preocupou-se. Elas conseguiam falar entre si, curiosamente, mas na língua deles, que era totalmente incompreensível pelos Eldaryanos.

– Você também fala? – A pequena Saphyre levantou-se. Ela era um pouco maior que o Sabali pelas suas longas e finas pernas. Taiga ergueu o seu focinho.

– Claro! – Respondeu de maneira dócil.

– E você é um filhote também como eu! Que legal! Eu nunca te vi aqui. – Respondeu Saphyre muito empolgada. A sua cauda balançava entre a suas pequenas e quase inexistentes asinhas de borboleta.

– Eu fui adotada por uma moça. – Respondeu Taiga, enquanto mastigava um pequeno capim.

– Legal! É aquela loira que está saindo com todos? – Perguntou Saphyre, se referindo a sua Xará, que saía com Ezarel em direção a sala de alquimia.

– Sim! Ela mesmo! – Respondeu.

– Que legal! O nome dela é o mesmo que o meu! Que bom que você também foi adotada! Podemos caçar juntas todos os dias, que tal? E colher flores e arrancar as pétalas, jogá-las pra cima, e depois comer escondido das nossas donas para não ficarem bravas, conversar sobre os machos e brincar muito, não é? – A dalafa se empolgava, que seus olhos chegavam a brilhar. A sabali ficou um pouco quieta e inexpressiva, pela tanta empolgação de sua nova amiga.

– Claro! Podemos caçar ovos e arrumar encrenca! – Mudou a sua expressão de repente, animando-se muito com a nova amizade.

– Que tal irmos agora para a floresta? Eu estou faminta, comi meu último fruto de mel! – Exclamou a dalafa, convidando a sabali Taiga para o passeio. Valkyon havia parado sua caminhada para olhar as duas, pois era muito estranho elas fazerem tanto barulho. Mal compreendia que era apenas um diálogo.

– Como esses bichos são esquisitos... – Alegou pra si mesmo, expressando desaprovação, fazendo que as duas olhassem pra cima, acompanhando a passagem do grandalhão. Elas tinham um pouco de receio de serem talvez pisadas por ele, aproximaram-se uma da outra, aliviando-se da talvez possibilidade. Elas entreolharam-se.

– Vamos agora! – Taiga aceitou o convite, e ambas saíram animadas para a caça.

– E o que você come? – Questionou Saphyre.

– Eu como flores de algodão. – Respondeu, enquanto elas corriam saltitantes para a saída.

– Eu gosto de deitar em cima dessas flores. – Disse Saphyre, confusa.

– Logo em cima da minha comida? – Taiga questionou um pouco irritada.

– Eu não sabia! – Respondeu, sem graça. Sentia-se um pouco culpada

– Tudo bem, eu como assim mesmo! – Taiga conformou-se. Elas desapareciam no meio da grande mata, animadas com o lindo céu azul sem alguma nuvem, e com o sol escaldante. O dia para elas renderiam muito mais que 24 horas.

[...]

Ezarel terminava de coletar amostra de sangue de Saphyre, e levou para fazer experimentos com várias substâncias diferentes, buscando obtenção de resultados. Ela observava-o, prestando muita atenção com cada ação que fazia. Ele percebeu um pouco de nervosismo por parte dela.

– Você já sabe bem que não é humana. Ainda está nervosa? – Questionou Ezarel, esperando a reação do último tubo de ensaio. Saphyre silenciou-se por um tempo, e respirou fundo.

– Eu me preocupo com o que pode acontecer depois, apenas... – Respondeu cabisbaixa. Ezarel obteve pequenas partículas de Cristais naquele tubo, que havia contido no sangue. Ele observava a grande quantidade, mais que o normal. Ele espantou-se com o resultado. Olhou para Saphyre, surpreso.


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