Eu queria poder dizer que minha primeira lua cheia na floresta foi incrível, mas seria mentira.
Ethan não parava de me seguir, então decidi parar de se mover pelas áreas que eu conhecia e corri sem parar, mas acabei tropeçando, bati a cabeça e desmaiei.
Acordei quando o sol já estava nascendo e já tinha voltado à forma humana. Minha cabeça estava latejando de dor e quando coloquei a mão nela, a dor só piorou e percebi que estava sangrando.
Olhei para baixo e vi uma mancha enorme de sangue. Sabia que tinha água por perto por causa do cheiro de lama e grama molhada, Brooke que me ensinou a achar água. Então segui meu nariz e achei um pequeno lago.
Tentei lavar o corte, mas me deixava tonta de dor. Por isso mergulhei a cabeça na água.
Saí a procura da alcatéia, mas para uma leiga em qualquer assunto relacionado a ela, foi muito difícil. Demorei por volta de duas horas para avistar alguém. Que infelizmente era a pessoa que eu menos queria ver.
– Zoe? - Ouvi Ethan, mesmo estando longe. Ele correu até mim. - O que aconteceu?
– Eu acabei me perdendo...
– Não. Como você se machucou?
Ethan esticou o braço e pensei que ele ia tocar meu corte, por isso fechei os olhos já esperando a dor, mas ele apenas limpou uma gota de sangue que estava na minha bochecha.
– Eu cai e bati a cabeça, só não sei aonde, porque desmaiei logo depois.
– Vamos, precisamos voltar a matilha. - Ele estende a mão. - Eu te ajudo.
– Não preciso da sua ajuda. - Falo cruzando os braços.
– Você perdeu muito sangue, não vai aguentar voltar sozinha.
– Então quando me cansar, nós dois paramos.
Ethan revira os olhos.
– Certo você ganhou. Sem ajuda.
Ele se virou para frente e começou a andar. Mas ele tinha razão, não aguentei andar muito tempo.
– Por favor, pare. - Digo ofegante.
– Mas estamos andando há somente meia hora.
Sentei-me no chão. Ethan senta ao meu lado e faz algo totalmente inesperado: ele pega um elástico que tenho no pulso e utiliza o para amarrar meu cabelo; meio torto, mas firme.
– Como não pensei nisso. - Digo rindo, mas por causa de estar tonta do que pela situação em que estávamos.
– Você esta suando muito.
– Deve ser porque perdi muito sangue.
– Você não acha melhor eu ir procurar um curandeiro da alcatéia e trazer aqui?
– Não! Eu não quero ficar sozinha de novo.
– É melhor você deitar e descansar um pouco.
Como estava muito cansada nem resisti, deitei e dormi quase instantaneamente. Acordei sem dor alguma e estava numa barraca. Ethan estava do meu lado.
– Você mentiu para mim, veio buscar ajuda. - Digo ainda deitada.
– Não. Eu fiz o que me pediu: não deixei você sozinha. Eu sei que você tem um sono muito pesado, por isso peguei você e te trouxe até aqui.
– Obrigada.
Jana entra sorridente.
– Sei que não falei muito com você, desde que chegou, mas é porque tenho muitas obrigações aqui. Mas pode ter certeza que estou muito feliz que tenham te achado.
– Eu também. - Digo rindo e me levanto para olhar Jana.
– Como você conseguiu fazer isso? - Ela pergunta apontando para minha testa com um enorme curativo.
– Acho que me entusiasmei um pouco e corri sem parar até cair, bater a cabeça no chão e desmaiar.
Não contaria a parte que estava fugindo de um certo wolfblood.
Jana parece não acreditar no que lhe contei.
– Tem certeza que só ficou entusiasmada? - Ela pergunta.
Tentei mudar minha estratégia.
– Na verdade não. Não lembro muito do que aconteceu antes do acidente.
De novo outra pessoa entra, mas não sei seu nome.
– Os outros já voltaram, não falei nada como mandou.
– Ótimo. Deixa que eu converso com eles. E vê se não desaparece de novo, viu Zoe.
Concordo com a cabeça.
Os dois saem, me deixando a sós com Ethan.
– Obrigado, por não falar nada.
– Depois que você me ajudou, não tenho mais coragem de te dedurar.
– Zoe, me desculpe por tudo que te fiz passar.
Uma ideia passou pela minha cabeça.
– Tudo isso parece a história do meu pai e da minha mãe. Ele era feliz com a namorada dele na floresta, quando conhece uma linda loira e larga tudo pra ficar com ela. Quando volta para floresta descobre que deixou uma menina arrasada e sem rumo que teve que largar o que mais amava.
– Mas eles se conheceram na floresta e nós na cidade. Existe uma grande diferença.
– É, talvez.
– É muita maldade sua não me dar uma segunda chance. - Não respondo nada. - Vai, estou esperando uma resposta.
– Ta, tudo bem. Eu te dou uma segunda chance... mas só como amigos.
Ethan sorri.
– Tudo bem, esta ótimo. Você não vai se decepcionar.
– ZOE! - Meu pai grita, quando me vê.
Ele corre até mim e me dá um abraço.
– O que aconteceu? - Pergunta meu irmão aparecendo de repente.
– Não se preo...
– AHHHH! Você apareceu. - E pela terceira vez seguida alguém aparece na porta, dessa vez é a Maddy que passa por todos e me dá um abraço.
– Estávamos todos muito preocupados. - Disse meu pai colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
– Você quase matou todos nós de susto. Num segundo estava do meu lado e no outro desapareceu. - Fala meu irmão.
– Ta bom gente desculpa. Mas eu ainda preciso respirar então licença. - Digo empurrando eles.
– Meu Deus! Eu nunca vi esse lugar tão cheio. - Disse Jana entrando de novo.
– Nossa ta todo mundo aqui. - Disse olhando para todos. Pensei em algo. -Vamos fazer uma promessa: que pelo menos na primeira semana de aulas vocês vão. - Foi uma ideia meio instantânea, mas era boa e essa era uma boa hora já que todos estavam felizes por minha causa.
– Eu vou e dessa vez como Madeline Smith.
– Eu não preciso prometer, né? - Pergunta meu pai.
Todos rimos.
– Eu prometi que ia ficar com os Vaughans durante a primeira semana de aula. Então eu topo.
– Pra mim vai ser um pouco mais difícil... - Jana não terminou, todos a encaramos.
– Nem começa Jana. - Falou Maddy.
– Ok. Eu vou.
– Eu também prometo. - Fala Ethan. Todos se viram para olhá-lo e pela primeira vez percebem que ele esta aqui.
– Alguém te convidou? - Pergunta Rhidian com a maior ignorância possível.
– Eu. - Digo. Meu pai e eu encaramos meu irmão. - A promessa é para todos que estão aqui.
Ele revira os olhos.