Família Dixon escrita por Andhromeda


Capítulo 15
Doce Inocência


Notas iniciais do capítulo

Oie gente.
Eu poderia colocar um texto com todas as justificativas pelo meu desaparecidamente, mas não adiantaria de muita coisa.
Nesses meses que estive "desaparecida", muitas coisas aconteceram - umas boas, outras ruins - e no fim, acabei tentando fazer mais coisa do que podia.
Então, ao invés de encher vocês de palavras bonitas, apenas vou prometer que não voltarei a sumir por 4 meses!
Por favor, me perdoem.

Um grande obrigado a Marcela Costa, Monick Cordeiro, DANYDL e Giovana Catalani!
Devo admitir que cogitei a possibilidade de excluir "Família Dixon" - eu sou uma vaca egoísta, admito T.T - mas a preocupação e incentivo de vocês, de alguma forma me fez mudar de ideia!!!
Sou imensamente grata por isso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589353/chapter/15

Dois dias rapidamente se transformado em 4, depois 6, e antes que Daryl percebesse, eles já estavam com o grupo de Ranger a mais de uma semana. Ele, Beth e Judith tinham deslizado em uma fachada dolorosamente agradável – embora o caçador insista em permanecer dormindo no sofá.
Ainda que continuasse dizendo a si mesmo que assim que estivesse em forma novamente, pegaria o carro que Beth havia dito ter estacionado a alguns metros dali e caçaria seu próprio caminho – talvez procurar o resta de sua família no Terminus, ou para o norte como tinham planejado inicialmente – por algum motivo desconhecido – ou mais provavelmente, os resquícios de uma esperança que o mataria – o Dixon sempre acabava protelando a partida e no fim, continuavam no mesmo lugar.
Há alguns dias atrás, ele havia começado a fazer parte dos turnos de vigia – confiava o bastante no pessoal do reformatório para guardá-lo durante as manhãs e tardes, porém, nunca se sentiria totalmente bem se deixasse nas mãos de estranhos sua segurança durante a noite, não quando tinha suas meninas para proteger.
Beth não tinha gostado nada da idéia – a lembrança trouxe um sorriso aos seus lábios. Na verdade, essa decisão tinha lhe rendido uma discussão de gritos e palavras feias – em sua maioria cuspida pelo caçador – mas no fim, a loira tinha cedido com um irritado:
– Tudo bem, Sr. Dixon – ela o encarou, seus grandes olhos azuis em chamas – se quer agir como um estúpido, Deus me livre de impedi-lo.
Daryl nunca tinha sentido uma vontade tão grande de beijá-la como naquele momento – com sua postura desafiadora, rosto ruborizado, braços cruzados e olhos que prometiam um massacre, Beth Greene, parecia o tipo de mulher que um caipira sujo como ele poderia cair de joelhos. Porém, tinha mantido o controle e invés de pular em cima da maldita encrenqueira, apenas grunhiu e saiu porta a fora.
Na manhã seguinte – porque queria, e não para provar a uma loira faladora que não era a porra de um invalido – o arqueiro saiu antes do Sol nascer e voltou com um coelho – grande o bastante para um bom ensopado com as verduras minúsculas da horta – e três esquilos.
– Vim te render – a voz grossa e calma de Ranger, o tirou de seus pensamentos e o arrastou de volta ao presente.
O céu estava numa tonalidade de azul profundo e ao desviar sua atenção do outro lado do muro – onde um errante solitário arranhava um carro abandonado a poucos metros do portão – para focar no recém chegado, o caçador pode distinguir perfeitamente todas as linhas do seu rosto. A barba, o nariz meio torto – que provavelmente tinha sido quebrado por mais de uma vez – e os olhos penetrantes.
– Vou dá um jeito nele – apontou para o zumbi com um movimento de cabeça, quando Ranger subiu na “torre de vigia” para ficar ao seu lado.
– Tommy pode cuidar disso quando chegar – o homem se sentou pesadamente, colocou a arma que trazia em cima do colo e encarou o horizonte – vai fazer bem pro garoto ter algo que fazer com as mãos.
Daryl tinha visto a forma que o frangote rondando a sobrinha do vaqueiro e sentiu a vontade de dizer ao outro que o menino já tinha as mãos bem cheias, mas preferiu manter-se em silencio. Por mais que Ranger houvesse conquistado seu respeito – porque ele realmente era um bom líder para aquelas pessoas – ainda assim, uma pequena parte de si simplesmente não conseguia gostar do homem.
O fato de que Beth parecia estar cada vez mais próxima do vaqueiro, não tinha nada a ver com sua antipatia visceral.
Depois de mais uma olhada a sua volta – e um grunhido que poderia ser considerado vagamente como um “ate” – o arqueiro levantou-se em um impulso e começou a descer pelo carro abandonado que dava acesso a seu “posto de vigia”.
O caminho ate à cabana sempre lhe pareceu longo demais. Principalmente porque era naqueles momentos de silencio absoluto – onde não precisava dividir sua atenção com a preocupação de um walker vindo em sua direção, o orvalho da manhã umedecendo seus cabelos e o céu amanhecendo em camadas lentas – que ele pensava em coisas que não deveria.
Por exemplo, no beijo que teve com certa loira e as especulações de onde estaria se não o tivesse interrompido.
Não vá por esse caminho, Dixon.
Só que ele já estava nele, inferno, não existia um só dia em que não pensasse como seria beijá-la novamente, tocar sua pele macia e provar seus suspiros entrecortados.
– Merda – ajeitou a correia da Besta em seu ombro, um claro gesto da inquietação que sentia.
Não era burro, sabia o quanto estava fodido, podia admitir sua atração por Beth Greene, mas não faria absolutamente nada a respeito disso. Não era um maldito adolescente, iria manter-se dentro das próprias calças.
Alem do mais, ela merecia algo melhor do que ele poderia dar – uma transa rápida e suada. Beth deveria ter beijos lentos, toques suaves, palavras doces – do tipo que nunca tinha usado em sua vida. Cacete, a garota merecia uma casa segura, suas próprias crianças e um homem que pudesse lhe oferecer o mundo.
Quando foi que se tornou um poeta de merda, Darlyna? A voz jocosa de Merle preencheu sua cabeça.
– Droga – não sabia, mas aparentemente, vinha tendo esses pensamentos idiotas com muita frequência nos últimos dias.
Quando percebeu já estava na varanda da cabana. Com um suspiro pesado, o caçador abriu a porta de tela – com cuidado para não fazer barulho – e entrou.
A casa estava em completo silencio e escuridão, a porta de divisório do quarto estava aberta e com a fraca claridade da janela, ele pode ver a Greene dormindo na cama – enroscada em algo que deduziu ser Judith.
Daryl colocou sua Besta em cima da mesa e pegou um prato embrulhado com pano de prato que estava em cima dela.
Mesmo que ele tivesse dito que não era necessário, toda noite quando chegava, encontrava um prato feito por ela, com algo para comer. O arqueiro tentava dizer a si mesmo para não dar muita importância a isso – nunca tinha sido um homem que conseguisse ficar dependendo dos cuidados dos outros, desde que se conhecia por gente, nunca pode contar com ninguém, mesmo Merle, era tão inconstante que esperar algo dele era um erro em todos os sentidos – mas como outras coisas, era cada vez mais difícil ignorar o calor que sentia no peito toda vez que se deparava com essas pequenas coisas.
Porra, essa mulher ta me deixando macio.
Balançou a cabeça como se assim pudesse desvanecer seus pensamentos, sentou no sofá e abriu o pano de prato. Dessa vez, era algum tipo de pão caseiro – com algumas verduras no meio e talvez, carne. Estava frio, mas ele já tinha comido coisas bem piores em sua vida e com apenas uma mordida, abocanhou quase metade.
– Daryl – a voz doce e sonolenta de Beth o chamou da porta do quarto, ele estava tão concentrado em não pensar nela, que tinha se tornado alheio em tudo a sua volta.
Grande erro.
O caçador levantou os olhos do prato e xingou mentalmente. A garota era toda uma imagem – seus cabelos de trigo soltos e bagunçado pelo sono, seus olhos de corça pesados e profundos, ela tinha trocado a calça jeans por um short branco de dormir, e o maldito pedaço de pano deixava muito pouco a imaginação.
– Você deveria estar dormindo, menina – sua voz saiu um pouco mais ríspida do que deveria, mas foda-se, ele já estava frustrado o bastante com seus malditos sentimentos para se preocupar com os dela.
– Eu sei – Beth hesitou, colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha – só queria saber se estava bem.
Ele tentou ao máximo não encará-la diretamente, ou para a maneira que sua blusa rosa – de um material muito fino para ser pratico – não fazia nada para esconder os seios que arfavam suavemente enquanto a loira respirava.
– Estou – grunhiu, desviou a atenção para sua refeição fria e fez o possível para ignorá-la.
Longe de ser desencorajada por sua atitude rude, a Greene atravessou a sala e sentou-se ao seu lado – tão perto que Daryl podia sentir o calor de seus braços descobertos e o cheiro doce que emanava do seu cabelo.
O caçador não pode impedir-se de ficar tenso, porém, não foi por receio da aproximação como acontecia com todos os outros, mas por um motivo bem mais perverso. Ele ansiava por ela – essas coisas que a garota fazia sem esforço, como tocá-lo descuidadamente, os sorrisos que faziam seu coração estremecer, inferno, ate mesmo suas brigas, que provavam que ela tinha mais fibra do que muitos poderiam se quer imaginar.
E isso era mais perigoso do que as criaturas que espreitavas por trás dos seus muros, pois o Dixon sabia como lidar com um Walker faminto, mas jamais saberia como reagir a Beth – com toda sua gentileza e suavidade.
– Sabe, você realmente deveria dormir comigo – assim que disse as palavras, o rosto da Greene ficou vermelho – digo... dividir a cama – gaguejou, quando ele a encarou com a rapidez de um chicote – quase fomos pegos ontem, Daryl – sussurrou, seus dedos nervosos começaram a brincar com a barra do short e o caçador lutou com todas as suas forçar para não acompanhar o gesto com os olhos.
Lembrou-se da amanhã anterior, quando Maurice veio pedir sua ajuda com o caminhão e ele ainda estava dormindo no sofá. Felizmente para todos, Beth estava sentada à mesa da sala alimentando Judith e tinha visto o rapaz pela janela, o que lhe deu tempo suficiente para jogar os cobertores e almofadas do sofá para a cama.
– Não
– Por quê? – ela questionou.
– Estou bem aqui – ele podia ouvir seus batimentos cardíacos na sala escura e silenciosa, cada respiração que ela tomava e o farfalhar dos seus dedos que brincavam com as pulseiras em seu pulso.
– Daryl, esse sofá é minúsculo ate mesmo pra mim, que dirá pra você – ela suspirou com exasperação – vamos lá, não é como se eu fosse te agarrar durante a noite e roubar sua inocência – deu um sorriso que era mais tenso que divertido.
– Não tem graça – seu rosto se fechou em uma carranca.
– Claro que tem, é madrugada, poderíamos estar dormindo, mas ao invés disso estou aqui tentando te convencer que uma cama é melhor que um sofá de dois lugares.
Colocando nessas palavras, parecia uma coisa tão simples, sua recusa rapidamente se transformara em algo idiota, mas mesmo assim, sabia que acabaria se arrependendo.
– Não – repetiu.
– Do que tem tanto medo?
– Não tenho medo de nada – uma mentira tão enraizada no seu subconsciente, que foi dita quase que automaticamente.
– Não é o que parece – ela levantou uma sobrancelha desafiadoramente e o caçador praguejou mentalmente.
A maldita garota sabia exatamente qual dos seus botões apertar para conseguir o que queria.
– Olhe menina, essa porra não vai dar certo.
– Por quê? – ela perguntou inocentemente.
Nem ferrando ele iria falar sobre o beijo – muito menos admitir em voz alta o quanto doía por repeti-lo – porém, conhecia ela bem o bastante para saber que Beth não largaria a porra do osso tão fácil.
No fim, ele não tinha realmente uma escolha – não quando os argumentos dela eram tão razoáveis e infernais.
– Foda-se – com um suspiro resignado, o caçador levantou-se, colocou o prato em cima da mesa, pegou sua Besta e a encarou – não me olhe com essa cara de comedor de merda.
– Eu jamais faria isso – a loira respondeu prontamente.
Mas seus olhos de corça brilhavam com satisfação – como os de um maldito gato, depois de agarrar o canário.
Ao invés de falar algo, ele apenas marchou para o quarto.
Demorou um pouco para sua visão se acostumar à escuridão quase completa – tudo que tinham era a escassa luz da Lua que vinha da janela – e quando o fez, ele lamentou miseravelmente.
A cama de casal esta encostada à parede – o que significava que não teria a frágil proteção de Judy para separá-lo da loira.
– Como estávamos dormindo sozinhas, achei melhor fazer algumas mudanças – disse Beth com a mesma simplicidade de sempre.
Ele poderia sugerir que agora que estava ali, as coisas poderiam voltar à logística anterior – muito mais segura, em sua opinião – mas era um maldito covarde, e jamais deixaria a Greene saber o quanto lhe afetava.
Um grunhido foi toda a resposta que deu.
Beth voltou a subir na cama, mas quando percebeu que o arqueiro continuou parado a porta – totalmente sem jeito – sorriu.
Um sorriso doce e gentil – do tipo que se dá a um menino, não a um homem.
– Não é como se fosse a primeira vez que fazemos isso.
Daryl não queria, mas algo dentro de si relaxou. O que fez se perguntar – não pela primeira vez naquela noite – o que ela poderia fazer com ele, se quisesse.
Esta dando muito poder a essa menina, Dixon.
Ele se moveu em direção à cama, encostou a Besta – que trazia pendurada no ombro – ao lado da mesa de cabeceira, sentou-se para tirar as botas, depois o colete de couro e deitou-se ao lado dela.
Seu corpo rígido, enquanto se esforçava para permanecer o mais imóvel possível.
Longe de demonstrar o mesmo desconforto que o arqueiro, a loira aconchegou-se mais em volta do corpinho de Judy – de costas para ele – e suspirou baixinho.
O caçador ouviu o exato momento em que Beth adormeceu – seu corpo tinha relaxado completamente, ate deslizar para o mundo dos sonhos.
Daryl respirou profundamente e gemeu quando seu corpo reagiu como ele sabia que faria. O perfume dos cabelos dela parecia preencher todos os espaços do quarto – e da sua alma – seu corpo quente e macio ao alcance de suas mãos.
Ele só precisaria se virar e...
Fechou os olhos com força, determinado há dormir um pouco naquela maldita noite – mesmo que aparentemente fosse impossível.
– ((o)) –

Calor. Quente. Bom. Céu.
Essas foram às primeiras palavras que vieram à cabeça de Beth quando acordou na manha seguinte.
Estava tão confortável que não sentiu o pânico inicial – aquele que acontecia sempre que sua mente ainda esta anuviada pelo sono e não conseguia se lembrar exatamente onde estava. Abriu os olhos lentamente e viu Judith dormindo – a menina tinha a cabeça apoiada nas pequenas mãozinhas, vestia apenas um vestido branco e a frauda, o que fazia com que parecesse mais uma pintura de um anjo do século passado, que um bebê real.
Quando sua mente ficou mais clara, percebeu o porquê de estar tão quente. Daryl tinha um braço jogado sobre sua cintura – com uma possessividade que provavelmente o mortificaria se estivesse acordado – e suas pernas entrelaçadas. Estavam tão colados, que a loira podia sentir a vibração do coração dele e a respiração constante do caçador em sua nuca.
Nunca, em universo algum – nem mesmo em seus sonhos mais loucos – Beth imaginou que um dia acordaria com Daryl Dixon agarrado a ela como uma trepadeira.
Essa conclusão trouxe um sorriso aos lábios da garota.
Agora – já totalmente desperta – a Greene notou a estranha sensação de algo pressionado duramente a sua parte traseira. Preocupada com a possibilidade do arqueiro ter ido para a cama com uma das armas, a loira estendeu a mão em sua direção, porém, antes que pudesse tocá-lo, Daryl agarrou seu pulso e impulsionou-se para fora da cama, tão rápido que Beth só se deu conta do que tinha conhecido quando ele já estava puxando suas botas e amarrando-as – seu rosto completamente vermelho.
A loira o encarou confusa e só percebeu o que de fato tinha acontecido, quando o caçador passou pelo umbral da porta – com sua besta no ombro e o colete na mão – logo depois a porta da frente abriu e fechou com força.
– Senhor – Beth sussurrou, não precisava de um espelho para saber que seu rosto estava vermelho como tomate.
Pelo amor de Deus, ela tinha um irmão mais velho – e crescendo em uma fazenda, não poderia ser completamente ingênua sobre o que tinha acontecido.
Daryl tinha acordado excitado.
A loira voltou a deitar e apertou o travesseiro contra o rosto.
Tentou não pensar muito nisso, mas saber que mesmo superficialmente, ela havia sido o motivo de ter provocado uma ereção nele – Doce Jesus, ate mesmo pensar nas palavras era constrangedor – deu-lhe uma sensação estranha no fundo da barriga – muito semelhante ao tempo que ela e Zach quase tinham deixado as coisas irem longe demais. Isso tinha acontecido há meses atrás e só haviam parado, porque a garota ainda não estava pronta o bastante para dar esse passo.
Beth reconhecia que tudo que sentia agora era aquela mesma excitação sexual – podia senti-la vibrando em suas veias – e sabia que queria Daryl.
Sem medo ou duvida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigado por não ter desistido da fanfic!