Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Talvez, mas só talvez, eu demore com o próximo capítulo. Fiz esse no sufoco :/
Faculdade é uma m****! Mas ok, eu consigo, faltam só quatro anos. :'( kkkk

Boa leitura!



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— Eles vão nos matar — eu disse, nervosa.

A galera corria em nossa direção. Meu pai tinha um brilho sanguinário nos olhos.

Cobra apenas sorriu debochado.

Estávamos prestes a morrer e ele estava sorrindo. O que ele tinha na cabeça?

Aconteceu mais rápido do que eu imaginara. Antes mesmo que eu pudesse fazer algo ou ao menos pensar em fazer.

— SEU MARGINAL! — meu pai segurava Cobra pela blusa, o olhando com fúria. E para minha surpresa, o peçonhento não fazia nem menção de se defender ou se soltar.

A algazarra foi total.

Uns pediam para que meu pai soltasse o garoto enquanto outros insistiam para que o Mestre acabasse com ele. E eu? Bom, eu estava tão atordoada que não sabia como agir.

— O que você fez com ela? — perguntou o Mestre, o soltando de uma maneira bruta. E por muito pouco Cobra não caiu.

— Absolutamente nada — respondeu calmo.

Sabia que a sua calmaria era fachada, assim como aquele sorriso pendurado em seus lábios. Para ele, era fácil manter a pose de durão.

Meu pai andou até mim, e fui surpreendida quando seus braços me cercaram em um abraço.

— Nunca mais faça isso, Karina! — disse bravo, dando um leve beijo em minha cabeça.

Sorri. Aquela era a forma dele dizer que se importava. Que estava ali por mim.

— Desculpa, minha menina — Bete disse com dó — É que seu pai já ia chamar a polícia e o único jeito de fazê-lo parar era falando a verdade — me lançou um olhar de desculpas.

— Sem problemas, Bete — disse sincera — Obrigada mesmo assim.

Sabia que no que dependesse dela, iria me ajudar sem exitar.

— Você sumiu com a minha esquentadinha, minhoca! O que cê fez com ela? — esbravejou Pedro.

— Karina! — corrigi, meus olhos transbordavam raiva — E ele não sumiu comigo. Eu o procurei por eu quis.

— E você fala isso numa boa? — Bianca explodiu, as lágrimas em seus olhos desciam por sua face sem controle — Você não tem noção de como eu fiquei preocupada!

Ri sem humor. Como ela poderia falar aquilo depois de tudo o que o aconteceu.

— Pensasse nisso antes de pagar o descabelado pra namorar a lutadora — disse Cobra como se lesse meus pensamentos.

— Cala a boca, marginal! — foi a vez de Duca se pronunciar. Ele se aproximou de Cobra pronto para começar uma briga.

— Disse alguma mentira? — rebateu debochado, dando um passo em direção a Duca. Sem dúvidas ele estava disposto a comprar aquela briga.

— YO! — meu pai me soltou, indo em direção aos dois — Parem com isso agora!

Os dois se afastaram com certa relutância.

— Karina, você vai pra casa agora — o Mestre disse, autoritário — Lá nós conversamos sobre isso — olhou para Cobra com um olhar indecifrável.

— Não, pai, eu não vou — disse decidida. Não sabia de onde havia saído tanta coragem para enfrentar meu pai daquele jeito — Não vou. Durmo na rua, mas em casa eu não apareço. Não enquanto essa daí — apontei para Bianca — estiver lá.

— Ela é sua irmã, Karina! — meu pai disse, incrédulo.

— Não, ela não é — minha voz estava falha — Por hoje, não... — funguei, enxugando as lágrimas. Bianca chorava cada vez mais, e eu me perguntava se aquelas lágrimas eram verdadeiras — Assim como Pedro não é meu namorado — olhei para o garoto com raiva. Ele estava desolado, mas não mais que eu. Disso eu tinha certeza — E Duca não é meu amigo — encarei o lutador, que me lançava olhares penosos.

— Esquentadinha...

— Não. Me. Chama. Assim! — disse pausadamente — Não fala comigo, me deixa em paz!

Ele abriu a bica para falar algo, mas fechou logo em seguida ao encarar o Mestre que lhe lançava olhares furiosos.

Lembrei de todos os meus momentos com Pedro. Eu deveria ter desconfiado, afinal, que garoto iria apanhar, fazer serenata, música ou qualquer coisa do tipo por mim? Logo por mim? Tinha que ser pago.

Fechei os olhos, tentando recompor meus pensamentos, tentando me recompor.

O silêncio pairou sobre o local por algum tempo, eu mantinha meus olhos fechados, ainda achando que quando eu os abrisse eu estaria em minha cama. E que tudo aquilo só havia sido um terrível pesadelo.

Mas eu já tinha visto e ouvido coisas o suficiente para me dar conta que aquela era a minha realidade. E eu tive que aceitar que ela não era uma das melhores.

— Sei que o risco de morrer vai ser ainda maior, mas — começou Cobra, inseguro — Ela poderia passar a noite no QG.

Abri meus olhos assim que ouvi aquilo. Meu Deus, que merda ele havia feito!

— Pirou, Vagabundo?! — Jade foi a primeira a se pronunciar. Quando se deu conta que todos os olhares se voltaram para ela, tratou logo de consertar — Quer dizer, o Gael não vai concordar com isso, né, Mestre?

— Claro que não! — respondeu zangado — Onde já se viu, a minha garotinha passando a noite naquela espelunca com esse marginal.

— Não seria a primeira vez — Bete deixou escapar. E quando se deu conta do que havia dito, pôs as mãos em sua boca.

Pronto, era o que faltava. A cereja do bolo. O pingo no i.

A frase foi suficiente para que a algazarra fosse gerada novamente. Os comentários vieram de todas as partes. Ninguém se entendia.

— JÁ CHEGA! — gritei, e foi o bastante para que todos se calassem.

— Esquentadinha, eu prec — o guitarrista começou.

— Não! — explodi, já podia sentir as lágrimas vindo novamente. Na verdade, nem sabia se elas, em algum momento, haviam deixado minha face — Eu não quero falar com você, já disse!

— K, por favor... — pediu Duca.

Decidi ignorá-lo.

Olhei para o meu pai suplicante.

— Tudo bem, Karina — fechou os olhos, balançando a cabeça como se não acreditasse no que acabara de dizer — Cê pode ir.

O silêncio pairou sobre todos nós. Eu, nem ninguém ali, conseguia acreditar no que ele acabara de dizer.

— Cê tá dizendo que vai deixar a marrenta dormir naquela espelunca — Cobra repetiu as palavras do meu pai lentamente, apontando para o QG, incrédulo — comigo? — apontou para si mesmo de uma maneira engraçada.

— Claro que não, moleque! — disse revirando os olhos. Todos pareceram soltar a respiração. Aliviados, talvez — Ela vai dormir na casa da Dandara — apontou para a professora — Se não for incômodo, claro.

— Por um momento achei que o Mestre tinha pirado — comentou Wallace.

— Não é incômodo algum, Gael — sorriu, Dandara — Vai ser um prazer ter a Karina lá em casa.

— Obrigada — eu disse, indo até ela que me abraçou carinhosamente.

— Ok, circulando todo mundo — dizia meu pai — Obrigado a todos que ajudaram. Aos que atrapalharam e aos curiosos, eu agradeço a companhia — olhou para uma boa parte da galera — E você, Cobra, conversamos depois.

As pessoas agora iam embora enquanto comentavam umas com as outras o que havia acontecido. Bianca, Duca e Pedro fizeram menção de tentar falar comigo novamente, mas meu pai pediu para que eles fossem embora.

Cobra ainda estava lá, não fazia menção de sair. Caminhei até ele, que me olhava preocupado.

— Cê vai ficar bem? — perguntou, antes mesmo que eu chegasse até ele.

Em um impulso de coragem, ou seja lá o que fosse, eu o abracei. Só senti que precisava daquilo.

Ele, talvez surpreso, ficou um tempo imóvel, mas alguns segundos depois, senti seus braços me cercando de maneira protetora e aconchegante. Minha cabeça apoiada em seu ombro, onde minhas lágrimas jorravam sem controle.

— Você tinha razão — disse em um fio de voz — Só piorou quando eu o vi.

E como piorou.

— Sei que você não vai acreditar, — falou, calmo. Seus lábios foram de encontro ao meu ouvido, onde sussurrou como se fosse um segredo: — mas ele te ama.

— Não, não ama — neguei balançando a cabeça levemente.

— Isso é porque você não vê como ele tá olhando pra cá — sussurrou novamente — O cara quer me matar, marrenta — riu, e foi inevitável não acompanhá-lo.

— Não viaja — me afastei, apenas o suficiente para olhá-lo.

Cobra enxugou os rastros de lágrimas que estavam em meu rosto. Mesmo depois que o fez, suas mãos continuaram ali, me acariciando.

— Sei que você também não vai acreditar, — comecei. Minha boca seguiu em direção ao seu ouvido e, da mesma forma como ele havia feito comigo, sussurrei — mas meu pai também quer te matar.

— Não, não quer — negou da mesma forma que eu.

— Isso é porque você não vê como ele tá olhando pra cá.

E era verdade. Meu pai olhava para nós com um brilho indecifrável nos olhos, balançava a cabeça negativamente enquanto respirava fundo. Sabia que ele estava tentando se acalmar.

— Não viaja — disse.

Nós dois sorrimos. Suas mãos ainda estavam ali, e ele nem fazia menção de tirá-las.

— É isso que eu quero, Karina. Teu sorriso, só isso.

— Juro que vou tentar usá-lo mais vezes — garanti.

— Agora vai lá, a professora tá te esperando.

Assenti.

— Ei, isso — apontei suas mãos — não vai afetar a tua reputação, marginal?

Ele ficou sério de repente, suas mãos já não mais acariciavam meu rosto.

— Desculpa, Cobra, eu não queri —

— Tá tudo bem, marrenta — garantiu. Sabia que não estava nada bem — Cê tem razão, eu tenho uma reputação a manter.

Ele me deu as costas e saiu andando em direção ao QG, sem olhar para trás uma única vez.

— Vamos, minha flor — chamou Dandara.

— Vamos — assenti, ainda atordoada.

Suspirei pesadamente pensando na merda que eu havia feito. Não havia sido intencional, era só uma brincadeira. Mas olha o que eu consegui, afastar a pessoa que mais me ajudou nas últimas horas.


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Notas finais do capítulo

Comentem e me façam feliz!
Sugestões, críticas - desde que construtivas - e elogios são todos muito bem vindos

P.S: Obrigada a todos que comentam, acompanham e favoritam. Muito obrigada, mesmo! Love you