Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Estou no céu com esses comentários, favoritos e acompanhamentos. Amei cada um deles, sério!



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— Cê tá melhor, minha querida? — perguntou Dandara.

Uma hora. Já fazia uma hora desde a minha vinda para a casa da professora. Minha cabeça estava apoiada em sua perna enquanto ela acariciava meus cabelos, me acalmando. Minhas lágrimas ainda insistiam en deixar meus olhos e eu me odiava por isso. Por ser tão fraca, tão ingênua e tão burra. Depois de alguns minutos, elas resolveram dar uma trégua.

— Não, não tô — respondi sincera.

— Ai, minha flor, eu sinto tanto — deu um beijo em minha testa.

— Eu só fico me perguntando o porquê de tudo isso.

— Você poderia falar com o Pedrinho — sugeriu — Eu tenho certeza que ele iria explicar tudo isso.

— Eu não quero ver, muito menos falar com aquele idiota — disse brava, me sentando no sofá para olhá-la — Não quero ouvir as desculpas dele. Nada — frisei a palavra — justifica o que ele fez.

— Karina, ele te ama.

Neguei, sentindo as lágrimas retornarem de novo. Não importava o que eu fizesse, elas sempre voltariam.

— Não, não ama — repeti aquela frase pela segunda vez naquele dia.

Dandara suspirou pesadamente, abriu os braços me chamando para um abraço, que eu fui sem exitar.

Um baque na porta nos chamou a atenção.

— Karina, — a voz de João preencheu o ambiente — o Mestre mandou umas roupas — jogou uma bolsa em minha direção, a peguei por muita sorte.

— Obrigada.

— Por nada — disse em um sussurro, ele seguiu em direção a porta, sua mão apoiada na maçaneta, ficou parado por alguns segundos, como se pensasse no que faria a seguir. Se virou lentamente e, com os olhos fechados, falou — Nós podemos conversar, por favor?

O olhei por um instante. De todos envolvidos naquela estória, João era o mais culpado. Não porque eu o culpasse, claro que não. Mas ele se culpava mais que todos, qualquer um percebia isso.

— Claro, João — respondi.

— Enquanto vocês conversam, — Dandara se libertou do abraço gentilmente e se levantou — eu vou preparar um lanche, ok?

Nós dois concordamos, observando a professora sair.

O gamer se aproximou do sofá onde eu estava e se sentou. Ficamos nos olhando por alguns segundos até eu sentir as lágrimas caindo novamente.

Era inevitável não lembrar. Era inevitável não chorar.

— Me desculpa, Karina — disse baixo, apenas o suficiente para eu ouvir.

— Vou te desculpar pelo quê, João? Por me dizer a verdade?

— Sério, K, me desculpa...

— Não há nada pra se desculpar — eu disse sincera — Aliás, eu tenho que te agradecer por tudo o que cê fez — limpei as lágrimas — Mesmo sabendo que seu melhor amigo ia ficar uma fera contigo e que a garota que você gosta talvez nunca mais olhe na sua cara, você me contou. Foi contra tudo e contra todos, mas me disse a verdade.

João ficou calado por um instante, me olhava de uma maneira indecifrável.

— Falando desse jeito, até dá pra pensar que eu não sou o vilão.

— E você não é — deixei claro — Pedro e Bianca são. Aqueles dois eu não quero ver nem pintados.

— Bianca me deu um belo tapa ao descobrir que eu tinha te contado. Ainda tá doendo...— acariciou o próprio rosto — Pedro me disse um monte de coisa — comentou — Disse que quem precisava fazer aquilo era ele e somente ele, que eu não deveria me meter, começou a chorar, dizer que te ama, —

— Não ama! — explodi — Que merda, ele não me ama!

Por quê as pessoas insistiam naquilo. Não era verdade. Nunca foi.

— K, o Pedro pode ter sido um idiota ao aceitar aquele dinheiro — começou — No começo era só o acordo que importava — nunca vi João tão sério e sincero na minha vida — Mas depois a coisa toda mudou. Eu nunca vi aquele moleque tão apaixonado, Karina. Acredita em mim... O guitarrista te ama. Pra valer.

Eu não disse nada por alguns instantes, queria tanto que aquilo fosse verdade.

— Eu não sei, João... — e eu realmente não sabia — Não sei em quê ou quem acreditar.

Ele concordou, me lançando um olhar que dizia "eu te entendo".

Ficamos alguns segundos em silêncio quando, do nada, João bateu na própria testa.

— Já ia esquecendo... — comentou em um tom bem baixo, mas alto o suficiente para eu ouvir — Então, Karina, como é que cê tá? — perguntou como quem não quer nada.

— Quem te mandou perguntar isso? — devolvi.

— Ninguém oras, só quero saber — o filho da mãe era um ótimo ator, herdou o talento do pai, com certeza.

— Não, não quer — disse rindo — Sabe como eu sei? — ele nada respondeu — A primeira coisa que me perguntam é como eu estou — informei — E você não fez isso.

— Merda! — exclamou — Sabia que tava esquecendo de alguma coisa.

Nós rimos.

— Mas afinal, quem quer saber como eu estou? — perguntei, o olhando curiosa — Se for o Pedro, diz que —

— O Snake — me cortou — O Cobra quer saber como é que cê tá.

Fiquei calada por alguns instantes. Achei que depois do ocorrido na praça, ele não iria querer saber nada à meu respeito.

— Quer?

— Quer.

— E quanto ele pagou por isso? — questionei, sabia que João ia tirar proveito disso.

— Qual é, Karina, ele não me pagou nada. Ele é um cara legal, fiz isso por livre e espontânea vontade — fez cena.

— Conta outra, João — soquei seu ombro levemente, sorrindo.

— Então... — alongou a palavra — Ele disse que eu poderia jogar de graça por uma semana. E é claro que eu aceitei. O cara tem uns jogos maneiros, guria.

Eu ri.

— Então, o que digo à ele? — me perguntou.

— Nada — respondi, simplesmente.

— E ficar sem meus jogos? — fez uma cara de indignado — Tenha piedade desse pobre viciado, Karina — falou de uma forma dramática, apontando para si mesmo.

— Quanto drama, garoto! — brinquei — Mas sério, diz pra ele que eu vou ficar bem.

— Pode deixar — garantiu — Sabe, ele me ligou hoje de madrugada pra avisar que cê tava bem — informou — Ninguém ainda nem sabia que você tinha sumido.

— Ele te ligou? — perguntei, ainda surpresa. Não sabia que ele havia avisado a alguém sobre mim.

— Pois é — falou, pensativo — Fiquei até surpreso. Lembro que antes de desligar ele soltou um "conta pra alguém e eu acabo com a tua raça, viciadinho". Depois disso, claro que eu pensava duas vezes antes de abrir minha boca.

— Por quê ele avisou, então? — perguntei.

— Disse que precisava avisar pra alguém. Agora porquê eu, não tenho a mínima ideia.

— Vocês, de um jeito estranho, são bons amigos — era a verdade.

— Somos? — levantou uma sobrancelha, questionador.

— São — confirmei — Só não sabem disso ainda.

— Pode ser — respondeu, se levantando — Agora eu vou indo. Vou dormir na casa do Pedro e ainda tenho que dá uma passada no QG, informar meu amigo — riu ao dizer a última palavra — que a marrenta tá bem.

Marrenta. Sorri ao lembrar do apelido.

— Tá bom.

— Mããããe, — chamou — já tô indo!

— Não vai comer, meu amor? — perguntou Dandara, com uma bandeja em mãos.

— Já tá tarde. O Pedro tá me esperando e eu ainda tenho umas coisas pra resolver.

— Ok, meu querido — Dandara largou a bandeja em um canto qualquer e foi até ele — Boa noite — beijou sua testa.

— Tchau, mãe — disse se afastando — Tchau, Karina!

Nos despedimos do garoto, observando ele sair.

— E você, K? — perguntou a professora — Vai comer?

— Tô sem fome, Dandara. Obrigada mesmo assim — respondi, me levantando — Vou tomar um banho e dormir, tô cansada — peguei a bolsa com as minhas roupas, seguindo em direção as escadas.

— Cê tem que comer, minha flor — pediu — Mas ok, se quiser alguma coisa, só falar — sorriu — No quarto do João tem um banheiro, cê vai dormir lá, ok?

Assenti, subindo as escadas.

Entrei no quarto do garoto com a bolsa em mãos, indo direto para o chuveiro.

Passei alguns minutos sentindo aquelas gotas frias caírem sobre mim. E meus pensamentos, pela primeira vez depois de toda aquela confusão, tomaram um rumo diferente. Não foi o Pedro que invadiu meus pensamentos, Cobra o fez. E ocupou bem o seu lugar. Melhor que encomenda.

Não sabia o motivo para estar pensando nele. Talvez a burrada que eu fiz contribuísse para isso. Pensei nas minhas palavras e o quão duras elas haviam soado. Mas não foi intencional, era pra ter sido uma brincadeira. Só e apenas isso.

"Eu tenho uma reputação a manter". As palavras dele martelavam em minha mente.

Uma reputação. A de marginal? Me perguntei. Cobra não era o cara errado que todos achavam. Eu... sentia que não. Bom, na verdade, ele poderia até ser. Não entendia o motivo dele agir de forma tão inconseqüente, tão idiota e ser tão... tão marginal. Sabia que ele não era assim, que aquilo era só fachada. Era mais fácil pra ele manter a pose de bad boy do quer ser o mocinho, o cara que se importa? Eu não sabia...

Batidas na porta me tiraram dos meus devaneios.

— Tô terminando — falei um pouco alto — Espera só um pouquinho.

Abri a bolsa pegando uma roupa qualquer, a vestindo rapidamente.

— Eu tô sem fome, Dan — comecei, mas gelei logo em seguida ao ver quem estava sentado na cama do gamer.

Pedro.

O garoto brincava com os dedos em um claro sinal de nervosismo. Não havia notado a minha saída do banheiro. Aproveitei aquela distração para pensar no que fazer, como agir. E, meu Deus, eu não tinha ideia do que faria com aquele garoto.

Seus olhos encontraram os meus, depois do que me pareceram horas.

— Esquentadi —

— O que cê tá fazendo aqui, garoto? — o cortei. Não queria ouvir nada do que aquele idiota tinha pra me dizer.

— Vim conversar contigo, K. E não saio daqui sem antes fazer isso — o tom decidido em sua voz me assustou — Você pode me jogar da janela, me bater como nunca antes ou qualquer coisa do tipo — numerava com as mãos — Mas eu não vou sair.

— Ok — disse simplesmente, andando em direção à porta — Se você não sai, eu saio.

— Não adianta — eu o olhei questionadora e ele me mostrou a chave. E quando fiz menção de pegá-la de suas mãos, o garoto a jogou pela janela.

Bufei.

— DANDARA! — chamei.

— Também não adianta. Ela saiu, foi por isso que entrei.

Respirei fundo, tentando controlar aquela raiva que eu sentia. Queria matar aquele garoto!

— Vai embora, Pedro, por favor — pedi.

— Só depois que você me ouvir.

— Cê vai me deixar em paz depois disso? — perguntei com expectativa.

Ele concordou, cabisbaixo.

— Pode começar, então — pedi — Quanto mais rápido, melhor.

— Antes de mais nada, quero que saiba que eu te amo, Karina. De verdade — ele disse.

Eu andei até o parapeito da janela do quarto, ficando de costas para o guitarrista. As minhas tão conhecidas lágrimas ameaçavam cair a qualquer momento e a última coisa que eu queria era que ele as visse.

— Se amasse não teria feito isso — disse com a voz falha.

— A única coisa que passava na minha cabeça era que eu tinha uma Demo pra bancar. Daí a Bi me aparece com essa ideia e — suspirou pesadamente — Eu acabei aceitando.

— Esse foi o problema, Pedro! Você aceitou... — explodi, me virando para olhá-lo. Ele merecia ver as lágrimas e a dor que estava me causando. E por Deus, a última coisa que aquilo poderia soar era como egoísta. Eu não era a egoísta da estória, sabia que não.

— Sim, eu aceitei — disse sincero, a coisa salgada e idiota que eu tanto repugnava também desciam de seus olhos — Mas eu tô tão arrependido por isso...

— NÃO! — gritei, alto o suficiente para as pessoas que passassem na praça ouvissem — Eu tô arrependida, Pedro — frisei a palavra — Me arrependo por ter confiado em você, por ter acreditado que seja lá o que acontecia entre a gente, era real.

— Era real, Karina — afirmou, e quando se deu conta do que falou, balançou a cabeça em negação — Não, não... É real. A coisa mais real que eu já senti nessa vida.

Ignorei o que ele disse e resolvi continuar:

— Me arrependo por ter começado essa merda de namoro. Me arrependo por cada beijo que te dei. Por cada palavra dita — fiz uma pausa, respirando fundo — Me arrependo por ter me entregado à você — chorei ainda mais.

— Não diz isso, K, por favor...

Ele tentou se aproximar, mas dei um passo pra trás.

— Não encosta em mim! — disse brava — Eu tenho nojo de você.

— Esquentadinha... — tentou se aproximar de novo. A cada passo que ela dava em minha direção, eu dava dois na direção oposta.

— SAI! — gritei.

— Karina, vem pra cá — chamou, tentando me puxar. O que me fez dar mais um passo para trás.

— Vai emb — não completei a frase.

Me desequilibrei, não sentindo mais os meus pés no chão. Meu coração batia tão rápido como eu nunca imaginei ser possível. Sentia que ele poderia deixar meu corpo a qualquer momento e atravessar pela minha boca. A última coisa que eu vi, foi Pedro tentando de alguma forma me segurar, gritando desesperado. Depois disso, fechei os olhos, esperando o encontro do meu corpo com o chão que, por alguma razão, nunca veio.

Senti braços fortes me cercarem, e foi inevitável não soltar um suspiro de alívio. Me agarrei a eles como se eu necessitasse daquilo para viver, e, meu Deus, talvez eu precisasse.

Meus olhos ainda estavam fechados, meus batimentos ainda nas alturas e minhas mãos agarradas à alguém que eu nem ao menos conhecia, ou melhor, achava que não.

— Assim fica difícil manter a reputação, Karina — disse — Onde já se viu, o marginal salvando a marrenta...


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Notas finais do capítulo

Bom, amo Cobrina, mas não sou cega o suficiente para negar que existe amor entre o guitarrista e a lutadora, e o sentimento é mútuo, FATO! Também não vou dizer que esse sentimento vai sumir assim do nada, pois não vai - sorry -. Por mim, já podia pular para o Cobra e a K, e o seu "felizes para sempre", maaaas nem tudo são flores. :/ Emfim, o quero dizer é que, sim, vai ter Perina. Porque, cara, eles tem uma estória. E eu não quero mudar isso.

Vou tentar dar o meu melhor para poder desenvolver a fic, sei que não vou agradar a todos. E é por isso que peço desculpas antecipadamente. E aos que eu agradar, meu sincero obrigada.

Parei aqui. Kkkk

Comentem e me façam feliz. *-*
Beijos, galera.