Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Ei, galeeeera do meu core.

Espero que esteja tudo bem com vocês. Acho que dessa vez nem demorei tanto, kkkkk. Eu quero agradecer a todos que leram e comentaram no capítulo anterior. E um obrigada ainda maior para a Mands que, ultimamente, vem aguentando todas as minhas crises em relação à Wrong. Muuuuito obrigada, guria!

Acho que é isso. Boa leitura!



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— Cobra... — puxei meu punho de sua mão, em uma tentativa de me livrar daquele contato. O que foi em vão, é claro — Me solta — sibilei brava. Ele apenas me devolveu o olhar, e soube naquele instante que ele não tinha a mínima intenção de me deixar ir.

— Vi que resolveu as coisas com o descabelado — tentei novamente, o que fez com que ele nos aproximasse ainda mais — Não resolveu? — perguntou em um sussurro. Ele estava tão perto que sentia seu hálito quente em minha face.

— É, eu resolvi as coisas com o Pedro — confirmei. Senti quando seu toque afrouxou de repente, e seus olhos, por um segundo, pareceram surpresos. Aproveitei o momento para pôr um mínimo de distância entre nós, mas antes que eu fizesse qualquer movimento, ele me segurou novamente — Você também pareceu se acertar com a Jade... — puxei meu braço de novo, dessa vez com mais força e mais raiva. E, de novo, foi em vão.

— Ciúmes? — aquele sorriso idiota voltou para seus lábios.

— Claro que não — garanti com uma certeza que eu não sabia de onde surgiu — Não tenho ciúmes de você.

— Ah, não? — perguntou debochado — Então porque saiu correndo da festa?

— Eu não te devo explicações — o fuzilei com o olhar — E a propósito, você também pareceu bem incomodado quando me viu com o Pê.

Touché.

Por um segundo, eu poderia jurar que uma expressão abalada tomou conta de sua face. Mas ele era tão bom em disfarçar sentimentos quanto eu. E por isso, mais rápido do que veio, sua expressão se foi.

— Agora cê pode, por favor, me soltar. Volta pra festa, pra sua Dama... — pedi suplicante — Eu preciso ir para casa.

— K... — sua mão deixou meu pulso e escorregou até a minha palma, entrelaçando seus dedos com os meus. Ainda estávamos perigosamente perto e eu temia onde aquilo poderia nos levar.

Ele abriu a boca diversas vezes, parecendo hesitante por longos segundos. Seus olhos pesaram e ele os fechou enquanto deixava um suspiro pesado escapar. Senti seus dedos pressionarem ainda mais os meus e seus olhos abrirem lentamente. E ali, observando aquela imensidão que eram seus olhos, eu soube, sua guarda estava baixando. Da mesma maneira como da primeira vez, quando ele me viu chorando na praça, quando eu percebi que havia algo que valia a pena nele. Que uma parte dele se importava e sempre se importaria.

— Não... Não vai — pediu — Não agora, por favor — ele implorava com o olhar.

— Não posso ficar. Já tivemos sorte o suficiente para escapar do meu pai mais cedo, e se algu —

— Ei — me interrompeu — Ninguém vai saber, prometo. Só quero conversar, K — sua mão deixou a minha, e, por um segundo, senti falta do calor que ela emanava. O que foi um pouco contraditório, já que há alguns minutos atrás eu queria me livrar do toque do réptil.

— E a Jade? Ela pode contar alguma coisa, Cobra... — fechei os olhos, tentando fazê-lo mudar de ideia.

— Ela não vai — garantiu — Ela nem ao menos me viu sair.

Suspirei pesadamente. Ele em resposta, apenas seguiu andando em direção ao QG. Fiquei parada por alguns segundos, me perguntando o que faria. E espantando os últimos resquícios de sanidade, o segui.

Ele esperou que eu entrasse e procurou pelas chaves, para trancar a porta.

Em passos lentos, fui até seu improvisado quarto. Sentei em sua cama, o esperando. Foi quase inevitável controlar as lembranças.

Lembrei do dia em que cuidei de Cobra quando ele se meteu em uma luta ilegal. De quando ele me abraçou na noite em que dormi ali e do quão atordoada eu fiquei ao notar que eu estava em seus braços quando acordei. Lembrei da maneira como eu o chutei e de como fiquei constrangida ao me dar conta de que a blusa que eu vestia estava rasgada. Do flagra que Thawick nos dera e de como eu corri em disparada em direção ao banheiro.

Muitas lembranças para uma só cama.

Cobra me lançou um sorriso. E por um instante me perguntei se ele lia pensamentos, e corei sem saber ao certo o motivo. Meus fios, ainda que pequenos, caíram sobre minha testa, em uma tentativa fracassada de evitá-lo. Agradeci internamente quando o vi me dar as costas, ficando de frente ao seu saco de areia.

— Então — comecei, o observando calçar suas luvas — Sobre o que você quer conversar?

— Você e o Pedro voltaram? — perguntou casualmente enquanto acertava um murro forte e preciso no saco de areia.

Não respondi de imediato. Fiquei pensando se realmente valia a pena.

— Nos acertamos — tornei a repetir — Colocamos um ponto naquilo — deixei escapar. Ele, afinal, ainda era meu amigo. E eu sentia que poderia contar com ele.

— Um ponto... — uma série de socos foi desferido por ele, e uma pausa demorada foi feita — Final? — se virou para me olhar. Ele estava ofegante e algumas gotas de suor já invadiam sua face.

— Não sei... — fui sincera. Fiquei de pé e dei alguns passos até ele, o encarando — Não sei se foi uma pausa ou se, realmente, acabou. Uma coisa é certa: eu sempre vou amá-lo. Mesmo com todas as mentiras, ele me fez verdadeiramente feliz. E eu nunca esquecerei disso.

Ele retirou as luvas de uma maneira rápida e impaciente, a jogando em um canto qualquer.

— Você devia voltar com o guitarrista. Sério. — suas mãos foram até seus cabelos, o bagunçando levemente — Vocês dev —

— Não — o interrompi — Eu não quero voltar. Por um segundo, eu juro que quis — me lembrei da conversa de mais cedo com Pedro — Mas... algo me fez pensar. Me fez ver que eu tenho um mundo lá fora, e que eu preciso descobrí-lo e vivê-lo...

— Algo?

— Algo — respondi sem mais detalhes.

Nos encaramos por longos segundos. Em um silêncio incômodo.

— Porque cê foi na festa? — perguntei curiosa.

— Não sei... — abriu os braços — Eu só fui.

— E encontrou sua Dama, vagabundo... — revirei os olhos diante da minha frase — O quê? O cavalheiro não foi o suficiente? — me referi a Henrique.

— O cavalheiro é cheio de deveres e responsabilidades. Teve que ir embora... — foi a vez dele de revirar os olhos — E como bom vagabundo que sou, estive lá pela Dama — sorriu com a própria piada — Todo mundo precisa de alguém que não presta na vida, Karina — sorriu — Talvez eu seja o erro da vida dela.

Engoli em seco. Controlando aquela coisa que eu sentia subir pela minha garganta. Eu não tinha que ter me afetado tanto por uma simples frase. Não tinha.

— Mas sabe de uma coisa, marrenta? — deu alguns passos em minha direção — Eu não quero mais ser o erro da Dama.

— Não? — sussurrei.

— Não — negou — Eu quero ser o seu erro — engoli em seco e quando me dei conta do sentido por trás daquelas palavras, tive que controlar o sorriso que quis escapar.

Senti seus dedos contornarem toda a extensão do meu rosto de uma maneira delicada. Suas mãos alcançaram minha nuca e a próxima coisa que sentiu não foi meus lábios nos dele, foram minhas mãos em seu peito.

— A Jade não está aqui — o afastei brava — Você não precisa fazer isso. Não precisa me usar.

As palavras dele ainda martelavam em minha cabeça.

— Karina —seus olhos se arregalaram um pouco, quase indignado — Eu não te usei... — garantiu, se aproximando de novo.

— Mas não foi isso que você disse — rebati, dando um passo para trás.

— Eu só queria te machucar.

— E conseguiu — soltei.

— Eu sei. Me desculpa — ele se aproximou novamente, seus dedos empurraram delicadamente uma mecha do meu cabelo para atrás da orelha, e dessa vez não me afastei.

Sua mão em minha nuca nos aproximou um pouco mais e de maneira singela, ele selou nossos lábios demoradamente. Não aprofundou e nem fez menção para isso, era só um toque.

Foi a minha vez de suspirar pesadamente.

— Eu não quero perder sua amizade, Cobra... — sussurrei depois que nos afastamos.

— Eu não quero te perder, pequena — ele puxou minha cintura levemente, nos unindo em um abraço.

Talvez minutos se passaram. E eu apenas o abraçava. Minha cabeça enterrada no vão de seu pescoço me permitia senti o aroma do perfume amadeirado que usava.

— Eu tenho medo. Tanto medo — confessei em um sussurro — Medo de que dê errado. Medo de quebrar a cara de novo. Medo de me machucar...

— Não posso te garantir que vai dar certo. Não posso prometer que não vou te machucar — sussurrou em meu ouvido. Seu hálito quente me fez arrepiar levemente — Eu só machuco as pessoas, Karina. É da minha natureza ser o cara mau, o que não se importa... — me afastei, pronta para interrompê-lo — Mas eu estou disposto a tentar. E se você também quiser, eu estarei aqui por você — ele sorriu genuinamente depois de alguns segundos — Porra, Karina! — xingou alto — Olha isso, olha as coisas que eu estou falando. Ricardo Cobreloa não fala essas coisas!

Gargalhei o acompanhando.

— Quer saber de uma coisa? — perguntei, cercando seu pescoço com meus braços — Eu também estou disposta a tentar. E disposta a errar também — me aproximei um pouco mais. Centímetros nos separavam, e quando percebi que ele fez menção de acabar com aquela distância, eu me afastei um pouco — Mas por enquanto — disse um pouco mais alto — Somos só eu e você.

— Sem rótulos...

— Sem rótulos — confirmei.

Ele me guiou até a parede de uma maneira quase desesperada. Sorri com aquilo enquanto minhas mãos se apoiavam em seus ombros. Senti seus lábios nos meus, e alguns segundos depois sua língua quente invadir minha boca. Era quase desesperado. Seus dentes capturaram meu lábio inferior de uma maneira sagaz e demorada enquanto buscava pelo ar que fora perdido depois do beijo.

— Meu Deus, Cobra! — o som saiu de uma maneira engraçada já que seus dentes ainda não haviam deixado o meu lábio. Ele o soltou, assustado devido ao meu tom — São quase meia noite — olhei o relógio na parede — Meu pai vai me matar. Eu preciso ir!

— Precisa? — senti a ponta de seu nariz percorrer toda a extensão de meu pescoço, me arrepiando.

— Preciso — o afastei com dificuldade.

Corri até a porta, mas, mais uma vez naquela noite, um puxão me fez voltar. Cobra me cercara em seus braços.

— Te vejo amanhã? — perguntou encarando minha boca sem pudor algum.

Apenas assenti. Seus lábios chocaram-se com os meus e antes que ele aprofundasse aquele toque, eu me afastei com relutância.

— Eu realmente preciso ir — sorri — Te vejo amanhã!

Fui até a porta do QG, a destrancando.

E com um sorriso idiota nos lábios, segui até a minha casa, onde Bianca me esperava na porta com uma carranca nada agradável.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? Kkkkk
As coisas, finalmente, pareceram se acertar para esses dois. Espero que tenham gostado. Comentem e me digam tudo o que acharam.

Beeeeijos e até a próxima!