Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Ei galera do meu core!

EU SEI! Demorei pra aparecer - e peço mil desculpas por isso -. Mas é que eu tava dedicada em uma one Cobrina - que já postei, pra quem quiser vou deixar o link lá nas notas finais - A minha falta de tempo e o bloqueio querendo dar sinal de vida, também foram motivos para a demora. Tentarei ser mais rápida.

MEU SENHOR, MAIS DUAS RECOMENDAÇÕES? QUE LINDO, CARA! *-* Muuuuito obrigada, meninas. Acho que já perdi as contas de quantas vezes a agradeci, mas mesmo assim: obrigada, Mands. Por tudo! O mesmo vale para a Andressa. Cês não têm noção da minha cara de boba ao ler todas aquelas lindas palavras.
Um super obrigada também a todos que comentaram e favoritaram no capítulo anterior, foi um baita incentivo ver tudo aquilo.

Acho que é só, kkkkk. Boa leitura!



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Meus pulmões começavam a clamar por ar, mas a última coisa que eu queria era abandonar os lábios dele. Estavam tão quentes. O tipo de calor que eu sentira falta nos últimos tempos. O tipo de calor que só ele parecia emanar.

Meus dedos oscilavam em bagunçar seus cabelos e acariciar seu pescoço, o puxando para mais perto. Suas mãos cercaram minha cintura com uma facilidade tremenda, me puxando para si.

Era bom sentir os pêlos de sua nuca eriçarem quando meus dedos percorriam toda aquela extensão. Era bom sentir a barba dele roçando meu queixo a cada movimento que fazia. Era bom sentir sua língua de encontro com a minha. Ou as sensações que aquilo tudo me trazia...

Era bom.

E talvez fosse um problema.

— Cobra — me afastei, puxando o ar que ele havia me tirado, estava pronta para dar um fim naquilo. Mas minhas palavras ficaram pedidas ao olhá-lo. Seus cabelos estavam emaranhados e seus lábios inchados e vermelhos.

— Se não quiser confusão, é melhor ir embora — deu as costas, me deixando confusa — Jade não está mais na praça... —

Seus lábios ainda se moviam, falava algo. Mas eu não entendia mais nada.

— Isso tudo foi por causa da Jade? — perguntei em um sussurro, o interrompendo no meio de seu discurso que eu nem sabia do que se tratava.

— Foi — confirmou, frio. Andava em passos lentos em minha direção — Da primeira vez foi por causa do Pedro, não foi? — perguntou — Não foi, Karina? — ele parecia bravo.

A primeira vez que nos beijamos. Lembro que aquela música idiota invadiu meus ouvidos, lembro das lágrimas que ameaçaram cair, lembro da maneira preocupada que Cobra me olhava, lembro que em um impulso o beijei, lembro que me afastei logo em seguida, e lembro da maneira como seus lábios capturaram os meus novamente.

Mas afinal, tudo começou por causa daquela música idiota. Daquele idiota do Pê.

— Foi — soltei da mesma maneira — Foi por causa do Pedro — admiti. Ele não parecia surpreso, parecia saber disso — Te beijei para esquecê-lo, e funcionou por um tempo — dessa vez a surpresa deu lugar ao espanto que mais rápido do que veio, se foi.

Não era verdade. Não havia funcionado só por um tempo. Nos últimos dias não eram os lábios de Pedro que invadiam minha mente, eram os dele. Daquele Cobra. Que agora dava o bote, da maneira mais baixa possível.

— Funcionou por um tempo comigo também — se aproximou um pouco mais, aquele sorriso cínico prendia em seus lábios. Ele me prendeu, de novo, entre seu corpo e a mesa — Foi um prazer te usar, gatinha.

— Imbecil! — quase gritei. Minhas mãos fecharam em punho, e seguiram até seu rosto, mas ele foi mais rápido, me impedindo — Me solta — sibilei entre os dentes.

Ele se aproximou ainda mais. Sua mão segurava a minha de uma maneira quase dolorosa. Sabia que uma carranca se formava em minha face, ele em resposta apenas sorria cinicamente. A minha vontade era de socar aquele idiota.

Estava pronta para o próximo golpe, pronta para me livrar daquele contato, mas antes que eu fizesse qualquer coisa, ele me soltou de repente. Seus lábios que prendiam aquele cínico sorriso agora se transformaram em uma linha reta e seu olhar deixou o meu.

— Karina!

— Pai... — sussurrei.

Me virei lentamente para olhá-lo, me arrependendo logo em seguida. Ele oscilava os olhares entre eu e Cobra. Estava irado. Dandara estava atrás dele, tentando acalmá-lo. João e Bianca só observavam tudo, como se pensassem no que fariam.

— Não é nada disso que cê tá pensando — comecei, tentando achar um escape para tudo aquilo.

— Ah, não? — sua ironia era quase palpável — Não foi isso que a bailarina disse.

Jade. Ela abriu a boca. Talvez fosse sobre aquilo que Cobra falava antes de eu o interromper com aquelas coisas idiotas.

Fechei os olhos, suspirando pesadamente. Pronta para me entregar, e pronta para o castigo.

— Aqui, K — Cobra me entregou um pedaço de papel — O preço dos suplementos — fiquei confusa por alguns segundos.

Olhei o papel.

— Bianca pediu pro João vir aqui e anotar o preço de alguns produtos, acho que pra algum trabalho da faculdade — começou, explicando para o meu pai — Mas como ele teve que sair, Karina ficou para pegar a lista — a mentira soou tão natural que até eu cheguei a acreditar.

— É verdade, paizinho. É pra um trabalho da faculdade — Bianca confirmou — Eu pedi pro João vir aqui.

— Como eu fiquei jogando, acabei esquecendo de pedir ao Snake — começou João — E quando eu, finalmente, lembrei, K apareceu me chamando. E ficou de pegar a lista com o Cobra — completou o gamer

O silêncio pairou sobre o ambiente. Gael nos olhava como se quisesse encontrar o rastro de mentira, algo que não nos comprometesse.

— Só isso? — levantou uma sobrancelha, intrigado — Tem certeza? Porque não foi isso que a Jade falou.

— A garota só quer me ferrar, mestre — explicou Cobra — O que ela inventou dessa vez? Que eu estava agarrando sua filha? — perguntou com uma falsa ironia.

— Exatamente isso!

Típico da bailarina. O acusar. Jogar da maneira mais baixa que conseguia.

— Você sabe que eu não far —

— Eu sei, Cobra. Não precisa lembrar — meu pai disse, como se recordasse alguma conversa que tivera com ele — Só não faça eu me arrepender disso. Não faça eu me arrepender por confiar em você.

— Eu não vou — garantiu.

Eu observava toda a cena com perplexidade.

— Qual é, mestre? — João quase gritou — Que papo é esse? Cê é cruel esqueceu? — estava indignado — Quero o Cobra rastejando aos seus pés enquanto implora piedade. Quero sangue e também quer —

— Cala a boca, João! — Bi o interrompeu, sorrindo — Vamos voltar pro Perfeitão, família. A apresentação final já vai começar!

— A Lia já chegou? — perguntei empolgada.

— Sim. Quando saímos de lá a galera tava arrumando os equipamentos — João respondeu.

— Vamos! — chamou Bianca, me arrastando com ela.

Minha cabeça girou lentamente, observando Cobra na porta do QG. Ele me lançava olhares indecifráveis, e mesmo depois de tudo eu ainda estava com raiva. Suas palavras martelavam em minha cabeça. "Foi um prazer usar você"... Tudo aquilo por causa da bailarina. Me usou para atingí-la. Mas ao contrário do que previa, ele me atingiu. Em cheio. E doeu.

— Cê nos deve uma, Karina — sussurrou a mais velha — Jade chegou na nossa mesa, gritando pra todo o restaurante que "o marginal atacava novamente", e cê sabe que não foi tão difícil pro papai associar à você — falou ainda mais baixo — Ainda bem que o Cobra pensou rápido em alguma coisa. Eu realmente tinha um trabalho pra fazer, o João tinha ido ao QG pra isso, e mais sorte ainda foi ele ter esquecido o papel lá.

— Valeu, Bi— foi a única coisa que saiu da minha boca depois da declaração dela — Agora bem que cê podia me ajudar com esse salto, né? Tá doendo — fiz um bico, me livrando do mesmo. Um sorriso escapou de meus lábios ao sentir o encontro dos meus dedos com o chão frio do asfalto.

— Pega, K — sorriu, me jogando a sapatilha que ela usava e trocando por aquele coisa torturante que deixara meus pés.

— Melhor assim — admiti.

— Meus amores, — Dandara nos chamou — nós vamos pra casa, viu? Tô com dor de cabeça e o pai de vocês vai me acompanhar.

Concordamos.

— Eu vou — começou o mestre — Mas tô de olho, viu? — frisou — Quero as duas em casa antes da meia noite. Decoraram?

Reviramos os olhos, concordando novamente.

Seguimos andando até o restaurante. Agora as pessoas estavam espalhadas. Dançavam e cantavam uma música qualquer, as últimas notas ecoavam pelo local. A alegria era contagiante.

— K... — começou Bianca um pouco incerta — Você e o Co —

— Boa noite, galera! — a voz de Lia cortou a mais velha, e eu agradeci internamente por aquilo. Sabia onde aquela conversa iria levar, e não estava disposta a chegar até o final. Bi resolveu se afastar para conversar com Duca — Depois de muito enrolar, cá estamos. Queria agradecer a todos por estarem aqui. Espero que curtam!

Legião urbana preencheu o ambiente. Todos cantavam, brincavam e dançavam alegremente.

Eu estava deslocada, perdida naquela multidão. Sozinha.

Segui para a porta, pronta para ir embora, mas um puxão me fez voltar. A pessoa me arrastou até os fundos da cozinha, antes que eu fizesse qualquer coisa. A música estava abafada. E quando vi os cabelos desdenhados e aqueles olhos castanhos que tantas vezes me perdi, senti uma vontade ainda maior de sumir.

— Por favor, Karina... — implorou.

— O que cê quer, Pedro? — puxei minha mão da sua.

— Eu só quero conversar. Só isso...

Algo na maneira como ele disse me fez ficar. Me fez encará-lo com dúvida.

— Eu te amo, Karina — quando abri a boca para interrompê-lo e acabar com aquele discurso idiota, sua mão foi até minha boca, a tapando — Por favor, só escuta.

Eu assenti sem saber ao certo o porquê. Pedro meio receoso tirou suas mãos de lá.

— Eu te amo — repetiu com mais intensidade — E ninguém me pagou pra te amar, Karina. Ou pra fazer aquela música pra você — sussurrou sonhador — Eu aprendi a gostar de você. Mesmo com todos aqueles chutes e patadas que você me dava. Aprendi a gostar da tua marra... E da tua teimosia — não o via, meus olhos baixaram para um lugar qualquer, mas sabia que ele tinha um sorriso bobão em sua face — Eu só quero você de volta, K. Quero ter você nos meus braços. Quero ser o seu namorado frouxo de novo — senti sua mão quente em minha nuca e um arrepio involuntário sucumbir por todo o meu corpo.

Levantei meus olhos, o encarando. E vendo aquele guitarrista desafinado e frouxo na minha frente, falando todas aquelas coisas que fizeram meu coração aquecer e algumas lágrimas ameaçarem cair, eu tive vontade de voltar. Voltar para a minha vida antiga. Onde tudo era fácil. Onde eu era feliz com ele.

Mas meus olhos subiram um pouco, encontrando os de Cobra. O moreno estava na porta da cozinha, nos observando. Não sabia quanto tempo ele estava ali, e antes que eu pensasse em fazer algo, ele se foi.

E o olhando sair, eu tive a resposta.

— Eu não posso... — minha voz saiu em um fio, arrastada. A lágrima que prendia em meus olhos, caiu finalmente.

— Por causa dele? — perguntou. Eu sabia de quem ele falava, mas mesmo assim resolveu completar — Do Cobra? Eu sempre soube que ele gostava de você, Karina. O jeito como ele te tratava, como te olhava, como ele se impor —

— Não é por causa dele, Pê — garanti, o interrompendo — É por minha causa.

Ele me olhou confuso, quase perdido.

— Mais do que você, eu sinto falta de mim — comecei — Sinto falta da Karina de antes. A que não tinha você. A que tinha o pai, a irmã patricinha, o Muay Thai... e era feliz — sorri com a lembrança — Eu preciso encontrá-la, Pedro. Preciso vivê-la — acariciei sua face e algumas mexas de seu cabelo — E se essa Karina precisar de você, ela vai voltar — plantei um beijo no canto de sua boca — Mas agora, ela — balancei a cabeça negativamente — Eu preciso viver, descobrir o mundo lá fora... E você também, pentelho — fiquei na ponta dos pés, plantando um beijo no alto de sua cabeça.

Quando meus pés alcançaram o chão, senti quando Pedro assentiu, parecendo entender, pela primeira vez, o que eu queria dizer.

Dei uma última olhada antes de deixá-lo. Não era um ponto final, não era uma promessa de retorno, só estávamos tendo a conversa que tanto adiei.

Quando meus pés deixaram o local, a música preencheu meus ouvidos com a mesma intensidade de antes. Uma batida agitada e contagiante. Calvin Harris, eu arrisquei.

Como imã, meus olhos encontraram de novo os dele e, por ventura, os dela também. Jade e Cobra dançavam, se destacavam no meio da multidão. A bailarina cercara seu pescoço e ele, sua cintura.

Da mesma forma como fizera comigo mais cedo...

Seus lábios se aproximavam, flertavam, mas não chegavam a se tocar. Era uma clara provocação.

Revirei os olhos com a cena. Segui até a saída do restaurante, passando por todas aquelas pessoas que se aglomeravam na pequena e improvisada pista de dança.

Em passos firmes atravessei a rua, pronta para ir para casa. E pela segunda vez naquela noite, um puxão me fez voltar. Dessa vez o toque não era delicado como o de Pedro, foi forte o suficiente para fazer meu corpo se chocar com o dele.

— Ia embora sem se despedir, novinha? — sussurrou. Ele estava tão perto que sentia seu hálito bagunçando alguns fios que caíam em minha testa.

Segurava meu pulso com uma força desnecessária, quase me machucando. Mas ele não faria isso. Uma Cobra gosta de brincar com sua vítima.

Mas dessa vez ele não iria. Dois podem jogar, e eu estava ali para vencer.


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Notas finais do capítulo

E então? Me digam o que acharam! Tô louca pra saber, kkkkkkkk.

Aqui o link da one: http://fanfiction.com.br/historia/614713/Impossivel_Cobrina/

Espero ver vocês lá também!