Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Ei, galera do meu core.

Cá estou eu para mais uma atualização. Acho que não cheguei a comentar aqui, mas a fic não será muito grande :/ Tava pensando nesses últimos dias e acho que vou sofrer pacas quando ela chegar ao fim. :'(

Enfim, não quero ficar triste antes da hora.

Ah! Você que está aqui no Nyah, e talvez esteja procurando fics Cobrina para ler, saiba que tenho uma recomendação. É Afire Love, da Mands. Tenho certeza que vão adorar. Que quiser e puder, dê uma passada lá.

Aqui o link: http://fanfiction.com.br/historia/612572/Afire_Love_-_Cobrina/

É isso. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587565/chapter/12

Pouco mais de um mês havia se passado.

As férias de final de ano finalmente havia chegado. E com elas, a tão aguardada apresentação da Galera da Ribalta. Em outra situação, eu recusaria o convite sem pensar duas vezes. Mas Lia insistira tanto que eu acabei aceitando. Ela era bacana, e talvez tão esquentada quanto eu. Além de estar devendo uma.

— Pronto — Bianca disse depois do que me pareceram horas.

Meu relacionamento com ela aos poucos voltava ao normal. De início, as coisas eram as mais incômodas possíveis. Eu tentava a todo custo evitá-la. Falava apenas o necessário. Mas o fato de dividirmos o mesmo teto tornava as coisas mais difíceis. Depois de algumas semanas, as palavras tornaram-se frases. E lá estávamos nós duas agora.

Enquanto caminhava até o espelho, me perguntei o motivo para eu ter aceitado aquilo. Ser a boneca da casinha de Bianca. Mas no fundo, sempre soube a resposta.

Queria provar para todos que eu estava bem. Ao menos por fora.

— Eu... — soltei uma careta ao olhar meu reflexo — Me sinto... estranha.

Estranha.

Talvez o fato de eu trajar aquele vestido, fazia eu me sentir daquela forma. Ele não me apertava e era, por sorte, comportado - ia até um pouco acima dos joelhos. Toda a pele do meu ombro estava a mostra e o decote era coberto por uma renda preta, da mesma cor que o vestido. Talvez fosse a maneira tão comportada que os fios do meu cabelo estavam organizados. Poderia ser também maquiagem básica que cobria meu rosto. Ou o salto alto que apertava meus pés e me desequilibrava algumas vezes.

Talvez tudo aquilo fazia eu me sentir daquela forma. Uma estranha no próprio corpo.

— Minhas flores, já estão pron — Dandara invadira o quarto, eu a observava pelo reflexo do espelho. Ela estava ali para nos chamar, provavelmente. Estávamos todos atrasados, e tudo isso graças a Bianca. Que resolvera brincar de boneca em cima da hora.

— O que achou? — Bianca sorria como uma criança ao apontar em minha direção.

— Você está linda, Karina — sorri ao sentir o beijo que a professora plantara no alto de minha cabeça.

— Obrigada — sussurrei para elas, abaixando a cabeça envergonhada. Nunca saberia como reagir a elogios.

— Você tem certeza que quer ir? — a professora perguntou — Sei como ainda é difícil ter que encarar o Pedrinho depois de tudo.

Suspirei pesadamente.

— Você tem razão. É difícil — concordei — Mas não vai ser aquele desafinado que vai me fazer perder o show — sorri, sendo acompanhada por elas.

— SERÁ QUE JÁ PODEMOS IR? — gritou Gael. Sabia como ele odiava esperar.

— Ouviram o mestre — Dandara brincou seguindo até a sala.

Seguimos a professora enquanto eu tentava me equilibrar naquela coisa apertada e assassina que Bianca chamava de salto. A mesma apenas ria do meu desespero.

Senti que fazia um bom trabalho. Afinal, no caminho do meu quarto até a porta, ainda estava de pé.

— Cê tá incrível, filha — ouvi meu pai soltar. Falava com Bianca, provavelmente. Por esse motivo não lhe dei atenção — Tô falando contigo, K — seu dedos foram até minha cintura, a apertando. Me puxou até ele, e beijou minha bochecha.

Fiquei surpresa por alguns instantes. Mas lhe lancei um sorriso em resposta. Normalmente aqueles tipos de elogios eram soltados para a mais velha. Não para mim. Nunca para mim.

Caminhávamos até o Perfeitão. Os três conversavam animadamente sobre uma peça que Bianca iria estrear. Quando chegamos na praça, meus olhos quase que de imediato pairaram sobre o QG. O procurei por todo o estabelecimento e sorri discretamente ao encontrá-lo. Ele e Johnny jogavam animadamente.

Dandara parecera notar o mesmo que eu. A presença do filho no QG. Pareceu pensar no que faria, mas decidiu seguir.

O Perfeitão estava mais movimentado que o comum. A razão: a Galera da Ribalta. Não era um show qualquer. A razão: a tal amiga do Nando, a Lia. Lia Martins, se não me engano. Como ela não pôde tocar no aniversário do cara, ele a convidara de novo. E hoje era o grande dia.

Lembro que há alguns dias atrás a garota havia me ligado para me convidar para a tal apresentação, e quando a questionei como ela havia conseguido meu número, ela gargalhou e soltou um "como cê acha?". Não precisei pensar muito para chegar a uma resposta: Pedro. Neguei de imediato, mas ela explicou que ele não tinha nada a ver com aquilo. E, por alguma razão ainda desconhecida por mim, eu aceitei.

Mas bastou eu sentir todos os olhares queimando sobre mim enquanto caminhávamos até uma mesa qualquer, para eu me arrepender de por os pés ali, me arrepender de ter saído de casa. Ainda mais vestida daquela maneira.

Fiz menção de ir embora, mas Bianca me repreendeu com o olhar e me puxou fazendo com que eu sentasse. Bufei em resposta.

Tinha que arrumar uma maneira de sair dali. Não gostava da maneira como as pessoas me olhavam. Não gostava da atenção da qual eu recebia.

Fiz de tudo para que um certo descabelado não me visse. Mas soube o exato momento em que seus olhos me alcançaram, pois uma nota aguda e sem afinação deixou a sua guitarra, fazendo com que todos reclamassem. Me assustei ao perceber que ele fazia menção de vir até onde eu estava, mas relaxei ao ver que a banda o repreendera, o fazendo ficar. Respirei aliviada e passei a brincar com o canudo que peguei ao terminar o suco que Marcelo havia deixado ali a alguns minutos atrás.

Não tinha a mínima ideia do que os três falavam, apenas sorria e concordava algumas vezes. Em certos momentos, comentava alguma coisa para não dar tanta bobeira.

Sabia que a apresentação final ainda iria demorar. Apertei em uma tecla qualquer do meu celular, procurando saber o horário.

Um sorriso brincou em meus lábios ao ver o papel de parede. Não uma foto minha e de Pedro como há uns dias atrás. Era uma foto minha. Uma das fotos que Cobra havia tirado no dia em que eu passei a noite no QG com ele. Uma foto que ele mesmo tirou e sugeriu. Lembro que tentei repreender o lutador por aquele ato, mas um sorriso involuntário abandonou meus lábios. Eu me perguntava como ele conseguia fazer aquilo, me fazer sorrir em meio ao caos.

Da mesa onde eu estava, tinha uma visão perfeita do QG. E nunca quis tanto estar lá.

A deixa perfeita foi quando vi a banda procurar por João em nossa mesa. Ouvi Sol dizer que precisavam de Johnny. "Problemas técnicos", ela explicou.

Dandara fez menção de levantar, mas fui mais rápida.

— Eu vou atrás do João.

— E onde ele está? — meu pai perguntou enquanto tomava um gole do suco.

— No QG — a professora respondeu em um sussurro, como se temesse a reação do Mestre. E quando ele cuspiu todo o suco para fora, soube que ela tinha razão quanto a reação dele.

— Você não vai para aquele ninho de Cobra — falou um pouco alto, atraindo a atenção de todos ali. De novo.

Gael, assim como todos na nossa vizinhança, soube do beijo. Lembro do quão bravo ele ficara. Estava irado. Pronto para ir atrás de Cobra, mas com muita insistência, depois de muito implorar e deixar claro que ele não me obrigara a nada, ele me prometera que não iria atrás do rapaz.

Mas mesmo depois de tudo, ele ainda fazia cena.

— Qual é, pai — comecei — A galera precisa do Johnny.

Lancei um olhar para Dandara. Ela pareceu entender. Sussurrou algo no ouvido do meu pai que o fez assentir, mesmo que a contra gosto.

Segui andando até a saída do Perfeitão rumo ao QG. Fui surpreendida quando senti um aperto em meu braço, me fazendo parar de repente.

— Esquentadinha... — Pedro. O garoto me olhava quase em uma súplica. Puxei meu braço rudemente, colocando fim naquele contato.

Andei em passos lentos até meu destino.

Entrei o mais silenciosamente que conseguiu no QG. E percebi que tal cuidado não era tão necessário. Os dois estavam tão absortos na conversa e no jogo, que nem se deram conta da minha presença.

Estava pronta para chamar João, mas a pergunta que ele fez me fez parar.

— E você e a Ka?

— O que tem? — perguntou, bufou ao ver que perdera a partida que jogava.

— Ué — começou o nerd — Me diz você. Cês se beijaram, né?

— Isso todo mundo sabe, viciado — respondeu enquanto iniciava uma nova partida.

— Cê gosta dela?

Percebi que Cobra retesou de repente, o jogo que ele mau começara já mostrava um 'game over'. Ele pareceu não se importar. E como se recobrasse a consciência voltou ao que fazia.

— Ela é minha amiga.

João que antes estava vidrado no jogo, sorriu com vontade sem nem ligar para o fato se perderia ou não a partida.

— Ela também é minha amiga, mas nem por isso a saio beijando por aí — implicou e quando vi a cara que ele fazia, tive a certeza que um comentário idiota deixaria sua boca — Se bem que até eu poderia pensar no caso.

Mais rápido do que imaginei, Cobra acertou a cabeça do garoto com um tapa.

— Ai! — massageou o local atingido — É disso que tô falando, Snake — João disse simplesmente.

“Disso o quê?” A pergunta pairava sobre minha mente.

Cobra em resposta apenas desligou o computador, o cobrando pela hora.

— Qual é, cara! — berrou Johnny — Cê ainda tá me devendo uma semana de graça, lembra?

Sorri lembrando do dia em que o gamer me contara sobre a semana de jogos grátis que ganharia se avisasse à Cobra como eu estava.

— Nem vem, viciado.

João parecera querer insistir, mas o interrompi.

— Ele tem razão — me pronunciei, atraindo a atenção dos dois que se levantaram surpresos — Cê tá devendo uma semana de jogos à ele — apontei para João.

— Uau, Ka! — exclamou João — Tudo isso pro Cobra? Ele não merece!

Revirei os olhos. E sorri ao ver, de novo, o garoto recebendo um tapa.

— Ei! — berrou indignado — Cê tem que parar com isso! Dói.

Meus olhos encontraram pela primeira vez os de Cobra. A última vez em que eu estivera com ele foi há pouco mais de uma mês. Quando Pedro tentou comprar uma briga com ele. Por minha causa. Quando ele e Jade brigaram. Também por minha causa.

Suspirei pesadamente, desviando os olhos.

— A banda tá precisando da sua ajuda, viciado. Problemas técnicos — imformei.

— Como assim "viciado"? — seus olhos oscilavam entre mim e Cobra que tinha um sorriso discreto nos lábios — Esquece! — bufou — Cê a ouviu, né? Uma semana. Uma semana, Snake! — apontou para o computador.

Deu as costas e seguiu até a porta.

— João — chamei.

Ele pareceu notar o que eu iria pedir.

— Só se essa semana de jogos de graça se tornarem um mês — sorriu largamente. O olhei indignada — Ok, duas semanas. É pegar ou largar — abriu os braços.

Olhei para Cobra e vi quando ele assentiu como se não acreditasse no que fazia.

— Pode deixar, casal. Eu enrolo o Mestre Cruel pra vocês.

João deixou o local antes que qualquer comentário fosse dito.

— Obrigada.

Ele apenas concordou em resposta.

Fez sinal para que eu entrasse e assim o fiz.

Segui até a mesa, me sentando. Tendo todo o cuidado por conta do vestido. Me perguntei mentalmente qual o motivo para tal preocupação. Afinal, Cobra já havia me visto de roupas íntimas. Senti meu rosto queimar só pela lembrança.

— Então, marrenta...

Fechei os olhos e sorri discretamente ao ouvir aquele apelido idiota.

Cobra se sentou ao meu lado. Tínhamos toda a visão da praça José Wilker, que devido ao evento estava pouco movimentada.

— O viciadinho tem razão? — o olhei confusa — Tudo isso é pra mim? — perguntou debochado.

— Cobra! — o repreendi sorrindo, o empurrando levemente com meu ombro.

— Você tá linda, K — talvez notando a careta que eu fazia, continuou — Não sei porquê não consegue acreditar quando te elogiam.

— Talvez porque não seja verdade. Não consigo ver a verdade nisso — soltei.

— Alguma vez já menti pra você? — neguei — Então acredita no que tô te falando. Você é linda.

Assenti, sentindo o sangue atingir minha face.

— Desculpa, Karina — começou depois de um tempo — Eu mandei mal ao contar sobre o que rolou entre a gente naquele dia.

— Não, cê não me deve desculpas. Eu deveria te agradecer — levantou uma das sobrancelhas, me questionando — Depois daquilo, finalmente, o Pedro se afastou de mim.

— E isso é bom?

— Não sei — e eu realmente não sabia — Talvez.

E era a verdade. Depois da quase briga entre os dois, Pedro não falou comigo uma vez sequer. Nossa relação, se é que existia uma, se restringia a olhares. Olhares esses que eu não sabia dizer o que transmitiam.

— Por quê você contou pra Jade sobre o beijo? — a pergunta saiu antes que eu a controlasse. Durante o último mês, a dúvida que mais me afligia era essa

— Eu não sei — pareceu sincero — Lembro que começamos a discutir pelo fato de eu ter sumido da festa — baixei meus olhos. Não tendo coragem de o olhar — Ela te viu e começou a falar que eu a deixei pra ficar com você. Falou mais um bocado de coisas e, talvez por raiva, eu acabei soltando, o que me rendeu um belo de um tapa. Pedro como estava por perto, deve ter ouvido tudo, e o resto cê sabe.

Suspirei cansada. Escorreguei até sentir meus pés encontrarem o chão.

— Não é culpa sua, Karina. Não ouse se culpar — pediu, sério. Ele se levantou e ficou em minha frente — Sei que você se afastou por isso. Por se sentir culpada — seus dedos foram até meu queixo, o levantando.

Pensei em responder, mas meus olhos encontraram um casal no meio da praça. Cobra pareceu perceber meu olhar, e o seguiu.

— Eles estão juntos? — perguntei à ele enquanto observava Jade e Henrique. Os dois se beijavam como se não houvesse amanhã. Sabia o motivo para ela estar ali, logo ali. Queria mostrar a Cobra que seguira em frente, sem ele.

— A Dama pareceu encontrar seu príncipe — riu sem humor — O vagabundo nunca foi suficiente.

— Ei, — minhas mãos encontraram seu rosto — Você vai encontrar alguém melhor.

— Vou? — seus olhos pairaram sob meus lábios. E naquele instante, percebi o quão perto estávamos.

Além da culpa, aquele era um dos motivos para eu não procurá-lo. Temia aquela aproximação repentina. Temia o rumo de qualquer conversa que tivéssemos.

— Porque me beijou? — perguntei, fazendo com que os olhos do moreno encontrassem os meus.

— Você me beijou, marrenta! — acusou sorrindo.

— Sim — confirmei — Mas dep —

— Eu quis — me cortou — Eu quis te beijar — sussurrou, se aproximando um pouco mais. Seus braços cercaram minha cintura, me prendendo em um abraço.

— Você tá fazendo isso para fazer ciúmes na Jade? — meus braços cercaram seu pescoço em um impulso. Ele pareceu surpreso, mas apenas sorriu.

— Talvez.

— Ela está furiosa — sussurrei sorrindo. A bailarina nos lançava olhares mortais.

— Isso é bom — um arrepio percorreu meu corpo ao sentir o nariz de Cobra roçar meu pescoço. Juro que, naquele momento, não tinha ideia do que ele falava.

— Isso é perigoso — corrigi em um sussurro, mas sem me afastar.

— É perigoso — concordou — Mas é bom.

Meus olhos revesavam entre seus olhos e sua boca. A barba ralha e mal feita roçava minha bochecha, me fazendo perder um pouco da sanidade que ainda me restara

— É errado — minha voz estava arrastada.

— É errado — me encolhi ao sentir seus lábios roçarem minha orelha — Mas ainda assim, bom.

E como era.

Sem paciência, minhas mãos puxaram alguns fios de seu cabelo com uma força desnecessária. Cobra tombou a cabeça para trás e um sorriso maroto prendeu em seus lábios.

Ele era lindo.

Sem pensar em nada e sem me importar se alguém nos veria, meus lábios encontraram os dele. Pondo fim naquela distância incômoda e desnecessária.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? QUERO SABER TUDO QUE ACHARAM! Hahahaha
Comentem e me digam tudo!
Comentários são muito importantes na vida de qualquer autor, e venho percebendo que os números vem caindo em Wrong :/ Espero que comentem nesse e me façam feliz!
Quero que saibam que sugestões, elogios, críticas - desde que construtivas - e tudo mais, são muito bem vindos.
Um obrigada a todos que comentaram no anterior e aos que leram até aqui.

Beeeijos e até o próximo.