Lost in hell escrita por Claire Redfield


Capítulo 2
Capítulo 2: Democracia.


Notas iniciais do capítulo

Oii, nesse capítulo vocês conhecerão a Ashley e o seu ponto de vista sobre Richmond, seus habitantes e sua família.
Boa leitura!



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Os mortos-vivos nos cercam, vejo ao longe Papai e Luke correndo até nós enquanto Mamãe vai atirando e me protegendo, me sinto inútil, não sei me defender, não posso me defender. Mas Mamãe é com uma rocha, muita das vezes ela parece indestrutível, faz de tudo para proteger a mim e a Luke. Ela me puxa para corrermos, corremos para longe daquele lugar e eles nos seguem, mas conseguimos despistá-los. Há um beco mais a frente, viramos nele, tropeço em algo e caio no chão, sinto meu corpo se chocar ao chão junto com a dor lasciva em meu braço, quando percebo era um corpo, um morto-vivo estava ali no chão, ele não tinha nada além de restos da cintura para baixo e gemia incessantemente por minha carne enquanto tento me desvencilhar de seus braços o mais rápido possível. Mais um sai de trás de uma lixeira, Mamãe então encrava sua faca na cabeça dele mas seu corpo tomba para frente, derrubando-a enquanto vou me arrastando para longe do mordedor no chão, mas Mamãe cai ao lado do mordedor sem pernas que não perde tempo e abocanha seu pescoço. Ela grita, seu grito é agonizante, me assusta, mas ela continua firme a atira nele fazendo-o cessar seus movimentos. As lágrimas rolam soltas por minhas bochechas enquanto a vejo se rastejar para detrás da lixeira, não consigo dizer nada, fico estática processando o que acabou de acontecer enquanto encaro seu rosto pálido e tão assustado quanto o meu, ela toca o ferimento e faz uma careta de dor.

Não consigo parar de tremer, não consigo aceitar o que está acontecendo, mas em um movimento rápido eu me aconchego em seus braços e choro livremente, não consigo soltá-la, ela é tudo pra mim e não posso perdê-la. Ela então mantém seu olhar perdido na penumbra a nossa frente enquanto acaricia meus cabelos, uma lágrima escorre por seus olhos mas ela trata de secá-la rapidamente e sorri um tanto fraca. Não consigo controlar o choro, sua mordida no pescoço não para de sangrar, aperto sua mão que começa a ficar gelada e uma angústia me ocorre.

– Você é apenas uma anjo perdido no inferno, querida - Ela sussurra sem forças para dizer mais nada, seu olhar vai se perdendo na penumbra e se tornando vazio, não ouço mais nada, apenas o meu choro que se confunde com os grunhidos dos mortos-vivos que se aproximam.

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Acordo em um sobressalto, a respiração está fora do ritmo normal e meu corpo todo treme friamente, tento controlar a respiração enquanto passo as costas da minha mão em minha testa para secar o suor. Era costumeiro sonhar com o dia em que perdi Mamãe, mas esses sonhos eram mais como pesadelos e muitas das vezes eu o retratava como minha culpa, mas isso não vem ao caso agora. Me sento na cama e esfrego os olhos com as mãos, ainda estou um pouco cansada, foi um sono conturbado e por isso não consegui descansar o bastante para o longo e exaustivo dia que eu teria pela frente, mas eu já estou acostumada a isso, tanto que muitas das vezes eu passo algumas noites em claro justamente para não sonhar mais, mas isso tem prejudicado um pouco meu desenvolvimento e meu empenho, meu próprio Pai há de reclamar comigo diariamente sobre isso e está sempre a me dizer para pensar em outras coisas antes de dormir, pra mente ficar absorta e eu não ter mais esse sonho, mas na real isso é um tanto impossível.

Observo a foto no criado-mudo, todas as manhãs eu olho-a, era eu e Mamãe na foto, seu sorriso leve e majestoso sempre foi de encantar a todos, tenho sorte por ter muitos traços como os dela, gosto de me lembrar da mulher que ela foi, ela sempre dizia que eu era altruísta por demais, sempre colocando as necessidades dos outros à frente das minhas. Todavia, a verdade é que eu sou como ela nesse quesito, a final, eu sempre me compadeci das pessoas e sempre estou a ponto de ajudar qualquer um, seja quem for. Pego o espelho ao lado do porta-retratos e encaro minha imagem, os meus cabelos são negros como ébano, assim como os de Mamãe, mas estão mal-tratados e desgrenhados, nunca me importei muito com a aparência, mas acho que conforme vamos atingindo certa idade - Cujo muitos definem como adolescência - nos importamos mais com essa besteira, tal como nos importamos com a roupa que vestimos e o cheiro que exalamos. Mesmo em um mundo a beira da extinção eu me importo com isso a certo ponto, a final eu sou uma garota como todas as outras, a diferença é que agora temos mais responsabilidades e um lugar para zelar.

Três batidas na porta me despertam de meus devaneios, assim que olho para tal ela estava aberta declarando a imagem de Papai, que por sinal é um homem esguio e um tanto musculoso, usa sua antiga farda e porta uma pistola semi-automática na cintura que evidência que ele já está pronto para o trabalho. Aqui em Richmond todos temos um trabalho, Papai é responsável pela segurança dos muros e pela segurança interna do local, além de fazer mais alguns trabalhos aleatórios na comunidade, sendo como um líder para todos, o meu trabalho é fácil, eu sou a responsável pela horta que nos alimenta junto com Joseph, um senhor de meia idade de origem Britânica, mas eu também ajudo em mais coisas, as vezes eu ajudo na construção e acompanho meu pai nas rondas, mas nunca posso sair de Richmond. Meu irmão Luke sempre foi o Nerd da comunidade, meu pai está sempre a implicar com ele e tentar forçá-lo ao trabalho árduo, tais como rondas e ajudas em algumas das construções, mas ele não está apto para isso, ele nos ajuda com a contabilidade dos alimentos que produzimos e dos que chegam até nós pelo grupo de buscas, além de programar toda a estrutura para obras, que resultam em muitos cálculos matemáticos. Ele está sempre empenhado, muitas das coisas que temos na comunidade veio de suas ideias, tal como os poços artesianos e o desvio de água do rio para dentro da comunidade, além da cozinha da comunidade que era um pequeno restaurante que transformamos em uma cozinha cooperativa e colocamos suas mesas e cadeiras à frente dele para as pessoas comerem, embaixo de uma estrutura que nos protege da chuva e do sol.

– Já percebei que não está pronta, como sempre - Papai diz rígido - Esteja pronta em menos de meia hora, tome café e vá cumprir suas responsabilidades!

Ele me encara e eu apenas assinto ficando de pé, quando ele estava prestes a se virar para deixar o quarto ele gira em seus calcanhares e aponta para a minha arma que etá posta em meu criado-mudo.

– Não saia de casa desarmada, você sabe o que eu acho disso, tem de estar sempre pronta para qualquer imprevisto.

– Mas Pai...

– Não tem "mas", Ashley. Não estamos seguros, nunca estamos, você sabe o que acontece quando nos descuidamos, você viu.

– Tudo bem - Resmungo por vencida.

A verdade é que depois da morte de Mamãe o Papai está mais cuidadoso do que nunca, além de mais rígido, mas além disso há algo nele que me incomoda, é sua falta em demonstrar o que ele sente, parece que é apenas um soldado e se esquece que é um pai de dois filhos adolescentes que precisam de afeto e atenção, mas eu sei lidar com isso e não exijo muito dele, sei como ele carrega esse lugar nas costas, o quanto isso é um fardo para ele depois que esse lugar ruiu e que tivemos a morte de muitos, além de Noah e seu pai nunca terem voltado, era a família de Noah que levavam esse lugar pra frente. Mas depois que esse lugar foi invadido pelos mortos-vivos e perdemos muitas pessoas, nós tivemos mais cuidado e nos precavemos mais, não somos mais guiados por um líder, mas sim pela comunidade, todos nos reunimos aos sábados na praça central e ouvimos um discurso de Papai e de Henry sobre os recursos que obtivemos nessa semana na comunidade, ouvimos idéias propostas pelo povo e tentamos aprimorá-las a ponto de conseguirmos fazer tal coisa que eles propõem, nessas horas Papai não implica com Luke e necessita dele para que consigamos continuar a manter esse lugar de pé, depois disso Papai, Henry, Luke, Samantha e Carly se reúnem no escritório e debatem sobre tudo .

Vivemos em uma democracia, somos em torno de 47 pessoas, temos famílias e pessoas que chegaram aqui sozinhos, temos crianças, velhos e animais. Estamos vivendo bem e em harmonia.


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Notas finais do capítulo

Foi pequeno mas explicativo, no próximo veremos sobre o dia-a-dia da Ashley na comunidade e como as coisas em Richmond funcionam.
Beijos, aguardo Reviews ♥