Assim, do meu jeito. escrita por overexposedxx


Capítulo 6
Capítulo 6 - Clearing


Notas iniciais do capítulo

E aí meus amores? Como vocês estão?
Peço desculpas desde já, por ter demorado taaaanto pra postar. Sei que demorei muitos dias, mais do que deveria, mas tive algumas coisas pra fazer e esses dias, mesmo de férias, têm sido bem complicados de arrumar tempo para escrever, porque tenho cuidado da minha mãe, recém operada, mas que graças a Deus, está melhorando.
Enfim, problemas pessoais - e passados - de lado, espero que gostem desse capítulo, foi escrito com o coração e especialmente para que se entretenham lendo.
Boa leitura!



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Francamente?— ele me olhou nos olhos e riu - Não. - desviou o olhar. -

Ficamos em silêncio. Encarei e li o papel mais uma vez. Será?

—Eu acredito em destino. - ele quebrou o gelo com a voz grave. -

Destino. Então essa era a palavra.

—Sabe... - encarei o papel e o remexi entre os dedos - Você é diferente, não é? - o fitei, procurando respostas conclusivas -

O silêncio permaneceu por alguns segundos.

—Bom, eu acho que sou humano, como todos os outros. - ele esboçou um riso interno e seu olhar pareceu confuso -

Sua resposta me fez sorrir.

—É, você é diferente.  - levantei-me e coloquei-me a andar pelo pequeno bosque curto que se formava ao fundo da praça. -

—Aonde você vai? - ele correu atrás de mim -

—Andar, espairecer. - respirei fundo -

—Então, quer ficar sozinha, não é? - ele pareceu triste -

—Não. - disse de imediato, me virando para olhá-lo. - Fique, por favor. - me peguei desprevenida nas palavras. -

Ele sorriu.

—Está bem.

Andamos alguns passos, até que decidimos nos sentar na relva verde e aproveitar os feixes de luz do Sol que passavam por entre as árvores.

—E então, me conte mais sobre você. - ele quis saber -

—O que quer saber? - o olhei, curiosa. -

—Tudo.

Complicado.

—Bom, minha vida mudou bastante ao longo desses anos. - tentei reunir os fatos mais importantes para "entender" a minha vida. -

—Em que pontos? - ele se aproximou, sentando mais perto de mim. -

—Em vários, na verdade. Vou tentar explicar. - sorri -

Ele se acomodou, encostando numa grande pedra atrás de si e depois, colocou as mãos nos bolsos, como uma criança pronta para ouvir uma boa história.

—Bom, eu tinha 6 anos quando meus pais se separaram. Eles sempre brigavam muito e eu nunca soube direito o por quê. Eu sabia que, alguns dias as brigas eram porque meu pai sempre gostou de beber destilados, então ia sempre num cassino perto de casa, porque vivíamos bem, tínhamos muito dinheiro e consequentemente morávamos num bom bairro. Minha mãe sempre foi escandalosa, porém naquela época tinha um pouco de classe e deixava os "barracos" de lado.

Eu ri sozinha, numa pausa, o que fez ele atentar o olhar para mim.

—O que foi? - ele sorriu -

—Nada. Quer dizer... - sorri - Era engraçado como éramos felizes. Apesar de estar quase todos os fins de semana depois que Edward nasceu, num cassino, meu pai era bom. Minha mãe era sorridente, feliz, eles se amavam, sabe? - encarei as nuvens, lembrando com saudade. - Todas as noites que eu ia na cama deles perturbar, fazíamos daquilo um parque de diversões. Brincávamos de várias coisas, dávamos risadas, assistíamos desenhos e no fim, dormíamos abraçados. Meu pai trabalhava e minha mãe ficava comigo. Íamos na casa de meus avós, por vezes, passávamos tardes brincando no jardim ou mesmo no tapete da sala. Mesmo depois de Edward nascer, tudo era bom, mas não durou muito. Quando eu tinha 3 anos, as brigas se tornaram mais intensas, mais frequentes e não pediam licença para invadir o lar de paz que tínhamos. Eu passava dias na casa dos meus avós, porque eles brigavam e viajavam para se resolverem, mas eu acabei descobrindo que era só fachada. Eles brigavam ainda mais quando estavam sozinhos. - sorri, tentando animar a história. - Mas, enfim, minha mãe descobriu que estava grávida. Eu fiquei radiante com a ideia de ter um irmãozinho e poder brincar com ele. Meu pai e minha mãe estavam muito felizes, ainda mais quando descobriram que era um garotinho, porque diziam que então formaria um casal de irmãos. Quando Edward nasceu foi o maior alvoroço para ir ao hospital, nunca me esqueço daquele dia. Eu estava mais feliz do que se estivesse na Disney.

—Nossa, você deve ser boa com o seu irmão. - ele riu - Eu não era feliz assim com Alice correndo na casa, com 1 ano.

Nós gargalhamos e depois continuei a contar.

—Bom, pra resumir, os primeiros anos de Edward foram mágicos, perfeitos. Éramos uma família unida e feliz. Porém, depois de algum tempo, Adam e Lilian começaram a brigar demais. Todas as noites, quando Edward chorava, era porque os dois estavam brigando no quarto ao lado. Aos berros, choros e escândalos, não conseguíamos entender nada, nem dormir. Eu era pequena o bastante para não achar o telefone para ligar para a minha avó e pedir ajuda, mas eu era grande o bastante para pegar meu irmão e fazê-lo dormir no meu colo, na cadeira de balanço estofada, em seu quarto. Sei que nos dias que se seguiram, nós fomos "passar um tempo" com a minha avó e depois de dias, quando Edward tinha 2 anos e eu 4, eles se separaram. Em partes, foi bom. Podíamos, ao menos, dormir em paz. - rimos juntos. - Mas em partes, você imagina, não é?

—É, eu imagino como deve ter sido difícil. - ele apoiou a cabeça com as duas mãos atrás da mesma, se acomodando melhor. - Mais alguma outra parte fundamental? - ele sorriu -

—Claro, muitas. Enfim, minha infância foi essa: vivendo de lá em cá, casa de avó, casa de mãe, de pai, escolinha, irmão pra cuidar, etc. Tive meus bons momentos, claro, como brincar com os amigos na escolinha, aprender coisas novas e legais, apresentações de escola, que eu amava, meu irmão, os momentos sem brigas e outros. A minha pré-adolescência foi meio conturbada. Eu estava decidindo quem eu queria ser de verdade, tinha que lidar com a minha mãe, o que se tornava mais difícil porque eu batia boca com ela, lidar com meu pai, que brigava com a minha mãe por querer Edward mais próximo dele e em meio a tudo isso, eu só o protegia de tudo, para que parecesse mais tranquilo. Esse sempre foi o meu papel. Eu tive amigas, amigos, paixonites de criança, fases e mais fases. Quando passei para a adolescência, eu tinha cinco coisas que eram fundamentais para mim: o amor de família, já que minha família era minha avó e Edward, estilo, medicina, que sempre foi a minha paixão, amigas e Royce King II.

O silêncio permaneceu dentro de mim, mas Emmett o quebrou no ambiente.

—Royce King II? Quem era ele? - ele sentou-se para ouvir mais de perto. -

—Antes tenho que dizer que só duas dessas coisas fundamentais permanecem em mim. Primeiro, porque eu descobri que ter estilo depende de quem você é e quem quer ser. Segundo, porque amigas e amigos de verdade não se fazem na escola e sim na vida. Então, poucos amigos de escola serão amigos seus por toda a sua vida. Terceiro, porque Royce me traiu. Bem, é uma longa história, se acomode. - ri -

—Ansioso pra ouvir. - ele sorriu e deitou-se melhor sob a pedra. -

—Bem, eu era líder de torcida do time da escola e Royce era capitão do time de futebol americano, naquela época. Ele era bonito, rico, cobiçado por todas as garotas. Era galinha, um safado na verdade, mas eu não me dei conta. Pode até ser que soubesse, mas não me importei. Ignorei como se fosse a etiquetinha de preço numa caixa dos bombons mais caros. Todas, inclusive eu, achavam que era o preço a se pagar por namorar ou "ficar" com um garoto que tinha tudo. Enfim, nós namoramos algum tempo, meses talvez, quando eu já tinha perdido minhas "amigas" do time de líderes, porque elas achavam que eu era egoísta por ter conseguido conquistar Royce. Eu estava cegamente apaixonada pelo homem que tinha a própria venda e a faca nas mãos. Mas, eu não sabia.

Engoli a seco e continuei.

—Certo dia, quando Royce já estava estranho demais, mas eu era submissa e medrosa demais para cobrá-lo, eu o encontrei no quarto dele com a minha "melhor amiga", Alexia. Foi uma cena horrível, a qual eu prefiro nem lembrar. Sei que, depois daquilo, eu mudei. Mudei porque, no lugar de: Royce, amigas e estilo, eu tinha: livros, músicas e autoconfiança. Na verdade, tenho todas essas coisas até hoje. Depois de Royce, o que foi um grande baque, mas uma grande lição, que me ajudou a amadurecer, nos mudamos  de Estado. Meu pai, eu e Edward, o que fez minha mãe nos perseguir em seguida. Minha relação com a minha mãe mudou a partir do momento em que ela não tinha mais amor próprio, nem amor para relembrar os momentos bons e não cuspir no prato que comeu, como faz até hoje. Também brigamos quando terminei com Royce, porque ela não acreditava em mim, porque achava que eu deveria ser como ela e agarrar qualquer homem rico e bonito que chegasse, como ela faria se tivesse opções, depois de meu pai. Isso foi o mais recente. Agora, eu conheci você.

Sorri e ele fez o mesmo.

E o que mudou?

Silêncio.

—Pra ser franca, muitas coisas mudaram. - encarei-o, sorrindo. -

—Tipo o que? - ele sorriu de volta -

—Você deixa meus dias mais alegres, sabe? - sorri - Mais engraçados, descontraídos, felizes. Toda vez que estou triste, a primeira pessoa na lista de contatos é Emmett McCarty Cullen.

 Ele sorriu com a revelação.

—Rose? - ele procurou meus olhos, agora sentado. -

—Sim? - o olhei sorrindo. -

—Você tem amor aí dentro, eu sei que tem. - ele sorriu. -

—Acho que nenhum ser é frio o bastante para não ter amor, com um bom motivo. Eu tenho sim, mas por que diz isso?

—Você nega, Rose. Está bem nos seus olhos. Toda a sua história fez muito sentido para mim, por você ser quem é hoje em dia. Você é maravilhosa, Rose, mas não se deixa amar.

—Emmett, eu não... - tentei me explicar, mas ele me cortou. -

—Rose, esqueça dele. Você é linda, tem uma personalidade incrível,um coração enorme, uma mente aberta e que só produz coisas boas, tem energia positiva e muitas outras qualidades que nem sei citar. Eu sei que foi um baque, mas amadurecer nem sempre significa se fechar. Pelo contrário. Amadurecer significa estar pronto para cair e levantar, quantas vezes forem necessárias. Saber lidar com problemas e circunstancias da vida e do coração, da mente e da alma, são coisas que vêm com a maturidade. Sabe Rose, você pode sim esquecer de toda a dor que ele lhe fez sentir e viver sua vida livremente, se permitindo amar outra vez. Amar alguém que faça por merecer ter você do lado. Você ainda é muito jovem, assim como eu. Ainda tem muito pela frente.

O silêncio deu lugar ao afeto que suas palavras me trouxeram. Abaixei a cabeça e sorri. As lágrimas ardendo nos meus olhos.

—Rose, falo isso porque te quero bem. Quero que viva sua vida da melhor maneira possível, como só você pode viver. - ele sorriu -

Eu balancei a cabeça positivamente em resposta.

Eu sei, Emm. — minha voz falha, entregou minha expressão escondida. -

—Ei, está tudo bem. - ele me abraçou e me aconchegou em seu ombro. - Foi bom você contar tudo isso para se lembrar de como as coisas passaram na sua vida e de como você quer que sejam agora, certo? - ele ergueu meu rosto delicadamente, com uma das mãos, e plantou um beijo em minha testa. - Eu não vou embora como os outros foram. - ele sorriu - É uma promessa.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Reviews? Sei que ficou curtinho, mas vou recompensar no próximo.
Beijinhos,
Clarie ♥