Depois de Shane ser morto (uma parte sádica de Freddie gostou disso), eles entraram no castelo e viram o porquê de Nevel não ter sido tão facilmente derrotado até agora: ele era um dragão gigante e assustador. Tinha pelo menos uns sete metros de altura, escamas vermelhas e amarelas e uma espécie de peróla esférica laranja na testa. Quando ele bufou fogo Gibby falou:

— Ah, não! Além de tudo, ele ainda cospe fogo? Dane-se a Carly! — mas Sam o segurou, impedindo de sair. Freddie por outro lado estava invisível. Literalmente. Enquanto estavam na fila, Freddie fez Sam procurar por um feitiço no grifinório que o fizesse ficar invisível. O plano era bem simples: Sam e Gibby lutavam com Nevel pelo tempo máximo que pudessem sem morrer (de preferência, sabe) enquanto Freddie resgatava Carly. O problema veio alguns minutos depois.

No inicio, Freddie estava otimista. Lutar com um dragão é difícil? É, muito. Mesmo. Mas, ele confiava em habilidades de luta de Sam e nas de Gibby também. No início sua confiança fez jus. Nevel cuspiu fogo na direção de Gibby e esse, apesar de assustado, desviou facilmente se protegendo com o escudo pesado que carregava. Nevel tentou arranhar Sam com suas garras/patas (n/a: o quê seria as “mãos” de um dragão?), mas essa abaixou-se rapidamente com perfeitos reflexos e apunhalou a garra/pata de Nevel que perto dela ainda estavam com seu sabre. Freddie sorriu. A habilidade de luta de Sam era impressionante e tão boa (se não melhor) que a de qualquer homem.

O problema veio no exato segundo depois. O sabre passou direto pelas garras do dragão. Nesse momento Freddie se deu conta que algo que ele antes não havia notado: Nevel não tinha sombra. Ou melhor: ele era a própria sombra.

Um dragão das sombras.

Apenas seu fogo e golpes dados que se materializam. Golpes recebidos não.

Merda, Freddie pensou. Gibby não sabia de nada sobre dragões das sombras. Nem Sam. Como ela saberia onde mirar com seu arco sem saber o ponto fraco de Nevel? Freddie sabia e ficou gesticulando pra ela por um tempão até se lembrar que estava invisível. Droga!, ele pensou. Se eu gritar pra ela, Nevel notará a minha presença. Acho melhor eu aproveitar enquanto o feitiço ainda dura e ir salvar Carly logo. Pensado isso, Freddie começou a subir as escadas rapidamente, sempre olhando pra trás para garantir que Sam e Gibby estavam bem. Em geral eles estavam; eles conseguiam desviar dos golpes de Nevel com dificuldade, mas conseguiam. E Sam tentava adivinhar o ponto fraco, tacando flechas aonde quer que ela pensava que podia ser (coração, cabeça, olhos... Até mesmo “lá em baixo”, mas estranhamente não foi). Freddie corria, corria e corria, mas eram uma escadaria muito alta e tinha muitos, muitos andares. Chegou no final extremamente cansado. Sem paciência, tentou abrir a porta, mas não conseguia por estar emperrada. Com toda a força que tinha a empurrou abrindo-a abruptamente e assustando Carly que parecia estar observando algo na janela ou coisa assim. Ela se virou rapidamente. Freddie não pode deixar de contemplar por um instante o quão linda que ela era, mas logo lembrou de Sam e Gibby (principalmente Sam, tá doido?) lá embaixo com muitas chances de morrer. Sam!, ele pensou assustado.

— Quem é você? — perguntou Carly gritando. Havia gritos no andar de baixo. O fato dela ter se assustado não com a porta abrindo, mas sim com ele chegando significava uma coisa: o tempo de duração do feitiço de invisibilidade acabou. Era isso o quê eu precisava agora, né, pensou o azarado de forma amarga.

— Isso não importa! Agora: corre! — disse ele pegando na mão dela e a puxando escada abaixo. Carly sorria, ainda que assustada. Ela estava sendo salva! É, claro... Esse cavaleiro não era tão bonito quanto os que ela imaginava que a salvaria, mas fazer o quê né? Pelo menos ela estava sendo salva e não teria de se casar com Nevel! Ao menos, se esse cara não morrer, ela pensou.

Quando eles terminaram as escadas, Nevel nem os viu, pois Freddie gritou rapidamente pra Sam:

— SAM! — ela se virou para Freddie. — A PERÓLA! — ele gritou. Sam se virou para Nevel. Em menos de um segundo ela entendeu: o ponto fraco era a peróla do alto de sua cabeça. Então, sem nem esperar nenhuma reação de pânico de Nevel por terem descoberto seu ponto fraco, Sam mirou rapidamente na peróla da testa de Nevel e soltou a flecha. Na hora o golpe finalmente o machucou. Ele fechou os olhos e, sem forças, caiu duro no chão.

•••

Depois de finalmente terem ido embora da torre, Carly saiu da atonidade e pareceu se dar conta de algo bem óbvio: ela estava livre.

— Eu estou livre. — ela disse quase num sussurro. A turma olhou pra ela. — Eu fui salva, eu fui salva, eu fui salva, eu fui salva! — ela gritou rindo e levantando as mãos para o alto como não tinha vontade de fazer a tempos. Depois disso se jogou a Freddie num abraço nem um pouco platônico de gratidão que o deixou envergonhado, mas por educação retribuiu. Gibby beirando a lerdeza achou a cena bonitinha, mas Sam olhou a cena com ciúmes, vergonha e raiva. Ciúmes por obviamente ter sentimentos não admitidos por Freddie e sendo assim vê-lo finalmente com Carly a machucava. Vergonha, por ter se apaixonado pelo futuro marido de sua melhor amiga e feito coisas (muitas coisas) com ele. Raiva, por não ter o menor direito de sentir o quê estava sentido.

Mas, ela sentia.