–Você acha que ele ainda demorará para acordar? – Emmett me perguntou parecendo realmente preocupado, pois não havia nenhuma sombra de humor em seu olhar.

Eu fiquei tentada a abrir o jogo para ele, já que, afinal de contas, Edward era seu irmão e ele merecia saber a real situação do mais velho, porém acho que isso seria uma traição aos olhos do Ed. Por isso, resolvi ficar calada e não dizer nada sobre a doença terminal dele. Então, para deixar o rapaz mais calmo, respondi:

–Sim, sim. Mas se quiser... eu fico aqui com ele e você pode ir lá terminar seu café da manhã. –Garanti e ele bufou.

–Eu não arredo o pé daqui antes que esse maricas abra os olhos. – Afirmou tentando fazer graça, mas o clima estava tão tenso que eu só consegui soltar um risinho sem vontade. –Vamos, Edward! Deixa de ser tão fresco e acorda, vai! – Falou enquanto dava tapas na cara do outro.

Ele tinha trazido Edward para o quarto fazia dez minutos e nada dele acordar. Eu já estava ficando preocupada, pois esse tempo todo de inconsciência não era normal mesmo, porém se eu fizesse algum alarde, eles provavelmente iriam o levar para o hospital onde contariam o estado verdadeiro de Edward e, com certeza, não é a forma mais adequada de saber que a vida dele está com os dias contados.

–Ei, não faz isso! – Defendi-o, impedindo que Emmett continuasse a espancar o irmão. –Você vai acabar machucando ele. –Briguei e, em resposta, o grandalhão riu.

– Como você pode estar tão apaixonada assim por esse cuzão, hein? – Perguntou do nada e eu engasguei, já que essa pergunta me pegou completamente desprevenida.

–E-Eu... – Tentei formular uma explicação satisfatória que o convencesse, porém apenas coisas bobas me vinham a cabeça. Como o sorriso dele, a risada, o seu jeito sarcástico, seu beijo, seu lado caridoso.... -Não sei. – Respondi por fim, dando de ombros.

–Hm, eu juro que fiquei com o pé atrás e totalmente confuso quando vi a reportagem ontem de que Edward resolveu se casar finalmente e, ainda por cima, com uma moça que ninguém sabia de onde veio, porém... Agora, vendo como ele te olha, como tem um carinho tão especial por você... Eu percebo que meu irmão encontrou o amor da vida dele.

–Ãh?! – Exclamei totalmente chocada. –Edward nunca disse que me ama. – Soltei sem pensar e Emmett riu.

–Bella, eu conheço meu irmão. Ele não casaria com ninguém que não amasse nem se estivesse à beira da morte, acredite. –Garantiu-me eu arfei, meio sem saber o que dizer. – Ele te ama e muito. – Afirmou com convicção. – E eu realmente espero que vocês sejam muito felizes juntos.

–Ah, obrigada. – Disse meio emocionada e ele me abraçou.

–De nada, cunhada. Só disse verdades...- Murmurou sorrindo e de repente, ouvimos um barulho altíssimo vindo da barriga dele. – E por falar em verdade... Estou morrendo de fome e não sei se vou conseguir esperar a donzela acordar do sono de beleza. –Disse brincando e eu o despreocupei:

–Pode ir, Emmett. Eu fico aqui cuidando dele, sem problemas. Já estou até acostumada. – Só depois que eu percebi que tinha falado demais. Porém, eu acho que ele não percebeu a grande besteira que eu tinha dito, pois falou:

–Depois eu trago um lanche pra você. – E eu assenti, aliviada por ele não ter notado nada. – Daqui a pouco eu volto. – Avisou-me fechando a porta.

–Aleluia! Pensei que não ia embora nunca! – Edward suspirou e eu quase dei um grito de assombro se ele não tapasse minha boca. – Desculpe-me, não queria te assustar.

–Porra, Edward! Pensei que você ainda estava desmaiado! – Bradei com o coração ainda acelerado.

–Todo esse tempo?! Eu já estaria em coma assim.... – Observou divertido e eu bati o travesseiro em seu rosto, irritada.

–Eu deveria ter deixado Emmett te bater mais! Você me deixou preocupada à toa, seu idiota! – Ele ria e tentava se proteger do meu ataque.

–Desculpe-me, meu amor. Não foi essa minha intenção, mas você e meu irmão estavam conversando... não quis atrapalhar. – Explicou dando de ombros e eu escancarei a boca.

–Você ouviu a conversa? – Ele fez que sim com a cabeça. -Toda, todinha... desde o início?! –Perguntei com uma inútil esperança de que ele não tivesse.

–Bom, desde a parte apaixonada pelo “cuzão”. – Fez aspas no ar e eu escondi o rosto nas mãos. – Ei, calma. Não precisa se envergonhar.... – Garantiu-me, tentando fazer com que eu mostrasse meu rosto. – Ele não disse nenhuma mentira. Pelo menos, não da minha parte. –Falou e eu o encarei.

Ele disse o que eu acho que ele disse?! Até a irritante vozinha do meu subconsciente estava confusa.

–O que você quer dizer com isso? – Perguntei olhando bem nos seus olhos, tentando enxergar qualquer pista de que ele estivesse brincando, mas não, ele estava extremamente sério.

–Bella... – Ele pegou na minha mão, antes de continuar e limpando a garganta, continuou: –Bom... desde que você chegou na minha vida, muita coisa mudou. Coisas que eu pensei que jamais aconteceriam, ainda mais agora, aconteceram. Porém... – Ele estagnou, me olhando e eu fiquei a espera que terminasse seu discurso, com meu coração na boca.

–Porém.... – Ecoei tentando incentivá-lo.

–Eu não sei como te falar. –Admitiu sem graça e eu sorri condescendente. Ele olhou para o chão por alguns segundos e depois exclamou animado: - Já sei! Vem comigo. – Pediu-me e, agarrando minha mão, saiu me arrastando pelos corredores do castelo até uma grande sala onde tinha um grande e lustroso piano. – Desde pequeno, palavras têm que rimar para fazer sentido na minha cabeça e traduzir o que eu sinto. Agora não será diferente. –Murmurou e eu assenti, sem entender muito o que ele queria fazer. Ele se sentou em frente ao instrumento e tocou no lugar ao seu lado. – Apenas feche os olhos e sinta.

Um pouco hesitante em obedecê-lo, fechei os olhos. Confesso que eu ainda olhava com os olhos semicerrados para Edward que parecia estar tentando lembrar a música. Até que, sem nenhum aviso, ele começou a tocar e, com uma voz um pouco rouca, mas belíssima e cheia de emoção, cantou:

(N.A: Se quiser ouvir a música é essa REASON - Hoobastank)

I'm not a perfect person

(Eu não sou uma pessoa perfeita)

There's many things I wish I didn't do

(Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito)

But I continue learning

(Mas eu continuo aprendendo)

I never meant to do those things to you

(Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você)

And so, I have to say before I go

(E então eu tenho que dizer antes de eu partir)

That I just want you to know

(Que eu apenas quero que você saiba)

I've found out a reason for me

(Eu encontrei uma razão para mim)

To change who I used to be

(Para mudar quem eu costumava ser)

A reason to start over new

(Uma razão para começar de novo)

And the reason is you

(E a razão é você)

I'm sorry that I hurt you

(Eu sinto muito ter te magoado)

It's something I must live with everyday

(É algo com que devo conviver todos os dias)

And all the pain I put you through

(E toda a dor que eu te fiz passar)

I wish that I could take it all away

(Eu gostaria de poder retirá-la completamente)

And be the one who catches all your tears

(E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas)

That's why I need you to hear

(É por isso que eu preciso que você escute)

I've found out a reason for me

(Eu encontrei uma razão para mim)

To change who I used to be

(Para mudar quem eu costumava ser)

A reason to start over new

(Uma razão para começar de novo)

And the reason is you 4X

(E a razão é você)

I'm not a perfect person

(Eu não sou uma pessoa perfeita)

I never meant to do those things to you

(Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você)

And so I have to say before I go

(E então eu tenho que dizer antes de eu ir)

That I just want you to know

(Que eu apenas quero que você saiba)

I've found out a reason for me

(Eu encontrei uma razão para mim)

To change who I used to be

(Para mudar quem eu costumava ser)

A reason to start over new

(Uma razão para começar de novo)

And the reason is you

(E a razão é você)

I've found out a reason to show

(Eu encontrei uma razão para mostrar)

A side of me you didn't know

(Um lado meu que você não conhecia)

A reason for all that I do

(Uma razão para tudo que faço)

And the reason is you

(E a razão é você)

Quando ele terminou a canção eu já estava em prantos. Foi tão linda... Ninguém nunca tinha feito uma coisa remotamente parecida pra mim e muito menos tão emocionante. Pois se a música original era bonita, ao som do piano e a voz de Edward ficou incrivelmente maravilhosa.

–E sabe porquê? –Questionou-me, sorrindo torto.

–P-por quê? –Perguntei de volta, fungando e limpando as lágrimas.

–Por que eu te amo, sua chorona.

PDV de Edward

Bella ficou me encarando, petrificada, e isso me deixou um pouco apreensivo. Eu estalei os dedos algumas vezes perto do seu rosto, mas nada. Ela parecia estar em algum transe sei lá! Depois de alguns segundos, ela finalmente resolve se expressar:

–Você... me... ama? –Perguntou pausadamente, como se para se certificar que tinha ouvido direito e eu concordei com a cabeça vagarosamente. –Você tem certeza? –Semicerrou os olhos, como se desconfiasse da minha sanidade e eu assenti novamente, fazendo com que ela se levantasse abruptamente. –Bom... Uau... Edward... Nem sei o que te falar, você me pegou de surpresa! – Disse arfante, andando de um lado a outro, um pouco desorientada. –Você não acha que é rápido demais?

–Bella, eu não tenho mais todo o tempo do mundo. –Eu disse um pouco amargo, pois não esperava essa reação dela.

Ou talvez sim, sei lá! Eu nem sabia o que eu estava pensando ao me declarar para ela, porém... só sei que me deu vontade e eu fiz. Pra falar a verdade, eu nunca tinha falado essas três palavras para ninguém antes, mas não me arrependo por ter sido logo com Bella, pois o que eu sentia por ela era verdadeiramente amor. Apesar de que, claramente ela não sentia o mesmo.

***

Bella se trancou no quarto o resto do dia e se recusou a falar com quem quer que fosse, eu também não insisti. Eu entendia o lado dela, pois eu tinha praticamente a forçado a se casar comigo, dito que a amo e tudo isso em tão pouco espaço de tempo que provavelmente devo ter dado um nó em sua cabeça.

À tarde, eu me reuni com todo o conselho real para que eu pudesse realmente oficializar de vez meu noivado com Bella. Alguns foram contra, óbvio, pois nem todos aprovavam que uma plebeia americana entrasse para família real britânica. Para ser honesto, se fosse em outra época, eu também seria, mas enfim... Tia Elisabeth foi bastante compreensiva e me deu a benção. Ou seja, nada mais poderia ser contestado, já que ela era a autoridade maior. O meu maior problema foi que houvesse um consenso na data, por que eu queria logo para o outro fim de semana e, para eles, era inconcebível!

–Ela terá que aprender a se comportar primeiro como uma dama, Edward. – Irina, irmã do meu pai, e viscondessa de Gales, logo de posicionou contra. - Não pode simplesmente jogar uma americaninha na nossa sociedade e esperar que aceitem de bom grado! Kate demorou oito anos para ser considerada pronta a se juntar a nós e você nos pede oito dias?! Há faça me o favor!

–Ah, mas eu não tenho oito anos! – Exclamei sem paciência.

–Porquê? –Perguntou petulante e eu engoli a seco.

Pensa numa boa explicação, Edward! Exclamei comigo mesmo em pensamento, tentando de alguma forma fazê-los aceitar o casamento relâmpago sem que eu precisasse contar a verdade nua e crua. Já sei! Uma luz se acendeu na minha cabeça.

–Por que é muito mais fácil esconder uma gravidez por oito dias do que uma criança de oito anos. – Categorizei e todos a minha volta escancaram a boca.