Descongelando um coração escrita por Last Mafagafo


Capítulo 7
Capítulo 7




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Hans decidiu que incentivaria a amizade de Elsa, assim seria mais fácil se aproximar dela sem que ela desconfiasse. Ela confiara nele muito rápido, não precisara se esforçar tanto quanto imaginou que seria necessário. Mas Elsa não era tola como a irmã, poderia ser um teste, ou pior. Talvez ela ainda suspeitava dele, de sua verdadeira identidade, e isso era perigoso. Tinha que ter certeza que era realmente um voto de amizade antes de colocar o plano em prática. Só sobrara uma semana para que Anna voltasse, ele tinha que ser rápido.

No dia seguinte foi procura-la. Seria um encontro acidental para ela, como os outros haviam sido, mas ele já tinha tudo planejado para arrancar a verdade dela. Ela estava no escritório, e ele entrou devagar, com um esfregão e rosto simuladamente cansado.

– Majestade, não esperava encontra-la aqui a esta hora! Imaginei que estivesse em seu quarto... desculpe, volto outra hora... – ele se virou, mas retardou sua saída propositalmente.

– Victor? Espere! Sua presença não me incomoda, fico até feliz em vê-lo, mas achei que éramos amigos...

– Claro, Mages... Rainha Elsa. Queria lhe agradecer pela flor que mandou a minha mãe. Creio que se estivesse viva, morreria de orgulho por ser presenteada pela rainha.

– Pela história que me contou, ela merecia muito mais. E como vai sua propriedade? Espero que não esteja prejudicada pelo trabalho aqui...

– Não. Saio um pouco mais cedo para cuidar dela até a noite. E não durará muito, meu amigo já está melhor.

– Ah sim...August. Um bom rapaz, pena que gosta muito de beber. Deve ser um bom amigo.

– É sim majestade, o único que tenho... além da rainha, se assim me permite dizer.

Ficou um certo silêncio na sala, e Hans deixou escapar uma pergunta que vinha evitando fazer, mas que sanaria suas dúvidas.

– Como você teve certeza de que eu não era o Príncipe das Ilhas do Sul?

Ela ficou um tempo quieta, sem responder.

– Não tenho certeza – Elsa o olhou de forma gélida e Hans engoliu em seco - Mas meu coração diz que posso confiar em você – ela sorriu.

– Seu coração? – seu ego sorriu maliciosamente.

– Sim. Quando me diz de sua solidão, olho no fundo dos seus olhos e sei que é verdade. Um solitário reconhece outro. Minha irmã, Kristoff, eu... e acho que você também.

Hans estava perplexo de novo. Jamais esperava essa resposta, jamais esperou que ela enxergasse que sua solidão era verdadeira. Tantos anos assistindo seus irmãos mais velhos e percebendo como eram tão bons, corajosos e espertos enquanto ele, o caçula... não passava de uma sombra dos outros. Ele nunca fora lembrado com orgulho por nenhuma dessas características. Ele era bonito, sim, tinha plena consciência disso, mas seus irmãos também eram. E cada um deles governava uma das ilhas com sabedoria e pulso firme. O que sobrava para ele? Nada, ao menos nada nas Ilhas do Sul. Nada além do exílio. A menos que conquistasse Arendelle.

– Deve ser difícil reinar, não é? Ter cuidado em quem confiar, estar sempre alerta a alguma ameaça, resolver todos os problemas do povo...

– É mais responsabilidade do que imagina. Talvez seja mais difícil controlar um reino que meus próprios poderes, e você viu o estrago que eu posso causar nessa questão. Mas acho que o prazer é grande também. Saber que aquelas pessoas confiam em mim, que me respeitam e me admiram, independente dos meus poderes. Isso é o que me faz feliz, que me impede de me isolar naquele castelo de gelo das montanhas... meu povo é prioridade para mim.

– É incrível... você se preocupa tanto com seu povo. Eu nunca notei – essas palavras escaparam dos lábios de Hans antes que percebesse.

Ele reverenciou rapidamente e saiu, atordoado. O que estava acontecendo com ele?

Horas depois Hans caminhava de um lado para outro naquele quartinho imundo que alugara a alguns quilômetros da aldeia. O que a rainha estava fazendo com ele? Que tipo de magia ela fazia para enxergar suas feridas mais escondidas? Que tipo de feitiço ela lançara nele para que ele gostasse de conversar com ela, mesmo que por breves momentos?

Ele segurou o punhal com força. Mentalizou seu desejo de vingança e se imaginou apunhalando o corpo frágil da rainha, sem que ela pudesse se defender. Um arrepio atravessou seu corpo e ele largou o punhal assustado. Pegou um pouco de água de uma bacia e jogou no rosto

– Bruxa infame. O que está fazendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Hans está amolecendo? hhahahahahah