Dois dias se passaram até que Elsa e Hans se encontrassem de novo. Ela estava lendo no salão principal quando Hans apareceu. A rainha havia acabado de ler uma carta que Anna mandara de sua lua-de-mel com Kristoff. A ruivinha estava se divertindo muito, Olaf tinha adorado o lugar e Sven quase não tinha discutido com Kristoff. E o casal apaixonado não podia estar mais feliz. Anna descrevia cada dia nos detalhes, com todo entusiasmo e alegria que ela tinha e sua irmã amava. Elsa estava feliz por ela, mas tinha se acostumado a ter companhia nos últimos anos e aqueles dias sem Anna a lembravam um pouco da época em que ficava escondida em seu quarto, com medo e isolada.

Foi esse momento melancólico que Hans presenciou quando entrou no salão.

– Está tudo bem, Majestade? – Hans realmente se surpreendeu ao ver o olhar vazio da rainha.

– Oh! Victor – Elsa enxugou uma lágrima que estava prestes a escapar e Hans percebeu – Estou bem, obrigada, eu...

– Não quero me intrometer em seus problemas, mas se quiser, pode confiar em mim.

– Não é nada mesmo, eu só estou me sentindo um pouco sozinha já que todos estão viajando.

– Eles deveriam ter ficado com a senhora – Hans sorria internamente, apesar de parecer realmente preocupado.

– Eles mereciam um pouco de diversão, principalmente Anna. Não era justo prendê-los a mim.

– Eu te entendo. Às vezes me sinto assim também, sozinho mesmo quando tem outras pessoas por perto - essa parte Hans não mentiu de todo. Sempre se sentiu um pouco sozinho, sendo o caçula de 13 irmãos. E depois que foi jogado pelos irmãos no exílio, ele se sentiu mais sozinho que nunca. Era para ele ser rei, bajulado por todos e desejado por todas as mulheres mais bonitas de todos os reinos.

– Eu sei... agora que sua mãe não está mais aqui... Ah! Eu tenho um presente para ela, para me retratar– Elsa sorriu e saiu da sala. Hans não sabia se deveria espera-la ou não, mas ela voltou rapidamente.

– Trouxe essa flor para o túmulo de sua mãe. Ela floresce todo inverno e a planta permanece viva durante o verão. Era a única forma de vida com a qual eu mantinha contato enquanto eu estive isolada.

Hans não esperava que Elsa se preocupasse com ele e que lembrasse da história que contou a ponto de entregar um presente a uma falsa mãe falecida. Foi algo estranho, incomum para ele, e não houve qualquer reação que não a perplexidade.

– Eu não sei o que dizer...

– Não precisa falar nada. Eu lhe devia isso.

– Agradeço muito à senhora... – Hans reverenciou, automaticamente. E Elsa pegou a carta de Anna pronta para sair da sala.

– E não precisa mais me chamar de senhora, ou Majestade. Eu percebi que posso confiar em você e... acho que somos amigos agora.

Ela saiu, deixando Hans sozinho. Amigos... essa palavra ficava se repetindo na mente dele. Elsa o considerava um amigo. Olhando a plantinha que ela colocara em sua mão ele percebeu que gostava de ideia. Espantando esse pensamento, Hans voltou a se imaginar no trono. Não podia se distrair com promessas de amizade de uma rainha que era uma aberração e deveria estar morta. Sua vingança era mais importante.