❝Cause all I need is the love you breathe.

– Eu ainda ajudo a pagar essa espelunca! – Castiel ouviu a voz potente e nervosa de Crowley gritar do corredor. Seus olhos, que se encontravam na silhueta de Dean e que o observavam contar uma história, se abaixaram na altura do colo e o pequeno homem escondeu as pontas dos dedos nas mangas do sobretudo. Sua respiração se tornou mais ofegante.

Ele não gostava de barulhos.

Barulhos incomodavam seus ouvidos.

Barulhos eram moscas em seus ouvidos.

E Castiel odiava moscas.

– Hey, anjo – o paciente ouviu a voz do contador de histórias chamar-lhe baixinho – Está tudo bem. É só Crowley irritado – ele sorriu pequeno, estendendo a mão na direção do de olhos azuis.

Castiel estranhava contato físico depois da morte de Lúcifer.

Castiel ainda não se sentia seguro para segurar a mão de Dean.

Castiel observou a mão de Dean.

Ele acenou negativamente para o enfermeiro.

Mas o de olhos verdes não se importou. Lhe lançou o melhor sorriso que conseguiria dar no momento e se levantou para receber um Crowley vermelho e um tanto irritado.

Quando o mesmo observou a expressão preocupada do homem com nome de anjo, arqueou as sobrancelhas e inspirou fundo, sorrindo para Cass.

O moreno, que estava sentado na cama, levantou-se e foi na direção da parede.

1 2 3 4 5 6 7 8.

1 2 3 4 5 6 7 8.

1 2 3 4 5 6 7 8.

1 2 3 4 5 6 7 8.

Castiel sabia que Crowley estava bravo.

Castiel sabia que Crowley estava bravo por sua causa.

Castiel ainda seria assunto de Meg.

Meg era má.

– Castiel? – o homem de olhos azuis escutou a voz rouca de Dean – Posso falar com você?

Castiel virou-se lentamente na direção de Dean, com a cabeça ligeiramente abaixada. Meg estaria fora por pouco tempo. A diretora do hospital a estava interrogando e logo ela voltaria. Castiel não queria aquilo, de maneira alguma. Preferia ser engolido pelo seu moletom a ter que ouvir o nome de Lúcifer ser pronunciado por aqueles lábios imundos.

– C-c-clar... s-sim – o paciente gaguejou, voltando a se sentar na cama. Seus lábios estavam partidos, entreabertos e ainda buscando por ar.

O contador de histórias sentou-se à sua frente e fez algo que Castiel nunca imaginaria que faria: tirou a coroa de flores.

– Quando Meg lhe dizer alguma coisa que você não gostar, é só colocar essa coroa – Dean estendeu a coroa para o outro – Tudo o que ela falar vai se transformar em baboseira, okay?

Castiel sentiu o coração acelerar. Uma proteção e agora algo que o protegeria das palavras de Meg também.

– E quando você ficar com muito, mas muito medo mesmo – Dean estendeu ambas as mãos, viradas para cima e a coroa apoiada nelas -, você não precisa pensar duas vezes antes de me procurar e segurar nas minhas mãos, tudo bem?

Castiel assentiu.

Castiel pegou com a ponta dos dedos a coroa.

Castiel colocou a coroa de flores na cabeça.

Castiel estendeu uma mão para Dean.

– V-você... também.

Crowley, que apenas observava quietamente do canto do quarto e apoiando-se na parede, sorriu. Os dedos do Winchester tocaram a palma da mão de Castiel.

Ao que seus olhos viam, ambos os garotos precisavam de colo. E quando os dois entrelaçaram os dedos, entregaram sua dor um para o outro e choraram lágrimas que não podiam ser vistas fisicamente, mas que eram tão salgadas que machucavam até as menores cicatrizes da alma.