Segure minha mão escrita por NT


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas bonitas do meu coraçãozão, tudo bem por aí? Espero que sim, mais um capítulo de Segure minha mão chegando para vocês se deliciarem, então, devorem:

Boa leitura e Divirtam-se! Nos vemos lá embaixo :D



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Capítulo 10

Gabriel

Voltei para casa no domingo a noite, já era tarde, entrei sem fazer barulho e subi para o meu quarto, tomei banho e deitei na cama. Ouvi a porta do quarto da minha mãe abrir e os passos dela no corredor vindo em direção ao meu quarto, ela bateu na porta e entrou. Ela se aproximou da cama e eu fiz um esforço para parecer normal, por sorte ela deixou a luz apagada, então não veria meus olhos.

— Filho... — chamou.

— Hum? — murmurei fingindo estar quase dormindo.

— A Luiza... veio aqui de novo...

— É? — falei erguendo a cabeça.

— Sim, ela queira convidar você para ir para a praia com ela e uns amigos..

— Ah.

— Gostei dela. — minha mãe disse e sorriu — Boa noite, filho. — ela disse por fim e saiu.

— Boa noite, mãe.

Acordei na segunda de manha, me levantei, arrumei minhas coisas e saí para a escola. Continuei sem falar com a Luiza e fiquei com o Diogo, na terça—feira a mesma coisa, era como se nunca tivéssemos sido amigos. Quarta—feira quando estava chegando no portão da escola vi o Bruno com a Luiza, ele começou a dar beijos nela e ficou me encarando com um sorriso estampado no rosto, falou alguma coisa no ouvido dela e ela riu, depois voltou a abraçá—la.

Passei reto por eles e ela não me viu, o Diogo estava na sala, ele sabia quando eu estava nervoso e precisava daquilo, então assim que sentei no meu lugar ele me passou um pacotinho. Cheirei um pouco antes que começasse a chegar gente na sala e logo senti aquele alívio que me libertava. Durante as aulas não conseguia ficar quieto, sabia que estava deixando todos irritados, até que fui expulso na terceira. Saí da sala e fui para o lugar de sempre, atrás da escola, fiquei sozinho fumando e vendo o tempo passar de um jeito psicodélico. O Bruno estava me tirando do sério, ele fazia aquilo porque sabia que a Luiza estava tentando me ajudar.

O sinal do intervalo bateu, Diogo, Sandra e mais dois caras chegaram ali e fumamos juntos, antes do intervalo acabar os quatro decidiram pular o muro e matar aula, fiquei porque estava sem vontade, na sala poderia dormir pelo menos. Quando o sinal soou saí do nosso canto e atravessei o pátio de volta aos corredores, o Bruno não saía da minha cabeça, estava com raiva dele, raiva de ver ele beijando e abraçando a Luiza, do sorriso que ele deu como se fosse melhor do que eu. Eu sabia que não devia estar nada bem e que estava visivelmente drogado, estava voltando para a sala quando esbarrei em algum garoto no corredor.

— Qual é idiota não enxerga? — falei irritado.

— Ih, qual é, você que está todo estranho ai, sem nem olhar pra frente. — o cara falou alguma coisa se defendendo.

— To nada caralho, você que tem que olhar por onde anda. — falei encarando o cara.

— Saí fora meu, vem todo marrento ai, tá achando que eu sou quem?

— Foda-se quem tu é. — dei um soco na cara do garoto, o corredor já estava cheio de gente e faziam um círculo ao redor de nós dois, eu estava tão irritado que nem percebi, só queria descontar a raiva em alguém. Dei mais um empurrão quando o garoto tentou revidar e ele caiu no chão.

— Chega, Gabriel! — Luiza parou entre mim e o cara colocando as duas mãos abertas no meu peito, me impedindo de dar um chute nele.

— Me solta caramba! — Alguém segurou meus braços e vi que era o Kauã.

— Fica na sua, Gabriel! — Kauã falou me encarando sério. — Foi mal aí, Vitor, ele não anda bem.

Vitor era o cara em quem eu havia dado o soco.

— Não anda bem uma ova! O cara tá chapado! — Vitor falou limpando um pouco de sangue ao lado da boca. Ele se levantou e saiu andando balançando a cabeça, o monitor já estava chegando para saber o que estava acontecendo, a Luiza me agarrou pelo braço e saiu me puxando por entre os outros alunos, eu segui ela ainda tentando entender o que estava acontecendo, me dava conta aos poucos de que tinha batido em alguém por absolutamente nada.

— O que foi aquilo, Gabriel?! — ela me encarou quando estávamos longe de todos, parando na minha frente.

— Uma briga. — respondi seco.

— Eu vi! Mas por quê?!

— O cara, não olha por onde anda.

— E era motivo pra bater nele?

— Era.

— Você se drogou, não é. — ela afirmou e olhou para o chão.

— É, e daí?! — falei sem me importar, mas me arrependi logo.

— Poxa, Gabi. — Ela me olhou nos olhos e eu vi decepção.

— Não aguentei. — olhei no olho dela — pode virar as costas para mim, sem problemas. — falei.

— Não vou te dar as costas. — ela falou e passou a mão no meu rosto.

— Mas...

— Mas nada. Fica quieto ai, antes que o inspetor pegue a gente aqui. — Ela falou porque o inspetor estava passando no corredor e nós estávamos fora da sala escondidos em um canto. Acabamos ficando as duas últimas aulas ali, lavei meu rosto, o efeito da droga foi passando aos poucos e nós ficamos conversando. Eu tomei bastante água para limpar bem o corpo, ficamos perto do bebedor.

— Por que você voltou a cheirar?

— Estava com raiva.

— De quem?

— Do Br... — fiz uma pausa e respirei fundo. — De nada... me irritei, é difícil conseguir aguentar.

— Eu sei, mas você precisa se controlar.

— Eu já tentei, eu tentei parar quando eu comecei, mas eu desisti, não dava, eu não resistia, no começo foi curiosidade, mas depois eu não consegui mais largar. Isso não tem volta. Eu nunca devia ter experimentado.

— Tem volta, mas você precisa querer. — ela me olhou nos olhos.

— É difícil.

— Eu te ajudo. — Luiza segurou minha mão e sorriu olhando nos meus olhos.

— Por que você quer me ajudar?

— Porque... por... sei lá... — ela disse confusa.

— Ei, — segurei o rosto dela quando ela olhou para o chão parecendo envergonhada. — Obrigado.

— De nada. — ela sorriu.

Ficamos alguns minutos em silêncio, então resolvi falar o que estava sentindo naquele momento.

— Sabe, você é especial.

— Hã? Como assim? — ela pareceu bastante surpresa.

— É, seu jeito de sorrir, seu jeito marrenta, sua coragem, sua beleza, poucas garotas tem tudo isso junto. —falei olhando para o nada, nem estava me dando conta do quanto estava falando, balancei a cabeça.

— Hã? — ela me olhou parecendo bastante confusa.

— Nada. — eu sorri.

— O efeito ainda não passou não? — ela disse brincando e riu.

— Já passou sim. — ri.

— Que bom, porque é desse Gabriel que eu gosto! — ela disse e pulou em mim.

Caímos os dois no corredor, fiquei por baixo dela enquanto ela ria por ter conseguido me derrubar. Então como mágica tudo ficou num silêncio total, nossos olhos se encontraram como se conversassem sem palavras serem ditas. Por um pequeno instante, tínhamos um mundo só nosso. Luiza saiu rapidamente de cima de mim e sentou do meu lado olhando para o nada.

— Desculpa. — ela disse sem olhar pra mim. Sentei ao lado dela.

— Por quê?

— Ah, por isso aí...

— Já tive mais de uma garota em cima de mim, não se preocupa. — falei brincando e pisquei.

— Idiota. — ela disse irritada e virou os olhos.

— Você fica linda assim brava. — falei colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

— E você é um chato!

— E você me odeia por isso?

— Sim. — ela disse sorrindo.

— Mentirosa. — brinquei.

— Eu te odeio sim. — ela resmungou.

— Odeia nada... matou aula para ficar aqui comigo. — dei de ombros.

Ela deu de ombros também e virou de costas para mim.

— É marrenta mesmo... vai ficar emburrada?

— Vou sim. — respondeu de cara fechada.

— Ah, não... não vai não... — eu disse e ela virou para mim percebendo o tom ameaçador e brincalhão na minha voz.

— E o que você vai fazer?! — perguntou me desafiando. — quando eu emburro não tem quem desemburre!

— Então acabou de achar alguém. — eu disse e ri.

— Continuo emburrada. — ela deu de ombros de novo.

Passei meus braços em volta dela, puxando-a para mim e começando a fazer cócegas.

— E agora, ainda ta emburrada? — perguntei, ela ria muito.

— Paaaara! Rá, rá, rá, paaaara!

— Está emburrada ainda? — continuei com as cócegas, estava atrás dela e ela não conseguia nem se defender com os braços porque eu estava abraçado nela.

— Não, não, estou superfeliz, sério! — falava rindo e eu a soltei deixando que respirasse.

— Você me paga! — ela falou virando de frente para mim.

— Você não me pega. — levantei com um só pulo e já me afastei dela.

Saí correndo e ela veio atrás de mim, subimos para quadra, eu conseguia pular quase quatro degraus de uma só vez, isso me dava vantagem, não tinha turma na quadra naquele horário, o que foi bom, do contrário estaríamos com um problema. Fiz ela correr um pouco pela quadra tentando me pegar, até que desisti e deixei ela me alcançar. Paramos os dois cansados e Luiza me deu um empurrão de leve, havia desistido de fazer cócegas. Depois de respirarmos pegamos uma bola e começamos a jogar um para o outro brincando.

— Então, já está feliz agora? — eu perguntei e joguei a bola para ela.

— Sim. — ela sorriu e devolveu a bola.

— Quantos anos você tem? — passei a bola, apesar de parecer uma pergunta boba eu queria saber qual a idade exata dela.

— Dezessete. — deu de ombros.

— Hum. — murmurei e ela devolveu e bola.

— E você?

— Dezoito — joguei a bola. — já fez aniversário esse ano?

— Já. Antes das aulas. E você? — ela devolveu.

— Também. Fevereiro. — joguei a bola.

— Janeiro. — Ela devolveu.

— Sou um ano mais velho igual. — pisquei.

— Mas eu faço aniversário antes.

— Mas eu fiz mais aniversários que você...

— Me pegou. — ela sorriu e jogou a bola.

— Posso perguntar uma coisa?

— Acabou de perguntar. — ela respondeu sorrindo. — Pergunta.

— Você já namorou? Quer dizer, teve algum namorado...?

— Namorar, namorar não... mas sempre tem alguém. — ela jogou a bola.

— Certo. — concordei e ri.

— E você?

— Não.

— Sério?

— É.

— E por quê?

— Não conhecia a garota certa.

— Não conhecia?

— É.

— Espera ai... isso quer dizer que você está apaixonado? — ela fez uma cara alegre e curiosa.

— Eu? — me arrependi do que tinha dito antes.

— Não, minha avó. — ela cortou.

— É. Talvez esteja. — olhei ela nos olhos e sorri.

— Apaixonadinho, oti, oti. — ela pulou em mim e começou a bagunçar os meus cabelos.

O sinal do término das aulas soou, ela me deu um beijo na bochecha e me soltou, descemos as escadas para buscar nossas mochilas na sala mas a Vic e o Kauã já as estavam trazendo.

— Ali, os dois folgados. — Kauã brincou.

— E eu ainda carrego a mochila dessa preguiçosa ai... — Vic também brincou.

— Sim, me ama. — Luiza riu.

— Me abandonou na aula, senti saudades. — Vic falou ainda brincando.

— Viu, me ama...

— Valeu. — peguei a minha mochila com o Kauã e saímos da escola.

No portão vi o Vitor, resolvi falar com ele, pedir desculpas pelo que havia acontecido.

— Vitor? — me aproximei e perguntei.

— É. — respondeu seco ao me ver.

— Desculpa cara, aquela hora eu estava com raiva de um cara ai e descontei em ti... Foi mal.

— Ah, nem esquenta, passou. — ele sorriu vendo que eu só queria me desculpar.

— Falou então, até mais. — agradeci.

— Até.

Fizemos um toque de mão e eu fui atrás da Luiza, Vic e Kauã que já estavam começando a caminhar para ir embora.

— Olha, que progresso, Gabriel pedindo desculpas...— Vic brincou quando cheguei neles.

— Eu que ensinei ele. — Kauã afirmou.

— Verdade, ele me fez pedir desculpas para a Luiza... — confirmei.

— Isso ai.

Voltei para casa com eles e fomos conversando pelo caminho. Queria poder ser esse Gabriel outra vez, ficar com pessoas que gostassem de estar comigo pelo que eu era de verdade, não por piadas ou coisas que eu dizia e fazia somente quando estava drogado. Queria ter uma vida outra vez, uma vida de verdade.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou clica em comentar, recomendar e favoritar, obrigada, de nada. u.u uaehaue

ótima semana delicias, beeijos!



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