Parar era impossível. E não era só impossível. Eu não queria parar. Isso era tudo.

            Lentamente, ele parou. Eu sentia que poderia ficar ali para sempre. Sentia que se morresse ali, morreria feliz. Como é que ele fazia aquilo comigo? Por que eu me sentia assim com ele, e não com Matt? Eu não sabia. Porém, aquilo era melhor que tudo, então eu não deveria me preocupar.

            - Lana, eu sei que você e o Matt estão juntos. E eu sei que eu não tinha o direito de te beijar. Mas você deveria saber o quanto era perigosa para mim. O quanto era magnética. A intensidade dessas sensações... Eu simplesmente não posso descrever. E eu sei que você vai me dar às costas agora... E correr pros braços dele. Mas você sabe que quando eu te der às costas, continuarei gostando de você. E é por isso que sei que você sabe que pode fazer de mim o que quiser. Mas eu peço que por favor não faça. Não brinque comigo. Não me magoe. Não me machuque. Você tem total poder para isso. Total poder de destruição. Mas eu peço que não faça nada disso, eu te imploro que não me machuque. Porque, mesmo se você me machucar, continuarei te amando, e então, me machucarei cada vez mais, e será por conta própria.

            - Dan...

            - Lana... Se vai me dar ás costas, faça-o agora. Mas não volte mais a me encarar, não se aproxime, não me atraia para você. Desapareça da minha cabeça, então, daqui a algum tempo, te esquecerei. Mas se não vai me dar às costas, tem que dar às costas ao Matt. Se não me der às, será pra me amar tanto quanto eu te amo. Você vai fazer isso, Lana?

            - Eu... – Passei por ele e pus minhas mãos no parapeito da janela. – Eu... Eu...

            Daquele momento até algum tempo depois, não vi mais nada. Isso porque, subitamente, eu caí.

            - Lana. Você está bem, querida? – Ouvi a voz do pai de Matt perguntando-me, quando acordei. Que lugar era aquele? A luz era forte, clara. O local parecia ser branco. Eu estava dopada. Meus olhos pesavam. Meu corpo simplesmente não se movia.

            - Onde é que eu estou. – Falei, com um fio de voz.

            - Na minha clínica, meu bem. Você desmaiou. Dan e Matt te trouxeram pra cá.

            - O que é que eu tenho?

            - Ainda não sabemos. Você vai ficar aqui ainda hoje, pra que possamos fazer exames. Um check up. Só pra garantir.

            - Tudo bem.

            Na manhã seguinte, quando saí do hospital, com o resultado dos meus exames em mãos, estava tranqüila. Segundo John, era só um sopro leve no coração. Eu havia desmaiado porque, segundo ele, quando se tem um sopro assim, pode ser que haja indisposição em caso de exaltações, emoções fortes e coisas do tipo. Mas ele me garantiu que isso era comum. Eu poderia viver tranquilamente com isso.

            Eu também pensei que eu pudesse viver tranquilamente com isso. Mas eu não podia. Em breve, eu saberia por que.

“E o simples passa a se complicar, quando deixa de ser simples assim pra tentar não complicar.”