Acordei com o sol invadindo o quarto através das cortinas brancas. Senti o cheiro do mar e antes de abrir os olhos já soube que Dan estava acordado. Senti seu toque em meu ombro e logo senti sua boca distribuindo beijos quentes por meu pescoço. Ao me ver arrepiada com tal gesto, falou na voz mais doce do mundo:

         - Bom dia,esposa!

Abri os olhos e então me dei conta de que tudo aquilo – aquela noite, aquele amor, aquele sentimento – não fora um sonho. Dan era real. E o meu amor por ele era mais real ainda.

         Virei meu corpo para ele e percebi a bandeja de café que ele havia arrumado para nós dois. Havia suco, frutas, pão, café e outras opções para que eu pudesse repor as energias gastas na combustão da noite anterior. Sorri.

         - Bom dia. – falei baixinho.

         Sentei-me na cama e tomamos café juntos. Conversávamos sobre tudo e ríamos alto. Ficamos assim durante quase uma hora, e mesmo depois de pararmos de comer e de ele ter colocado a bandeja de lado, continuamos conversando, rindo e trocando carícias. Durante algum comentário bobo dele eu ri tão desinibidamente que até me esqueci da falta de roupa. Tudo o que cobria meu corpo era o lençol em que eu estava enrolada. Em resumo: quando ri e soltei os braços do lençol, ele caiu, revelando meus seios nus e eriçados. Dan sorriu e me deu um beijo tranquilo, não querendo me expor. Eu não me importava. Ele era meu marido, tínhamos todo o direito. Vi que ele estava vestindo uma cueca boxer e pensei que aquilo não poderia nos impedir. Aprofundei nosso beijo e comecei a fazer carícias por seu peito nu e bem definido. Ele segurou meu rosto e eu senti o sangue subindo às minhas bochechas.

         - Nós podemos fazer de novo, não podemos? – falei com vergonha.

         Pensei que ele me julgaria uma maníaca, mas eu simplesmente não poderia me controlar. As sensações que senti naquela noite foram tão intensas e me fizeram sentir tão viva que eu senti que precisava daquilo quase como precisava respirar. Achei que ele me julgaria. Ele não julgou. Deu um sorriso malicioso.

         - O dia todo, se depender de mim. – e então ele me agarrou, deitou meu corpo na cama e se livrou de uma vez do lençol.

         Fizemos tudo de novo. Durante horas nos amamos e sentimos o sangue pulsando forte nas veias. Sentir Dan tão perto, tão junto de mim - aquilo era como um vício ao qual eu não podia resistir. Corremos nus pela casa e nos amamos de uma maneira ainda mais intensa que na noite anterior. Nossos gritos espalhavam-se pela casa toda. Em cada parede que encostávamos deixávamos uma marca de suor. Eu o sentia dentro de mim. Sentia-me ainda mais viva. E toda vez que ele dizia meu nome entrecortado pelos seus gemidos eu sentia que poderia voar. Depois seguimos para o chuveiro, onde continuamos a nos amar. Fizemos bolinhas de sabão e eu as admirei com a inocência de uma criança, enquanto ele cobria meu corpo nu com espuma. Finalmente, depois de mais um clímax em meio a tantos, paramos. Ficamos apenas abraçados enquanto a pancada de água gelada caía sobre nós para acalmar nossos instintos. Depois de algum tempo assim, nos limpamos e tomamos um banho digno. Trocamos ainda mais algumas carícias sem pudor e depois saímos do banheiro enrolados em toalhas.

         No quarto eu coloquei apenas uma calcinha e um vestido quase transparente. A sensação de excitação ainda tomava meu corpo e eu não sentia a menor vergonha de usar uma roupa assim perto de Dan. Ele vestiu uma bermuda e ficou sem camiseta. Depois, enquanto eu penteava meu cabelo, me abraçou por trás e me deu um beijo no pescoço. Ficamos olhando a paisagem fora da janela, imaginando se algo no mundo poderia ser ainda melhor que aquele momento.

         - Eu ainda não acredito em nada disso. Não acredito que depois de uma vida sem significado eu me apaixonei por alguém que mudaria toda a minha história e que teria a chance de ficar com essa pessoa. Não acredito que você está aqui comigo hoje, Lana. Não acredito que você é minha mulher, tampouco que fez amor comigo. Não acredito que esse paraíso é real, não acredito que tudo isso que estamos vivendo não seja simplesmente um sonho. – ele me disse, abismado.

         - A minha ficha também não caiu ainda. É difícil de acreditar que algo possa ser tão perfeito. Nesse momento, aqui com você, eu quase esqueço que posso... – ele me virou de frente para ele.

         - Shhh. – me interrompeu, colocando um dedo sobre meus lábios. – Não pense em nada disso. Esse momento é nosso. Esse é o nosso paraíso. Nada vai estragar. Esqueça o resto. Você é minha mulher e eu te amo. Nada vai acontecer a você, você não vai a lugar algum, isso porque eu te amo e vou te proteger. Esqueça tudo. Apenas fique comigo. – então num gesto simples ele tomou meu rosto e me beijou calmamente. Eu me perguntei se toda vez que ele me beijasse eu me sentiria daquela maneira, se toda vez que ele me beijasse eu sentiria vontade de despi-lo e fazer tudo com ele outra vez. Mas então eu percebi que meu amor era maior que aquilo, e mesmo que fazer amor com Dan fosse maravilhoso, sentir a ternura de seus gestos simples era ainda melhor.

         - Eu te amo Dan – a ternura de seu amor embalava meu coração e trazia lágrimas quentes aos meus olhos. – Eu te amo e simplesmente não posso imaginar minha vida sem você. A maneira que você age comigo é tão pura, seu amor é tão terno e seu toque é tão delicado que eu não posso deixar de chorar, pois eu nunca fui amada dessa maneira. E também nunca amei desse jeito. Um dia, há muito tempo atrás, alguém me perguntou o que eu faria se tivesse algo muito grandioso em mãos, algo que realmente mudasse a minha vida e eu não soube o que dizer. Hoje eu sei, porque tenho você e esse sentimento é simplesmente o maior de toda a minha existência. Sei que com algo tão poderoso, tudo o que eu posso fazer é me entregar a esse momento. E você, Dan, é o momento da minha vida. Eu te amo, acho que sou apaixonada por você desde o primeiro drink, só não quis admitir a mim mesma. Te amo, sempre te amei e sempre... Sempre vou te amar!

         Nos abraçamos e depois nos beijamos com calidez e urgência. Ficamos por um longo tempo apenas nos olhando e eu pousei minha cabeça em seu peito. Ele repetiu:

         - Não vou deixar você ir a lugar nenhum.

         E depois começou a cantar.

I'll never be far

I'll be wherever you are

This heart, it's only one (it beats for you)

And it'll survive

This love will always... keep us alive

Eu nunca estarei longe

Eu estarei onde quer que você esteja

Esse coração, ele é único

Ele bate por você

E ele sobreviverá

Esse amor irá sempre... nos manter vivos

         OK. Eu era feliz. Eu tinha o mundo, eu tinha tudo. Eu estava em lua-de-mel com o homem da minha vida e felicidade era uma palavra que definia todos os meus dias. Era maravilhoso passar aquele tempo com ele, um tempo sem horários, sem preocupações, um tempo em que era só amar, amar e amar, um tempo em que corríamos para o mar e nos amávamos na areia. Um tempo em que eu me perguntei se poderia alguma coisa no mundo nos separar.  Respondia a mim mesma que não, sabendo que poderia acontecer qualquer coisa e eu nem ligaria, afinal, a melhor parte da minha vida estava ali, eu já tinha feito tudo valer a pena.

         - Dan...

         - Hmm?

         - Você é a melhor parte da minha vida. Foi você que me deu sentido... – aninhei minha cabeça em seu peito e o abracei forte.

         - Você é tudo Lana. Nunca vou te deixar ficar longe de mim.

         - Eu te amo Dan.

         - Eu te amo mais, Lana.

         - Não. Eu amo mais.

         E nossa discussão boba seguiu assim, até que um de nós provasse ao outro que não existia amor maior. O nosso amor era único. E o amor maior do mundo.