Mais um dia longo começava para Bianca. Ela acorda e vê que sua irmã já não está mais na cama. Ela se levantou, tomou um banho rápido e viu que Karina preparava o café.

–Bom dia, Bi.

–Bom dia, K. Nossa, perdi a hora. Você devia ter me acordado.

–Você tá trabalhando demais, estava precisando dormir um pouco a mais. Se você me deixasse trabalhar... –começou Karina.

–Nem adianta tocar nesse assunto, você tem se concentrar na escola e no treino. –cortou Bianca.

–Bi, eu já tenho o Kruang azul escuro, podia ser instrutora em outra acadêmica...

–Nada disso, o exame da preta tá chegando. Se você passar, e o Alan e a Nat concordarem, eu deixo você lutar no Warriors.

–Sério, Bi? –perguntou com os olhos brilhando.

–Eu sempre apoiei o seu sonho.

–Eu sei, e te agradeço muito por isso. –de repente o semblante dela mudou para triste.

–O quê foi, maninha? –perguntou Bianca, preocupada.

–Eu fico triste em pensar que o papai não vai ver nada disso. Lembra como ele ficou orgulhoso quando eu consegui o grau a mais? E quando eu recebi o azul claro e ele falou que ia me deixar lutar...
–Eu sei, K, pode ter certeza que ele iria vibrar de felicidade se te visse agora, campeã do campeonato da liga, grau azul escuro, fazendo exame da preta. Por causa do seu talento, vamos levantar a academia. Depois disso, as coisas vão se acertar. Agora vamos pra academia, que quem não morre, não vê Deus. –brincou Bianca, imitando a fala que o pai sempre dizia.

As irmãs abriram a academia. Logo, Nat, Alan e Duca chegaram.

–Karina, bora treinar pesado, você tem que subir de categoria. Vamos, que o exame da preta tá chegando, pro ringue!

–Sim, mestre. –respondeu a lutadora.

–Duca, melhora esse chute, assim você não passa no exame da preta! –repreendeu Alan.

Bianca observava o grupo, quando Cobra chegou com Jade, que logo foi para o escritório.

–Nossa, Sem Sal, tá com cara de acabada. Trouxe o seu café. –disse entregando um copo do Starbucks para a amiga. “Sem Sal” era o apelido “carinhoso” de Bianca que Jade lhe havia dado.

–Jade, sempre delicada. Obrigada pelo café, essas contas me dão sono.

–Se você deixasse de orgulho bobo e aceitasse a minha ajuda, podia ter tempo pra dormir. Você tá trabalhando mais que escrava. Daqui a pouco, vai cair dura, aí vai sobrar pra mim cuidar da machinho. –Bianca riu com o modo irônico da amiga de mostrar preocupação.

–Só você pra me faz rir de manhã cedo. Eu já terminei aqui, vamos subir, que o meu dia nem começou.

Nesse meio tempo, os demais alunos chegaram. Karina estava treinando com Wallace, e Sol filmando. Eles pausaram e a cantora se aproximou da amiga.

–Loira, vai na festa da Fabi?

–Eu não sou muito de festa, mas eu até iria. Só duvido a Bianca deixar.

–Deixa que eu a convenço. Se prepare pra arrasar. Vem comigo.

–--*---

Bianca estava na sala dos professores, quando Sol se aproximou.

–Preciso falar com a minha estagiária favorita.

–Lá vem golpe. O quê você aprontou dessa vez, dona Solange? E você, Karina? –perguntou Bianca.

–Eu não aprontei nada. É que vai ter uma festa “lacrante” na casa da Fabi....

–E você quer que eu deixe a K ir. Nem pensar. –ela afirmou.

–Poxa, Bi, a K só treina e estuda, ela precisa se divertir um pouco. E ela é super responsa.

–Ok, eu deixo, mas nada de bebida, fumar, nem nada do tipo. E a K tem que estar em casa às 2, no máximo. E juízo, as duas.

–Valeu, Bi. –deu-lhe um beijo na bochecha.

–E, Karina, eu tô de olho. Sol vamos pra aula. –disse Bianca.

Karina estava indo em direção às escadas, quando avistou certo guitarrista que tirava o seu sono.

–Esquentadinha. Tá gostosinha com esse shortinho. –Cumprimentou com seu sorriso aberto e suas piadinhas costumeiras.

–Esquentadinha vai ficar a sua cara. –retrucou Karina.

–Para de brigar com o Pedroso, minha analista não vai gostar de saber que minha irmã e meu melhor amigo ficam brigando.

–Ele que começou. –resmungou Karina, emburrada.

–Eu só elogiei os seus atributos. –se defendeu com mais uma piadinha.

–Você me chamou de gostosa. Não sou suas piranhas.

–Então tu fica elogiando os atributos da Karina, deixa só a Bianquinha saber disso...
–Saber do quê? –questionou Bianca, que acabara de chegar.

–Que o Pedro aqui fica reparando no Wiggle Wiggle da K. –denunciou João.

–Se liga, ô moleque, não quero você com esse seu papinho pra cima da minha irmã. Aliás, se te pego olhando pra ela, eu mando os lutadores da minha academia te pendurarem pra te usar como saco de pancada. Decorou?

–Decorei sim. –respondeu Pedro, amedrontado com o jeito da menina.

–Ótimo, dá uma volta, que eu preciso de um tempo antes de olhar na sua cara.

Karina desceu envergonhada com a cena da irmã, e Pedro e João foram para um canto.
–Poxa, cara, precisava me dedurar?

–É pra tu aprender a respeitar a irmã alheia, vacilão. –deu-lhe um pescotapa.

–--*---

–Ô referência, eu quero lutar nesse campeonato aí...

–Wallace, você não tá pronto. –disse Wallace.

–Mas já peguei o Grau vermelho, eu ganhei o campeonato da Liga, Nat. Me dá essa moral. –pediu, virando-se para a outra mestre.

–Primeiro, aqui dentro eu sou mestre Natália. Segundo, eu concordo com o Alan, você tem potencial, mas ainda tem muita coisa pra aprender.

–Eu tô me esforçando, essa é a minha chance.

–Wallace, eu não quero que você cometa o mesmo erro que eu. Eu já tive essa mesma conversa com o meu mestre...

–Mas você foi campeão...

–Eu não estava pronto aqui. –disse, pondo o dedo na cabeça.

–Se você tivesse, não estaria levantando a voz pro seus mestres. –disse Nat.

–Mas... –tentou retrucar.

–Você acha que tá pronto?! Cobra, vai pro ringue. Se o Wallace ganhar, ele vai pro campeonato.

A luta foi disputada, mas Cobra venceu com um chute certeiro. Wallace se levantou irritado e saiu.

–Amor, não fica assim. –disse Nat.

–Nat, eu já vi esse filme, eu o vivi, e você também.

–Eu sei, mas a gente vai dar um jeito nisso...

–--*---

Bianca arrumava a irmã, era seu único dia de folga na semana.

–Você tá linda, K. Nada de... –começou seu discurso.

–Beber ou fumar, eu sei. –Karina cortou, revirando os olhos.

–E cuidado com garotos, não quero você pendurada na boca de marmanjo.

–Mas é muito ciumenta... –apertou as bochechas da irmã, rindo.

–Sou mesmo.

–Me deixa ir, que o Jeff tá me esperando com a Mari, a Sol e o Wallace.

Depois de se despedir da irmã, Bianca pegou o carro e foi para casa de Jade. Eles sempre faziam encontro de casais: Duanca, Cobrade e Nalan. Duca já estava lá com o irmão.

–Finalmente a tonta chegou! –disse Cobra, “carinhosamente”.

–Não enche, serpente. Oi, Du. –disse beijando o namorado.

–Antes de ficarmos bêbados, eu e a Nat precisamos falar com vocês sobre o Wallace. –eles contaram tudo.

–Temos que contar tudo pra ele, é o único jeito. –argumentou Bianca.

–Ele não vai acreditar. –disse Cobra.

–Eu acho que o jeito é pegar pesado com ele, pra ver se ele desiste.

–Bi, fala com a cantora de churrascaria. –disse, se referindo a Sol. –Agora vamos parar de papinho e começar a beber.

–--*---

Pedro ficou de queixo caído com a beleza de Karina. Ela usava um shorts perto e uma blusa, também preta, do Nirvana.
Quem também babava com o visual da lutadora era Pri, que tinha uma paixão pela amiga. Karina estava curtindo a festa, quando Pri se aproximou.

–K, vamos tomar uns drinks.

–Melhor não... –a garota começou a dizer, mas quando viu Pedro beijando Vicky, ela pegou uma dose de Vodca e virou.

–--*---

Pedro queria, mais que tudo, ficar com Karina, mas sabia que, se a beijasse, estaria perdido. Ele não queria se envolver pra não sofrer tudo que a mãe sofreu. Ele se separou de Vicky e começou a beber tequila.
Quando Karina se deu conta, eram 2hrs da manhã. Ela não encontrava ninguém conhecido e estava muito tonta. Já deveria estar na casa de Jade. Ela torcia pra irmã estar ocupada e não notar a sua ausência. Ela entra num dos quartos, pensando ser o banheiro e então que ela esbarra em alguém. Pedro, que estava um pouco bêbado, cai por cima dela. Eles se encaram por alguns segundos e eles se beijam.