Give me Love escrita por Gangster


Capítulo 6
Capítulo 6




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Quando seus pais descobrem e não apóiam... Desde o começo desse sentimento eu sabia como seria, mas nunca pensei que iria doer tanto, nunca pensei que não conseguiria conter as lagrimas, nem que meu pai e minha mãe teriam uma briga tão feia.

Quando acontece, não é apenas a dor que te abala, mas o sentimento de culpa, a sensação de que todos estão certos, menos você. Por que uma coisa tão comum é tão discriminada assim? E depois de toda a discussão a única coisa que resta é uma vontade louca de acabar com a própria vida, uma vontade de sumir... Você olha pra um casal na rua andando de mãos dadas sorrindo e pensa “nunca vou ter um momento como esse”. De qualquer forma se minha mãe não aceita, não vai ser uma vida feliz, nunca vou poder levar meu namorado na minha casa no natal, ano novo, aniversário, nem nada. Ele nunca será bem vindo, e mesmo quando eu estiver maior de idade e for viver minha vida sem dar satisfações a ninguém, ainda será infeliz, saber que estou com meu marido... namorado, que seja, e que minha mãe está sofrendo, pensando no filho que perdeu. Me pergunto se os pais do Pietro aceitariam ele sabendo que ele gosta de um garoto, e se pra Lucas foi tão difícil, afinal ele não disse se o pai dele aceita mesmo, ele pode apenas suportar.

Minha mãe estava completamente diferente depois de tudo, não parecia mais a mesma, sempre com um semblante de raiva, e tristeza mista no rosto. Ela disse que me levaria no psicólogo depois, e agradeceu que as aulas já estavam acabando, ela disse que minhas amizades tinham me feito ficar assim, não entendi o que ela queria dizer afinal ela conhecia meus três amigos.

Entrei em um fórum na internet pra ver como tinha sido pra certas pessoas, e fiquei surpreso com alguns relatos, alguns tinham apanhado pra valer, outros expulsos de casa, e outros que até hoje não falavam com os pais... Mas tinham relatos bons também, de alguns que foram aceitos, alguns em que o namorado era como filho dos pais, e quase no final, pais que passaram anos sem aceitar mas depois concordaram com tudo, senti um pouco de alívio com aquele relato, mas que logo sumiu, eram tantos problemas. Só tinha mais uma semana de aula, semana de provas.

***

Me arrumei e fiquei na frente do espelho tentando ver como faria pra não parecer tão abatido, meu pai tinha conversado com minha mãe pra ver se ela desistia idéia louca de me levar ao psicólogo, não funcionou. Eu tinha que ir logo depois da aula, por mim tudo bem, acredito que ele não pode tentar aplicar uma “cura gay”.

Já no portão da escola vi Pietro parado, olhando pro nada com a mesma cara que eu tinha deixado ele na festa, minha vontade era de correr até ele, ficar com ele e esquecer todos os problemas, se é que isso é possível. Na sala foi difícil ignorar ele já que sentávamos um do lado do outro, Alanis fez o favor glorioso de ficar no meio. Tirei um tempo entre as aulas para conversar com ela e explicar tudo o que tava acontecendo, ela me ajudou bastante e me fez sentir melhor.

– Queria poder falar com a Drica sobre isso também... Sinto falta.

– Se quer, faça!

– Eu e ela estamos brigados, se lembra?

– Lembro, claro. Mas você sente falta dela, e ela deve sentir de você também. Qual é Miguel, vai deixar uma amizade de cinco anos acabar assim, sem mais nem menos?

– Não é sem mais nem menos.

– Tá bom, vai deixar uma amizade de cinco anos acabar por causa de um menino?

– Sei lá – Eu realmente não tinha resposta para aquilo –O Pietro não é só um menino.

– Ela também sofre com isso Miguel, não é fácil pra ela.

– Como se pra mim estivesse sendo.

– E não tá? – Ela disse – Ele largou ela por você!

– Ela que quis contar.

– Ela te fez um favor.

– Isso só deu problemas.

– E o que você tá tentando fazer agora?

– Resolver eles.

–Resolve com a Drica também e fim de papo. – Ela voltou a atenção para a explicação do professor.

Apesar de ser difícil de admitir ela estava certa. Decidi que depois iria conversar com ela, mas não no dia, tinha que esvaziar a cabeça afinal depois do intervalo teriam algumas provas. Durante o intervalo Lucas veio conversar comigo, falei dos problemas pra ele também e ele disse que no inicio tinha sido assim com o pai dele também, mas que depois ele aceitou e disse que quando eu resolvesse isso ele iria querer falar comigo. A prova foi normal, fácil, mesmo com os problemas. Na saída tinha uma mensagem no celular, era da minha mãe indicando o endereço do psicólogo, não era longe então não me preocupei em apresar o passo, queria chegar o mais tarde possível, quem sabe até lá minha mãe não ligava avisando que não precisava mais ir. O dia estava bem quente, o céu totalmente azul, tinha crianças do primário voltando pra suas casas na rua, tive saudade de quando eu estava no lugar delas, sem preocupações, provavelmente elas agora iriam almoçar na frente da Tv e depois brincar na rua, fiquei pensando no futuro de cada uma e em como elas tinham sorte de ainda serem crianças que sonham em ser adultas, quando me dei conta já estava no endereço da mensagem, fiquei muito surpreso ao ver que era uma igreja.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Terça-Feira (24/02) 16h30



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