Give me Love escrita por Gangster


Capítulo 5
Capitulo 5




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Acordei com um pouco de dor de cabeça, estava com a cabeça debaixo do travesseiro, o lençol um pouco molhado, tinha chorado bastante na noite anterior, tirei o travesseiro da cabeça e olhei para o relógio do lado da cama, tinha perdido a hora, nem que eu voasse eu ia conseguir chegar a tempo na escola, olhei na escrivaninha, o computador ainda estava ligado, mas a tela estava acessa, significava que alguém tinha mexido recentemente, devia ter sido meu pai pra ver algumas noticias ou coisas do tipo, o fim de tarde anterior tinha sido muito tenso, Drica havia brigado bastante e eu nem me defendi, achei que não deveria, minha amizade com ela estava completamente acabada, prometi que ligaria para Pietro mais tarde e conversaria com ele. Com muito esforço levantei da cama, já estava chorando novamente, tomei meu café da manhã e fiquei na sala assistindo o noticiário enquanto o horário de saída da escola não dava, dormi ali no sofá e acordei com meu celular tocando, antes de atender olhei a hora, três da tarde, já era pra mim ter falado com Pietro muito antes, atendi e era Lucas, ele me disse que Drica e Alanis tinham discutido na saída por minha causa mas que não deu em nada na diretoria pois foi lá fora, me senti culpado e como no dia anterior me perguntei porque isso tava acontecendo comigo, ele me disse também que tinha tido conteúdo de prova neste dia e que ele me passaria quando eu estivesse com a cabeça fria, agradeci e desliguei, fui no meu quarto pegar um cobertor pois estava com frio e vi o computador ligado, fui desligar e quando a tela acendeu vi que meu facebook ainda estava aberto e com a conversa de Alanis e Lucas aberta, senti um aperto no meu coração, será que meu pai tinha lido aquilo? Será que ele descobriu tudo? Entrei em pânico e comecei a chorar mais, meu pai podia ter descoberto tudo, e podia ter contado pra minha mãe, meu pai não era homofóbico minha mãe sim. Desliguei tudo, fechei as janelas do meu quarto, tranquei a casa e me cobri até a cabeça esperando o pior.

Acordei com meu pai me cutucando, tirei a cabeça pra fora e ele estava sentado numa cadeira na frente da minha cama, pelo jeito ele ia mesmo querer conversar.

–O-oi pai – Estava com a voz tremula.

–Por que não foi a aula hoje?

–Perdi a hora, como você sabe?

–Passei lá pra ver como ia seu desempenho, não queria que suas notas tivessem caído por conta de um garoto.

–P-pai! – Eu ia me explicar mas ele me cortou.

–Conversou com a Drica ontem?

–S-sim.

–Acabou a amizade de vocês não é?

–S-sim.

–Sempre achei que você quisesse algo além de uma amizade com aquela garota – Ele levou a mão na testa e olhou para o chão por um tempo – O que você fez o dia todo aqui?

–Dormi...

–Só isso?

–Sim.

–Então Miguel, precisamos conversar...

–É inevitável pai...

–Eu sei, eu sempre soube, sua mãe... e seu irmão também – Ele parou de olhar pro chão e olhou para mim.

–Como?

–Todo pai sabe, quando você era pequeno não tinha muita noção das suas atitudes acabava dando uma brechas – Ele olhou pra mim esperando uma resposta, mas tudo que fiz foi abaixar a cabeça –Sua mãe não vai aceitar.

–O senhor não falou com ela?

–Ainda não.

–O-obrigado – Imagino que já estava com voz de choro.

–Vou falar amanhã, já que ela não vai trabalhar, vai estar mais calma.

–Pai... – Engoli em seco – Você me odeia?

Quando ele foi responder meu celular começou a tocar.

–Atende – Ordenou meu pai, ele parecia meio zangado, meio triste, ele era um homem de poucas palvras, não sabia o que esparar dele.

Atendi e era Lucas.

–Quem era?

–Lucas.

–O vizinho?

–Sim, me convidou pra uma festa que vai ter amanhã a noite...

–Você vai – Ele afirmou.

–Não quero.

–O tempo que você vai estar nessa festa é suficiente pra mim falar com sua mãe e tentar acalmar ela.

–Ah sim – Meus olhos já estavam encharcados quando perguntei mais uma vez – Você me odeia?

–Por que?

–Por eu ser assim?

–Não filho, eu amo você, amo muito. Não era meu maior sonho ter um filho gay, mais era meu maior sonho ter um filho como você, responsável, bonito, inteligente. Eu aceito você desse jeito, só não quero que comesse a agir igual uma menininha por aí, quero que continue assim, e não quero você beijando moleques por aí.

–Obrigado pai – Comecei a chorar e rir ao mesmo tempo.

–Vem cá – Ele disse me puxando para um abraço.

Fiquei muito feliz com aquilo, mas não esperava a melhor reação da minha mãe, pelo contrario, esperava a pior.

Um dia depois, a festa. Tinha um monte de gente da escola, parecia a festa da praia, mas essa era em um salão, de longe vi Pietro e lembrei que teria de falar com ele, do seu lado, Drica, me fuzilando com o olhar.

–Você ainda não falou com ele? – Perguntou Lucas.

–Claro que não!

–Mas aí ela vai contar.

–To nem aí, por mim ela pode falar tudo logo, é até melhor.

–Isso vai dar treta.

Até que eu estava gostando da festa, e consegui esquecer por um momento todos os problemas, minha mãe, Pietro, Drica. Naquele momento pouco me importava eles. Quando resolvo ir ao banheiro lá estava o Ruivo se pegando com um dos garotos populares da escola, usei o banheiro normal, eles nem se importaram com minha presença, sai do banheiro rindo porque aquilo tinha sido muito hilário pra mim. Estava voltando pro salão, pelo corredor escuro, quando esbarro em alguém, aquele cheiro... Pietro.

–E aí Miguel.

–E aí – Sai andando.

–Ei – Ele gritou, e eu parei – O que tá acontecendo com a gente?

Ele se aproximou.

–Isso aqui parece a festa na praia né?

–É, parece.

–Foi lá que a gente se beijou.

–Anh? Você disse que não lembrava – Fiquei furioso mas sem reação.

–Por que eu ia te falar que lembrava? – Houve uma pausa –Você mal correspondeu, ficou muito estranho pelo resto da noite.

–Foi tudo showzinho seu Pietro?

–Não, quer dizer, mais ou menos – Quando ele disse isso olhei com raiva pra ele e virei as costas de volta ao salão –Espera – Ele me puxou – Eu tava meio tonto, aí você foi lá e me ajudou, e eu gostava de você, então eu... beijei você, mas você reagiu estranho.

–Porque era a primeira vez que eu beijava alguém – Falei irritado – E o resto da noite? Quase tive que te dar banho, te troquei!

–Você podia esquecer isso cara! A gente podia tentar.

–Você tem namorada.

–Não teria vindo falar com você se não tivesse certeza dos seus sentimentos.

–Ela contou?

–Sim.

–Hum...

–Foi um alivio pra mim.

–Legal, então por que namorou com ela?

–Porque ela gostava de mim...

–Isso não era motivo.

–Eu pensei que poderia começar a gostar dela, você é lindo Miguel, logo arrumaria uma namorada e eu não ia agüentar, se eu não gostasse mais de você tava tudo certo.

–Se você é gay seria meio difícil gostar de uma garota.

–Eu não sou gay.

–Ah claro, é hetero né? – Perguntei com ironia.

–Sim, ou eu era sei lá, você mudou tudo Miguel! Tudo!

–Sei...

Me virei e fui andando de volta ao salão, me arrependi de cada palavra, eu devia ter me jogado em seus braços, mas mais uma vez tinha conseguido estragar tudo, pouco antes de chegar no salão, olhei pra trás e ainda podia ver ele, olhando pra mim, com os olhos brilhando naquele corredor escuro, lindo como sempre, porém dessa vez com uma cara de frustrado, me veio um aperto no coração de vê-lo daquela maneira, mas mesmo assim, segui até a saída do salão e fui andando de volta pra casa, eu estava chateado mas não conseguia chorar, não conseguia pensar em mais nada, só a visão de Pietro com aquela cara de cão sem dono na minha cabeça, abri o portão de casa e entrei, abri a porta e lembrei da conversa entre meu pai e minha mãe, lá estava ela em pé ao lado da mesa, olhando pro meu pai com ódio, que por sua vez estava sentado, ela levantou a cabeça e olhou pra mim, nem parecia a minha mãe, nunca tinha visto ela daquela maneira, só tive tempo de soltar a maçaneta da porta até ela avançar em cima de mim com um tapa.


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