Segundo dia de aula; de alguma forma eu estava ansioso, não sabia porque só sabia que queria logo voltar para a escola, e quando isso aconteceu me senti muito bem, a primeira aula foi artes e o professor parecia ser bem legal e extrovertido, brincou com a gente e deixou a gente um pouco a vontade no final da aula, tirei esse tempo para falar com Alanis que não dormiu desta vez. Conversamos um pouco e notei que ela era uma garota meio maloqueira, falava de um jeito engraçado o que tornava ela uma garota ainda mais divertida. Pietro e eu conversamos muito também como no dia anterior e fiquei sabendo que ele gostava de jogar então convidei ele para ir mais tarde na minha casa jogar comigo e ele aceitou. Ultima aula foi de filosofia.

–Bom dia alunos – Notei que o professor era mal humorado.

–Bom dia – A sala respondeu em coro.

–Sou o professor Carlos, de filosofia. Acho que não preciso falar sobre os padrões da escola não é? Vocês já devem ter ouvido muito disso nesses últimos dois dias. Bom, eu gosto de dar aulas com mais conversação sinto que assim é melhor, e para provar que não sou tão chato quanto aparento – Estava quase dormindo –Vou fazer algo parecido com o que os outros professores devem ter feito, mas invés de deixar vocês tagalerando sobre assuntos idiotas gostaria de conversar com vocês sobre algum assunto do dia-a-dia, sugestões?

A sala permaneceu em silêncio.

–O.k. então – Ele falou parecendo um pouco irritado pelo vácuo –Que tal aborto?

–Desde quando aborto é assunto cotidiano? – Alanis perguntou.

–Isso vem se tornando comum a cada dia, érr...

–Alanis. – Ela falou

–Alanis, e vocês sabiam que isto...

–Não! – Alanis falou – Não sabemos, nem queremos saber. Qual é professor! Vamos falar de algo mais legal.

–O.k. Alanis – Ele pareceu se divertir – Gostei de você.

–Por que?

–Acho que porque você foi a única que respondeu ele até agora – Pietro disse, dei um soco de leve na coxa dele por debaixo da mesa.

–Ora, exatamente! Então já que você resolveu falar, porque não sugere um tema?

–Tá, um tema cotidiano certo? Hum... Homossexualidade! – Pietro respondeu entusiasmado, a sala pareceu se animar.

–Ótimo. Então pessoal, me digam o que vocês acham disso?

–Eu acho nojento, sério gente, eu assisti um filme que meu Deus, não sei vocês mais eu acho que as pessoas que são assim tem um parafuso a menos. – Uma menina falou do fundo da sala.

–Então você sugere que eles são loucos? – Pietro perguntou.

–Sim.

–Loucura é uma doença, que tipo de cura sugere?

–Terapia de choque – Ela falou rindo.

–Ei, ei, isso é loucura cara! Meu Deus. – Alanis disse rindo também.

–Ei, Miguelito, você é louco?

Olhei para trás para ver quem disse isso, era um menino ruivo, cheio de sardas, usava óculos e era bem magro, parecia um daqueles nerds metido a besta que tentava zuar e era ignorado. Isso foi confirmado pois todos na sala continuaram a debater sem nem se quer dar atenção a ele. Ele olhou pra mim enquanto eu reparava nele e piscou. Voltei minha atenção para o professor, e tentei ignorar aquele garoto. Os alunos continuavam a debater a sala estava bastante agitada, e eu não queria participar daquilo pois achava inútil. Levantei e pedi para o professor autorização para me retirar. Fiquei no pátio esperando a aula acabar, o que eu estava achando a respeito da escola até então? Ótima, mesmo que alguns professores tenham nos deixado conversar todos recebemos um trabalho no final do dia e eu tinha certeza que na próxima semana as coisas ficariam mais complicadas.

Esperei durante uns vinte minutos e então vi Drica agarrada no braço de Pietro saindo da sala, os dois pareciam bem introssados. Ela chegou em mim e me puxou para fora da escola, fomos caminhando até minha casa em silêncio.

–Miguel, desculpa não te responder ontem, eu tava na cam com o Pietro.

–Ah tudo bem, não se preocupa.

–Você tá bem? – Ela perguntou rindo –Passou o dia com esse sorriso bobo na cara.

–Já se sentiu muito feliz, muito feliz mesmo e não sabia o motivo?

–Já, ah não Miguel...

–O que?

–O motivo sempre são pessoas.

–Acho que é a escola.

–Você não tava assim quando passou na prova, ficou assim depois que entrou na sala, é a Alanis?

–Anh?

–Acho que você deve estar apaixonado por alguém, deve ser ela.

–Tá louca? Haha, eu nunca vou me apaixonar, coração blindado, haha! – Falei rindo.

–Tá bom, haha.

Cheguei em casa e fiquei esperando o Pietro chegar, que história era aquela? Se apaixonar, eu não. Pietro chegou e ficamos jogando, jogamos e conversamos a tarde toda, falamos sobre tudo, que se pode imaginar. Foi uma tarde ótima, logo ele teve de ir pra casa, nas tardes seguintes, ele continuou indo na minha casa e eu na dele, conheci seus pais, ele os meus, queria chamar ele de melhor amigo, mas ele era o único. Ele começou a ficar com a Drica, ela me confessou que estava gostando dele mas não queria falar nada, que estava feliz ficando com ele, me aproximei mais da Alanis e nossa amizade ficou bem forte, éramos inseparáveis, aos poucos fui me distanciando um pouca da Drica, mas não importa, poderíamos ficar anos sem nos falar, quando voltássemos o afeto e o carinho seria o mesmo ambos sabíamos disso, tudo estava ótimo eu adorei o rumo que as coisas estavam tomando, ao contrario do que a Drica disse eu não estava apaixonado por ninguém, ela que estava. Quando percebi já haviam se passado três meses.