- Não brigue comigo por isso – a garota sussurrou, já estavam em outro baile, outra noite.
Mas seu vestido seguia sendo tão provocativo quanto qualquer sendo moral permitia ser e seus olhos continuavam com a típica expressão de desejo e malicia que poderia deixá-lo louco. Sua pele pálida não se fazia diferente de outras, talvez um pouco mais pálida, mas nada que fosse alguém fosse reclamar.
Angelique andava com sua confiança no último, mas certamente ao se aproximar de Anthony seu corpo estremeceu, por isso ainda possuía alguns limites morais, e bastou perdê-los para que tudo desse um giro de 360º.
- Papai só me deixou vir porque sabia que eu encontraria você aqui... – as mãos dela passearam sobre os braços, cobertos, dele.
- Nós não temos nada para conversar – com seu jeito de garoto ele desviou o olhar acreditando que a outra noite havia sido apenas isso, outra noite.
- Não me iluda – ela disse espalmando a mão sobre seu peito. – Sabe que temos que conversar...
- Você armou para cima de mim – saiu de entre seus lábios quase como um grunhido. 
E poderia ter feito-a estremecer, mas Angelique parecia simplesmente inabalável.
- Não! – ela declarou imediatamente, sua mão afastou-se do peito dele enquanto sua expressão ganhava uma perfeita face de ofendida.
- Não minta – sua vontade era de segurá-la pelo braço e arrastá-la até o canto, e depois gritar. Gritar. Gritar. Gritar.
- Eu não faria isso! – ela declarou quase a ponto de erguer as mãos como alguém que se declara inocente de um crime.
- Você seria capaz – ele murmurou raivoso.
- Não discuta assim comigo! – ela cuspiu as palavras enquanto encarava seus olhos. – Todos estão olhando... – e logo todos estariam comentando.
A mão de Anthony a puxou, imediatamente, para o centro do salão onde a típica música lenta começava a tocar, sua mão agarrou a cintura dela, tendo noção de que poderia apertá-la quando sentisse raiva, enquanto a outra segurava a mão feminina, pronto para guiá-la pela pista de dança.
Ao menos estariam disfarçando.
E Anthony nunca imaginara que poderia se sair bem desse modo.
- Agora assuma – declarou ele de modo calmo, tentando ao máximo suavizar sua expressão facial, todos ali pareciam manter os olhos sobre aqueles dois corpos dançando, e cada mínimo detalhe era notado.
- Eu não fiz nada – Angelique falou com um falso sotaque, que não fez com que Anthony sorrisse, e logo piscou os cílios longos lentamente dando a sua face um toque angelical.
Mas Anthony estava consciente de todas as suas jogadas. Estava imune.
- Você não pode me enganar duas vezes – ele rebateu segurando firme a mão entre a sua tentando não descontar na cintura delgada.
Os olhos de Angelique estreitaram-se, mas por mais que tentasse não podia ver através do brilho de seus olhos. Não, ela não podia desvendá-lo.
- O que você quer de mim? – ele perguntou de forma direta, e, por um instante, Angelique conteve-se para não arregalar os olhos surpresa com a pergunta.
Não havia parado para pensar nisso ainda, o que queria dele? Naturalmente o que uma mulher procura em um homem...
- O que uma mulher procura em um homem?! – nem ela sabia o que falava, mas ainda assim havia arriscado.
- Fale!
- Um homem só beija uma mulher quando a ama – ela declarou dedilhando, com a mão que até então estava no ombro de Anthony, sobre seus lábios com um sorriso inocente, a sua maneira, formando-se em seus próprios. – Querido.
- Fale Angelique – Anthony respirou fundo uma e outra vez, um homem deve sempre tratar bem a uma mulher, ele insistia em se lembrar disso.
- Pensei ter deixado claro – ela sorria deliciando-se ao ser deslizada conforme a dança.
Ele sabia dançar, não podia negar.
- Eu quero você, querido.
O sorriso inocente continuava a brincar enquanto as palavras eram murmuradas, lentamente, com seu toque de anjo, com seu pingo de malicia.