Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 24
Sangue Derramado




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HERMIONE

Recuei vários passos, quase tropeçando na banheira.

Por um instante, achei que a mulher parada na porta era uma aparição apavorante de Alecto Carrow.

Mas era muito mais jovem do que a Comensal da Morte que eu havia matado.

– Não esperava me ver, não é, Granger? - a mulher sorriu, segurando com força a varinha que estava em sua mão direita.

Me dei conta que, burra como eu era, havia deixado a minha varinha no gaveteiro do outro lado da suíte. Estávamos encurralados.

Senti minha mão esbarrar no ombro de Nyree, atrás de mim. Junto com o torpor aterrorizado que me assolava, senti angústia e preocupação. Meus Deus, Nyree precisava de um médico. Ia morrer dentro daquela banheira...

– Quem é você? O que quer? - arfei, sentindo meu coração disparar. Rony estava ao meu lado, parecendo tão paralisado quanto eu.

A Comensal da Morte - seria uma Comensal mesmo? - ergueu a varinha levemente, inclinando a cabeça como uma criança curiosa.

– Meu nome é Kristina. É tudo que importa... não sou alguém que você quisesse conhecer - ela avançou alguns passos; senti Rony abraçar minha cintura - Mas isso era inevitável depois do que fez com minha mãe.

Meu estômago se contraiu. "Ela é a filha de Alecto!", exclamou meu inconsciente.

– Por que... - balancei a cabeça - por que fez isso com Nyree? - senti minha cabeça latejar - estava atrás de mim, não era? Por que fez isso?

Rony tentou se por entre mim e Kristina, mas eu segurei seu pulso.

Kristina gargalhou.

– Sua amiguinha estava entre mim e minha armadilha... - ela deu de ombros - só tirei-a do caminho e, de quebra, fiz dela uma isca. Não vai viver por muito tempo... mas não foi a primeira vez que tentei se livrar dos obstáculos... venho seguindo você por toda a Austrália.

Rony pareceu notar que eu estava sem varinha. Olhei de esguelha para ele, e percebi que também estava desarmado. Ele apertou minha mão, enquanto eu engolia a bile que queria subir pela minha garganta.

– Achou mesmo que ia escapar dos Comensais da Morte depois daquela batalha ridícula em Hogwarts? Não... fizeram questão que eu a seguisse e me livrasse de você e de seus amigos. Não ligo se querem se livrar de você por conveniência ou por causa de uma profecia boba! Estou aqui por razões pessoais... acho que sabe quais são...

"Coloquei um bunyip em Melbourne com a Maldição Imperius, para ataca-la no mar. Ah, seria tão fácil... eu nem teria que sujar as mãos em seu sangue imundo. Mas o seu namoradinho conseguiu te tirar de lá a tempo, e então aquele seu amigo imbecil o matou. Não foi daquela vez que consegui terminar minha tarefa...

Então vocês partiram para a tribo Tokonga, no meio do deserto. Tive que desistir por um tempo de minha busca... não ia me arremedar sozinha por uma aldeia inteira de bruxos com a magia maori. Os Tokonga são poderosos, só um idiota discordaria. Então aguardei.

Enfim, vocês saírem, seguindo viagem. Tive que me transfigurar também para segui-los no deserto, mas de tal forma que ainda pudesse usar uma varinha... e aproveitei para fazer seu namorado tropeçar num tronco infestado de fungos da maldição de Ondine. Apelei para um feiticinho para que o efeito da doença fosse um pouco pior... e esperei que a doença se instalasse, torcendo para que morresse assim que chegassem em Alice Springs. Assim, você ficaria muito mais vulnerável... e eu teria minha chance de mata-la.

Mas então, aquele maori idiota salvou a vida dele de novo. E, para completar, a namoradinha dele se juntou à vocês.

Então decidi que não correria mais atrás de você. Iria planejar uma emboscada para dar cabo de minha missão aqui mesmo, no hotel. Sabe, sou um pouco dramática e perfeccionista, então queria um cenário peculiar para terminar minha tarefa. Achei melhor aguardar você achar seus papaizinhos e voltar toda feliz e descuidada para cá.

Assim que entrei, essa garota percebeu minha presença e tentou me deter com a própria magia. Foi patético. Decididamente, uma única Tokonga não é páreo para o velho e bom sectumsempra. Foi uma questão de minutos para ela perder os sentidos e eu coloca-la na banheira".

Kristina narrou tudo isso sem nenhum sentimento, à não ser um prazer deliciado ao descrever suas crueldades.

Meus olhos arderam de raiva.

– Você veio se vingar... sua luta é comigo - olhei para ela, com os punhos cerrados - deixe-os em paz.

Rony tentou me segurar, mas eu o empurrei.

– Hermione!

– Não, Rony! - exclamei - tire Nyree daqui.. cuide dela... essa luta é minha.

Kristina deu outro sorriso sem humor.

– Muito bem... - ela recuou um pouco, gesticulando com a varinha para trás, sem tirar os olhos de mim - accio varinha!

Minha varinha veio até sua mão. Kristina andou mais um pouco para trás, longe o suficiente para que eu saísse do banheiro. Finalmente, ficamos de frente uma pra a outra no quarto da suíte.

– Não sou covarde para lutar com uma criança desarmada, não se preocupe...

Apanhei a varinha que ela lançou para mim.

– Hermione! - ouvi Rony chamar outra vez, mas não olhei para trás.

Aproveitei o milésimo de segundo seguinte em que Kristina me devolveu a varinha para lançar meu primeiro feitiço.

– Expelliarmus!

O feitiço ricocheteou e explodiu um dos vasos do criado-mudo atrás de Kristina. Era óbvio que ela o desviara.

Ela balançou a cabeça.

– Um feitiço infantil lançado por uma garotinha - Kristina riu - crucio!

Ouvi Rony gritar enquanto meu corpo se dobrava de dor. Sentia como se cada osso de meu corpo estivesse sendo moído por serrotes.

A dor desapareceu, deixando meu corpo latejante e dolorido.

– Ande, garota... me disseram que você é a melhor em feitiços. Lute de verdade!

Ergui meu corpo, tremendo, até ficar em pé outra vez. Quando ergui outra vez minha varinha, porém, ouvi a porta da suíte se abrir com um estrondo.

Kristina se virou, surpresa, para ver quem havia entrado na suíte.

Apenas para ser engolfada por uma nuvem cinza que a atacou.

Sua varinha caiu com um tilintar estridente no chão, rolando até meus pés. Apanhei-a, tão confusa com a reviravolta que mal conseguia raciocinar.

Ouvi rosnados em meu cérebro entorpecido, e finalmente focalizei o que a atacava.

Um lobo enfurecido de olhos azuis mordia Kristina com uma violência ímpar, prensando-a no chão com as patas. Em pouco tempo, havia uma poça de sangue ao redor deles.

Kristina se debatia, mas, sem varinha, não era desafio em força ou peso para o animal que a dilacerava.

Mesmo depois de tudo, não quis olhar quando o lobo abocanhou o rosto dela.

Só senti alívio quando ouvi o crânio se despedaçar.

– Hermione! Hermione!

Me virei para trás. Rony trazia em seu colo o corpo inerte de Nyree. Sem olhar para a cena que havia adiante, pousou-a na cama do quarto, olhando para mim abalado enquanto ia ao meu encontro.

Olhei outra vez para onde estava o corpo morto de Kristina.

O lobo me encarou, com o focinho ensanguentado, parecendo surpreso com o que fizera ao sair de cima do cadáver.

Me lembrou muito de quando eu mesma havia ficado daquele jeito. Senti solidariedade com o pobre coitado.

Meus olhos arderam novamente, mas não eram de ódio ou medo.

Fiquei e joelhos e o abracei, apertando seu pescoço peludo.

– Obrigada, Darel. Obrigada.

Darel encostou a cabeça em meu ombro.

Foi quando finalmente percebeu Nyree atrás de nós.

Ele se desvencilhou de mim rapidamente e trotou até a cama, com os olhos arregalados de pavor. Rony se afastou para que Darel se aproximasse. O lobo dava patadas na mão de Nyree, ganindo.

Cheguei até Nyree, sentando na cama e tomando seu pulso. A maori estava levemente gelada, o que não era bom sinal. Mas parecia respirar tranquilamente, e o pulso parecia fraco, mas constante. Se levássemos logo à um hospital, talvez sobreviveria.

– Precisamos levá-la ao médico - disse a Darel - acho que vai sobreviver...

Darel assentiu, com os olhos caninos marejados de lágrimas de preocupação.

– Eu posso aparatar com ela até o hospital do centro - Rony sugeriu, enquanto Darel voltava à forma humana - com certeza vão atende-la logo...

– Não - ouvi Darel dizer atrás de Rony. Ergui os olhos para ele; já era um garoto outra vez, e parecia muito abalado - muito arriscado, ela pode estrunchar por estar inconsciente. Eu a levo. O Hilux está lá embaixo.

Ouvi Darel sussurrar em maori para Nyree enquanto saía do quarto, encostando sua cabeça na dela, e senti meu peito doer.

Pobre Darel... Nyree precisava sobreviver... isso não podia ter acontecido. Não devia ter acontecido...

Senti braços fortes circularem meu corpo quando comecei a chorar.

– Hermione... - Rony me abraçou, aninhando minha nuca em sua mão - meu Deus... achei que ia te perder de novo... se eu soubesse... ela ia te matar...

Ele também estava chorando, e, no fundo, senti aquele amor irracional por aquele garoto aumentar vertiginosamente.

Senti, pela primeira vez, o como talvez Rony realmente nunca mais viveria sem mim. Senti isso através do vigor em seu abraço, do desespero nos beijos que começou a plantar em meu rosto, nas lágrimas que caíam de seus olhos para meu corpo.

– Rony... se ela tivesse machucado você... - solucei.

– Para - ele me alertou, erguendo a cabeça - não... estamos bem. Vamos todos ficar bem, tá?

Deitei em seu ombro. suspirando, encarando o cadáver ensanguentado que havia no chão.

– Precisamos nos livrar disso - sussurrei, inclinando a cabeça para frente. Rony voltou o olhar para a sujeira no chão.

– Deixe que eu me livro - ele se ergueu da cama, indo em direção ao corpo de Kristina. Enquanto o corpo desaparecia, me peguei loucamente preocupada com Nyree e Darel.

Nyree tinha que ficar bem. Kristina viera atrás de mim, e ela havia se machucado por causa disso. Se algo mais acontecesse com ela, também seria minha culpa.

Quando Rony se ergueu do chão, me levantei da cama, decidida.

– Ei, aonde você vai? - ele disse, arregalando os olhos. Parecia que sair do hotel, depois de toda a treta que acabara de acontecer, era a última coisa que passava pela cabeça dele.

– Vamos atrás de Darel... aqueles médicos trouxas vão curar Nyree, ou vão ter que conhecer um bocadinho de magia negra - sacudi a varinha na mão para enfatizar.

Rony parecia não saber se ria ou se levava a sério minha ameaça.

– Acho que vou... - ele balançou a cabeça, surpreso - só dar uma limpadinha na banheira antes de... irmos...

– Não demore - resmunguei, enquanto Rony entrava no banheiro.

Enquanto trocava de roupa - a que eu estava havia ficado suja de sangue - pensei no que Kristina dissera a nós momentos antes.

Ela havia arquitetado tudo para me matar durante a viagem... o bunyip na praia... a doença de Rony. Isso explicava tudo, naturalmente.

Mas fiquei intrigada com suas motivações.

Claro que os Comensais da Morte sobreviventes tentariam me matar agora tanto quanto tentariam matar Harry, após a queda de Voldemort. Nós e Rony éramos, por assim dizer, os símbolos da liderança bruxa e trouxa e da sobrevivência aos bruxos das Trevas. Mas Kristina não parecia estar se referindo à este motivo em especial.

"Não ligo se querem se livrar de você por conveniência ou por causa de uma profecia boba!"

Ela havia falado algo sobre uma profecia...

Uma profecia sobre mim?

Quando Rony saiu do banheiro e segurou minha mão, me levando suíte afora, o arrepio que senti na nuca já não era mais de medo.


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