Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 23
Ação e Reação




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RONY

A última coisa que eu vi antes do sr. Granger exclamar foi Hermione disparando como uma flecha na direção do pai.

Ela se lançou nele em um abraço que, pelo menos em minha opinião, deveria doer muito.

– Papai! Papai!

Hermione soluçava e chorava feito uma criança, pendurada no pescoço de seu pai.

Meu coração latejou ao vê-la daquele jeito. Minha pobre garota...

– Hermione? - o sr. Granger murmurou, parecendo ainda muito confuso.

Hermione ergueu a cabeça, e fiquei comovido com a felicidade que vi nele.

– Papai, você lembra! - ela arfava, tentando secar, em vão, as lágrimas que manchavam seu rosto - você lembra de mim!

– Claro que lembro, filha - ele balançou a cabeça - o que está acontecendo? Onde estamos?

A sra. Granger apenas observava, atordoada, o que ocorria ao redor.

– É uma longa história - murmurou Hermione, olhando para mim radiante e levemente risonha.

Devia estar se lembrando de quando eu havia dito isso a sra. Cattermole, enquanto fugíamos do Ministério da Magia, alguns meses atrás. Quase ri também ao lembrar de como Hermione reagiu quando a sra. Cattermole me beijou. Nossa, foi constrangedor. Balancei a cabeça, me arrepiando.

– Temos tempo para ouvir - a sra. Granger piscava, olhando confusa para o consultório - esse não é nosso consultório em Bristol... onde estamos?

Hermione pareceu ficar ligeiramente pálida quando a mãe indagou isso.

– Austrália - ela murmurou num fiapinho de voz.

A pouca cor que a sra. Granger recuperara até o momento sumiu na hora.

– Austrália?? Hermione, o que... - o sr. Granger abriu a boca, espantado - o que você fez?

Hermione baixou o olhar, tímida e apreensiva. Olhou de relance para mim, suspirando.

– Rony... - ela murmurou - acho melhor... você esperar lá fora. Vou... explicar tudo à eles...

– Mas Hermione... - comecei, surpreso por ela me querer fora dalo.

– Sério, Rony... vai logo.. - Hermione me empurrou em direção à porta, mas pude ver que quase ria ao ver minha expressão chocada.

– Ok, já vou - resmunguei, saindo do consultório. Hermione fechou a porta atrás de mim.

Olhei para a sala de espera, onde os pacientes que esperavam sua vez me encaravam, curiosos. Darel ergueu as sobrancelhas, mas ergui a mão pedindo que esperasse. Não ia falar nada agora.

Sentei em uma das almofadas da sala, esperando Hermione. Enquanto aguardava, comecei a observar as crianças trouxas que brincavam com algo estranho e macio que lembrava muito uma boca gigante.

Uma menininha de cabelos pretos, que não devia ter mais de dois anos, se aproximou de mim, erguendo uma escova de dentes. Sorri para ela, fazendo um cafuné em sua cabecinha, piscando para os pais dela, que também sorriam, assistindo a estripulia da filha.

Fiquei preocupado quando passou-se quase uma hora e meia, sem haver o menor sinal de Hermione ou seus pais. Os pacientes já começavam a reclamar do atraso; alguns foram embora amaldiçoando o inventor da odontologia, e outros pareciam até preocupados com os Granger.

A porta do consultório se abriu um pouco. Me ergui na hora, indo até a fresta. Dali, pude ver um olho castanho quase arregalado me observando.

– Já conversei com eles - Hermione sussurrou pela porta.

– E aí? - sussurrei em resposta, ansioso.

– Disseram para esperarmos lá fora. Vão conversar com os clientes e fechar a clínica... depois, vão organizar tudo para voltarmos...

O olho que se via na porta virou para baixo, um pouco cansado.

– Como eles reagiram?

Hermione finalmente saiu, me arrastando pelos braços até sairmos da clínica em direção à rua.

– Bom... - ela disse, olhando Darel sair da clínica e descer as escadinhas - eles... - Hermione passou a mão pelo braço, parecendo meio perdida - disseram que foi uma loucura, é claro. Estão loucos da vida comigo... mas entenderam por que... por que eu fiz isso. Disseram que, apesar de tudo, eu agi bem...

Céus, era impressionante o como ela estava envergonhada.

Segurei suas mãos nas minhas, não sem antes erguer seu rosto para cima outra vez.

– Mas você reverteu tudo, Hermione - disse a ela, sorrindo - veio até aqui, reencontrou eles, devolveu suas memórias... você conseguiu.

Hermione sorriu, com uma timidez assustadora.

– É... vamos voltar para casa.

– Dá para os namoradinhos pararem de sussurrar e me contarem o que aconteceu? Isso aqui não é o quarto do amor de vocês para ficarem cochichando - brincou Darel, fazendo Hermione corar... e a mim, querer lhe dar um tapa na orelha - deu tudo certo?

– Deu - Hermione revirou os olhos.

Darel deu um sorriso sincero de contentamento.

– Que bom. Fico muito feliz.

Fiquei surpreso quando Hermione se virou para Darel e lhe deu um abraço apertado.

– Não sei o que teríamos feito sem você, Darel. Obrigada - Hermione disse, rindo baixinho.

Darel parecia tão sem graça quanto eu com o inesperado agradecimento. Esperou Hermione recuar para balançar a cabeça.

– Não foi nada, Granger. Eu é que agradeço... sabe... - ele olhou vagamente para o norte - por me dar uma chance de recomeçar com Nyree - Darel deu de ombros.

Ouvimos a porta da clínica se abrir. De lá, saíram todos os pacientes que estiveram aguardando consulta durante as últimas horas - todos de cara amarrada, exceto as crianças-, e, por último, o sr. e a sra. Granger, já sem os jalecos e levando alguns pertences em suas maletas.

O sr. Granger me olhou de soslaio, de baixo para cima. Não sabia dizer se ele havia sido antipático comigo momentos ante só por que estava confuso ou se eu já estava sendo recebido pela figura mal-humorada do meu provável futuro sogro.

– Acho que não nos apresentamos direito, com tudo que... aconteceu - a sra. Granger deu um sorriso bondoso que me deixou mais animado - sou Monica Granger.

Ela estendeu a mão para mim. Em um ataque bizarro de cavalheirismo, eu puxei-a para mim, dando um beijo em seu pulso.Ouvi a sra. Granger dar uma risadinha, e Hermione arfar, espantada, ao meu lado.

– Muito prazer, sra Granger... agora sei de onde Hermione herdou a beleza.

Com o canto do olho, observei Hermione fazer uma expressão de "como é que é??". Ela parecia não saber se ria ou se me dava um tabefe.

A sra. Granger corou um pouquinho, rindo maravilhada e dando um tapinha no ombro do sr. Granger.

– Olhe só isso, Wendell... - ela sorriu, balançando a cabeça.

– E você? - o sr. Granger se dirigiu a mim, com cara de poucos amigos. Não parecia irritado, mas também não sorria - quem seria o senhor?

– Ronald Weasley... acho que Hermione já deve ter comentado sobre mim aos senhores.

– Sim, um de seus amigos, não era, querida? - a sra. Granger falou à filha.

– Bom... - Hermione cruzou as pernas como uma menininha que fizera uma estripulia - na verdade...ele é..;

– O namorado dela - respondi, fazendo todos ali paralisarem. Darel fez uma careta que dizia "ih, rapaz" com todas as letras.

A sra. Granger pareceu agradavelmente surpresa.

O sr Granger, desagradavelmente surpreso.

– Oh, puxa - Monica sorriu, olhando, porém, gelidamente para a expressão de peixe morto do marido - é um grande prazer conhece-lo também, Ronald.

– Só Rony - dei de ombros, rindo - esse cara aqui é o Darel, que trouxe a gente até aqui.

Darel cumprimentou os pais de Hermione. Enquanto conversavam, Hermione aproveitou para se aproximar outra vez de mim.

– O que foi? - ela riu ao ver minha expressão chapada.

– Seu pai não foi com a minha cara - resmunguei - agora ferrou.

– Não é ele que vai te namorar, é? Isso não importa - Hermione brincou, beijando minha bochecha.

Deus, como ela estava feliz. Parecia estar querendo pular de alegria... nunca a vira tão contente assim. Meu peito vibrou em resposta ao seu sorriso estarrecedor.

– Hermione... - Wendell a chamou, erguendo uma sobrancelha inquisitorial para mim;

– Sim, papai?

– Vamos ao centro da cidade resolver as... pendências sobre a... empresa - o sr. Granger estava olhando para Hermione como se dissesse "para resolver a travessura que você fez" ou era impressão minha? - depois sua mãe e eu iremos ao endereço que você nos deu.

Apesar de parecer estar bravo com Hermione, Wendell também parecia sentir algo mais. Uma mistura de orgulho, gratidão e um amor paternal que quase latejava ao seu redor.

– Tudo bem... -Hermione assentiu - nos vemos no hotel, então.

Ela foi até os pais e lhes deu outro abraço. O sr. e a sra. Granger riram, afagando a filha.

– Até daqui a pouco - Monica beijou a testa de Hermione - não aprontem mais nada, hein...

Hermione voltou até onde estávamos, assim que os pais sumiram de vista, após virarem a esquina.

– Parece que tudo está entrando nos eixos outra vez - sorri para Hermione, abraçando sua cintura.

Senti o corpo dela tremer quando recomeçou a chorar. Porém, havia um lindo e bobo sorriso em seu rosto, desviando as gotinhas que saíam de seus olhos. Hermione deitou a cabeça no meu braço enquanto andávamos de volta para o hotel.

Beijei seus cabelos, dando uma piscadela brincalhona para Darel, revirava os olhos.

Eu tinha certa razão... tudo parecia finalmente estar dando certo em nossas vidas. A morte de Fred, logicamente, era um rombo enorme na minha vida - rombo este que ainda doía muito. Mas, de certa forma, eu estava me sentindo o mais feliz possível ao lado de Hermione.

______________________O_______________________

Chegamos ao hotel pouco tempo depois, ainda conversando sobre a aventura bizarra e fantástica pela qual havíamos passado até então.

Darel ficou no térreo, cuidando dos preparativos para que partíssemos amanhã.

– Vou subir daqui à uma meia hora, tá?

– Beleza - assenti para Darel, subindo com Hermione pelas escadas.

Quando entramos na suíte, porém, estranhamos as janelas fechadas num dia tão quente. A camareira devia ter trancado.

Tentei abri-las novamente, mas não consegui.

– Não quer... abrir - bufei, chacoalhando o fecho.

– Onde está Nyree? - Hermione perguntou, lançando um olhar ao redor da suíte - ela disse que ficaria aqui...

Finalmente reparei na ausência de Nyree. A televisão do quarto estava ligada - dava para ouvir a barulheira de um filme de ação vindo lá do quarto. Ela deveria estar lá...

Hermione pareceu concluir a mesma coisa, já que também foi em direção ao quarto comigo.

– Nyree? Você está aí?

Passei os olhos pelo quarto. A cama estava vazia.

– Será que ela está na outra suíte?

Hermione recuou um pouquinho, como se fosse se virar, mas escorregou em algo e se estatelou no chão.

Ajudei-a a se levantar, mas minha mão ficou lambuzada com algo viscoso. Percebi uma mancha escura na calça jeans de Hermione, e finalmente percebi.

Minha mão estava molhada de algo vermelho-escuro e pegajoso.

Hermione soltou uma exclamação, com os olhos arregalados.

– Isso é sangue? - ela arfou, aterrorizada.

– Meu Deus - olhei para o chão.

Uma trilha de sangue se estendia atrás de Hermione. Ia em direção ao banheiro.

Me aproximei, com Hermione em minha cola.

Quando entramos lá, mal ouvi o grito horrorizado de Hermione. Fiquei anestesiado com o que meus olhos viram.

A banheira branca estava vazia, mas manchada de vermelho. Dentro dela, um corpo moreno estava deitado como se tivesse dormindo.

Nyree...

Meu Deus...

Ouvi a porta da suíte bater e se fechar.

Cheguei mais perto, já sentindo vontade de vomitar.

Toquei o ombro da maori.

Ela estava respirando ainda. Parecia ter sofrido um corte fundo na barriga, já que o fundo da banheira estava forrado de sangue. Mas o corte estava fechado. Alguém curara o ferimento.

Por Merlim... quem fizera aquilo? Quem seria tão cruel para ferir uma pessoa, fazendo-a sangrar até perder a consciência, sendo sádico o suficiente para fechar o corte?

– Nyree, acorde - sacudi o corpo inerte na banheira.

– Ela vai morrer de qualquer jeito, Weasley - disse uma voz atrás de nós.

Nos viramos em direção à porta do banheiro.

Por um segundo, pensei que era o fantasma de Alecto Carrow que nos observava... mas os traços eram suaves, quase como se a Comensal tivesse voltado dos mortos, várias décadas mais jovem.

– Ora, ora - ouvi a risada insana de Kristina Carrow, vinda das sombras - acho que alguém vai se perder outra vez dos pais..


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