Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 25
Reflexões




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RONY

Minhas mãos não pararam de tremer mesmo depois que terminamos de aparatar perto do Hospital Royal Darwin, no centro da cidade.

Momentos atrás, eu havia visto minha namorada quase enfrentar a morte na minha frente, ameaçada por alguém que nem imaginávamos estar em nosso encalço.

Meu Deus... havia alguém viajando por toda a Austrália, querendo matar Hermione, e eu fui novamente um completo inútil que quase a deixou morrer outra vez.

E se Kristina tivesse conseguido afogar Hermione em Melbourne ou conseguido mata-la em qualquer outro momento? A culpa seria minha, como se eu mesmo tivesse sujado minhas mãos com seu sangue. Darel praticamente nos salvou a viagem toda e nem sabia disso.

A sensação de quase ter perdido minha garota, por pura burrice, fez minha garganta se fechar e meus olhos arderem.

Quantos mais estariam planejando ir atrás de Hermione com o passar do tempo? Por que motivos, além de vingança?

Me lembrei do que Kristina Carrow havia dito. Ela havia falado algo sobre uma "profecia boba".

Uma profecia sobre Hermione? Arfei, surpreso com minha própria ideia.

Ah, não, Isso não era bom. Se algo assim existisse, Hermione estaria em apuros ainda piores do que eu imaginava. Será que Kristina falava sério sobre isso?

Hermione era especial, claro. Mas uma profecia sobre ela era uma ideia tão chocante e ridícula que era difícil acreditar.

Hermione pareceu perceber minha reflexão angustiada enquanto entrávamos no saguão do hospital. Ela apertou minha mão, encostando a cabeça na minha testa enquanto andávamos.

– Rony... está tudo bem?

Olhei pra ela, ensaiando um sorriso fraco que provavelmente não a convenceu.

– Sim... tudo bem.

– Vou ali na recepção procurar o quarto de Nyree... já volto - ela beijou minha bochecha, me olhando com um estranho compadecimento, antes de ir até o balcão.

Esperei até que Hermione voltasse. A imagem do corpo ensanguentado de Nyree ainda estava gravada em meus olhos. Me arrepiei ao pensar nos extremos dos quais algumas pessoas eram capazes para se vingar. Céus, aquilo era crueldade demais...

Hermione voltou rapidamente até mim, ansiosa.

– Quarto 456 da Emergência... fizeram transfusões nela... ainda está fraca... - Hermione empalideceu um pouco - mas disseram que vai sobreviver.

Meu peito desinchou um pouco, aliviado.

Fomos até o Pronto Socorro, na ala de internação. Foi fácil focalizar o maori preocupado que estava sentado num dos bancos do corredor de espera.

Darel levantou na hora e, para minha surpresa, recebeu-nos com um abraço levemente animado.

– O doutor está examinando Nyree - ele disse, com os olhos brilhando - disse que vai ficar bem.

– Graças a Deus - disse Hermione, parecendo aflita, esfregando o rosto com as mãos.

A porta do quarto adiante se abriu, deixando passar um médico trouxa de meia-idade, que cumprimentou-nos com a cabeça.

– Sr. Williams... gostaria de vê-la?

– Sim... - Darel olhou para nós, preocupado - eles podem entrar também?

O médico ergueu o olhar para nós e assentiu, se afastando da porta para que nós passássemos.

Entramos no quarto em silêncio. Haviam três macas ali, duas das quais estavam vazias. A do meio era a única ocupada, e lá estava nossa amiga ferida.

Nyree parecia um pouco melhor do que estava no hotel; dava para perceber que, até onde se via, havia recuperado um pouco de cor no rosto. Ela tinha os olhos fechados, provavelmente adormecida. Ao seu lado, havia um saquinho de sangue pendurado num suporte, gotejando o líquido rubro por um cano que se estendia até um acesso em sua mão.

– Qual foi a desculpa que você deu? - indagou Hermione, enquanto nos aproximávamos do leito.

– Até onde o sistema de registro sabe, ela se cortou com uma faca - Darel respondeu, lançando a Hermione um olhar angustiado. Ele passou a mão no rosto, suspirando - meu Deus...

Hermione soluçou baixinho ao meu lado.

– Darel, eu sinto muito... é culpa minha... eu...

Darel balançou a cabeça veementemente, erguendo a mão para que Hermione se calasse.

– Não, não foi culpa sua, Granger. Eu deixei Nyree nos acompanhar também... eu a deixei sozinha no hotel. Se você é culpada, tenho tanta culpa quanto você.

Ouvimos um murmúrio baixo vindo do leito ao nosso lado. Darel arregalou os olhos quando a maori deitada na maca piscou, parecendo confusa, até finalmente abrir os olhos.

– Darel... o que... aconteceu..?

– Nem pergunte - Darel fungou.

Nyree deu uma risadinha boba, que pareceu deixar Darel mais animado. Ela levou a mão ao ventre, piscando e arregalando os olhos.

– Não sabia... - ela gemeu, ainda rindo um pouco - que cortar a barriga... doía tanto...

Darel beijou a testa de Nyree, acariciando seu rosto, com um sorriso sofrido em resposta.

– Decididamente eu ando só tento raiva desses caras que querem nos matar - resmunguei.

– Parece que o motivo daquela lá foi pessoal - Nyree bocejou - quem ela queria matar de verdade?

– Eu - Hermione me olhou, revirando os olhos.

Nyree riu.

– O que você fez pra ela? Matou a mãe?

Esperei o sorriso irônico de Nyree se desmanchar para soltar a bomba.

– Exatamente.

Nyree engoliu em seco, parecendo envergonhada com a piadinha.

Hermione contou para eles sobre a vampirização em Hogwarts e sobre o monólogo patético de Kristina, quando ela contou tudo que havia feito durante nossa viagem pela Austrália.

Nyree fez cara de ponto de interrogação, Já Darel era o ponto de interrogação em pessoa.

– Uma profecia? - grasnou Nyree.

Botei a mão no rosto, revirando os olhos. Era o que faltava...

A enfermeira que surgiu sabe-se lá de onde atrás de nós quase nos internou também por infartes coletivos.

– O horário de visita acabou - ela olhou para nós como quem diz "sumam daqui".

– Está bem - Darel se levantou, não sem antes se despedir de Nyree com um exagerado beijo na boca, que a deixou corada o suficiente para provavelmente ter que tomar ainda mais sangue - tchau, amor. Nos vemos mais tarde.

Nyree miou alguma coisa como "ai, Darel..." antes que ela e seu leito sumissem de nosso campo de visão enquanto saíamos do quarto.

Darel ainda encarou por alguns segundos a porta que a enfermeira acabara de fechar atrás de nós.

– Ela vai ficar bem, cara - bati de leve no ombro de Darel, sorrindo.

Darel sorriu em resposta, mas não comentou nada até que voltássemos ao hotel.

_____________________O_______________________

Quando os pais de Hermione chegaram, foi o cão contar tudo que acontecera. Hermione decidiu deixar de lado a parte de que ela foi o alvo de uma Comensal maluca que invadira a suíte e sobre o lance da profecia.

Monica e Wendell já estavam pálidos na hora que Hermione falou sobre Nyree encontrada na banheira.

– Parece um filme de terror - lembro da Sra. Granger ter arfado, espantada.

Dali em diante, a conversa ficou mais suave, voltada apenas para os assuntos sobre o negócio dos Granger. Eles haviam fechado a clínica naquela mesma tardinha e estavam com tudo em ordem para voltar à Inglaterra. Já estava tarde para encomendar passagens para aquela mesma noite, então deixaríamos para compra-las no dia seguinte.

– Espero que toda essa viagem não tenha custado nada para vocês no mundo bruxo - comentou o Sr. Granger, enquanto guardava seus apetrechos numa maleta de viagem.

– Hum... acho que nada - murmurou Hermione, olhando para mim com os olhos arregalados. Segurei o riso, me lembrando da treta que teríamos de enfrentar com o Ministério e com minha família na volta para casa.

Quando Hermione saiu um pouco do quarto para apanhar o boleto que pagaria o transporte dos móveis da clínica Otter de volta para Londres, porém, o Sr. Granger segurou meu ombro.

Ah, merda.

– Queria dar uma palavrinha com você, meu rapaz..

Me virei para Wendell, engolindo em seco.

– Senhor..?

O Sr. Granger cruzou os braços.

– Há quanto tempo... vocês estão juntos?

Olhei para baixo.

– Três semanas e meia, senhor.

Wendell respirou fundo, ainda me encarando. Não dava para saber no que diabos o homem estava pensando; O rosto dele era uma máscara, impassível e séria.

– Minha filha sempre falou muito do senhor - ele comentou - Hermione realmente gosta de você... sempre gostou. E você é o primeiro namorado dela... provavelmente, ela nunca vai querer outra pessoa... duvido até que conseguiria...

– Sei disso, senhor... - aonde aquele cara queria chegar?

– E fico feliz por ela - Wendell continuou - mas quero saber se você realmente vai ter a capacidade e responsabilidade de faze-la realmente feliz.

Ah, é. O ultimato do sogrão. Eu devia estar esperando isso. "Faça-a feliz ou eu te estrangulo". Beleza.

– Farei o meu melhor, Sr. Granger - respondi - amo Hermione. Não poderia ser diferente.

Para minha surpresa, ele sorriu, desmanchando a máscara intimidadora de momentos atrás. Seus braços se desataram.

– Hermione me contou que você salvou a vida dela... várias vezes - ele apoiou a mão em meu ombro outra vez, ainda sorrindo - nunca poderei agradecer o suficiente por isso.

– Não fiz mais que minha obrigação - dei de ombros, me sentindo um moleque de sete anos falando com um adulto. Que saco. O mesmo homem que parecia intimidante o suficiente para me achatar no chão era o mesmo cara que era o pai bondoso e simpático da minha namorada. Sinistro.

O Sr. Granger me deu um tapinha nas costas e finalmente saiu do quarto.

Hermione voltou com uma caixa nas mãos, olhando ao redor como se sentisse cheiro de cérebro fritando, já que olhou exatamente na minha direção.

– Perdi alguma coisa por aqui? - ela indagou, rindo.

– Ahn... só uma ameaça do meu sogro. Nada de mais - sorri em resposta a risada de Hermione - tudo pronto para amanhã?

– Finalmente - ela largou a caixa na cama e, para meu espanto, se lançou em mim num abraço apertado.

– Opa - brinquei, segurando sua cintura.

– Obrigada, Rony - ela apertou meu pescoço - não sei o que teria feito sem você.

– Eu sei - respondi - tudo o que fez aqui, só que sem um bonitão para te fazer companhia.

Ela bateu de leve em meu peito, gargalhando.

Ah, eu senti tanta falta de ouvir aquele som maravilhoso... fazia as últimas horas parecerem um pesadelo bobo e distante.

– Humildade é tudo nesse mundo - ela resmungou, brincando.

"Finalmente", pensei, olhando com carinho minha namorada empacotar uma caixa estranha com dois buracos negros na frente. "Os problemas acabaram. Vamos viver em paz".

Concluí que qualquer Comensal que tentasse nos matar - matar Hermione - teria que, naturalmente, passar por cima de meu cadáver. Então Hermione nunca ficaria em real perigo enquanto eu respirasse por esse mundo. E também decidi que toda aquela conversa de profecia que Kristina citara devia ser pura bobagem.

Eu não fazia ideia do quanto estava errado em ambos os casos...


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