Narrador

Depois de dois meses, Isabella continuava no hospital. Sem apresentar nenhum sinal de melhora. Maxon decidiu fazer um comunicado ao povo.
Apesar de já ter feito isso um milhão de vezes, ele estava nervoso. Sua filha estava no hospital, e agora ele teria que decidir o futuro de seu filho, Ahren.
Depois de falar o mesmo discurso de sempre, Maxon pediu.
–Sempre zelei pelo povo de Illéa, sempre busquei fazer o melhor. Se vocês ainda quiserem, meu filho está disposto a participar da seleção. mas peço que levem em conta não o fato de ele ser um príncipe. Mas de ser um jovem, como poderia ser o filho de cada um de vocês. Ele já ama alguém, e ela é uma plebéia. Filha de Illéa. Peço que pensem no meu filho, assim como eu pensei por anos nos filhos de vocês. Por causa da seleção, minha filha está no hospital. Não temos garantia das pessoas que se inscrevem. não podemos saber quais são suas reais intenções.
Maxon limpou as lágrimas.
–Está nas mãos de vocês. Quantos ainda apoiam a seleção?
Todos esperaram apreensivos. Umas poucas pessoas levantaram a mão, e o coração de Ahren bateu acelerado. Faltava pouco. Faltava muito pouco. Depois de alguns minutos, apenas 13 pessoas haviam levantado a mão. Isso em uma platéia de milhares.
Maxon agradeceu e Ahren abraçou Mabi, aliviado.
Um guarda chamou Maxon no canto, apreensivo, ele contou os detalhes.
A rainha Daphne havia enviado tropas para Illéa. Tinham conseguido invadir uma prisão. E Henrique tinha sido solto. Uma tropa liderada por Aspen foi enviada para o Hospital onde Isabella estava. Cercando todas as entradas e montando guarda. O exército da França estava próximo. Muito próximo.
Maxon correu para avisar America. Ela não chorou, não se desesperou e nem entrou em estado de choque. Mas no olhar de America havia uma determinação jamais vista antes. Ela estava pronta, apenas esperando a chegada de Daphne.
Maxon estava com os guardas, discutindo planos de guerra quando o rei Marcos entrou.
–Desculpe- Disse Maxon. -Não posso resolver nada agora.
–É assim que você trata um aliado?- Perguntou o rei Marcos.
–Aliado?- Repetiu Maxon, confuso.
–Você tinha me oferecido uma aliança. Nossos filhos não se casaram, mas se tem uma coisa que eu odeio nesse mundo é a Vaca da Daphne. Ela tentou invadir a Inglaterra 3 vezes.
–Você está nos oferecendo ajuda?
–Vocês tem ótimos guardas, e eu tenho um ótimo armamento. Não é a toa que ela nunca conseguiu entrar no meu país. Vai aceitar ou não?
–Claro- Respondeu Maxon, selando a aliança com um aperto de mão.

Narrador

Todos sabiam sua posição, e estavam todos prontos.
America estava no hospital, no quarto de Isabella. Mesmo tendo um exército guardando as portas, ela não se sentiu segura até que estivesse do lado da filha.
Maxon estava com o rei Marcos, ainda traçando planos de batalha. Jeremy, como filho de um rei, era um bom soldado e ficou com Aspen da liderança.
Landon e Edward se voluntariaram para evacuar as cidades e levar o povo em segurança para abrigos. August, Geórgia e os rebeldes também estavam a caminho. Desde o fim da seleção, Illéa não teve problemas maiores com os rebeldes do Sul. E os rebeldes do Norte estavam sempre dispostos a ajudar.
Jeremy estava montando guarda, em frente ao hospital quando ouviu um barulho vindo de uma das saídas de emergência. Ele caminhou com a arma em punho, pronto para atirar. Ao chegar no local, Jeremy sentiu uma forte dor atrás da cabeça e caiu. Não foi o bastante para desacordá-lo, mas ele soltou a arma. Era Henrique.
–Que meigo. Está protegendo sua noivinha?-Perguntou Henrique.
Jeremy se levantou, examinando o corte na cabeça. E como ficou em silêncio, Henrique continuou.
–Pena eu não ter conseguido matá-la. Ainda.
Nessa hora Jeremy explodiu de raiva. Não estava armado, mas ainda sabia lutar muito bem, e apesar de Henrique também ser treinado, naquele dia apanhou muito, e o resultado não foi nada satisfatório, para ele.
Ninguém podia ouvi-los. Enquanto Jeremy estava com alguns cortes pequenos e um maior na boca, Henrique estava ensanguentado, e cortes profundos estavam a mostra no seu braço direito. Quando Jeremy se aproximou para rendê-lo de vez, Henrique puxou uma arma que estava escondida. Jeremy procurou com os olhos pela sua, mas estava longe demais. "Ele está fraco" - Pensou Jeremy "Talvez eu possa fazer alguma coisa". Mas antes que ele pudesse agir, Henrique disparou. Henrique não costuma errar o alvo, ou não costumava. Talvez por estar ensanguentado e tonto, Henrique acertou a perna de Jeremy, ao invés do coração, que era onde ele tinha mirado.
Mesmo assim, foi o suficiente para fazer Jeremy cair e gritar de dor.
***
America estava no quarto com Isabella. Quando uma enfermeira entrou no quarto com a cabeça baixa. America não lhe deu atenção, estava segurando a mão da filha. Mas algo chamou sua atenção e ela se viu obrigada a encarar a enfermeira. Loira, alta, olhos azuis. Daphne. America se levantou e ficou de frente para ela, a princípio assustada, depois firme. Daphne sorriu de uma forma maliciosa e tirou uma seringa do jaleco.
–Eu estava pensando- Disse Daphne -Sua filha anda muito fraquinha. Talvez ela precise de remédios mais fortes.
Antes que Daphne se aproximasse da cama de Isabella, America puxou com vontade os cabelos loiros de Daphne e a jogou no chão, fazendo-a bater com a cabeça no piso. A seringa rolou da mão de Daphne, parando apenas a alguns centímetros. America prendeu Daphne no chão, e puxando mais uma vez o cabelo, bateu com a cabeça dela de novo.
Daphne riu.
–Estava ansiosa pelo nosso encontro.
–Eu também. Tem alguns anos que eu queria conhecer você.
–Sério?-Perguntou Daphne, tentando se soltar de America.
–Claro. Maxon tinha razão. Você é mesmo sem graça.-Disse America com um sorriso.
Daphne ficou séria e empurrou America. No início foi uma briga empatada. Nada além de alguns socos e arranhões. Mas America se levantou com raiva e empurrou Daphne contra a parede, apertando a garganta. Daphne começou a respirar com dificuldade, tentando soltar a mão de America.
America erguei a seringa, que tinha pego do chão em algum momento da briga e a balançou na frente de Daphne.
–Daphne querida, você anda muito fraquinha, talvez você precise de remédios mais fortes.
America não fazia ideia do que tinha na seringa, mas com certeza não era apenas um remédio forte. Ao ver a seringa na mão de America, Daphne tentou desesperadamente se soltar. Ofegante, seus olhos encheram de lágrimas. E com a mão de America ainda em sua garganta, impossibilitando-a de falar, ela só balançava a cabeça, suplicando com os olhos.
America riu.
–Vamos testar essa coisa.
America colocou a seringa no pescoço de Daphne, e sem hesitar despejou o líquido amarelo.
Daphne se contorceu de dor e uma lágrima desceu pelo seu rosto. America soltou Daphne no chão e ela estava ofegante, tentando respirar. Parecia paralisada, não falava, e quase não se movia. America podia ver a dor nos olhos de Daphne.
America se abaixou na frente dela
–Então essa era a morte que você tinha para a minha filha?-Perguntou America, assustada.
O veneno matava Daphne aos poucos, dilacerando cada membro. Ela não falava, mas America podia sentir um grito pronto para sair de sua garganta.
America chamou os médicos. Não ousava sair do quarto, então apenas gritou desesperadamente. Os médicos chegaram, mas Daphne já estava com os olhos vidrados, olhando para frente.
***
Henrique se aproximou de Jeremy, e colocou a arma na sua cabeça. Ele estava prestes a apertar o gatilho quando recebeu um golpe na cabeça. Ele olhou para o autor do golpe, aturdido. Era o Rei Marcos.
O rei tinha vindo falar com Jeremy, e não o vendo teve a certeza de que algo tinha acontecido. Procurou o filho por todos os lados, até que o encontrou, no momento certo.
O rei tirou a arma de Henrique, dando-lhe mais um golpe.
–Covarde. Não consegue lutar honestamente como um homem?-O rei jogou a arma para Jeremy.
Henrique ainda estava hesitante, confuso.
–Tem medo de um velho rei?-Perguntou Marcos, sorrindo.
Henrique investiu para cima de Marcos, que o tirou facilmente. O rei deu um soco forte em henrique, que estava quase desacordado.
–Ninguém bate no meu filho- Disse o rei, se aproximando do ouvido de Henrique. Quando teve a certeza de que ele ouviu e entendeu, Marcos bateu mais uma vez, deixando-o desacordado.