8 - O caminho para a felicidade

– Precisamos agir, Shura. E agora? - Yukio sussurrou para a ruiva. Ela não se mexia, muito menos desviava o olhar das mãos de Amaimon.

– Tire o seu irmão daqui, ele não está em condições de se virar sozinho - ela disse baixinho.

– E acha que vou te deixar aqui? Sua maluca! Não vou á lugar algum - Yukio rebateu.

– Então terá que assistir porque não precisarei de ajuda - Numa atitude impulsiva, Shura saiu correndo. Aproveitou que Amaimon tinha abaixado a guarda e o atacou por trás.

– Shura! Saia daí! - Yukio gritou. A ruiva prendeu-se nas costas do homem. Toda a tensão estava em suas pernas e braços. Ela apontava a arma para a cabeça do empresário enquanto ele tentava se recompor.

– Fujam e levem o Rin daqui, rápido! - ela gritava. Shiemi se afastou de Amaimon e correu para onde Rin estava caído. Desamarrou o garoto, enquanto Mephisto só assistia.

– Me solte, sua ordinária! - ele fez uma força brusca para trás, jogando Shura no chão. Ela ficou um pouco zonza com a queda, batera com a cabeça no chão.
– Minha cabeça...

– Aprenda, ninguém nunca se mete no meu caminho! - com tais palavras de fúria, Amaimon atirou contra Shura, sem nenhuma piedade. O tiro atingira seu ombro direito, fazendo a ruiva gritar de dor - Droga! Errei, vou tentar de novo! - Quando se preparava para disparar novamente sentiu alguém o segurar, impedindo o ato.

– Chega! Pare com isso! - Mephisto segurara Amaimon - Vamos, fujam logo! Levem a moça ao hospital - Yukio segurara Shura nos ombros - Ei, mais uma coisa!

– Mephisto chutou um caderninho que estava consigo - Pegue! - Yukio, um pouco desconfiado, aceitou.

– Pra quê isso?
– Na primeira página tem um endereço, corram para lá! Estarão seguros assim. Não se preocupem, a polícia não deve demorar muito. - Yukio assentiu.

– O quê? Polícia? Seu inútil, você os chamou para mim. Eu vou matá-lo e...

– Não, Amaimon. Eu chamei a polícia para nós– ele disse com pesar na voz - Chegou a hora de pagarmos pelo o quê fizemos. Hikari precisa descansar - ele dizia ainda imobilizando Amaimon.

– Ei, muito obrigado - Yukio agradeceu e saiu o mais rápido que pôde. Carregava Shura enquanto Shiemi apoiava Rin em seu ombro esquerdo.

– Agora sim, eu estou exercendo a justiça, como sempre foi o meu dever. Shiro, amigo, cuide deles - Mephisto disse á si mesmo antes de ser levado pela polícia para longos anos que passaria na cadeia - Agora eu vou em paz - ele sorriu.

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Yukio estava exausto, não sabia se devia confiar no homem que estava com Amaimon. Por quê devia seguir o conselho dele? Ele não tinha escolha então, resolvera seguir em frente. Deixou Shura e Rin no hospital e levara Shiemi de volta á casa de Shura para encontrar a Senhora Moriyama.
Caminhou mais alguns metros, ainda com os olhos no papel:
Procurar S.F, casa amarela, número 290...

– Deve ser aqui... - ele tocou a campainha. Ficou mais nervoso quando a porta se abrira e...

– Pois não? - o velho padre sorriu - Posso te ajudar, Yukio?

– Pai! - o garoto correra ao encontro do mais velho que o recebeu com um forte abraço - Por que não me avisou que chegaria ainda esse ano? Que saudade! E que lugar é esse?

– Eu fico feliz que esteja bem, Yukio. Eu queria fazer uma surpresa para vocês mas voltei ás pressas quando fiquei sabendo dos recentes acontecimentos.

– Pai, o Rin ele...

– Fique tranquilo, Mephisto me contou tudo. Tudo mesmo, até que o Rin finalmente criou juízo e se interessou pela filha da Moriyama, fico muito feliz - ele coçou a barba.

– O Mephisto? Por acaso é quem eu estou pensando? - Yukio o olhou confuso.

– Sim, ele acabou cometendo um erro no passado e Amaimon tem usado isso contra ele há anos.

– Pai, vocês são amigos? Desde quando? O quê o Amaimon fez de tão grave? Desculpe, mas essa história está cada vez mais maluca.

– Eu entendo - Shiro sorriu - Sim, somos amigos de longa data! Inclusive essa é uma das casas de Mephisto - Shiro apontou para a casa amarela -

– Incrível - Yukio se impressionou ao reparar na beleza do imóvel.

– Como posso começar... Amaimon se casou com a Hikari, uma moça muito rica. Mas ele era ciumento demais e... Bem, ele pensou que estava sendo traído pelo cunhado, então, matou a esposa. Ele armou uma emboscada para que ela batesse o carro e assim, ser considerado um mero acidente.

– Meu Deus...

– E Mephisto era o advogado da família de Hikari, ele gostava muito da moça, assim, Amaimon o convenceu a ajudar com alguns papéis. O advogado forjou toda a documentação, fazendo com que todos os bens de Hikari fossem dele a partir de então.

– E foi desse jeito que ele enriqueceu, certo? Ás custas da morte da esposa. Meu Deus, ele é um monstro mesmo.

– Sim, ele deu uma pequena parte da fortuna para Mephisto, que na época estava muito necessitado, em troca dos favores com a documentação. Agora, o meu amigo vai pegar alguns bons anos por falsidade ideológica, mas vai sair primeiro que Amaimon, com certeza. Ele tem como provar a morte de Hikari,então, é o fim da linha para o idiota metido a besta - o padre riu - Fiquei orgulhoso dele, muito nobre ele assumir os riscos e consequências, mesmo depois de alguns anos.

– Sim... - Yukio sussurrou - Ah, pai! Vamos até o hospital, Rin vai gostar de vê-lo.

– A menina Shiemi também está lá?

– Não, ela está na casa da Shura, com a mãe. Por quê?

– Preciso devolver algo á elas. Creio que ficarão muito felizes com o presente - Shiro sacudiu um molho de chaves e logo Yukio entendera.

– Como fez isso? - ele sorriu - Você é demais, pai!

– Te explico tudo no caminho - ele abraçou o mais novo.

– Certo - Yukio sorriu abertamente e levou o pai num abraço mais do que apertado. Um gesto de carinho e saudade. Era bom poder contar com um pai assim.

"Estamos no caminho certo, eu sinto isso. Obrigado, Deus, eu estou feliz por ter alguém assim."