7 - Sacrifício

A preocupação crescera quando Yukio notara o atraso de seu irmão. A venda onde ele iria era próxima, não entendia o motivo da demora.

– Yukio! Onde está o seu irmão? Não conseguimos comer ainda! - Shura reclamou - Estou com fome!

– Será que aconteceu alguma coisa? - Shiemi perguntou.

– Fala sério! O que poderia acontecer? A vendinha é na rua de baixo! - Shura protestou. Yukio tentou ligar para Rin mas ninguém atendia.

– Ninguém atende. Estou preocupado - Yukio disse.

– Vamos atrás dele!

– Não filha, ele pode estar voltando - A senhora Moriyama tentava manter a calma - Talvez ele tenha ido á outro lugar.

–Não não, preguiçoso do jeito que é? Rin só vai aos lugares quando eu mando, nem sei como ele obedeceu á Shura hoje.

– E não trouxe os pãezinhos que pedi! Incompetente - Shura bufou. Yukio sabia que ela estava preocupada, mas tentava descontrair o ambiente para não preocupar Shiemi e sua mãe.

– Vem aqui! - Yukio puxou a namorada para a cozinha - Shura, você está pensando o mesmo que eu?

– Sim - ela sussurrou - Tem dedo do coroa da Shiemi nessa história, certo? - ele assentiu - Será que ele fez algo com o Rin? Não podemos dizer isso á garota, ela vai surtar!

– Eu sei, e nem te contei o restante... - Yukio mostrou o celular á ruiva - Olha, uma mensagem chegou pra mim, do número do Rin, mas eu sei que não foi ele quem escreveu isso. Rin tem mania de abreviar as coisas, não escreveria tão corretamente. Olhe - Shura se aproximou para ler a mensagem.

– "Encontre-me neste endereço". Que lugar é esse? - Shura perguntou.

– Um galpão abandonado, fica naquela área afastada, zona norte. Preciso ir até lá!

– Sozinho você não vai! - Shura segurou seu braço.

– Shura... É perigoso - ela calou o moreno com um beijo.

– Ninguém manda em mim, Yukinho. E você vai precisar de ajuda. Não se preocupe, esqueceu que eu sempre ando "acompanhada" - disse ela ao tocar na cintura. Yukio pôde ver a pistola que ela sempre carregava consigo.

– Certo, vamos - os dois inventaram qualquer disculpa para Shiemi e sua mãe e, então, saíram em disparada ao endereço indicado na mensagem. Mas não se certificaram que Shiemi iria cumprir o pedido deles "Não saia daqui em hipótese alguma."

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– Ele está vindo - Amaimon sorriu.

– Me solta! - Rin estava sentado no chão, com as mãos amarradas atrás das costas, suas pernas também estavam imobilizadas - Devolve, agora! - o garoto rangia os dentes de tamanha raiva.

– Quer isso? Pode ficar - Amaimon jogou o celular de Rin no chão - Já fiz o que queria.

– Amaimon, por favor, vamos parar com isso! Está indo longe demais, sabe disso! - Mephisto alertou.

– Eu só saio dessa história com o meu prêmio e ele é a Shiemi, você sabe.

– Está obcecado por essa garota, meu Deus! Por quê? - Mephisto gritou.

– Por que ela me rejeitou! - ele gritou de volta - Mulher nenhuma teve a ousadia de me rejeitar e aquela vagabunda fez isso! Agora eu quero ir até o fim, e matarei se for preciso - disse olhando para Rin.

– Ela nunca irá gostar de você, sabe o porquê? Porque ela me ama, é a mim que ela ama! Você perdeu para um moleque duas vezes mais novo - Rin sorriu.

– Cale-se! - Amaimon socou o rosto do garoto que pode sentir o gosto de sangue surgir em sua boca. Estava preparado para continuar com as agressões, quando percebeu a presença de mais pessoas se aproximarem - Chegaram!

– Deixe o meu irmão em paz! - Yukio aparecera com Shura na retaguarda. Ela apenas observava cada movimento dos dois homens e estava pronta para atacar caso fosse preciso.

– Okumura Yukio? Que prazer - Amaimon estendeu a mão.

– Não aperto a mão de bandidos - Yukio cruzou os braços - O que quer conosco?

– Ousado você, hein? - Gargalhou - Pois bem, eu quero a Shiemi, não é novidade alguma. E sei que vocês estão a escondendo de mim e protegem aquela velha intrometida também!

– E? - ironizou Yukio.

– Tragam Shiemi até mim, ou digam onde ela está e eu solto o seu irmão. Uma vida pela outra, não lhe parece justo? Ah, e prometo não fazer mal á velha - Yukio estava nervoso, tentava parecer calmo, mas nunca vivera uma situação tão tensa como aquela.

– Ei, quatro olhos, não faça isso! Salve a Shiemi, eu vou me virar aqui! - Rin gritou.

– Eu já mandei calar essa boca! - Amaimon chutou o outro que bateu com a cabeça no chão. Shura percebeu que o mais velho também estava armado e então, numa atitude rápida, sacou a arma e apontou para Amaimon.

– Mexa mais um músculo e eu estouro os seus miolos - Ela disse com o olhar fixo no outro.

– Vai me matar? - ele riu - Vá em frente, não tem coragem para isso!

– Shura, não! - Ouviu-se uma voz serena. Todos viraram-se para encará-la. Era Shiemi.

– Shiemi, o quê? - Rin reconheceu a voz da amada - Vai embora, sua maluca!

–Shura, não estrague a sua vida - ela tocou no braço da amiga e a fez baixar a arma - É a mim que ele quer. Venha, sou toda sua. Deixe meus amigos em paz.

– Bom, é assim que eu gosto - Amaimon sorriu vitorioso enquanto se deliciava com o pânico de Shiemi. Para ele, ver o sofrimento alheio era como saborear o melhor vinho da adega mais cara. Se aproximou da loira e tocou-lhe o rosto.

– Minha doce Shiemi, que bom que chegou - ele a beijou de um modo forçado deixando Rin agonizado ao ver aquilo. Como ele sairia dessa? Não teria mais esperanças? Ele não conseguia pensar, só sentia seu peito doer em conjunto com o resto do corpo por conta das agressões.
"Não vou desistir, não posso, não agora. Vai ficar tudo bem, eu vou conseguir." Era só nisso que ele queria acreditar.