6- Caçada (parte 2)

–Bom dia, cambada! - Shura descera as escadas ainda enrolada em seu roupão rosa.

– Vai ficar desfilando pela casa nesses trajes? - Yukio perguntou.

– Querido... - ela se aproximou dele e sussurrou em seu ouvido - Essa casa é minha e não se preocupe, só tenho olhos pra você - ela o beijou devagar, um daqueles beijos que mexia muito com Yukio. De tão ajuizado, parecia um menino inconsequente ao lado da ruiva, mas adorava sentir aquilo.

– Shura, você não me provoque... - ele a segurou forte e a colocou contra a parede.

– E eu adoro esse seu lado, ainda bem que ele só se revela pra mim, não é? - ela sorriu e ele também. Shiemi, que estava na cozinha ajudando a mãe a fazer o café, espiava os dois, sentia-se feliz por ver seu amigo com alguém que também o amava.

– Ai, Yukio! A senhora Moriyama está aqui, ok? - ela deu um empurrão leve no garoto, mas virou-se para dar lhe um beijo no rosto - eu te amo muito! - ela disse séria, pela primeira vez.

– É a primeira vez que você me diz isso, Shura - Yukio disse assustado.

– Sim, e chega desse assunto - sentiu sua face corar - Cadê o idiota do Rin? Não acordou ainda? Vai ficar sem café da manhã, disse ela indo á cozinha. Yukio riu sozinho ao ver a moça sair da sala.

– Yukinho, bom dia! - Shiemi apareceu na sala trazendo um prato com frutas - Vamos comer? Ah, temos que acordar o Rin... - ela apontou para o garoto que dormia no sofá.

– Bom dia, Shiemi! - ele sorriu sereno - Por que você não faz isso? Vou trazer as outras coisas! - Yukio deixou a sala sorrindo. Shiemi estava envergonhada, como sempre, mas prosseguiu até Rin, abaixou-se e tocou-lhe o rosto.

– Rin? Por favor, acorde... - ela disse toda educada e bem baixinho. O garoto se mexeu devagar até abrir os olhos e encontrar os da loira.

– Ah, bom dia, Shiemi - ele esfregou as mãos no rosto - Desculpe, devo estar horrível.

– N-não não - ela gaguejou - Não tem como estar... - Ele sorriu e a abraçou.

– Certo, chega disso e vá comprar pão! - Shura apareceu na sala e jogou a carteira de Yukio no sofá - E vá logo que estou com fome!

– Sua folgada! - Rin riu e jogou uma almofada nela - Eu já vou! - Rin foi ao banheiro enquanto Shiemi ainda estava abaixada, perdida em seus pensamentos, ainda sentindo o toque dele na sua pele.

– Mas é um idiota mesmo! - Shura riu - Por que você gosta dele, Shiemi?

– Rin é bondoso, tem um coração puro, é doce, talentoso e sabe cantar, ele é tão bonito e...

– O quê? O idiota canta? Desde quando? - Shura disse tão rápido que se engasgou com o suco - Até engasguei agora! - A loira riu - Vem, sente-se conosco!

– Logo, todos estavam sentados á mesa conversando.

– Estou indo, volto num segundo! - Rin disse saindo apressado.

– Vá logo! E traga os pães mais assadinhos, ouviu? - Shura gritou.
Não se viu mais a presença de Rin naquele dia.

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– Ali, pare o carro! - Amaimon gritou fazendo Mephisto Pheles frear seco.

– O quê vai fazer, Amaimon? Eu não tinha dito que você devia voltar á minha sala no fim da tarde? - Mephisto estava indo ao trabalho e encontrara Amaimon no caminho. Estavam passando por uma área mais vazia, um atalho que o advogado usava para não ter que pegar o trânsito do centro caótico. Aquela rua costumava ser bem vazia naquele horário. Era a chance de Amaimon.

– É ele, é ele! O pirralho que tirou a Shiemi de mim! - disse rangendo os dentes - Eu vou matá-lo...

– O quê? Amaimon, volte aqui! - Os gritos de Mephisto não impediram que o outro saísse correndo do carro e fosse ao encontro de Rin. O advogado assistia á tudo muito apreensivo, sabia as coisas que Amaimon era capaz de fazer por ciúme, como esquecer a história de sua primeira mulher?

– Você vem comigo!

– O quê? Me solte! - O garoto tentou se livrar mas o outro estava munido de um pedaço de madeira que encontrara ali perto. Acertou a cabeça de Rin, fazendo-o cair incosciente. Amaimon arrastou o corpo até o carro de Mephisto.

– Está brincando, não é? Não pode esconder um garoto desacordado no meu carro! Pare com isso, Amaimon!- Mephisto tentou fechar a porta do carro.

– Me negue uma ajuda e eu jogo os seus podres no ventilador! - disse em tom alto.

– Não se esqueça que também sei das coisas que fez! Acha que me esqueci da Hikari?– Amaimon estremeceu ao ouvir o nome da falecida esposa.

– Eu posso ir pra cadeia, mas você, meu amigo, vai junto comigo! - ele jogou Rin, ainda desacordado, no banco de trás e fechou a porta. Entrou novamente e sentou no banco de carona - Vamos! Eu tenho planos pra ele! - Mephisto se viu mais uma vez encurralado e servindo o outro que o ameaçava desde muitos anos. Sabia que era errado, não queria que o garoto morresse. Será que ele participaria mais uma vez de uma história trágica?

– Meu Deus... Antes a Hikari, agora isso... - Mephisto disse enquanto arrancava com o carro, sem tirar os olhos do corpo jogado em seu banco traseiro.