A Garota Que Me Tornei escrita por Anne


Capítulo 4
III - Long Island : Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Bom gente... Preciso lhes avisar que o enfoque principal da estória TALVEZ não seja o romance dos dois.
Okay?
Okay!
Comentem e me deixem muito feliz... Prometo responder sou lecal :3



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As aulas seguintes são profundamente chatas. E como em todos os outros dias, eu finjo que estou prestando atenção e os professores fingem que me dão nota. As férias de inverno deste ano estão demorando a chegar, mais que normalmente.

O sinal toca, anunciando assim o intervalo. Mais uma vez vou até meu armário, mas diferentemente das outras coloco minha mochila de qualquer maneira dentro do mesmo.

Minha maçã já está em minha mão, cravo meus dentes com vontade, dando a primeira mordida na fruta, que estava deliciosa por sinal. Dirijo-me a área verde, me sento sobre uma mesa de piquenique entalhada em madeira rústica que foi coberta por uma camada de verniz - e me parece que já faz muito tempo - que estava vazia, na verdade a única que restara sem garotos e garotas de todas as idades sentados.

Ergo o olhar e vejo Bruno vindo em minha direção. Bruno é de longe meu melhor amigo, ele é filho do meu professor de português, o Matthew, e é um ano mais novo que eu.

Como nossos pais já eram amigos antes de nascermos crescemos praticamente juntos. A pele de Bruno é de um moreno suave, como a de sua mãe, cabelos castanhos lisos e um belo par de olhos verdes. Feições que lhe rendem a fama de ser um dos garotos mais desejados da escola.

Ele é o tipo que tem a líder de torcida que quiser, mas acontece que ele não gosta das líderes de torcida, pelo menos não desde que Keyth (sim, a minha amiga Keyth é uma líder de torcida, e sim, isso seria inimaginável se não fosse verdade) quebrou seu pobre coração.

Bruno está vestindo uma camisa polo vermelha - que pelo visto foi a que eu dei a ele - um pouco justa, o que faz realçar seu porte físico bem definido. Ele abre seu melhor sorriso, e exibe dentes bem alinhados e de um branco de dar inveja.

— Oi Sah! — Ele diz me abraçando e depositando um delicado beijo em minha têmpora, gesto o qual correspondo com um sorriso sincero.

Bruno me chama de "Sah" desde que aprendeu a falar praticamente. Foi em um dia em que ele estava correndo pela casa apenas de fraudas se me lembro bem, e tenho certeza que sim, ele escorregou no tapete e caiu, então começou a chorar pelo susto, e na confusão entre me chamar e chorar tudo o que ele conseguia gritar com sua vozinha infantil era "Sah". As pessoas acham estranho eu me lembrar disso, já que eu era muito pequena, mas papai diz que o que consideramos importante guardamos por mais tempo na memória. E sei que ele está certo.

— Ei Bru! — Sorrio quando ele se senta ao meu lado e passa um dos braços sobre meus ombros. Estendo a maçã em direção a sua boca, ele morde a mesma e sorri agradecido.

— Hum... — Murmura enquanto acaba de mastigar, aguardo em silêncio esperando que ele recomece a falar. — Quem é aquele garoto? O que você esbarrou antes da aula? — Pergunta ele me observando.

— Ah... Aquele? É o garoto novo... — Falo dando mais uma mordida na maçã. — Por quê?

— Por nada... Só fiquei curioso. — Ele suspira levemente e passa a mão em seus cabelos os deixando desarrumados. — Mas e então... O quê você vai fazer hoje?

— Eu e o garoto novo, o Peter, vamos nos encontrar hoje. Seu pai passou uma redação para depois de amanhã. Ele e eu precisamos fazer. — Digo no tom mais monótono que consigo.

— Entendi... Bom Sah, tenho que ir nessa... Depois a gente se fala então, mas qualquer coisa me liga. — Ele diz sorrindo, retira seu braço de cima dos meus ombros e se levanta.

— Tudo bem, qualquer coisa eu ligo para você. — Dou um leve sorriso e então fico o observando quando vira as costas e vai andando em direção ao refeitório.

— Então aquele é seu namorado? — Dou um pulo de susto sobre a mesa, levo instintivamente minha mão direita ao coração que agora está acelerado. Quando olho para trás lá está Peter, em pé, como uma sombra que se esgueira sob as luzes dos postes a noite.

— Ai que susto garoto! — Digo quase gritando enquanto respiro fundo.

— Nossa! Desculpe-me, mas você ainda não respondeu minha pergunta. — Ele me lança um olhar inquisitivo.

— Não, ele não é meu namorado. Ele está mais para meu irmão caçula. — Digo enquanto vejo Peter se sentar na sobre a mesa mas com uma distância segura de pelo menos dois palmos.

— Entendi. Vocês me pareceram bem íntimos, pelo menos olhando de longe sim. — Ele joga a frase no ar como quem não quer nada, mas por trás das palavras pude me sentir como se estivesse em um interrogatório, ou então que estivesse conversando com alguém que gostaria de saber mais do que deve sobre minha vida. Ou não sei lá, desde criança aprendi a não confiar demais nas pessoas. A vida coloca algumas pessoas no seu caminho só para te distrair e te tirar do seu foco.

— É sim, somos muito íntimos, mas apenas como bons amigos... Nada que ultrapasse isso. — Dessa vez eu que deixo a frase pairando no ar enquanto me levanto. — Bom, acho que já está na hora de ir para a sala. Então tchau, vejo você mais tarde.

Ele estreita os olhos mas permanece em silêncio, enquanto ando percebo, com minha visão periférica, que ele ainda está me observando.

•••

Chego em casa e nem grito por papai, sei que ele está no escritório. Ele é arquiteto, então temos uma vida bem cômoda, não posso reclamar em nada, mesmo na ausência de mamãe ele nunca se queixou e nem deixou faltar nada. Ele sempre me deu amor e carinho, e além do papai tenho Joseph, o porteiro. Quando era muito pequena para ficar sozinha em casa eu ficava com Joseph na portaria, eu lembro que adorava abrir e fechar as portas para as pessoas que passavam a todos os instantes, e adorava mais ainda subir e descer no elevador, embora hoje eu prefira as lindas escadas com seu corrimão talhado em madeira, por onde, quase todas as vezes, desço escorregando.

Normalmente eu cozinho minhas refeições todos os dias, mas hoje especialmente, estou sem fome. Então tudo o que faço é jogar minha mochila sobre a cama e me dirigir ao banheiro. Ligo a ducha no quente, quente ao ponto de sair fumaça, e me livro de todos os casacos, entro debaixo da ducha e tomo um banho bem demorado. Tão demorado que me lembro que provavelmente estou atrasada para fazer o trabalho com Peter.

Saio o mais rápido que posso do chuveiro, enrolada em uma toalha saio pingando água pelo quarto. Abro meu guarda roupa pego o que vejo pela frente, mas até que não foi uma escolha ruim. Roupas quentinhas. Ainda mais que o tempo lá fora está congelante.

Abro minha mochila enquanto penteio meu cabelo, e ainda me pergunto como consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pego meu estojo de lápis e sobre a mesa do computador pego meu celular e um caderno onde costumo escrever algumas coisas. Algumas bobagens na verdade.

Saio apressada depois de escovar os dentes e tranco a casa, coloco as chaves no bolso do casaco e correndo vou até o elevador. Não posso me dar ao luxo de descer as escadas e me atrasar ainda mais.

Passo tão rápido pela portaria que só me dou conta de que Joseph não está lá quando já dei uns 5 passos para fora do prédio.

São 13:40 agora, saí de casa um pouco mais atrasada do que esperava, meus cabelos vermelhos me caem as costas bagunçados por conta do quanto corri e das rajadas de vento que insistiam em bater contra meu rosto.

Olho para a entrada da escola, e como esperado, Peter já chegou. Ao me aproximar imagino o quanto ele deve estar me xingando mentalmente.

— Me perdoe... Acabei ficando distraída no banho e me atrasando mais do que esperava. — Fiquei com medo de sua reação, já ouvi dizer que os europeus são verdadeiros gentlemans com pontualidade e não admitem atrasos, só não sei se isto é um fato verídico.

— Tudo bem, isso acontece... — E isso, eu sei, me deixou de queixo caído. Pensei que provavelmente ele iria resmungar e protestar, mas isso sim foi inesperado.

Olho para o caderno em sua mão, prestando bem atenção da para ver uma marca d'água na capa, é uma estrela de 3 pontas com um arco na borda e a letra "T" ao centro, na verdade é bem legal. Deve ser alguma marca europeia de caderno. Suas mãos estão cobertas por luvas, o clima está mais frio agora do que antes e sua jaqueta de couro preta está fechada até a gola.

— Vamos fazer o trabalho aqui na escola mesmo? — Ele pergunta com um olhar curioso.

— Aqui na escola mesmo. Pensei que tendo a biblioteca a nossa disposição talvez fosse melhor... — Lhe lanço o melhor sorriso que consigo.

— Duvido muito que vamos precisar da biblioteca, o tema da nossa redação não está nos livros de história e nem em qualquer outro. Eu sei muito sobre o assunto, talvez só vamos precisar utilizar a internet para conferir datas e etc. — Ele diz com seu sotaque que ficou mais acentuado quando disse "livros" e isso me fez rir baixinho.

— Por sorte disponibilizam computadores para pesquisa dos alunos na biblioteca. — Falo arqueando as sobrancelhas como se fosse a coisa mais óbvia que eu poderia dizer e como se ele tivesse a obrigação de saber, mas na verdade um tom de brincadeira se instou neste gesto.

— E por que na biblioteca? — Ele pergunta. — Na sua casa não tem computador não é? — Lanças as questões com um tom eminente de deboche.

Estreito os meus olhos e respondo um pouco ríspida.

— Você acha mesmo que eu ia colocar um garoto como você, que conheci hoje e não sei NADA sobre, dentro da minha casa? HAHAHA você só pode estar delirando né?! — Digo um pouco indignada. Será que ele acha que sou tão idiota ao ponto de fazer isso? Se pensou isso esta redondamente enganado!


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Notas finais do capítulo

Bom gente... Leitores fantasmas comentem, eu sei que vocês estão ai. O contador de acessos nunca mente :3
Espero que estejam gostando, preciso da opinião sincera de vocês... Até o próximo na terça feira que vem :*



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