A Garota Que Me Tornei escrita por Anne


Capítulo 2
I - Caminhos Opostos. Destinos Nem Tanto.


Notas iniciais do capítulo

A estória toda se passa antes do prólogo. É como se depois que ela fechou os olhos - como está escrito no final do prólogo - ela tivesse desmaiado e nesse tempo inconsciente ela estivesse revivendo tudo o que ela passou. Qualquer dúvida sobre isso só perguntar. ;)
Boa leitura :3 XD



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— Tchau pai! — Digo enquanto pego uma maçã na fruteira em cima da mesa e lhe deposito um beijo em seu rosto.

— Não vai tomar café comigo querida? — Diz meu pai que está sentado à mesa, lendo o jornal da manhã com sua xícara de café ao lado, sua marca registrada.

— Desculpe, mas quero chegar mais cedo hoje! — Falo fechando a porta e saindo, sento no corrimão das escadas e desço deslizando até o hall de entrada do prédio, onde Joseph, o porteiro, já está com um sorriso no rosto.

— Bom dia menina Sarah! — Ele diz quando fico na ponta dos pés e deposito um beijo em sua testa. Joseph é como um daqueles pais que você pega emprestado e não quer devolver nunca mais.

— Bom dia Joseph… — Passo rapidamente pela porta e posso ouvi-la se trancando atrás de mim.

Hoje é mais um daqueles dias frios, um daqueles em que dá vontade de ficar o dia inteiro debaixo do cobertor, com uma xícara de café ao lado assistindo um seriado ou lendo um bom livro.

Ajeito a touca para tampar minhas orelhas, conecto o fone de ouvido ao celular e ligo a música, coloco os fones em meu ouvido e o volume no máximo. A caminhada até a escola leva no mínimo 5 minutos, mas mantendo o ritmo em que estou,chego antes disso.

Minhas bochechas brancas ganharam uma coloração avermelhada pelo frio e a ponta do meu nariz esta congelada como flocos de neve.

Choveu noite passada, e o asfalto está coberto por poças d’água, quando olho para elas posso ver meu reflexo. Grandes olhos escuros me encaram, piso sobre a água disseminando cada fragmento de mim mesma.

Já estou perto da escola e bem ao fundo da música alguém chama por mim, se conheço bem essa voz sei que é Keyth que saiu atrasada de casa, ao me virar vejo a mesma correndo em minha direção, seus cabelos castanhos que não chegam aos ombros, esvoaçantes ao seu redor.

— Oi, tudo bem? — Ela disse assim que me alcançou e diminuiu o passo para me acompanhar.

— Tudo, e você? — Digo chutando uma poça de água que estava no caminho.

— Tudo… — Hoje não estou muito afim de conversar com Keyth, ela é uma boa amiga é claro, mas sempre tem dias que eu quero dar um “tempo” da companhia dela. Então invento uma desculpa qualquer.

— Olha Keyth, eu vou indo na frente… — Me viro de costas para poder olhá-la de frente e começo a caminhar desta forma, — Eu tenho que fazer umas coisas e vou demorar, vejo você na aula de química…

Quando me viro para frente para voltar a caminhar normalmente já estou perto do meio-fio, perto demais para tentar desviar. Quase que em câmera lenta vejo a grama molhada do jardim da escola se aproximando, mas antes que eu pudesse atingir o solo sou puxada de volta, alguém me puxou pela mochila, e antes que eu pudesse me recompor senti meu rosto enrubescer.

Viro-me e me deparo com um garoto alto e de ombros largos, sua pele é quase tão branca quanto a minha, seu olhar é escuro e penetrante, penetrante como se pudesse enxergar minha alma, como se pudesse desvendar todos os meus segredos mais íntimos. Não sei porque, mas isso era intimidador.

— Obrigada! — Consigo dizer depois do que me pareceu alguns segundos.

— Não há de que… Mas devia tomar um pouco mais de cuidado por onde anda! — Ele disse em um tom gentil, mas não gentil o suficiente para que suas palavras me agradem.

— Há claro, vou me lembrar disso antes de sair andando por ai. — Digo com a voz carregada de ironia. Forço um sorriso e abro caminho passando por ele, bufo entre os dentes e vou em direção a sala de aula que fica no pavilhão do outro lado. Não que eu seja esnobe, nem mal educada, de forma alguma, mas acontece que o que ele disse deu um tom de grosseria a frase. Era como se ele quisesse dizer “eu não vou estar aqui para salvar a senhorita, ó dama indefesa sempre que sair tropeçando pelos gramados da escola”.

Minha escola é dividida em 3 pavilhões com salas de aula, os 3 juntos formam um “U”, e no espaço na frente dos pavilhões temos uma enorme área verde, com mesas e bancos de madeira rústica. Eu gosto particularmente dessa parte, é aqui que costumo me sentar para ler meus livros, nos dias ensolarados é óbvio. O resto do colégio fica atrás do pavilhão central - biblioteca, lanchonete, diretoria e a área de esportes.

Entro na sala e por sorte não tem ninguém ainda. Me dirijo ao meu lugar de sempre, uma carteira nos fundo embaixo da enorme janela de vidro, é onde me sento desde o primeiro dia de aula, é um bom lugar pois a janela fica de frente para a área verde. E confesso que quando a aula está chata é para lá que olho o tempo todo.

O sinal toca assim que me sento. Olho para a porta bem a tempo de ver uma enxurrada de alunos entrando em sala, para uma grande maioria que completa 18 ainda esse ano parecem mais com crianças do primário. Reviro os olhos com meu próprio pensamento e antes que eu possa me dar conta o professor de literatura já esta dentro de sala.

Ele não é um dos meus maiores fãs, e nem eu uma das maiores fãs dele, mesmo ele sendo um amigo de longas datas de meu pai.

Ele está parado a porta e aguarda o silencio de todos, mas a esta altura já não estou prestando atenção em mais nada. Pesco um livro da mochila e começo a ler o mesmo. Minha leitura não dura muito, pois quando me dou conta o professor já esta me chamando. Quando olho para frente lá esta ele, aquele garoto, o mesmo que não me deixou cair e que foi um idiota depois - meio gentil é verdade, e confesso que me sinto um pouco mal por tê-lo tratado daquela forma -. Guardo o livro debaixo da carteira e olho para frente encarando o professor e evitando olhar para o menino.

— Oi fessor?! — Digo em um tom um tanto quanto monótono. Ele sorri tão delicado quanto uma flor, e me pergunto como ele consegue ser tão estranho.

— Queridinha Sarah — Ele diz em um tom de deboche, — como você já deve saber todos os aqui presentes compartilham suas apostilas de literatura com seus parceiros… — Faz uma pausa, — Bom… todos menos você! — Ele aponta para mim com a caneta que estava em sua mão, e sinto uma pequena porção de raiva percorrendo minha coluna, eu já posso imaginar o que esta por vir.

— Queridíssimo professor, como o SENHOR bem deve saber… Meu pai costuma dizer que não sou todo mundo.

— Esse vai ser seu novo parceiro, espero que o receba MUITÍSSIMO bem, senhorita Collins! — Ele diz ignorando completamente minhas palavras. E então o olhar do garoto se cruza com o meu.


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Notas finais do capítulo

Me façam muitíssimo feliz e comentem peoples :3
Estou ansiosa pela opinião de vocês, queridos leitores que já amo muito